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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, outubro 31, 2010
HOJE É O MELHOR DOS DIAS PARA O POVO BRASILEIRO , É O DIA DA VITÓRIA DE UMA CORRENTE DE PENSAMENTO NA QUAL AS PESSOAS VÊM PRIMEIRO
DILMA ROUSSEFF, FOI A MOTIVAÇÃO DE TODA NOSSA LUTA CONTRA O ATRASO E A CORRUPÇÃO TÃO BEM EXEMPLIFICADAS NA IMPRENSA BRASILEIRA E NO , AGORA , DERROTADO DE UMA VEZ POR TODAS , JOSÉ SERRA.
CHEGOU O MOMENTO DA COMEMORAÇÃO , VAMOS OUVIR O HINO NACIONAL E DESEJAR BOA SORTE PARA A PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DO BRASIL.
PARABÉNS PARA AS MARAVILHOSAS MULHERES BRASILEIRAS
*APOSENTADO INVOCADOMe sinto orgulhoso de ser parte de uma Nação Soberana inteligente e Patriótica
Dilma Presidenta – O Brasil está salvo!
* GilsonSampaioPadaria Tucana informa:
O Sonho acabou!
*Com a colaboração do Paulo Henrique Amorim
José Serra promoveu uma campanha sórdida, extremista e mentirosa, sob os olhares complacentes da Globo, da Abril, da Folha e do Estadão.
Saiu desmoralizado pelo bom humor do brasileiro:
E Serra “morreu” no Haloween
por Luiz Carlos Azenha*Com a colaboração do Paulo Henrique Amorim
José Serra promoveu uma campanha sórdida, extremista e mentirosa, sob os olhares complacentes da Globo, da Abril, da Folha e do Estadão.
Saiu desmoralizado pelo bom humor do brasileiro:
56 a 44: Dilma deu uma surra.
O PiG (*) vai esconder
Em 2002 e 2006, Lula derrotou os tucanos pelo mesmo placar: 61 a 39.
O PiG (*) e seus notáveis colonistas (**) jamais disseram que foi uma surra.
O único que disse isso foi o New York Times que considerou a vitória de Lula acachapante.
Agora Dilma, que jamais se candidatou a um cargo eletivo, deu outra surra: 56% a 44% com 12 milhões de votos de diferença.
José Serra manteve o padrão sórdido que empreendeu em sua sólida campanha.
No mundo inteiro, o candidato derrotado fala primeiro ao público e dá parabéns ao vitorioso.
Aqui no Brasil, José Serra, que até hoje não admite ter perdido a eleição de 2002, deu-se ao direito de falar depois de ouvir discurso da vencedora.
Uma vez calhorda, sempre calhorda.
Paulo Henrique Amorim
Explode coração... na maior felicidade! É Dilma lá!
A esperança venceu o medo.A confiança também venceu o medo.
A verdade venceu a mentira.
A honestidade venceu a baixaria.
A blogosfera venceu o PIG.
Quem ganhou foi o Brasil e o povo brasileiro, porque com Dilma o governo iniciado com Lula terá sequência, em boas mãos.
Agora é hora de festejar.
*Os amigos do Presidente Lula
Estou Rindo À TOA
(CHEbola)
É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar
GilsonSampaioEssa mulher sem carisma que foi eleita Presidenta do Brasil, a primeira, tem história para ser igual ou maior do que a de Lula.
Nessa história cabe destacar três passagens que fazem dessa mulher uma fortaleza quase inexpugnável, alicerçada na coragem, no amor ao país, na honestidade intelectual e na coerência política.
Essa mulher sem carisma quase sucumbiu aos horrores das câmaras de tortura da ditadura militar.
Essa mulher sem carisma enfrentou e venceu um câncer.
Essa mulher sem carisma enfrentou e venceu a direita raivosa, um outro tipo de câncer, que usou dos artifícios mais canalhas para tentarem desqualificá-la, nem mesmo respeitando-a como mulher, mãe e avó, coisa típica da truculência das ditaduras e do obscurantismo religioso; venceu uma mídia venal e golpista disposta a atirar a própria credibilidade no esgoto mais fétido e pestilento.
Essa mulher sem carisma não é pouca coisa, não!
Deixo aqui minhas homenagens a essa mulher sem carisma que se tornou a primeira Presidenta do Brasil.
É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
No caso, o cipó é feito de democracia, direitos humanos, direitos sociais, distribuição de renda, justiça social, nacionalismo, soberania e todas as outras coisas que quase a levaram à morte pelas mãos que empunhavam o açoite da brutalidade e do terror.
Obrigado, Presidenta.
Aroeira
Geraldo Vandré Vim de longe vou mais longe, quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar noite e dia vem de longe
Branco e preto a trabalhar e o dono senhor de tudo
Sentado mandando dar e a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar
Marinheiro, marinheiro quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro eu também sei governar
Madeira de dar em doido vai descer até quebrar
É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar
Carta à mulher presidente
Para que acabe bem e nem seja tão insuportável que não caiba esta reflexão em forma de reconhecimento, pois havia sim um ser humano disputando a contenda eleitoral.
Já sinto orgulho imenso de você por sua campanha que enfrentou a fúria de um candidato sem nenhum escrúpulo e sem nenhuma proposta pro Brasil do século XXI (e que rasgou sua biografia progressista por um projeto personalista).
Um candidato blindado pela velha mídia (Globo, O Globo, Veja, Folha, Estadão, UOL, CBN) , sem nenhuma crítica dela, e que mesmo quando exposto nacionalmente na prática de desesperado e explícito rufianismo, dizendo que meninas bonitas deveriam pedir votos em troca de favores sexuais, contou com o silêncio obsequioso de jornais televisivos e impressos, com seus comentaristas políticos de moral e ética de ocasião e seletivas.
