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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Mario Vargas Llosa - A civilização do espetáculo




 
Mario Vargas Llosa, aborda o conceito de "cultura" nesta conferência homônima à sua mais recente obra, "A civilização do espetáculo". Para o Nobel de Literatura, o conceito de cultura se estendeu tanto, que passou a abranger tudo. E, se a cultura é tudo, também já não é mais nada. Llosa aponta uma grande inversão: a cultura deveria ensinar o homem a se posicionar contra a conversão dos seres humanos em objetos. Deveria enriquecer nosso espírito crítico e sensibilidade, atribuindo profundidade às manifestações da vida, sejam elas políticas ou íntimas. Porém, argumenta, a cultura atual é uma grande diversão e isso tem um alto preço: um distanciamento que enxerga a cultura não enquanto aquilo que integra homem e vida, mas, pelo contrário, um local separado para escapar das servidões da vida. Conferencista do Fronteiras do Pensamento 2010 e 2013. (Soemis Guzman)

Acordão Eduardo Cunha-Gilmar Mendes quer empurrar pela goela contra-Reforma Política




Brasil de Fato

Empresa não vota, portanto não pode contribuir financiando candidatos nas eleições. Com este raciocínio simples e óbvio, sete dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram em abril de 2014, pela inconstitucionalidade do financiamento das empresas.

Porém, o julgamento foi suspenso a pedido do Ministro Gilmar Mendes, que desde então recusa-se a devolver o processo para impedir a decisão que impedirá as empresas de continuar injetando fortunas nos candidatos que passam a defender unicamente seus interesses.
Esta decisão do Supremo Tribunal Federal, caso consiga ser proclamada, será o mais duro golpe na corrupção. Embora não acabe com o financiamento privado individual, impedirá um mecanismo perverso que submete a maioria dos parlamentares ao interesse de grupos econômicos e não de seus eleitores.
Apesar de toda pressão social o Ministro Gilmar Mendes recusa-se a devolver o processo e permitir a continuidade do julgamento.
E agora, pressionados pelo intenso movimento social deflagrado pelo Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político- que obteve quase oito milhões de votos -, os parlamentares vinculados aos grandes grupos empresariais, tentam acelerar a votação de uma contra reforma política, para inserir na Constituição Federal uma emenda assegurando o financiamento empresarial.
Fica evidente que é uma armação, arquitetada com o Ministro Gilmar Mendes que vai reter o processo em sua gaveta até o julgamento deste Projeto de Emenda Constitucional (PEC).
O presidente da Câmara Eduardo Cunha, aceleradamente, aprova uma Comissão Especial da Reforma Política, presidida pelo Deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ) e cujo relator será o deputado Marcelo Castro (PMDB/PI), para levar o mais rápido possível esta votação ao plenário da Câmara. As raposas comandando o galinheiro.
A campanha pelo Plebiscito da Constituinte Exclusiva e a Coalizão Democrática, que patrocinam as duas principais iniciativas de luta pela reforma política, se unem para juntar todos os esforços na luta para barrar esse golpe. A PEC que Eduardo Cunha, numa provável combinação com o Ministro Gilmar Mendes tenta aprovar a “toque de caixa” , não merece outro nome do que “PEC da Corrupção”.
Vai ficando cada vez mais claro que com este Congresso Nacional, eleito com o financiamento privado e empresarial, a serviço de quem os financiou e não do povo brasileiro, jamais teremos uma reforma política democrática.
Somente uma Constituinte Exclusiva, isto é, que não seja composta pelos atuais parlamentares, mas por representantes populares, poderá mudar o atual sistema político que impede qualquer mudança ou reforma de interesse da população.
Com o atual sistema político, cada vez mais dependente de relações fisiológicas, seguiremos alimentando a corrupção, mantendo o poder para os querem que a saúde, educação, alimentação e habitação sejam apenas negócios. A cada escândalo de corrupção que é revelado fica nítida a relação entre os eleitos e seus interesses em favorecer empresas.
Neste sistema político, ganhe quem ganhar as eleições presidenciais, a hegemonia dos grandes grupos econômicos permanecerá intocada. As grandes bancadas parlamentares não são dirigidas pelos partidos, mas pelo agronegócio, construção civil, grandes grupos de comunicação, ensino privado, setores industriais.
Mesmo elegendo candidatos que sinceramente queiram enfrentar os interesses dominantes, seguiremos aprisionados neste sistema em que o Congresso Nacional está cada vez mais distante do povo brasileiro. Toda a frustração é aproveitada pelas forças de direita, potencializada pela grande mídia, convertendo-se em mais conservadorismo.
Alguns temem que a conquista de uma Constituinte abra possibilidades para os setores conservadores se fortaleçam ainda mais. É um falso raciocínio. As forças de direita só tem a perder quando se amplia o debate de uma reforma política. É preciso confiar em nosso povo, confiar no aprofundamento da democracia. Ao longo de nossa história, sempre que se conquistaram espaços de participação popular a conseqüência foi o avanço e não o retrocesso.
É preciso ousar, enfrentar a crise política e o verdadeiro cerco que a ofensiva de direita vem patrocinando como uma alternativa política: A Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político!

