Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 28, 2015

um Porta-Aviões com 300 metros de comprimento, 78 de largura e 74 de altura,e 5.500 tripulantes faz manobras militares na Bahia de Guanabara

Vermelho à Esquerda. e Frente Brasileira de Solidariedade com a Síria compartilharam um link.
Embarcação com 300m de comprimento tem capacidade para 90 aviões. Ela ficará no Rio até o próximo sábado para exercícios militares.
G1.GLOBO.COM
  • Quando médicos cubanos que foram voluntários de paz em diversos países do mundo chegam ao Brasil para atender em lugares rejeitados pela categoria, metade do mundo diz que é um plano de Cuba e do PT pra revolução (quem dera!). Agora um Porta-Aviões com 300 metros de comprimento, 78 de largura e 74 de altura,e 5.500 tripulantes faz manobras militares na Bahia de Guanabara e é chamado de "visitante inusitado", como se fosse um grupo de Golfinhos simpáticos que erraram o caminho para a Praia de Pipa.

Que imprensa é essa?

Muda Mais
15 h
A capa da Folha de S.Paulo de hoje não faz nenhum sentido. A manchete de destaque e a matéria falam de Delcídio do Amaral, preso na Operação Lava Jato. Mas na foto está Lula. Por quê???
Dos quatro parágrafos do texto da capa, apenas no último, em uma frase, Lula é citado. É só ao fim do texto que a matéria fala de críticas do ex-presidente ao senador. Deve-se ressaltar que, em nota, o Instituto Lula desmentiu a fala. Mesmo assim, a foto é de Lula.
Dessa maneira, o jornal induz o leitor a crer que o assunto tem a ver com Lula, quando, na verdade, a reportagem fala das relações de Delcídio com Bernardo (filho de Nestor Cerveró) e André Esteves.
Que imprensa é essa?

A lista (quase) completa da Aeroécio! FHC era freguês!

DCM se pergunta: por que a Fel-lha quis esconder?

aroeira e jatinho do aecio
Charge do Aroeira, publicada no Tijolaço
Como se sabe, um notável repórter investigativo da Fel-lha escondeu que os filhos do “seu” Frias tinham uma conta secreta na Suíça, no HSBC…
Os meninos não sabiam.
Como o FHC não sabia que o Serjão comprava a reeleição com grana viva, em sacola de supermercado e cheque pré-datado, como demonstrou o Palmerio Doria.
Fel-lha é a favor do método “não vem ao caso”, imortalizado na Vara de Guantánamo: chegou perto de tucano… não vem ao caso!
Vejam o que o Kiko Nogueira descobriu:

Exclusivo: a lista completa dos ‘empréstimos’ de aeronaves de Minas por Aécio. Por Kiko Nogueira