Dilma você já me orgulha antes mesmo de ser nossa presidente, por ter enfrentado a fúria inaudita dos machistas de todos os gêneros, que acham que mulher deve ser subserviente. Me orgulha muitíssimo por ter representado a continuidade do projeto político de Lula (o maior estadista do Brasil e um dos maiores do mundo), e por ter se apresentado sempre com serenidade, com a sabedoria e firmeza feminina que sabemos todos dirige e está presente na maioria dos lares de nosso país.
Continuarei em meu trabalho político em sua defesa e apoio após a sua posse em 1o. de janeiro (e espero que milhões assim o façam), pois você se revelou como um ser humano de fibra inaudita, alguém de quem muito me orgulho e que espero que faça um governo que ficará na história do nosso país.
Meus parabéns por sua coragem e força. Fonte: Luis Nassif.
Em Homenagem ao Lula, o Hino Na Toada do Nordeste
*amoralnato
Lula diz que Serra 'sai menor' da campanha
O Presidente Lula afirmou neste domingo, após votar em São Bernardo do Campo (SP), que o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, "sai menor" da campanha eleitoral.
*osamigosdoPresidenteLula
Di Cavalcanti - Mulheres Protestando
O dia decisivo. E a paz do dever cumprido
Chegamos ao dia decisivo.
Foram meses que ensinaram muito a todos nós.
Creio que o primeiro ensinamento foi algo que todos partilhamos: do mais humilde dos brasileiros ao próprio presidente Lula.
O de que não existe caminho para justiça social no Brasil que não passe pelo desenvolvimento econômico e pela afirmação de nossa soberania como nação.
Acho que todos entendemos que, reescrevendo a frase que ficou famosa nos tempos do “milagre econômico” da ditadura, o bolo só cresce se for mais bem dividido e só é mais bem dividido quando cresce.
Progresso econômico e progresso social são duas faces inseparáveis de um Brasil que quer e precisa crescer.
De fato, basta examinar todos os indicadores econômicos e sociais para que se veja que o governo Lula disparou em realizações e em popularidade no seu segundo mandato, ao assumir claramente sua natureza nacional e popular, deixando à beira do caminho aqueles que defendiam, embora com menos ferocidade, as mesmas regras neoliberais que marcaram o governo FHC.
Numa palavra, foi finalmente o governo Lula quem retomou a linha de afirmação nacional, econômica e social que marcou a vida brasileira nas décadas de 30, 40, 50 e até mesmo na década de 60, pois o progresso desse país tinha uma força inercial que nem mesmo a ditadura militar, embora com seus componentes entreguistas, conseguiu romper de imediato.
A década final do regime autoritário, marcada pela estagnação, foi sucedida primeiro pela nulidade de Sarney, o energúmeno, e depois, pelo neoliberalismo privatista se afirmou com a nova ditadura: a do pensamento único.
Em 1995, com Fernando Henrique Cardoso, o viés subalterno que passou a comandar a vida brasileiro sentiu-se seguro ao ponto de rasgar o véu da hipocrisia e declarar que sua missão era sepultar definitivamente o que chamaram de Era Vargas, significando com isso o seu desejo de alienar todas as riquezas desta nação e conformar o Brasil a uma condição colonial.
Mas manter o Brasil como colônia, embora o venham conseguindo há cinco séculos, é algo que não se consegue se há liberdade.
Um grande e maravilhoso país, com um grande e generosa população só pode ser pequeno se nos aceitarmos assim, se nos desprezarmos como povo e como nação. Se vivermos na tristeza e no silêncio.
Foi por isso que suprimiram a liberdade em 64. Foi por isso que a deformaram, com o poder midiático, na eleição de Collor e, depois, com a ideia de que a história dos conflitos pela afirmação das nações era passado e a globalização e o mercado eram fenômenos divinos e invencíveis.
Daí nos vem o segundo ensinamento: se a liberdade de imprensa sempre foi uma ferramenta da rebeldia generosa e da decência humana, o direito à comunicação, que a engloba, é ainda maior: é o fundamento da liberdade e da democracia.
Controlá-lo, desde os tempos em que os livros dependiam do imprimatur dos senhores dos feudos terrestres e celestiais, sempre foi a chave do poder.
É verdade que os meios tecnológicos, pouco a pouco, foram eliminando estes “privilégios de impressão”, culminando nesta maravilhosa ferramenta que é a internet.
Mas um a um, o poder sempre procurou se apoderar deles e desvirtuar o seu sentido libertário, fazendo dele não apenas o que deve também ser, diversão e entretenimento, mas diversionismo e entorpecimento.
E, sejamos realistas, os espaços que abrimos aqui, na internet, ainda são pequenos e pouco significativos perto das estruturas de manipulação e mentira que dominam e que, também aqui, conseguem montar.
Um governo popular, no Brasil, tem de encarar a democratização da comunicação como a espinha dorsal de sua sobrevivência política.
Porque os inimigos de um Brasil popular contam com quase toda a comunicação, com suas máquinas de produzir mentiras, de distorcer verdades e de deformar consciências.
Outro dia, num evento na Carta Capital exortou os políticos a não terem medo da grande imprensa.
Concordo com ele, mas é preciso que o Governo também não a tema, como vem sendo tristemente verdadeiro há décadas.
Procurei praticar aqui, tanto quanto pude, este conselho.
Este pequeno espaço, que começamos a abrir há menos de um ano e meio, modestamente, procurou não ter este medo, nem viver em função de vantagens, poder ou sucesso eleitoral.Nunca, apesar dos conselhos para que o fizesse, deixei de lado as grandes lutas para cair no terreno estéril e falso da promessa, da cooptação, da formação de grupos de interesse.
Hoje, no dia em que se encerra uma etapa importante da luta histórica de nosso povo, o corpo está extenuado, mas a consciência serena.
Este mês, 1,2 milhão de acessos ao Tijolaço e , sobretudo, os mais de 15 mil comentários postados desde 1º de outubro mostram que este se tornou um lugar de encontro, para dividir ideias, angústias, revoltas e paixões.