Exclusivo: Assange quer mudar a sede do Wikileaks para o Brasil



O inimigo número 1 dos EUA na Internet, Julian Assange, que está preso há quase cinco anos na Embaixada do Equador, em Londres, sem que pese contra ele nenhuma acusação, concedeu por e-mail à Revista Fórum essa entrevista exclusiva onde revela que gostaria que wikileaks pudesse mudar sua sede para o Brasil.
“Os ativistas brasileiros deveriam lutar para criar um ambiente que seja ‘habitável’ para o WikiLeaks e nosso estafe (que proteja a criptografia e o anonimato na rede e o Marco Civil da Internet é um passo importante neste sentido) para que possamos mudar nossa sede para o Brasil.”
Essa entrevista foi intermediada pela Editora Boitempo, por onde Assange vai lançar a versão em português do seu novo livro, “Quando o Google encontrou o Wikileaks”, registro de um conversa entre ele, Eric Schmidt, presidente do Google e outros integrantes da corporação, realizada em 2011. Em breve, o blogueiro fará uma resenha da obra por aqui. Por ahora, fiquemos com a entrevista que está bastante interessante. A tradução para o português das respostas de Assange é de Vinicius Gomes.

Julian, no seu novo livro você menciona que a principal censura sobre a história é o fator econômico, mas também se refere aos ataques jurídicos a jornalistas como uma ameaça. Como você entende que a mídia independente –particularmente aquela que está hospedada na internet – deveria confrontar essas ameaças à liberdade de imprensa e de expressão?

O WikiLeaks demonstrou que, ao reconhecer esses métodos de censura, a publicação pode estruturar suas operações logísticas e legais para resistir à censura, ou pelo menos torná-la muito cara. Outras publicações podem aprender com nossa experiência e reestruturar similarmente suas operações a fim de dificultar que sejam censurados. Os detalhes disso estão no livro, mas, resumindo, deve-se usar múltiplas jurisdições, a tecnologia e o poder da audiência, para que os ataques proibitivos à essas publicações sejam custosos política e economicamente. Meu conselho a estes é: onde existe vontade existe uma saída, mas antes de tudo tem que ter a vontade.

Na sua opinião, como será possível construir um sistema de livre informação que desafie o domínio das grandes corporações que cada vez mais se tornam aliadas do Departamento de Estado dos EUA?Ainda há chances para a Internet ou ela já foi apropriada pelo poder econômico?
Embora eu tenha falado bastante disso no livro e tenha tratado da natureza distópica da internet em diversos lugares, é também importante refletir a respeito dos seus benefícios. Esses benefícios são o extraordinário desenvolvimento da civilização humana; e, parte da tragédia, é que esses desenvolvimentos estão sendo erodidos pela cooptação da internet pelas grandes facções de poder no Ocidente. A internet é uma habilidade sem precedentes para o mundo se comunicar através das fronteiras e isso significa que precisamos nos educar sobre como realmente é a civilização humana e nosso lugar na Terra.
Essa transferência lateral de informação foi disponibilizada ao público, junto àquela transferência vertical de informação das velhas organizações opacas, por conta de organizações como Wikileaks e outras instituições ou fenômenos similares. Esse sistema maravilhoso e libertador tem sido, pelos últimos dez anos, alvo de predadores da pior espécie: a Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês), o GCHQ (o similar britânico) e outras agências aliadas e organizações, sendo a mais importante o Google. A invasão dessas organizações ao espaço educacional da civilização humana é uma tragédia. É de alguma maneira como se a revolução tivesse sido traída. Ainda há chance para que o potencial emancipatório da internet tenha continuidade? Sim, eu acredito que existe essa chance, mas apenas se lutarmos por ela – e essa será um longa e amarga luta.

