Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 01, 2015

Atualmente marginalizado, o uso da maconha já foi feito por escravos e até intelectuais renascentistas

Diversas teorias e teses mostram o caminho da erva em cada sociedade

POR 


Nos últimos anos, porém, uma tendência de aceitação à maconha vem se espalhando. Enquanto em diferentes locais, como Uruguai, Portugal e certos estados americanos, a legislação foi alterada para tolerar o uso da droga, no Brasil, um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) pode descriminalizar o porte da substância — bem como de outras drogas — para uso pessoal.
Na época de Shakespeare, que viveu entre fins do século XVI e início do XVII, o uso da erva era hábito comum em países orientais, como China e Índia (especialmente para comer e beber em forma de chá), onde acredita-se que ela já fosse consumida milênios antes de Cristo. Já era também conhecida no Norte da África, em nações como o Egito e na região do Magreb (do Marrocos à Líbia), de onde mais tarde se espalhou para o resto do continente africano. A possibilidade de um intelectual inglês ter entrado em contato com a planta nesse período pode ser justificada pelas trocas comerciais e culturais da Inglaterra com o Oriente, por meio das grandes navegações.
ADVERTISEMENT
— Esse foi o período da expansão econômica europeia, então é possível que algum tipo de cannabis para consumo tenha chegado à Inglaterra — afirma Rogério Rocco, especialista em Direito Ambiental e revisor técnico de “O grande livro da cannabis”, publicado pelo americano Rowan Robinson. — Com as navegações chinesas do século XV, que formaram os mapas náuticos que os europeus usaram para chegar às Américas e à Oceania, os mercadores da China fizeram muitas trocas de plantas e animais com outros países. Este é um elo que pode explicar a chegada da maconha à Europa.
FIBRA ERA UTILIZADA EM NAUS
Outra hipótese para explicar o contato dos europeus com o preparo do cânhamo para consumo naquela época é que o produto já era utilizado para construir as fibras de velas e outras estruturas das naus.
— Os europeus passaram a produzir o cânhamo em suas próprias terras para fomentar sua expansão econômica no século XVI — conta Rocco.
Pintura de Rugendas mostra dança de escravos no Brasil - Reprodução
Para o historiador e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Jean Marcel Carvalho França, no entanto, é pouco provável que um intelectual europeu tenha adquirido o hábito de fumar maconha naquela época.
— Seria mais coerente Shakespeare tomar mandrágora, que tem efeito parecido com o da maconha e era muito comum entre os europeus daquele tempo — avalia. — Navegadores da Inglaterra podem até ter levado o haxixe ou alguma variante para o país, mas a cultura europeia era mais afeita ao álcool do que ao fumo. Uma das explicações para este último ter se tornado tão presente nas culturas árabe e africana é que ele não é visto como pecado contra a religião, enquanto o álcool é.
Provavelmente, a primeira nação europeia a ter contato com a maconha, segundo o historiador, foi Portugal, também o primeiro país a conhecer a Índia. De forma geral, porém, apenas no século XIX tornou-se comum ver referências ao uso da planta no Velho Mundo. Foi um consumo protagonizado por artistas: Charles Baudelaire, Alexandre Dumas e Victor Hugo chegaram a criar o Clube dos Haxixeiros, em Paris.