Para dividirmos o que somos de verdade, pois é o que somos de verdade o melhor que podemos dar uns aos outros.
A minha gratidão a todos os que colaboraram neste processo, lendo, criticando, sugerindo, me dando até uns “foras” de vez em quando.
Carregar este sobrenome e escrever sob um título que identifica a luta de um grande homem é um enorme peso para alguém tão pequeno.
Mas se cada um de nós, nas nossas pequenas forças, pudermos, cada um, conduzir um grão de areia, é certo que juntos podemos fazer uma montanha.
A minha gratidão e reconhecimento a todos, e que o destino sorria a este povo tão sofrido.
Viva o povo brasileiro, razão de ser do Brasil!
*Tijolaço
sábado, outubro 30, 2010
Dilma dribla a armadilha: “não me separarão de Lula”
Dilma arrastou uma multidão hoje de manhã em Belo Horizonte
Mesmo envolvida com a carga emocional do último dia de uma campanha extenuante e com o simbolismo de falar às margens da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, “o lugar onde minha vida começou”, Dilma foi firme na entrevista coletiva que concedeu e recusou a agenda que a imprensa tenta lhe colocar desde já no caso da vitória que se anuncia amanhã.
Todo presidente eleito estende a mão ao país assim que sai o resultado das urnas, mas isso não significa que vá abrir mão de um projeto vitorioso, que terá sido escolhido pela maioria da população. Por isso, ao ser perguntada se convidaria a oposição para conversar em um eventual governo, ela rebateu de pronto: “Vou governar com a minha coligação. Eu represento esse projeto do presidente Lula, que eu tenho a responsabilidade agora, se eu for eleita, se Deus quiser, de continuar”.
A vitória de Dilma será exatamente isso. De representar e aprimorar o projeto de Lula. E Dilma terá até mais condições do que Lula de avançar. Na primeira eleição, Lula pegou o país destroçado e teve que fazer concessões para arrumar a casa. Na reeleição, não havia o simbolismo da vitória sobre um outro projeto, pois a idéia era apenas de prosseguimento. Mesmo assim, Lula avançou bastante em seus compromissos no segundo mandato, e agora Dilma pode dar o salto que o povo espera para que o Brasil cresça e se torne ainda mais justo.
Dilma terá no póprio Lula um excelente conselheiro. Embora tenha identidade e personalidade próprias, Dilma não pode dispensar a experiência de Lula, outra armadilha da mídia que ela soube repelir muito bem na entrevista de hoje, como conta o UOL. “Ninguém neste país vai me separar do presidente Lula. Ele será sempre uma pessoa em quem eu confio, em quem eu tenho imensa confiança pessoal.”
Dilma venceu bem a eleição em Minas no primeiro turno, e tem tudo para repetir o resultado. Pesquisa divulgada hoje pelo jornal Estado Minas mostra Dilma com 17 pontos de vantagem sobre Serra (49% a 32%), que também foi a Belo Horizonte, mas só andou na Savassi, a área mais nobre da capital mineira, enquanto Dilma percorreu os bairros populares. O ex-governador Aécio Neves participou mais da campanha de Serra no segundo turno, depois que se elegeu senador, mas já alertou o candidato à presidência que o quadro no estado não está nada favorável a uma virada tucana. Foi apenas um eufemismo de Aécio. Dilma vencerá esmagadoramente em Minas, como no resto país, consagrando a escolha da população por um projeto comprometido com as questões nacionais e populares.
Muita gente, de todo o país, me deu informes positivos.
Acho que, como vidente, vou passar em segunda época, com aquela minha previsão de 60%…
Sobre o último ridículo de Veja
Essa é a capa da nova VEJA!
Acredite se quiser:
A revista VEJA, expoente máximo do panfletarismo nazi-fascista tupiniquim, jogou a toalha.
Toda a blogosfera estava em alerta máximo esperando qual seria a nova jogada da famiglia Civita e seus capachos amestrados para tentar detonar a candidata da esquerda progressista e ajudar Zé Serra a se eleger o primeiro faraó do Brasil.
Mas, que nada. A VEJA deu chabu e resolveu atacar, a apenas um dia da eleição, o presidente mais popular da história! Tentam até igualar Lula ao "terrível ditador" Fidel Castro só porque ambos, pasmem, já usaram óculos escuros e tiraram fotos! Ou seja, essa é uma jogada ridícula que vai fazer efeito apenas na classe média ignara que consome esse lixo e tem ódio do Lula, da Dilma e de qualquer coisa que cheire a esquerda.
Inacreditável. Chamei minha esposa para ver a capa da nova VEJA e olha a resposta dela:
- Hahahahahaha! Foi você que fez?
Preciso dizer algo mais?
Mas, lembrem-se: eleição só acaba quando as urnas são abertas e contabilizadas. Por isso, nada de salto alto! Vamos continuar nas ruas pedindo votos para Dilma e na net fazendo nosssa guerrilha virtual contra a sujeira do PSDB.
Domingo está chegando... Vamos fazer a nossa parte para ajudar o Brasil continuar crescendo com distribuição de renda e justiça social!
Lula, a imitação perfeita de um ditadorComo se sabe, a forma mais sincera de elogio é a imitação. Uma pesquisa fotográfica mostra que, por esse prisma, o presidente Lula é um elogio itinerante ao ditador Fidel Castro, sucessor do ditador Fulgencio Batista em Cuba
Simplesmente ridículo. Precisei pesquisar 5 minutos para encontrar fotos similares de Obama, que está a apenas 2 anos no poder:
*comtextolivre/luisnassif/amigosdopresidenteLula
Comentário
Olha que belo joguinho. Que tal me ajudarem a procurar na Internet imagens que tenham paralelos com as expressões faciais de Roberto Civita.