Na conversa com Eric Schmidt e os outros representantes do Google, você falou dos desafios de comunicação na revolução do Egito e sugeriu possíveis formas de contatos criptografados via celulares. Ainda acha que é possível escapar do controle com a quantidade de dados que o Google e o Facebook têm dos cidadãos no mundo todo? Não te parece que estamos vivendo num momento em que além de buscar a privacidade precisaremos inciar uma guerra cibernética de destruição de dados? Não são os dados e os tratamentos que essas grandes corporações podem fazer deles que nos tornam prisioneiros do vigilantismo?
A verdadeira questão é: qual é a escala natural das tecnologias que as pessoas necessitam para se comunicar pelo mundo? Qual é a escala natural dessas indústrias que produzem smartphones, redes sociais, mecanismos de busca, etc? Será que a escala natural dessas tecnologias permite apenas um Google no mundo? Ou uma superpotência? Ou pode existir uma em cada casa? Ou em cada cidade? Ou em cada nação, incluindo as nações menores? A resposta para isso ainda não está clara. Existem alguns fatores que sugerem que irá existir apenas um único mecanismo de busca gigante no planeta, o que levaria a civilização global a ser dominada por apenas uma cultura ou um Estado que está mais envolvido com aquele mecanismo de busca, um mecanismo de busca que integra tudo que pode ser procurado ao redor do mundo.
Pode haver uma tendência natural em direção a centralização global como um resultado dessa tecnologia. Como exemplo, o cérebro humano é todo centralizado em um só lugar. Nós não dividimos nosso cérebro com nossas pernas, nossas costelas, nossas pontas do dedo. Está tudo em um só lugar, então nosso pensamento pode ser rápido e nossos neurônios podem se comunicar rapidamente uns com os outros, a partir disso nós formamos o entendimento do nosso ambiente. Um mecanismo de busca precisa, de maneira similar, estar em um só lugar para reunir as informações do mundo e pesquisá-las. E uma vez que está um só lugar, as informações adicionais que são coletadas devem também estar no mesmo lugar, para que isso traga benefícios de economia de escala e proximidade. Sendo assim, isso irá criar um mundo centralizado, encorajando os grupos mais poderosos a ficarem ainda mais poderosos.
Mas a tecnologia da internet também pode ser mais parecida com um rifle, onde podem existir centenas ou milhares de fabricantes e cada rifle pode ser empunhado por um individuo para aumentar sua força física. Isso seria tecnologia democrática, não uma tecnologia centralizada. Ambas as coisas parecem ser a realidade. Com uma mão o smartphone é empunhado por um individuo, e eles são muito poderosos, na outra mão está o Google sugando praticamente toda informação e armazenando-as em um só lugar, ampliando tremendamente toda a capacidade de coleta de informações para a inteligência dos EUA.

No seu novo livro você também diz que a grande imprensa tem de ser eliminada e substituída por algo melhor. O que seria este algo melhor na sua opinião? Num dado momento você diz que a base do jornalismo deveria ser a da ciência, mas isso por si só não impediria uma série de interpretações diferentes acerca de um mesmo fato. E nem acabaria com a concentração midiática. Como enfrentar o pensamento único e a o a concentração de poder midiático de forma criativa no mundo atual?


A melhor coisa que a internet nos deu foi a de desconectar a distribuição da publicação e desconectar a publicação de direitos autorais. Isso permitiu uma explosão de vozes independentes e perspectivas que não foram vistas desde a invenção do rádio e da televisão. Com o passar do tempo, distribuidores estão se coligando com publicações para ampliar o controle do lucro na integração vertical. O Google, que é a maior publicação na internet, está agora construindo sua própria rede de distribuição e está se tornando um ISP (Internet Service Provider – uma organização que provê serviço, acesso e uso na Internet) em diversas cidades e tem planos extremamente ambiciosos para se tornar uma ISP em grande parte do mundo. Ao mesmo tempo, a Comcast, a Fox, a Viacom estão comprando redes de distribuição na internet. E o Facebook está entrando no negócio da distribuição, mas já está há muito tempo no negócio de capturar autoria e publicação, aplicando numerosos métodos de contenção de autoria – o que turva a noção se ele é um autor ou uma publicação.
Por outro lado, novas startups estão ignorando isso e criando novos métodos de comunicação que flutuam acima dessas redes de distribuição originalmente montadas pela AT&T, Cable and Wireless e outras gigantes das telecomunicações. Essa é a grande tensão. Será a internet uma continua revolução ou perderá o folego e será consumida pelos elementos do Estado e das corporações que controlam sua infraestrutura básica?