Nesse mesmo período, o cânhamo era largamente plantado nos Estados Unidos. Até início do século XX, o produto foi muito utilizado para produzir de medicamentos a tecidos e papel. Até mesmo os ex-presidentes George Washington, que governou de 1789 a 1797, e Thomas Jefferson (1801 a 1809) tinham plantações, e o rascunho da Declaração de Independência dos EUA, escrito por Jefferson, foi redigido em folha de cânhamo. No Brasil, considera-se que a cannabis chegou com os africanos, trazidos na condição de escravos. Porém, pesquisadores acham que os portugueses, que àquela altura já conheciam a erva, também podem ter inserido a planta na nossa cultura. O fato é que, desde o início da colonização até meados do século XIX, o consumo do “pito do pango” ou do “fumo de Angola” era visto como um hábito qualquer — embora mais comum entre os negros. A atividade não preocupava as autoridades públicas, e sim os senhores de escravos, que não permitiam que eles se distraíssem no trabalho.
— Devido à herança escravocrata, no Brasil, a maconha foi associada à vagabundagem. Os senhores achavam que os escravos se recusavam a trabalhar e se rebelavam porque usavam cannabis, e não porque o tratamento dispensado a eles era desumano — destaca Rogério Rocco. — O mito de que a maconha torna a pessoa vagabunda é como o mito de que manga com leite faz mal, também oriundo daquela época.
O inglês Shakespeare teria fumado cannabis em seus cachimbos, indica estudo recente de uma universidade sul-africana - Reprodução
A primeira norma de punição relacionada à maconha de que se tem notícia nasceu justamente no Brasil Imperial. O Código de Posturas da Cidade do Rio de Janeiro de 1830 proibia a venda e o uso do “pito do pango” e punia os vendedores em 20 mil réis, além de dar três dias de cadeia para os escravos.
Quase um século depois, na Liga das Nações de 1925 — uma espécie de embrião da ONU —, o Brasil teve um importante papel no incentivo mundial ao combate àcannabis: em discurso, o médico Pernambucano Filho afirmou que “a maconha é mais perigosa do que o ópio”. O Egito também defendeu essa tese, que ganhou impacto em todos os continentes.
— Brasil e Egito levantaram a ideia de que o uso da maconha seria caso de polícia — ressalta Jean Marcel Carvalho França, que é autor do livro “A história da maconha no Brasil”. — Mas o curioso da comparação com o ópio é que, nos dois países, o uso de ópio era quase inexistente. Já o uso da cannabis era intenso, e, no Brasil, especialmente por negros escravos. Esta era uma associação bem enraizada, então muitos médicos eugenistas, como Pernambucano Filho, viam isso como um atraso para o país.
PUNIÇÃO NA DITADURA
O episódio na Liga das Nações ocorreu apenas quatro anos depois de entrar em vigor a Convenção de Haia, que trouxe a primeira norma internacional de regulação do uso de drogas. A partir daí, ficou decidido que tais substâncias só poderiam ser utilizadas para fins médicos e científicos. A reunião, também conhecida como Convenção Internacional do Ópio, ocorreu em 1912, mas demorou a começar a valer por causa da Primeira Guerra Mundial, que interrompeu as negociações.
Em solo brasileiro, apenas o tráfico ficou proibido no Código Penal. No entanto, em 1968, a lei passou a punir também o consumo e o porte.
— Esta punição veio apenas 13 dias depois do AI-5, o ápice da ditadura. Ela está estritamente relacionada à política da época, que queria repressão à contracultura — diz Rocco.
A partir dos anos 1950, o perfil do consumidor da erva mudou radicalmente: a intelectualidade brasileira “descobriu” a maconha, e a comunidade hippie passou a ser associada ao uso da planta.
— A maconha é, para o Brasil, como a cachaça. Desde a colonização esteve fortemente presente, embora a sua história seja bem mais obscura e velada — considera o historiador Carvalho França. — Desde sempre, aqui, a maconha foi vista como produto de pobre, de marinheiro, de escravo. Mas, assim como hoje temos cachaças gourmet, em vez de “pingas”, a cannabis também ganhou um status de classe média. A classificação de “droga maldita” ficou com a cocaína e com o crack.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/atualmente-marginalizado-uso-da-maconha-ja-foi-feito-por-escravos-ate-intelectuais-renascentistas-17269652#ixzz3kUarRlfF 
© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído
sem autorização. 