O DCM teve acesso à relação completa dos vôos de Aécio Neves durante os 7 anos e três meses de seu governo em Minas Gerais, entre 2003 e 2010, através da Lei de Acesso à Informação.
O uso que Aécio fez dos dois jatos, um Citation e um Learjet, um helicóptero Dauphin e um turboélice King Air pertencentes ao estado é um caso de estudo em matéria de patrimonialismo.
Foram 1430 viagens ao todo, 110 com pouso ou decolagem do famoso aeroporto de Cláudio, construído nas terras do tio Múcio Toletino, que ficou com a chave por um bom tempo.
Pelo menos 198 vezes ele não estava a bordo. Um decreto de 2005 estabelece que esse equipamento destina-se “ao transporte do governador, vice-governador, secretários de Estado, ao presidente da Assembleia Legislativa e outras autoridades públicas” e serve “para desempenho de atividades próprias dos serviços públicos”. A linha entre o interesse público e o privado é tênue.
Parte desses empréstimos de aeronave foi objeto de matéria da Folha do início de novembro. Parte.
A lista completa, no entanto, traz muitas outras surpresas.
Fernando Henrique Cardoso usou os aviões e o helicóptero em pelo menos dez ocasiões, sem a presença do governador. A maioria em 2006 (três, uma delas com uma “comitiva”) e 2008. Em quatro viagens o pacote foi completo: de Belo Horizonte direto para São Paulo.
Roberto Irineu Marinho, um dos donos da Globo, foi de BH a Brasília em 11 de setembro de 2007. No dia seguinte, da capital mineira a Diamantina. Esteve acompanhado do então senador Sérgio Guerra, do PSDB.
Ex-presidente do partido, Guerra foi citado pelo delator Paulo Roberto Costa, que afirmou ao Ministério Público Federal ter dado propina ao tucano para ajudar a esvaziar uma CPI da Petrobras de 2009. Morreu em 2014, aos 66 anos, de câncer no pulmão (foi substituído por Aécio).
A Fundação Roberto Marinho tem várias obras de restauração em MG. Em Diamantina fica a Casa de Chica da Silva. É uma relação boa: Aécio, por exemplo, pavimentou uma estrada no interior que faz um desvio na fazenda dos Marinhos em Botelhos, produtora de um café de alta qualidade.
O amigo Alexandre Acciolly foi premiado, também. Dono de academias de ginástica, sócio do Gero e do Fasano, bon vivant, ele é da turma carioca de Aécio, integrada por Huck, Mário Garnero e outros. Foi padrinho do casamento de Aécio com Letícia Weber em 2013, no Rio.
Cabo eleitoral do amigo, ele deu uma entrevista à revista Alfa, em 2012, em que admitiu que foi sonegador: ”Eu tomava decisões de risco na minha empresa de telemarketing. Não tinha dinheiro para investir e minha carga tributária era de 40%. Eu ia pagar imposto ou comprar computador e pagar salário? Eu falei: ‘No c*, imposto!” Em abril de 2009, voou no Dauphin até Confins (com Aécio, passeou mais quatro vezes).
Houve espaço até para o presidente do Rotary International, Dong Kurn Lee, e Hipólito Ferreira, ex-membro de um certo Comitê de Revisão da entidade. Em setembro de 2008, eles viajaram de helicóptero de Belo Horizonte a Ouro Preto com suas respectivas senhoras.
A generosidade com a própria família é enorme. Tios, primos (inclusive Tancredo Tolentino, o Quedo, que seria denunciado em 2012 por negociar a compra de habeas corpus de dois traficantes), ex-mulher, parentes, contraparentes — todos voaram. Andrea Neves, a irmã de Aécio, esteve em São João del Rey, Brasília, Viçosa e Rio de Janeiro, com e sem o irmão.
Para quem era, no papel, presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social, é um bocado. No debate da Band, Aécio, retrucou uma acusação de nepotismo de Dilma Roussef. “Quero saber onde minha irmã trabalha”, disse ele, desafiador.
Bem, além do tal cargo “voluntário”, Andrea era a responsável pela distribuição de verbas publicitárias. Durante sua gestão, os gastos com publicidade subiram 300% (de R$ 24 milhões para R$ 96 milhões). Uma parcela foi destinada aos veículos do clã: as rádios Arco Íris, São João e Colonial, ambas de São João del Rey, e um jornal também de lá.
A reverência com relação a ela é tamanha que é das poucas identificadas como “Dra.” no relatório. Sua xará Andrea Falcão, por exemplo, entra apenas com nome e sobrenome. Andrea, ex-mulher de Aécio, mãe de Gabriela, voou para locais como Rio de Janeiro, onde as duas moram, e em março de 2007 para Manaus (Sergio Cabral também estava nessa).
Em 31 de março de 2010, o King Air aterrissou na Cidade Maravilhosa com Andréa Falcão, Gabriela Falcão Neves, Luiza Falcão e Matheus Falcão.
Todos os nomes acima se juntam aos divulgamos, anteriormente, pela Folha. Luciano Huck, companheiro de Aécio presente nas horas incertas como a “festa da vitória” em 2014, foi a Tiradentes em agosto de 2004. Alguns dias depois, com Sandy, Junior e o empresário da dupla, rumou para Santa Bárbara. Estavam gravando um quadro para o programa.
Milton Gonçalves e José Wilker também foram usufrutuários, assim como Boni, que foi, segundo ele, “fazer uma análise da TV Minas”.
Ricardo Teixeira fez seis vôos, três em 2006 e mais três em 2010, um deles com José Serra a bordo. O detalhe é que, em 28 de agosto de 2007, um dos passageiros era Ray Whelan, executivo-chefe da Match Services acusado de envolvimento num esquema de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo do Brasil. Whelan chegou a ser preso no Complexo de Bangu.
Roberto Civita, ex-dono da Abril, e a mulher Maria Antônia passaram o fim de semana de 27 e 28 de março de 2010 em Minas. O casal foi de Belo Horizonte a Brumadinho, onde fica o fabuloso museu de Inhotim, no helicóptero. De volta à capital, Aécio os levou a São João del Rey no Learjet. No domingo, pegaram novamente uma carona nas hélices do Dauphin até Confins.
A listagem de vôos, como foi dito, é grande e cada uma tem sua história com suas imbricações. Outras serão contadas aqui.
*https://luizmullerpt.wordpress.com/2015/11/21/a-lista-quase-completa-da-aeroecio-fhc-era-fregues/

sexta-feira, novembro 27, 2015

“Movimento de escolas ocupadas convoca manifestação para amanhã” e mais 1 atualizações