Por Américo
berlusconi
Civita e Goebels, segundo a lógica da Veja
Por Rodolfo Machado
http://www.life.com/image/50714012Não quero forçar a barra, Nassif, mas já que tem até Hitler na parada,veja a coincidencia da foto, com a primeira da sequencia do Civita,a posição dos corpos é muito parecida, o sorrido do Goebbels e do Civita e as mãos entrelaçadas. Goebbels At League Of Nations Conference German Propaganda Minister and Nazi party official Joseph Goebbels (1897 - 1945) smiles as he sits in a chair in the garden of the Carlton Hotel, where he acted as a member of the German delegation to the League of Nations, Geneva, Switzerland, late September, 1933.
Vítimas de padres pedófilos organizam passeata no Vaticano
Por Redação Correio do Brasil, com Reuters - do Vaticano
Vítimas de abuso cometidos por padres católicos tentarão fazer uma passeata no Vaticano neste domingo, apesar da falta de autorização policial para o protesto. O objetivo é exigir que a Igreja se esforce mais para proteger as crianças e punir os responsáveis. Bernie McDaid e Gary Bergeron, fundadores do site de vítimas de abusos www.survivorsvoice.org, disseram nesta sexta-feira, em coletiva de imprensa, que iniciariam uma petição para que a Organização das Nações Unidas considere a pedofilia sistêmica um crime contra a humanidade.
– Não somos aleijados. Somos pessoas feridas e que agora estão dispostas a falar sobre isso. A culpa e a vergonha estão encobertas – afirmou McDaid, que se tornou uma das primeiras vítimas de abuso a se encontrar com o papa Bento 16, em Washington, há dois anos.
As revelações sobre crianças que foram abusadas sexualmente por padres nas últimas décadas abalaram a Igreja neste ano, particularmente na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália. McDaid, de 54 anos, e Bergeron, de 47, foram abusados pelo mesmo padre quando eram crianças, em diferentes cidades da região de Boston. Os atos tiveram cerca de sete anos de espaço entre si e ocorreram na década de 1960.
Ambos eram coroinhas e disseram que foram molestados por um padre que foi denunciado pela primeira vez como pedófilo em 1962, mas acabou realocado de paróquia em paróquia em vez de ter sido excomungado. Eles se conheceram já como adultos, em 2002, quando os escândalos dos abusos sexuais da Igreja chegaram aos Estados Unidos, com seu epicentro em Boston.
Neste ano, um novo capítulo veio à tona, quando vítimas de outros países, incluindo Irlanda, Áustria, Itália e a Alemanha, terra onde nasceu Bento 16, contaram suas histórias. Bispos em várias nações europeias renunciaram ao sacerdócio por terem sido revelados como pedófilos ou pela conivência com casos de abuso. Bergeron e McDaid liderarão dois dias de atividades em Roma ao lado de vítimas de abuso de 12 países, com final programado para domingo, que eles intitularam o Dia da Reforma, o aniversário do dia, em 1957, quando Martinho Lutero iniciou a reforma protestante.
Depois de se juntarem no Castelo de Santo Ângelo, no Rio Tibre, eles pretendem fazer uma passeata à luz de velas até o Vaticano. A polícia italiana negou permissão para a última parte do protesto, mas os organizadores dizem que o farão de qualquer forma. Eles esperam a adesão de centenas de vítimas e apoiadores da causa.
Vítimas de abuso cometidos por padres católicos tentarão fazer uma passeata no Vaticano neste domingo, apesar da falta de autorização policial para o protesto. O objetivo é exigir que a Igreja se esforce mais para proteger as crianças e punir os responsáveis. Bernie McDaid e Gary Bergeron, fundadores do site de vítimas de abusos www.survivorsvoice.org, disseram nesta sexta-feira, em coletiva de imprensa, que iniciariam uma petição para que a Organização das Nações Unidas considere a pedofilia sistêmica um crime contra a humanidade.
– Não somos aleijados. Somos pessoas feridas e que agora estão dispostas a falar sobre isso. A culpa e a vergonha estão encobertas – afirmou McDaid, que se tornou uma das primeiras vítimas de abuso a se encontrar com o papa Bento 16, em Washington, há dois anos.
As revelações sobre crianças que foram abusadas sexualmente por padres nas últimas décadas abalaram a Igreja neste ano, particularmente na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália. McDaid, de 54 anos, e Bergeron, de 47, foram abusados pelo mesmo padre quando eram crianças, em diferentes cidades da região de Boston. Os atos tiveram cerca de sete anos de espaço entre si e ocorreram na década de 1960.
Ambos eram coroinhas e disseram que foram molestados por um padre que foi denunciado pela primeira vez como pedófilo em 1962, mas acabou realocado de paróquia em paróquia em vez de ter sido excomungado. Eles se conheceram já como adultos, em 2002, quando os escândalos dos abusos sexuais da Igreja chegaram aos Estados Unidos, com seu epicentro em Boston.
Neste ano, um novo capítulo veio à tona, quando vítimas de outros países, incluindo Irlanda, Áustria, Itália e a Alemanha, terra onde nasceu Bento 16, contaram suas histórias. Bispos em várias nações europeias renunciaram ao sacerdócio por terem sido revelados como pedófilos ou pela conivência com casos de abuso. Bergeron e McDaid liderarão dois dias de atividades em Roma ao lado de vítimas de abuso de 12 países, com final programado para domingo, que eles intitularam o Dia da Reforma, o aniversário do dia, em 1957, quando Martinho Lutero iniciou a reforma protestante.
Depois de se juntarem no Castelo de Santo Ângelo, no Rio Tibre, eles pretendem fazer uma passeata à luz de velas até o Vaticano. A polícia italiana negou permissão para a última parte do protesto, mas os organizadores dizem que o farão de qualquer forma. Eles esperam a adesão de centenas de vítimas e apoiadores da causa.