Ex-presidente Lula ganha prêmio de $100 mil dólares e doa a país africano

Lula ganha mais um prêmio em razão de sua contribuição para reduzir a desigualdade social no Brasil e no mundo
Lech Walesa e Lula, duas figuras singularmente históricas
Ao receber o prêmio Lech Walesa, na Polônia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou quedecidiu doar os US$ 100 mil, ou cerca de R$ 181 mil, a um país africano. 
O país que receberá o valor será escolhido pelos diretores doInstituto Lula e pelos membros da fundação criada por Walesa. Lula também se encontrou em Gdansk com o sindicalista e ex-presidente polonês.
_
Leia mais:
Walesa, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, lembrou que quando conheceu Lula, em 1980, acreditou que estavam em caminhos diferentes. “Deixamos o comunismo e o senhor queria introduzir o socialismo. Parecia que estávamos em caminhos opostos, pois parecia não haver terceira via”, comentou. “O senhor não tinha razão há 30 anos, mas hoje mostrou que tinha razão.”
_
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que Lula e Walesa fizeram mudanças radicais sem promover o caos em seus países. Para Tusk, os dois líderes promoveram o crescimento econômico e o bem-estar para as populações.
Leia também:
O prêmio Lech Walesa foi criado em 2008 pela fundação do ex-presidente polonês para reconhecer personalidades destacadas por seu apoio à liberdade, democracia e cooperação internacional. A fundação informou em nota que Lula foi escolhido “em reconhecimento por seus esforços para conseguir uma cooperação pacífica e a compreensão entre as nações, especialmente para reforçar o papel dos países em desenvolvimento no mundo dos negócios, e por sua contribuição para reduzir a desigualdade social”.
*pragmatismopolitico