Link to Jornal A Verdade


18nov2015---a-ee-joao-kopke-segue-ocupada-nesta-quarta-alunos-entraram-na-escola-na-ultima-terca-1447856900546_615x300Uma grande manifestação com concentração prevista para amanhã (26) as 13 horas na Avenida Paulista foi convocada por estudantes de diversas escolas ocupadas de São Paulo. Até o momento, quase 200 escolas estão ocupadas em todo o estado, exigindo que o governador Geraldo Alckmin volte atrás na medida fechar escolas públicas no ano que vem.
Abaixo, reproduzimos a carta dos estudantes das escolas ocupadas:
Carta dos estudantes das escolas ocupadas de São Paulo
Nós, estudantes sem medo de São Paulo, estamos fazendo uma mobilização histórica em defesa da educação. Desde que foi anunciada a (des)organização escolar pelo governador Geraldo Alckmin, fizemos várias manifestações e protestos. Diante da falta de esclarecimentos do governo do estado, buscamos o diálogo e apresentamos argumentos. Cansados de não ser ouvidos, partimos para outra iniciativa: a ocupação das escolas. Em poucos dias, mesmo com as ameaças de repressão policial, nossas ocupações cresceram como nunca, e hoje já somos mais de 90 escolas ocupadas em todo Estado.
Nosso recado é claro: queremos barrar a reorganização escolar proposta pelo governo! Na negociação que aconteceu no dia 19/11, mais uma vez o secretário de educação, Hermann, foi intransigente e não se dispôs a revogar o plano. A proposta apresentada de suspensão temporária da (des)organização por apenas dez dias mostra que o governo do estado continua sem disposição de diálogo com a comunidade. Ao mesmo tempo, pela primeira vez, o secretário admitiu o que sempre foi óbvio: a reorganização é um projeto imposto antidemocraticamente pelo governo sobre os estudantes e suas famílias, sem nenhuma discussão prévia, um projeto que não visa à melhoria da educação, mas sim fechar escolas e tornar as que continuarão abertas ainda mais superlotadas e insuportáveis. Os filhos e netos de Alckmin e Hermann não estudam em escolas públicas e para eles educação nunca foi prioridade! O mesmo governo que fecha escolas e corta da educação é o que abre presídios e criminaliza a juventude da periferia, fazendo com que o povo pague pela atual crise. É por isso que ocupamos. As escolas são nossas e não podem ser fechadas nem reorganizadas!
Exigimos a revogação imediata da reorganização escolar de Alckmin. Não admitimos que nenhuma escola seja fechada. Não admitimos que nenhuma escola seja dividida. Não admitimos que nenhum professor seja demitido e que nenhuma escola seja (ainda mais) superlotada. Não admitimos, também, que qualquer estudante seja perseguido politicamente ou punido por se mobilizar democraticamente.
Todas nossas ocupações são exemplos de espaços democráticos, politizados e organizados. Sem medo de errar dizemos: cuidamos das escolas até muito melhor do que o governo! Convocamos a que todas as escolas de São Paulo se tornem escolas de luta! Ocupe também sua escola até que tenhamos a garantia de que a reorganização, prevista para se iniciar em 2016, será revogada.
Da Redação, São Paulo

Que País é Esse? Cria Sua. Via Facebook de Cristóvão Feil A DIREITA - cínicamente - fica perguntando (sem nenhuma imaginação) "que país é este?". Ora, é o Brasil que o colonialismo e seus apaniguados criaram, a partir do século 16. É o país que os ignorantes endinheirados, associados à Inglaterra, sustentaram durante o Império de uma família de usurpadores europeus, crivados de sífilis e maus modos, representou-nos como autoridade reconhecida (ilegitimamente). É o país de uma República inacabada, forjada no molde da conveniência de proprietários preguiçosos, com punhos de renda, e floreando um juridiquês obtuso e pedante. É o país dos janotas, príncipes da sociologia de araque, dos filhos de imigrantes ascensionais cevados na nulidade de propósitos e ambições desmedidas. É o país onde uma mulher digna, respeitada, e sincera firmou-se no propósito de limpá-lo e desenvolvê-lo, para entregá-lo mais digno e democrático para os brasileiros e brasileiras. Estamos no rumo certo, mas continuamos na faxina brava. Desculpem-nos o transtorno! Vamos em frente!