Corrupção abafada no governo Serra vem à tona
Corrupção abafada no governo Serra vem à tona
Os Amigos do Presidente Lula
Reportagem da TV Record abriu o tampão da corrupção abafada no governo de José Serra, em São Paulo.
A Justiça deu um prazo de 48 horas para que o Metrô pare de esconder e apresente os envelopes lacrados das ocorrências da linha Lilás, suspeita de fraude.
A obra foi suspensa e está sob investigação pelo Ministério Público paulista.
No ano passado Jorge Fagali Neto teve uma conta de US$ 10 milhões bloqueadas na justiça por propinas de contratos com o Metrô com a ALSTOM. O irmão dele (José Jorge Fagali) é o atual presidente do Metrô desde a gestão Serra, e misteriosamente José Serra não o afastou do cargo.
A Operação Castelo de Areia da Polícia Federal identificou um esquema de pagamento de propinas de empreiteiras nas linhas verde e na amarela. Também encontrou indíciou de propina à membros da Polícia Civel e Ministério Público para arquivar o processo do desabamento, conhecido como cratera do Metrô, com morte de 7 pessoas. Até hoje ninguém foi punido.
Também estava abafado no governo Serra a corrupção no Rodoanel. Só depois que Serra deixou o governo, que escândalo com Paulo Preto veio à tona.
*olhosdosertão
O Brasil
De joelhos, nunca mais
“O chanceler Celso Amorim esteve nos Estados Unidos muitas vezes e, ao que se sabe, nunca tirou os sapatos no aeroporto, ao ser vistoriado pelos policiais. Já Celso Lafer, chanceler de Fernando Henrique Cardoso, submeteu-se a esse vexame”
Márcia Denser* |
Com bem observa Marco Aurélio Weissheimer, editor da Carta Maior, as eleições presidenciais brasileiras, ao contrário do que sugere a claustrofóbica imprensa local, não ocorrem numa ilha isolada do mundo, como tampouco a guinada ultra-conservadora e fundamentalista adotada por José Serra, antigamente (bem antigamente) ele próprio desenvolvimentista. Neste momento, milhões de pessoas na Europa, vítimas duma megacrise provocada pelos ideólogos do Estado mínimo e supremacia dos mercados financeiros, saem às ruas em protesto. E protestam contra o quê? Contra as faturas que estão sendo depositadas em suas contas para que paguem pelo estrago feito por bancos, especuladores e uma ampla gama de delinquentes financeiros.
O Brasil só não está imerso nessa crise porque os representantes da delinquência financeira foram apeados do poder há oito anos. E por “representantes da delinquência financeira” leiam-se FHC, Serra & asseclas demotucanos. Por isso – e não só isso – sapateiam, movendo céus e terras para voltar.
O historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira, em entrevista recente, observa que o atual processo eleitoral foi infectado por uma intensa campanha terrorista, uma guerra psicológica promovida não apenas pela direita, mas pela extrema-direita, representada pela TFP, OPUS DEI e núcleos nazistas do Sul, sustentada por interesses estrangeiros, que financiam a campanha contra a política externa do presidente Lula, pois não lhes interessa a projeção do Brasil como potência política global.
Para ele, os dois projetos em disputa são definidos: o Brasil como potência econômica e política global, socialmente justo, militarmente forte, é defendido pela candidata do PT, Dilma Roussef; o outro, representado por Serra, candidato do PSDB-DEM, é o do Brasil submisso às diretrizes dos Estados Unidos, com sua economia privatizada e alienada aos interesses aos estrangeiros. Evidentemente, os Estados Unidos – seja qual for o governo – não querem que o Brasil se consolide como potência econômica e política global, integrando toda a América do Sul como um espaço geopolítico com maior autonomia internacional.
A mudança dos rumos da política externa, como Serra e seus mentores diplomáticos pretendem, teria profundas implicações para a estratégia de defesa e segurança nacional. Ela significaria o fim do programa de reaparelhamento e modernização das Forças Armadas, a paralisação do desenvolvimento de tecnologias sensíveis, ora em curso, mediante cooperação com a França e a Alemanha, países que se dispuseram a transferir know-how para o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos.
Desde a campanha de 2002, Serra se declarou contra o Mercosul como união aduaneira, optando por sua transformação em uma área de livre comércio, compatível com o projeto da Alca, que os Estados Unidos tratavam de impor aos países da América do Sul e que o Brasil, apoiado pela Argentina, inviabilizou. Se a Alca tivesse sido implantada, a situação do país seria desastrosa em vista da profunda crise econômica e financeira dos Estados Unidos de 2008, como aconteceu com o México.
O governo do presidente Lula, tendo o embaixador Celso Amorim como chanceler, considerado pela revista Foreign Policy (EUA) o melhor do mundo na atualidade, alargou as fronteiras diplomáticas do Brasil. Seus resultados são visíveis em números: sob o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, as exportações brasileiras cresceram apenas US$ 14 bilhões, subindo de US$ 47 bilhões em 1995 para US% 61 bilhões em 2002. No governo do presidente Lula, as exportações brasileiras saltaram de US$ 73 bilhões de dólares em 2003, para US$ 145 bilhões em 2010: ou seja, dobraram. Aumentaram cinco vezes mais do que no governo FHC.
Esses números evidenciam o sucesso da política externa atual, que ampliou e diversificou os mercados no exterior. Mas há outro fato que vale ressaltar para mostrar a projeção internacional do Brasil: em dezembro de 2002, último ano do governo FHC, as reservas brasileiras eram de apenas US$ 38 bilhões. Sob o governo Lula, as reservas brasileiras saltaram de US$ 49 bilhões em 2003, para US$ 280 bilhões em outubro de 2010. Tais números significam uma enorme redução da vulnerabilidade do Brasil face aos capitais estrangeiros.