Leandro Karnal – Ser louco é a única possibilidade de ser sadio nesse mundo doente


    As 4 histórias descritas no filme argentino “Relatos Selvagens” do diretor argentino Damián Szifron são, o mínimo, perturbadoras.
    É a partir delas que o historiador Leandro karnal traça uma análise da sociedade contemporânea.
    História, filosofia, psicanálise e muito bom humor caminham juntos nessa fala de 14 minutos.
    Confiram e não deixem de ver o filme.
    Encontre o filme Relatos Selvagens aqui
    Castro J Joao compartilhou um link.
    11 h · 
    Leandro Karnal realiza uma análise do filme Relatos Selvagens.
    CONTIOUTRA.COM|POR CONTI OUTRA, ARTES E AFINS.


    Leandro Karnal – Ser louco é a única possibilidade de ser sadio nesse mundo doente

      As 4 histórias descritas no filme argentino “Relatos Selvagens” do diretor argentino Damián Szifron são, o mínimo, perturbadoras.
      É a partir delas que o historiador Leandro karnal traça uma análise da sociedade contemporânea.
      História, filosofia, psicanálise e muito bom humor caminham juntos nessa fala de 14 minutos.
      Confiram e não deixem de ver o filme.
      Encontre o filme Relatos Selvagens aqui

      Por que o clã Marinho, os donos da Rede Bobo, estão atacando Lula com tanta fúria




      Vale tudo contra Lula. O ventríloquo da fala mansa, Bonner, em seu posto de ataque no JornalNacional


      Valentemente, assim que os donos determinaram, os jornalistas da Globo pararam de falar no impeachment de Dilma.
      Um deles, Erick Bretas, tratou até de trocar a foto de perfil de seu Facebook. Ele tinha colocado a inscrição “gave over” (fim de jogo), por ocasião de uma manifestação anti-Dilma, para a qual conclamara seus seguidores.

      Trocou-a, com a nova orientação patronal, por uma bandeira do Brasil.
      Agora, com a mesma valentia com que recuaram instantaneamente, os editores, colunistas e comentaristas da Globo avançam, novamente sob ordens patronais, contra Lula.
      Todas as mídias da Globo vêm sendo usadas para investir contra Lula, por conta, naturalmente, de 2018.
      Tevê, jornal, rádio, internet – são os Marinhos e seus porta-vozes contra Lula.
      A novidade aí parece ser a substituição da Veja pela Época na repercussão dos sábados à noite do Jornal Nacional.
      Nem para isso mais a Veja serve. Nem para servir de alavanca para o Jornal Nacional. É uma agonia miserável e solitária a da revista dos Civitas.
      Lula, em seus anos no Planalto, nada fe para enfrentar a concentração de mídia da Globo, algo que é um câncer para a sociedade pelo potencial de manipulação da opinião pública.
      E agora paga o preço por isso.
      Verdade que, acertadamente, ele decidiu não ficar “parado”. Pássaro parado, disse Lula, é mais fácil de ser abatido.
      E então Lula decidiu reagir.
      Pelo site do Instituto Lula, ele tem rebatido as agressões dos Marinhos, minuciosamente.
      E tem anunciado processos quando se sente injustiçado – um passo fundamental para colocar alguma pressão nos caluniadores e, também, nos juízes complacentes.
      Há um tributo involuntário no movimento anti-Lula da Globo. É um reconhecimento, oblíquo que seja, de sua força.
      É assim que o quadro deve ser entendido.
      Quem pode ser o anti-Lula em 2018? Aécio, Alckmin e Serra, os nomes do PSDB, seriam provavelmente destruídos ainda no primeiro turno.
      Imagine Lula debatendo com cada um deles.
      Fora do PSDB, é um deserto ainda maior. De Marina a Bolsonaro, os potenciais adversários de Lula equivalem ao Vasco da Gama no Brasileirão.
      Neste sentido, o boneco de Lula, o Lulão, surge mais como desespero da oposição do que como uma gesto criativo dos analfabetos políticos de movimentos como o Brasil Livre de Kim Kataguiri.
      A Globo vem dando um destaque de superstar ao Lulão, como parte de sua operação de guerra.
      E Lula tem respondido como jamais fez. No desmentido da capa da edição do final de semana da Época, ele citou um aporte milionário de 361 milhões de reais do BNDES na Globo, em 2001, no governo FHC.
      Ali se revelou outra face dos sistemáticos assaltos da Globo ao dinheiro público: o caminho do BNDES. Não são apenas os 500 milhões de reais em média, ao ano, de propaganda federal. São também outros canais, como o BNDES.
      Não é exagero dizer que a Globo, como a conhecemos (não como o jornaleco de província a que se resumiu por décadas) é fruto do dinheiro público. 
      Como Lula, caso volte à presidência em 2018, tratará a Globo?
      É essa pergunta que atormenta os Marinhos, já suficientemente atordoados com o florescimento da internet em oposição à decadência da tevê.
      E é isso que explica a heroica valentia patronal dos jornalistas da Globo.