Via Facebook de Cristóvão Feil

Via Facebook de Cristóvão Feil

A DIREITA - cínicamente - fica perguntando (sem nenhuma imaginação) "que país é este?".

Ora, é o Brasil que o colonialismo e seus apaniguados criaram, a partir do século 16.

É o país que os ignorantes endinheirados, associados à Inglaterra, sustentaram durante o Império de uma família de usurpadores europeus, crivados de sífilis e maus modos, representou-nos como autoridade reconhecida (ilegitimamente).

É o país de uma República inacabada, forjada no molde da conveniência de proprietários preguiçosos, com punhos de renda, e floreando um juridiquês obtuso e pedante.

É o país dos janotas, príncipes da sociologia de araque, dos filhos de imigrantes ascensionais cevados na nulidade de propósitos e ambições desmedidas.

É o país onde uma mulher digna, respeitada, e sincera firmou-se no propósito de limpá-lo e desenvolvê-lo, para entregá-lo mais digno e democrático para os brasileiros e brasileiras.

Estamos no rumo certo, mas continuamos na faxina brava.

Desculpem-nos o transtorno! Vamos em frente!

Ora, é o Brasil que o colonialismo e seus apaniguados criaram, a partir do século 16.

É o país que os ignorantes endinheirados, associados à Inglaterra, sustentaram durante o Império de uma família de usurpadores europeus, crivados de sífilis e maus modos, representou-nos como autoridade reconhecida (ilegitimamente).

É o país de uma República inacabada, forjada no molde da conveniência de proprietários preguiçosos, com punhos de renda, e floreando um juridiquês obtuso e pedante.

É o país dos janotas, príncipes da sociologia de araque, dos filhos de imigrantes ascensionais cevados na nulidade de propósitos e ambições desmedidas.

É o país onde uma mulher digna, respeitada, e sincera firmou-se no propósito de limpá-lo e desenvolvê-lo, para entregá-lo mais digno e democrático para os brasileiros e brasileiras.

Estamos no rumo certo, mas continuamos na faxina brava.

Desculpem-nos o transtorno! Vamos em frente!
*AmoralNAto

quarta-feira, novembro 25, 2015

Chupa , A lei que dá DIREITO DE RESPOSTA está deixando a imprensa toda cuidadosinha. Não é, Bonner?


Edilene Máximo compartilhou o vídeo de Elvis Rocha.
3 h
Com a nova Lei do Requião, pra Direito de Resposta... As notícias tem que ser dadas assim...né Bonner?
--Até que enfim!!!.,,
0:24/0:24
6.573 visualizações
Elvis RochaSeguir
4 h
A lei que dá DIREITO DE RESPOSTA está deixando a imprensa toda cuidadosinha.
Não é, Bonner?
CRIME
LAMA AVANÇA NO MAR E DEVE SUPERAR 9KM DE COSTA
ÁREA AFETADA PELO CRIME AMBIENTAL INTEGRA A RESERVA DE COMBOIOS

A ONDA DE LAMA PERCORREU 650 KM DE RIO DESDE O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE MARIANA (MG) - FOTO: DIVULGAÇÃO
A onda de lama da mineradora Samarco chegou com tudo ao oceano no domingo, 22, formando uma enorme mancha marrom que se projetava quilômetros mar adentro desde a foz do Rio Doce, em Linhares, no norte do Espírito Santo. Uma pluma inicial de água barrenta já havia atingido a costa no fim da tarde de sábado, mas o que se formou ontem foi uma mancha muito mais escura e densa, com aparência de leite achocolatado.
A área afetada faz parte da Reserva Biológica de Comboios, uma área de proteção costeira usada para desova de tartarugas-marinhas, incluindo a tartaruga-de-couro, uma espécie criticamente ameaçada de extinção. O coordenador nacional do Centro Tamar-ICMBio, Joca Thome, sobrevoou a mancha ontem à tarde e voltou para terra visivelmente emocionado. "Nem sei o que falar. É terrível; uma calamidade", disse, após sair do helicóptero. "Parece uma gelatina marrom se esparramando mar adentro."
A onda de lama percorreu 650 km de rio desde o rompimento da barragem de Mariana (MG), no dia 5. O desastre deixou 8 mortos identificados e 11 pessoas desaparecidas - há ainda quatro mortos não identificados - e chegou à costa capixaba no pico da época de desova das tartarugas. Equipes do Tamar vinham retirando diariamente da praia de Regência - distrito de Linhares - os ovos colocados pelas tartarugas, numa média de 40 ninhos por noite. O local continuará a ser monitorado, para ver como as tartarugas reagem à presença da lama.
A previsão do Ministério do Meio Ambiente, baseada em projeções feitas por uma equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), era de que a lama se espalharia por 9 quilômetros da costa do Espírito Santo. Mas os técnicos que estão acompanhando a chegada da mancha em Regência acreditam que a área afetada será muito maior. "Só o que eu vi hoje parece ser mais do que isso", disse Thome.