Qual a sua situação atual e como os ativistas brasileiros podem te ajudar a se livrar dessa estúpida sentença a que tem sido submetido?
Eu estou detido no Reino Unido por quatro anos e meio sem qualquer acusação. Nós estamos em um sério confronto legal e de informação contra os tradicionais centros de poder dos EUA, incluindo investigações públicas contra nós (Wikileaks) por diferentes agências norte-americanas, incluindo o Departamento de Justiça, o FBI, o Departamento de Estado, a CIA, o Pentágono e o DIA (Defense Inteligence Agency). Vencer tal conflito é um esforço que exige muito seriedade. Até agora, nós vencemos nas áreas mais importantes. O Pentágono e o Departamento de Estado exigiram que destruíssemos todas nossas publicações sobre o governo dos EUA. Nos recusamos e não destruimos um único documento. Eles exigiram publicamente para o mundo que destruíssemos todas nossas futuras publicações. Não destruímos um único documento. Eles levantaram um bloqueio financeiro contra nós, envolvendo a Visa, a Mastercad, o Paypal, etc. — muito similar ao bloqueio de Cuba. Nós vencemos tal bloqueio diversas vezes nas cortes européias. Eles insistiram que nós parássemos de lidar com “whistleblowers” (funcionários do governo que por se sentirem fazendo algo errado denunciam o governo) do governo norte-americano. Não fizemos isso. Nós nos adiantamos a todos e garantimos que Edward Snowden tivesse sucesso em sair de Hong Kong e conseguisse asilo na Rússia. Nosso sucesso nessas ações e nossas publicações prejudicaram o prestígio dessas agências, que, lembremos, existem por conta de sua habilidade em projetar uma aparência de poder e que agora buscam retomar essa aparência tornando as coisas difíceis para o WikiLeaks e para mim.
Não existe apenas uma guerra juridica e de informação contra nós, existe também uma guerra de propaganda. Essa guerra procura minar nossa reputação e nosso apoio. Então, o que as pessoas podem fazer é, primeiramente, se elas tiverem acesso a documentos secretos, enviarem para nós que nós os publicaremos. Em segundo lugar, se elas descobrirem informações sobre planos contra nós, devem nos avisar, para que possamos tomar uma decisão estratégica a respeito. Terceiro, podem nos ajudar a vencer a guerra de propaganda dizendo para as pessoas a verdade do que estamos fazendo.
Já os ativistas brasileiros, especificamente, deveriam lutar para criar um ambiente que seja ‘habitável’ para o WikiLeaks e nosso estafe (que proteja a criptografia e o anonimato na rede e o Marco Civil da Internet é um passo importante neste sentido) para que possamos mudar nossa sede para o Brasil.

No aniversário do Partido dos Trabalhadores, Dilma mandou um recado aos inconformados:

 Juntos e Misturados



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No aniversário do Partido dos Trabalhadores, Dilma mandou um recado aos inconformados:
“Nós estamos juntos para vencer de novo e a cada dia aqueles que não se conformam com o fato de que os maiores avanços sociais desse País foram alcançados nos nossos governos. Nós todos aqui estamos juntos para vencer aqueles que tentam forjar catástrofes e flertam com a aventura.” Confira no vídeo!


Quem são os quadrilheiros?: PSDB movimentou US$ 176,8 milhões em conta secreta da HSBC entre 1996 e 2000


O HSBC está no centro de um vasto escândalo de fraude fiscal e lavagem de capitais e é objeto de uma investigação penal na Europa toda.

Duas grandes roubalheiras que comprometeram o progresso e o desenvolvimento do povo paranaense para favorecer políticos corruptos pode ser desvendado no caso Suiçalão. A quebra do Banestado e a venda do Bamerindus seguiram roteiros parecidos, favorecendo verdadeiras quadrilhas organizadas em torno da política local, estadual e nacional.