      sábado, agosto 29, 2015

      'Eu voltei a voar outra vez', avisa Lula

      Ex-presidente disse que pretendia "ficar parado", mas que seus opositores não deixam. Ele participou de seminário ao lado de Pepe Mujica, que destacou a importância dos partidos na democracia
      RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA
      lulas.jpg
      Lula disse que vai voltar a viajar, a dar entrevistas, para deixarem "a querida Dilma" em paz
      São Paulo – "Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado, por isso, eu voltei a voar outra vez", avisou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos seus adversários políticos. Ao participar hoje (29) de seminário sobre participação cidadã, no Centro de Formação dos Profissionais de Educação (Cenforpe), em São Bernardo, no ABC paulista, ele disse que não pode ficar tranquilo como gostaria porque seus opositores políticos não deixam.
      "Como tenho costas largas e já apanhei demais, eu vou ver se eles dão um pouco de sossego pra nossa querida Dilma e começam a se incomodar comigo de novo. Tô esperando a aposentadoria, mas os adversários não me deixam em paz. Todo dia falam em meu nome", disse Lula a uma plateia animada com seu "retorno".
      Lula disse que hoje é um cidadão mais preocupado do que era antes. "Fazia cinco anos que eu não dava uma entrevista. Ex-presidente tem que aprender a ser ex-presidente. O papel do ex-presidente é permitir que o governante fale. Mas resolvi falar um pouco mais, vou viajar, vou incomodar", afirmou
      "De vez em quando a direita resolve dizer: 'O lula tá morto, já era'. Eu concordo plenamente com uma frase: 'Todo homem quando se sente insubstituível e imprescindível está nascendo dentro dele um ditador'. Não existe ninguém insubstituível e imprescindível, mas a verdade é que não se criam líderes como se faz pão. Sabe quanto tempo vai durar pra se criar um novo Pepe Mujica?", questionou Lula, ao lado do ex-presidente e atual senador uruguaio.
      O ex-presidente mostrou-se perplexo diante da conjuntura política brasileira. "Eu nunca vi uma luta de classes colocada de cima pra baixo", disse em referência às manifestações contra o governo orquestradas pela direita. Para Lula, a resposta da sociedade está na participação cidadã. Ele propõe que os pais acompanhem de perto a educação dos filhos, que acompanhem o desenvolvimento delas na escola e a atuação dos diretores. Sugere que se não estiverem satisfeitos, que protestem.
      "De onde vem esse ódio? Será que uma parte desse ódio demonstrado contra o PT é porque as empregadas domésticas conquistaram mais direitos? Nós fomos para a rua para conquistar melhoras para as pessoas. Acho que essas pessoas estão querendo desfazer essas melhoras."
      Seu mandato, disse Lula, foi marcado por aproximar o governo dos movimentos sociais. "Se perguntarem qual foi o maior legado que deixei, foi a relação que o governo estabeleceu com a sociedade e com os movimentos sociais. Se juntar todos os presidentes do país, antes de mim, eles não fizeram 10% das reuniões que fizemos. Foram 74 conferências nacionais, que começavam no municípios." Durante seus oito anos no Palácio do Planalto, disse Lula, "as políticas não eram do governo, eram do povo."
      Recordou de quando, em 1982, então candidato a governador de São Paulo, em 1978, recebeu "apenas" 1,250 milhão de votos, ficando em quarto lugar na disputa. Ao comentar com Fidel Castro, "que nunca foi eleito", sobre a decepção com resultado, Lula foi questionado pelo ex-presidente cubano se tinha noção do que representava 1,250 milhão de votos para um operário, o que o fez rever sua postura derrotista.
      Nos cumprimentos iniciais do evento, o ex-presidente dirigiu-se ao ministro da Saúde, Arthur Chioro, referindo-se à discussão sobre a volta da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF). "Não sei se é verdade que (Chioro) defendeu a CPMF. Mas a verdade é que ela não deveria ter sido retirada", disse Lula. "Mas você deveria reivindicar para os governadores e prefeitos, porque eles precisam de dinheiro para a saúde."
      RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULApepito.jpg
      Pepe foi aplaudido ao defender a importância dos partidos políticos para a democracia
      A fala de Lula foi precedida pela de Mujica, que defendeu a importância dos partidos políticos para a manutenção das conquistas sociais dos cidadãos. "A democracia requer partidos. Não há democracia sem partidos. Eles são a vontade coletiva de grupos humanos. Os grandes meios nunca vão estar do lado do povo. São empresas, que atendem a outra forma de entender o mundo." Para o ex-presidente uruguaio, "não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis. Por maior que seja o homem, nunca será tão grande se tão tiver um grupo de pessoas por trás lhe dando força. Os partidos lutam pelo amanhã, pela utopia”, afirmou Mujica.
      “Não se pode separar a economia da ética, da filosofia, porque o homem tem que sonhar, imaginar e caminhar fazendo o melhor e o que lhe dá conteúdo nesta vida, como indivíduo e sociedade. Não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar um pouco de nós", afirmou Mujica. Segundo o senador, se a mudança começar, sobretudo os que estão nos partidos vão entender que não devem visar ao próprio enriquecimento.
      Pepe ressaltou a necessidade de o político estar próximo das pessoas, da importância da conversa, da "fofoca" com os vizinhos, de simplicidade. Que as repúblicas foram criadas para acabar com o distanciamento, mas que sozinhos os homens não podem fazer muito, daí terem sido criados os partidos.
      O uruguaio destacou a importância do Brasil no cenário político latino-americano, da necessidade de negociação em bloco. Questionou se cada país tem condições de negociar com a China, a União Europeia, os Estados Unidos isoladamente, reafirmando o papel de protagonista do Brasil neste cenário. Mujica foi aplaudido em pé.
      Por mais de uma vez, Lula brincou com Mujica, por sua popularidade no Brasil. Disse que uma moça quis ser fotografada com o uruguaio, e que ela se mostrou muito interessada por ele. Comentou que, "desse jeito", a organização do evento tinha de reforçar a segurança de Mujica até o aeroporto. Pepe, aos 80 anos, apenas riu da brincadeira.
      O ex-presidente Lula também sugeriu ao representante da Universidade Federal do ABC que providencie um título de Doutor Honoris Causa, destacando a importância de Mujica para o cenário político mundial e emendou: "Imagine o que vai representar pra universidade ter uma referência como esta".
      *RBA

      “Estão com raiva? Se matem. Eu estou muito bem.”