Moniz Bandeira lembra a crise de 1999: “No início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, em apenas seis dias, entre 6 e 12 de janeiro de 1999, o Brasil perdeu mais de US$ 2 bilhões para os especuladores e investidores internacionais, suas reservas caíram cerca de US$ 4,8 bilhões em apenas dois dias! Os capitais, em torno de US$ 500 milhões por dia, continuaram a fugir ante o medo de que o governo congelasse as contas bancárias e decretasse moratória. Os bancos estrangeiros cortaram 1/3 dos US$ 60 bilhões em linhas de crédito interbancário a curto prazo que haviam fornecido ao Brasil desde agosto de 1998. A fim de não mais perder reservas com a intensa fuga de capitais, não restou ao governo FHC outra alternativa senão abandonar as desvalorizações controladas do real e deixá-lo flutuar, implantando o câmbio livre.
A diferença fundamental entre os governos Lula e FHC? Moniz Bandeira se reporta a um fato simbólico: “O chanceler Celso Amorim esteve nos Estados Unidos muitas vezes e, ao que se sabe, nunca tirou os sapatos no aeroporto, ao ser vistoriado pelos policiais. Já Celso Lafer, chanceler de Fernando Henrique Cardoso, submeteu-se a esse vexame, humilhando-se, degradando sua função de ministro de Estado e o próprio país, o Brasil, que representava. E este homem, que hoje ataca a política externa do presidente Lula, é um dos mentores de Serra.”
É isso aí: o Brasil de joelhos nunca mais.
*A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa (2002 - Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II - Obra Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria, Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os 100 Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, é pesquisadora de literatura, jornalista e curadora de Literatura da Biblioteca Sérgio Milliet em São Paulo.
*Esquerdopata
O maiô de Dona Marisa, ou: quem são os verdadeiros jecas do Brasil?
Quem quer Estado apenas na medida em que este garante privilégios; quem tira os sapatos no aeroporto de Miami e entra na justiça para que o porteiro o chame de “doutor”; quem troca direitos por capacidade de consumo; quem sonega impostos e abomina as gambiarras e “gatos” das favelas; quem se queixa da falta de autoridade e do “jeitinho”, mas suborna o policial e espera que as legislações ambientais ou trabalhistas não se apliquem aos seus negócios; quem ainda se comporta como se estivesse com a caravela ancorada, sem nenhum interesse no país a não ser o lucro rápido para partir de novo, e então se queixa de um pais que não “vai para frente” – esses são os verdadeiros jecas do Brasil. O artigo é de Rodrigo Nunes.
Rodrigo Nunes Data: 25/10/2010
Tendo recebido uma bolsa de estudos no exterior, passei quase todo o governo Lula distante do Brasil. Antes de meu retorno, no ano passado, minha única vinda ao Brasil desde 2003 fora por um mês, em janeiro de 2005. Num dos poucos momentos que tive na frente da televisão, acabei assistindo um programa (bastante conhecido) onde se discutiam os destaques do ano anterior. Muita coisa aconteceu em 2004, no Brasil e no exterior, mas uma das apresentadoras do programa optou por destacar “o maiôzinho da Dona Marisa”. Com tantos estilistas brasileiros de renome internacional, se perguntava, como pode a esposa do presidente usar uma coisinha tão jeca? Não foi nem a irrelevância da escolha, nem o comentário, mas o tom que mais me chamou a atenção: o desdém que não fazia o menor esforço em disfarçar-se, a condescendência de quem se sabe tão mais e melhor que o outro, que o afirma abertamente.
Veio-me imediatamente uma piada corrente durante as eleições de 1989, quando pela primeira vez Lula ameaçara chegar ao poder. Ele e Dona Marisa passam pela frente do Palácio Alvorada, e Lula diz a ela, “É aqui que vamos morar”; ao que Dona Marisa responde, “Ai, Lula, não! Essas janelas vão dar muito trabalho para limpar”. A piada explica tudo: no Brasil, uma camada da população tem sua superioridade sobre a outra tão garantida, que não vê necessidade de dissimular essa distância, mesmo em público. Ser ou não primeira-dama, aqui, é secundário; pode-se rir na TV da “jequice” de Dona Marisa do mesmo modo em que se faz troça do perfume que põe a empregada quando termina o trabalho, e pelo mesmo motivo – porque a patroa pode, e a subalterna, não.
Um mau momento de má televisão teve, para mim, a força de várias revelações. Em primeiro lugar, sobre o país em que eu então vivia, a Inglaterra. Um comentário desses, lá, receberia condenação pública. Alguém certamente acionaria o Ofcom, órgão que fiscaliza a imprensa, para exigir providências. Se fosse na BBC, rede pública de TV e rádio, talvez o autor fosse demitido. Não por atentar contra a esposa de uma autoridade, ou essa bizarra “liturgia do cargo” que a cada tanto se invoca no Brasil, mas por ser uma manifestação pública de preconceito. O quê tem a ensinar o livre exercício desse preconceito sobre o Brasil? O quê tem a ver com a grita (“Estalinismo! Chavismo! Retrocesso!”) cada vez que se fala em fiscalização da mídia, coisa corriqueira naqueles países (Reino Unido, Suécia, Portugal, EUA...) em que nossa elite não cansa de querer espelhar-se; e que, até hoje, pouquíssimas sejam as instituições brasileiras públicas que se comparem, em qualidade de serviço, a uma BBC?
Nos anos 70, Edmar Bacha popularizou o termo “Belíndia” como descrição do país: um pouco de Bélgica e muito de Índia, o Brasil era muito rico para poucos e muito pobre para muitos. A auto-imagem que mantém os habitantes de nossa “Bélgica” consiste em ver os dois lados da moeda sem sua conexão necessária. Para esses, o verdadeiro Brasil é o deles – branco, remediado, educado. A “Índia” sem lei do lado de fora dos muros não somente existe por si só, sem nenhuma relação causal com a riqueza do lado de dentro, como é aquilo que atrasa o país; não fosse a plebe, já seríamos Bélgica, ou seja, já não seríamos principalmente Índia. A pobreza dos pobres não resulta da má distribuição da riqueza que se gera, pelo contrário: os pobres são culpados de sua própria pobreza. Mais do que isso, o potencial sub-aproveitado do país nada tem a ver com o a maioria da população ser sistematicamente excluída na educação, nos direitos, na renda; pelo contrário, “é por conta desse povinho que o país não vai para a frente”.