Na verdade, os maiores ladrões do Brasil não estão nas penitenciárias e delegacias, mas soltos, nas colunas sociais.
O Bamerindus, em 1997, presidido na época por José Eduardo de Andrade Vieira, sofria ataques sistemáticos da mídia e boatos sobre possível inadimplência. Em alguns setores e corredores palacianos dava-se como certa a “quebra do Bamerindus”. Entretanto, a realidade era outra, o banco paranaense tinha 1.241 agências, ativos de mais de 10 bilhões de reais e uma das maiores e rentáveis seguradoras do país.
O que aconteceu para que o banco fosse entregue de mão beijada ao HSBC? Hoje, finalmente, o livro “Privataria Tucana” revela os bastidores da campanha para tirar o Bamerindus dos paranaenses: o ex-ministro das Comunicações, Sérgio Motta, havia pedido 100 milhões de reais ao banqueiro José Eduardo de Andrade Vieira como doação para a campanha de FHC. O banqueiro disse não, embora colocasse avião com piloto à disposição da campanha e fizesse outras doações em dinheiro.
Meses depois da campanha o HSBC recebeu dinheiro do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – na surdinha – para comprar o Bamerindus: 431,8 milhões de reais do Banco Central foram entregues ao HSBC para reestruturar o Bamerindus e saldar dívidas de reclamações trabalhistas. Além do dinheiro, o Banco Central limpou a parte problemática da carteira imobiliária, repassada para a Caixa Econômica Federal, que por sua vez recebeu 2,5 bilhões do Proer. Ou seja, o Brasil comprou o Bamerindus para o HSBC e o Paraná perdeu um dos maiores bancos do país.
Banestado Com o Banestado o escândalo foi ainda maior. O maior desvio de dinheiro na história do Paraná chega a de 19 bilhões de reais durante o governo Jaime Lerner, com a quebra do Banestado, um dos bancos mais fortes e promissores do país, com 70 anos de trabalho financiando o progresso do nosso Estado. A “quebra” do Banestado foi um processo rápido e serviu para enriquecer quadrilhas organizadas e políticos de dentro e de fora do banco.
O Banestado foi quebrado numa espécie de “queima de arquivo” para esconder falcatruas e roubalheiras com o dinheiro público. O Doleiro Alberto Youssef preso na Operação Lava Jato nos anos que se seguiram confessou que entregava dinheiro vivo, fruto da roubalheira, ao ex-governador e deputados da sua base de apoio na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná.
Políticos como José Serra (PSDB) e Jorge Bornhausen (DEM) constam de relatórios da Polícia Federal que mostram a existência de ordens de pagamento e registros de movimentações financeiras do esquema de lavagem de US$ 30 bilhões por meio da agência bancárias do Banestado de Foz do Iguaçu (PR).
Entre 1996 e 2000, a conta do PSDB recebeu US$ 176,8 milhões
Um dos principais documentos é o dossiê AIJ 000/03, de 11 de abril de 2003, assinado pelo perito criminal da Polícia Federal Renato Rodrigues Barbosa – que chegou ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com um carimbo de “confidencial”. O perito e o delegado José Francisco Castilho Neto identificaram pessoas físicas e jurídicas que estariam usando o esquema de remessa de dinheiro do Brasil para o exterior.
O dossiê AIJ000/03 traz a indicação de José Serra, o mesmo nome do ex-ministro da Saúde e ex-presidenciável tucano. O AIJ004 aponta apenas S. Motta, que os policiais suspeitam ser o ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta, que já morreu. **O dossiê AIJ001 mostra transações financeiras do senador Jorge Konder Bornhausen, então presidente nacional do PFL, hoje DEM, e do seu irmão Paulo Konder Bornhausen. Já o dossiê AIJ002 aponta o nome do empreiteiro Wigberto Tartuce, ex-deputado federal por Brasília.
No caso de José Serra, há extratos fornecidos pelo banco americano JP Morgan Chase. O nome do ex-ministro, que segundo relatório dos policiais pode ser um homônimo, surge em uma ordem de pagamento internacional de US$ 15.688. O dinheiro teria saído de uma conta denominada “Tucano” e sido transferido para a conta 1050140210, da empresa Rabagi Limited, no Helm Bank de Miami, nos EUA. Serra é apontado como o remetente dos recursos. Isto seria uma indicação de que ele teria poderes para movimentar diretamente a conta Tucano. Entre 1996 e 2000, essa conta recebeu US$ 176,8 milhões, segundo a PF.