      A importância simbólica do gesto de Manu ao ‘matar’ o Lula inflado. Por Paulo Nogueira

      Plácida em pleno fragor
      Plácida em pleno fragor
      Que você faz diante de um boneco que para você simboliza o que há de pior – preconceito, ignorância, vulgaridade, calúnia e achincalhe?
      A líder estudantil Manu Thomazielli descobriu uma resposta simples e eficaz: fura.
      Manu, com a ousadia típica da juventude e de quem tem convicções, aplicou assim, com um furo, um contragolpe extraordinário nos extremistas de direita que estavam usando o boneco de Lula presidiário como um símbolo de sua campanha insolente contra a democracia.
      Manu, que milita na União da Juventude Socialista, a UJS, virou instantaneamente, na tarde de sexta, umavagaba comunista para os direitistas e uma heroína para os progressistas.
      Isso ficou patente em sua conta no Facebook.
      Folha publicou seu nome, e os revoltados descobriram sua página no Facebook.
      Manu sofreu um linchamento virtual. Os insultos mostram, acima de tudo, a mente tumultuada dos militantes arquiconservadores.
      O local escolhido pelos fanáticos foram os comentários sob a foto de perfil que Manu postou depois de furar o boneco. Nela, está abraçada a Lula.
      Demorou algum tempo para que simpatizantes da causa de Manu fossem em seu socorro no Facebook.
      Mas eles chegaram, e a polarização que domina hoje o país se reproduziu, em escala reduzida, na página de Manu.
      A mensagem mais expressiva pró-Manu veio de uma amiga sua de UJS.
      Ela avisou: “E se encherem o boneco a gente fura de novo.”
      Eis aí a força maior do gesto de Manu. Ela deixou clara a vulnerabilidade do Pixuleco, uma fragilidade tão grande quanto seu tamanho.
      Um furo e a festa acaba.
      Tudo indica, por isso, que o Pixuleco morreu ontem.
      Era uma vez
      Era uma vez
      Sobrou a zoeira típica da internet. O Sensacionalista anunciou que com a morte do boneco assume o Aécio de Papelão.
      Um outro meme afirmou o seguinte. “Boneco inflado de Lula: 12 mil reais. Ver as minas da UJS acabar com a palhaçada: não tem preço.”
      Entre as histórias, a maior delas ainda não confirmadas, em torno do episódio, uma é o retrato dos manifestantes.
      O que contam é que os donos do boneco foram prestar queixa na polícia contra Manu por destruição de bem privado.
      Um policial teria pedido a nota fiscal para formalizar a queixa. Mas cadê a nota fiscal?
      Sonegação é um dos piores tipos de corrupção, mas isso parece ser um detalhe para os radicais da direita.
      Para os progressistas, o gesto de Manu tem um forte significado simbólico. Finalmente alguém deu uma resposta, e que resposta, aos conservadores.
      Manu deixou claro que não há motivo para os militantes progressistas ficarem de braços cruzados diante da escalada da extrema direita.
      Sozinha, ela colocou de joelhos dezenas, centenas de fanáticos.
      Duas fotografias contam tudo sobre a história.
      Numa delas, está o boneco miseravelmente esvaziado.
      Na outra, protegida por policiais da fúria dos revoltados, Manu aparece sorrindo, plácida, tranquila no meio do fragor que provocou.
      Seu sorriso é de quem cumpriu uma missão, e muito bem.
      Era como se ela dissesse aos que vociferavam xingamentos, como o grande general romano Mário diante de um bárbaro que o desafiara para um duelo: “Estão com raiva? Se matem. Eu estou muito bem.”
      (Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
      Paulo Nogueira
      Sobre o Autor
      jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

      Via Diário Gauche




      Vídeo-documentário exibido pela televisão pública espanhola, que aborda a visão de dois grandes humanistas sobre o mundo atual: o uruguaio Eduardo Galeano, recentemente falecido, e o suíço Jean Ziegler, professor e escritor que sempre combateu a hegemonia do capital financeiro.

      Pode se dizer que há algo de profético em seus depoimentos, pois o documentário foi feito antes da crise que assolou os países periféricos da Europa, como a Itália, Espanha, Portugal e Grécia.


      "A Ordem Criminal do Mundo", documentário de 43 minutos, significa o cinismo assassino que a cada dia enriquece uma pequena oligarquia mundial em detrimento da miséria de cada vez mais pessoas pelo mundo. 


      O poder se concentrando cada vez mais nas mãos de poucos, os direitos das pessoas cada vez mais restritos. As corporações controlando os governos de quase todo o planeta, dispondo também de instituições como FMI, OMC e Banco Mundial para defender seus interesses. 

      Hoje 500 empresas detém mais de 50% do PIB Mundial, muitas delas pertencentes a um mesmo grupo.