Essa é a cara de uma elite pós-colonial: crê-se um ser estranho na geléia geral da colônia, padecendo num purgatório de nativos indolentes e enfermidades tropicais. Comporta-se todo o tempo como se ainda tivesse a caravela estacionada ali na costa, pronta para zarpar de volta à metrópole. Mas sofre mais ainda porque, não muito no fundo, sabe que não pode voltar, e que chegando lá será apenas mais um subdesenvolvido, um imigrante, um “moreninho”, um jeca. Parte de sua truculência vem de saber que jamais será aquilo que quer ver no espelho, e que aquilo que menos quer ser é o que realmente é; de precisar provar para si que é diferente de quem exclui e discrimina, já que nunca será igual a quem gostaria de ser.
No fim das contas, ela sabe que sua verdadeira cara não é nem a das socialites da Zona Sul, nem dos intelectuais de Higienópolis, mas a do grileiro da fronteira agrícola, do “coroné” do agreste. E que, no fim das contas, o que a mantém no topo não são os rapapés de seus salões, mas o bangue-bangue de seus jagunços. Da modernidade do primeiro mundo a que gostariam de aceder, só o que lhes interessa são os sinais externos de consumo e distinção social, não o histórico de direitos sociais, democratização das instituições, criação de equipamentos públicos e reconhecimento de minorias e setores desfavorecidos. Seu modelo sempre foi menos a Bélgica, a Escandinávia, a Alemanha ou o Reino Unido, e mais o excesso kitsch de uma Miami, a opulência caipira de uma Dallas.
A falta de uma instituição como a BBC (ou boas escolas públicas) tem tudo a ver com essa maneira de desejar o desenvolvimento apenas o suficiente para manter as bases dos privilégios existentes. É a mesma dinâmica que vê crescerem, paralelamente, o crime organizado e a indústria dos condomínios fechados e da segurança privada: as camadas superiores da sociedade brasileira trocam direitos – inclusive o direito de desfrutar da cidade e de seus bens sem medo – por consumo. Da porta para dentro, luxo; da porta para fora, faroeste. Cada vez que um debate sobre democratização ou fiscalização da mídia é silenciado por acusações de autoritarismo, o que temos é a jagunçada defendendo os latifúndios comunicativos que algumas poucas famílias grilaram há um bom tempo. É de fazer rir a fingida consternação de alguns grupos e interesses com os riscos que hoje sofreriam as “instituições republicanas”, quando a história das instituições brasileiras no geral demonstra que elas sempre interessaram tão-somente na medida em que permitiam liberdade de ação para uns e limites para outros. Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei. A fragilidade institucional sempre foi não apenas instrumento de reprodução da desigualdade, como ainda é o que permite a manifestação explícita do preconceito. Modernidade à Daslu: o luxo “de primeiro mundo” sustentado pela sonegação de impostos; a finesse que se assenta na barbárie de um estado de natureza.
Haverá sido a distância, e a experiência de conhecer o quê foi a modernidade pela via da criação de direitos, que fez nosso preconceito social saltar-me aos olhos; mas também tenho a impressão que as coisas tenham, nestes anos, se tornado ainda mais escancaradas. A polarização seria, sem dúvida, uma consequência do governo Lula. Nem tanto do próprio presidente, de tendência (talvez demasiado) conciliadora, mas da dificuldade de aceitação, por parte de quem faz e consome a grande mídia de massa brasileira, do que aconteceu no país nos últimos anos. O crescimento econômico experimentado nos últimos anos foi a perfeita demonstração da falácia que culpava os pobres por sua própria pobreza, e a do país: ele não teria sido possível se a pobreza não tivesse caído 43% (20 milhões de pessoas), se 31,9 milhões (mais de meia França) não tivessem ascendido às classes ABC, ativando um mercado interno potentíssimo que permaneceria em potencial enquanto essas pessoas estivessem excluídas do consumo mais básico. Graças ao ciclo virtuoso que se formou foi possível, por exemplo, aumentar o orçamento da educação em 125%, expandir 42 universidades federais, criar 15 novas, construir mais escolas técnicas (240) que em todo o século anterior (140).
Mais importante que qualquer número: políticas como o Bolsa Família e o ProUni abrem a perspectiva de um ciclo virtuoso de criação de direitos. Tais ciclos, como demonstra o retrocesso brutal que a Europa atravessa, não apenas podem ser interrompidos, como não se mantém sem a mobilização social que garanta sua expansão. Mas o fato de que hoje milhões de pessoas se percebam como detentoras de direitos a exigir do Estado, ao invés de clientes a trocar seus votos por favores de um “painho” na época da eleição, não apenas é um salto qualitativo para a democracia brasileira, como cria justamente as condições para novos saltos da organização popular. Construir direitos e instituições, no lugar do clientelismo e do casuísmo da república dos bacharéis: se essa tendência se consolida, terá sido a maior herança desses últimos oito anos. É pouco ainda, mas já é muito.