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

o cerra e o SUPLICY



Suplicy abre mão de salário como secretário municipal

Em carta ao prefeito Fernando Haddad, o ex-senador justifica a atitude por já receber aposentadoria pelo tempo de 24 anos em que foi senador


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Olímpio cita o senador José Agripino Maia (DEM-RN), coordenador da campanha do ex-presidenciável Aécio Neves

PALADINO DA JUSTIÇA

Coordenador da campanha de Aécio é acusado no Fantástico de corrupção


Coordenador da campanha de Aécio é acusado no Fantástico de corrupção
O empresário George Olímpio afirmou ter sido pressionado pelo senador José Agripino (DEM-RN) para pagamento de propina; em troca, ele seria acobertado em um esquema de corrupção envolvendo o Detran do estado. Agripino foi coordenador-geral da campanha do ex-presidenciável Aécio Neves, fato que foi ocultado na reportagem
Por Redação
No último domingo (22), o programa Fantástico, da Rede Globo, revelou um esquema de pagamento de propina a políticos do Rio Grande do Norte. As irregularidades foram delatadas pelo empresário George Olímpio e teriam ocorrido entre 2008 e 2011, quando ele montou um instituto para prestar serviços de cartório ao Detran do estado. O instituto tinha a função de cobrar uma taxa de cada contrato de carro financiado no Rio Grande do Norte. Mas, segundo o Ministério Público, nessa taxa estava embutido o custo da propina.
Em um dos trechos de seu depoimento, Olímpio cita o senador José Agripino Maia (DEM-RN), coordenador da campanha do ex-presidenciável Aécio Neves. Porém, qualquer referência ao candidato tucano foi ocultada na reportagem. Segundo o empresário, Agripino teria pedido mais de R$ 1 milhão no ano de 2010, em um encontro no próprio apartamento do político. “Subimos para parte de cima da cobertura de José Agripino, começamos a conversar e ele disse: ‘É, George, a informação que nós temos é que você deu R$ 5 milhões para a campanha de Iberê [governador à época]‘”, afirmou.
De acordo com o delator, o senador ameaçou prejudicar o esquema ilícito realizado no Detran, se não recebesse o valor desejado. “Eu dei R$ 1 milhão para a campanha de Iberê. Ele disse: pois é, e tal, como é que você pode participar da nossa campanha? Eu falei R$ 200 mil. Disse: tenho condições de lhe conseguir esse dinheiro já. Estou lhe dando esses R$ 200 mil, na semana que vem lhe dou R$ 100 mil. Ele disse: ‘pronto, aí vai faltar R$ 700 mil para dar a mesma coisa que você deu para a campanha de Iberê’. Para mim, aquilo foi um aviso bastante claro de que ou você participa ou você perde a inspeção. Uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem; R$ 1,150 milhão foi dado em troca de manter a inspeção”, contou.
A inspeção a que ele se refere diz respeito à compra de uma lei que torna obrigatória a inspeção veicular no estado, mesmo naqueles veículos que acabaram de sair da fábrica, conforme explicou o promotor de Justiça Paulo Batista Lopes Neto. Para a lei ser aprovada rapidamente, George diz que contou com a ajuda do deputado Ezequiel Ferreira, do PMDB, hoje presidente da Assembleia Legislativa.
Na sexta-feira (20), o procurador-geral da Justiça denunciou Ezequiel, ou seja, entregou a acusação formal ao juiz por crime de corrupção passiva. O valor da propina foi pago, mas a inspeção nunca chegou a funcionar porque, ainda em 2011, o Ministério Público descobriu todo o esquema. Na ocasião, 34 envolvidos foram denunciados, inclusive George Olímpio. Mas foi só em 2014 que ele decidiu contar tudo. Procurado, o senador José Agripino negou qualquer envolvimento com atos de corrupção e disse não fazer parte das negociações comandadas pelo empresário.
Foto de capa: Moreira Mariz/Agência Senado

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