segunda-feira, novembro 23, 2015

Elites controlam o sistema judicial, mostra pesquisa da USP

Tese conclui que elites jurídicas provêm das mesmas famílias, universidades e classe social


por Cida de Oliveira, RBA 
São Paulo – Há, no sistema jurídico nacional, uma política entre grupos de juristas influentes para formar alianças e disputar espaço, cargos ou poder dentro da administração do sistema. Esta é a conclusão de um estudo do cientista político Frederico Normanha Ribeiro de Almeida sobre o judiciário brasileiro. O trabalho é considerado inovador porque constata um jogo político “difícil de entender em uma área em que as pessoas não são eleitas e, sim, sobem na carreira, a princípio, por mérito”.
Para sua tese de doutorado A nobreza togada: as elites jurídicas e a política da Justiça no Brasil, orientada pela professora Maria Tereza Aina Sadek, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Almeida fez entrevistas, analisou currículos e biografias e fez uma análise documental da Reforma do Judiciário, avaliando as elites institucionais, profissionais e intelectuais.
Segundo ele, as elites institucionais são compostas por juristas que ocupam cargos chave das instituições da administração da Justiça estatal, como o Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça, tribunais estaduais, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Já as elites profissionais são caracterizadas por lideranças corporativas dos grupos de profissionais do Direito que atuam na administração da Justiça estatal, como a Associação dos Magistrados Brasileiros, OAB e a Confederação Nacional do Ministério Público.
O último grupo, das elites intelectuais, é formado por especialistas em temas relacionados à administração da Justiça estatal. Este grupo, apesar de não possuir uma posição formal de poder, tem influência nas discussões sobre o setor e em reformas políticas, como no caso dos especialistas em direito público e em direito processual.
No estudo, verificou-se que as três elites políticas identificadas têm em comum a origem social, as universidades e as trajetórias profissionais. Segundo Almeida, “todos os juristas que formam esses três grupos provêm da elite ou da classe média em ascensão e de faculdades de Direito tradicionais, como o Faculdade de Direito (FD) da USP, a Universidade Federal de Pernambuco e, em segundo plano, as Pontifícias Universidades Católicas (PUC’s) e as Universidades Federais e Estaduais da década de 60”.
Em relação às trajetórias profissionais dos juristas que pertencem a essa elite, Almeida aponta que a maioria já exerceu a advocacia, o que revela que a passagem por essa etapa "tende a ser mais relevante do que a magistratura”. Exemplo disso é a maior parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), indicados pelo Presidente da República, ser ou ter exercido advocacia em algum momento de sua carreira.
O cientista político também aponta que apesar de a carreira de um jurista ser definida com base no mérito, ou seja, via concursos, há um série de elementos que influenciam os resultados desta forma de avaliação. Segundo ele, critérios como porte e oratória favorecem indivíduos provenientes da classe média e da elite socioeconômica, enquanto a militância estudantil e a presença em nichos de poder são fatores diretamente ligados às relações construídas nas faculdades.
“No caso dos Tribunais Superiores, não há concursos. É exigido como requisito de seleção ‘notório saber jurídico’, o que, em outras palavras, significa ter cursado as mesmas faculdades tradicionais que as atuais elites políticas do Judiciário cursaram”, afirma o pesquisador.
Por fim, outro fator relevante constatado no levantamento é o que Almeida chama de “dinastias jurídicas”. Isto é, famílias presentes por várias gerações no cenário jurídico. “Notamos que o peso do sobrenome de famílias de juristas é outro fator que conta na escolha de um cargo-chave do STJ, por exemplo. Fatores como estes demonstram a existência de uma disputa política pelo controle da administração do sistema Judiciário brasileiro”, conclui Almeida.
Com informações da Agência USP