O que para alguns é difícil de engolir é que, quando o Brasil finalmente deu um passo para deixar de ser Belíndia, não foi por obra da “Bélgica”, mas da “Índia”. Para quem se projetava no sangue azul de Odete Roitman, custa aceitar que a cara do Brasil hoje é de Raquel Acioli, a ex-marmiteira que batalhou para subir na vida da novela Vale Tudo. Os episódios mais lamentáveis dessa eleição – os emails e mensagens apócrifos, o uso do telemarketing na propagação de boatos (criação de Karl Rove nos EUA, depois seguida por John Howard na Austrália), a mobilização de um discurso conservador e obscurantista que culminou com fazer do aborto uma questão eleitoral pela primeira vez na história do país – são, mais uma vez, os punhos de renda rasgando a fantasia e abraçando o mais desbragado faroeste. Partido e candidato que um dia representaram uma vertente modernizante das classes média e alta de São Paulo, de quadros intelectuais e tecnocratas bem-formados, dissolveram-se na geléia geral em que quatrocentão e “painho”, uspiano e grileiro, socialite e “coroné” existem, desde sempre, em continuidade e solidariedade uns com os outros. As promessas desesperadas de ampliação do Bolsa Família vindas de quem até pouco tempo o desdenhava como “Bolsa Vagabundo”, ou a cortina de fumaça que se constrói ao redor do debate do pré-sal, indicam que, atualmente, é impossível eleger-se no Brasil negando certos direitos recém-descobertos por vastas parcelas da população. A elite, mais do que nunca, precisa esconder seu verdadeiro programa.
Resta-lhe, então, partir para um jogo que começou nos EUA nos anos 80, e cuja eficiência na Europa cresceu muito na última década: tirar a política do debate político e substituí-la pelos cochichos igrejeiros, pelo apelo a um passado mistificado e a um moralismo espetacular – que instrumentaliza os medos causados por um tecido social cada vez mais esgarçado e propõe falsas soluções simples e regressivas, ao invés de confrontar-se verdadeiramente com a complexidade crescente dos problemas. É um “fim da política” que cobre a política que realmente lhe está por trás. Assim, por exemplo, o governo inglês anuncia, na mesma semana, o perdão de uma dívida de 6 bilhões de libras da empresa Vodafone e um programa de cortes de serviços sociais maior que qualquer coisa jamais proposta por Margaret Thatcher. Ou, depois do mercado financeiro ter usado a crise grega para dobrar a União Européia com a ameaça de um ataque ao euro, volta-se a culpar os imigrantes pela sobrecarga de serviços sociais de orçamentos cada vez mais reduzidos – culminando com o recente apelo de Angela Merkel por “uma Europa de valores cristãos”.
Talvez seja apenas no momento em que a Europa regride que a elite brasileira poderá, enfim, realizar seu sonho: juntar-se a seus “iguais” de ultramar na vanguarda de um retrocesso que mobiliza o medo e o reacionarismo mais rasteiro contra direitos e instituições historicamente conquistados. Afinal, a “lavagem de votos” da extrema-direita, pela qual o centro dá uma cara “respeitável” ao conservadorismo “selvagem”, tornou-se o maior negócio político de nossos tempos. (Quem sabe mesmo, agora, a extrema-direita comece a prescindir de intermediários: ver o PVV de Geert Wilders na Holanda.)
Rasgada a fantasia, fica tudo claro. Quem quer Estado apenas na medida em que este garante privilégios; quem tira os sapatos no aeroporto de Miami e entra na justiça para que o porteiro o chame de “doutor”; quem troca direitos por capacidade de consumo; quem sonega impostos e abomina as gambiarras e “gatos” das favelas; quem se queixa da falta de autoridade e do “jeitinho”, mas suborna o policial e espera que as legislações ambientais ou trabalhistas não se apliquem aos seus negócios; quem ainda se comporta como se estivesse com a caravela ancorada, sem nenhum interesse no país a não ser o lucro rápido para partir de novo, e então se queixa de um pais que não “vai para frente” – esses são os verdadeiros jecas do Brasil. A boa noticia é que, pelo menos por hora, eles estão perdendo.
(*) Rodrigo Nunes é doutor em filosofia pelo Goldsmiths College, Universidade de Londres, pesquisador associado do PPG em Filosofia da PUCRS (com bolsa PNPD – CAPES), e editor da revista Turbulence (www.turbulence.org.uk).
Extraído do blog: clippingdomario.blogspot.com/
A jequice preconceituosa da nossa
elite
O maiô de Dona Marisa, ou: quem são os verdadeiros jecas do Brasil?
Quem quer Estado apenas na medida em que este garante privilégios; quem tira os sapatos no aeroporto de Miami e entra na justiça para que o porteiro o chame de “doutor”; quem troca direitos por capacidade de consumo; quem sonega impostos e abomina as gambiarras e “gatos” das favelas; quem se queixa da falta de autoridade e do “jeitinho”, mas suborna o policial e espera que as legislações ambientais ou trabalhistas não se apliquem aos seus negócios; quem ainda se comporta como se estivesse com a caravela ancorada, sem nenhum interesse no país a não ser o lucro rápido para partir de novo, e então se queixa de um pais que não “vai para frente” – esses são os verdadeiros jecas do Brasil. O artigo é de Rodrigo Nunes.
Rodrigo Nunes Data: 25/10/2010
Tendo recebido uma bolsa de estudos no exterior, passei quase todo o governo Lula distante do Brasil. Antes de meu retorno, no ano passado, minha única vinda ao Brasil desde 2003 fora por um mês, em janeiro de 2005. Num dos poucos momentos que tive na frente da televisão, acabei assistindo um programa (bastante conhecido) onde se discutiam os destaques do ano anterior. Muita coisa aconteceu em 2004, no Brasil e no exterior, mas uma das apresentadoras do programa optou por destacar “o maiôzinho da Dona Marisa”. Com tantos estilistas brasileiros de renome internacional, se perguntava, como pode a esposa do presidente usar uma coisinha tão jeca? Não foi nem a irrelevância da escolha, nem o comentário, mas o tom que mais me chamou a atenção: o desdém que não fazia o menor esforço em disfarçar-se, a condescendência de quem se sabe tão mais e melhor que o outro, que o afirma abertamente.
Veio-me imediatamente uma piada corrente durante as eleições de 1989, quando pela primeira vez Lula ameaçara chegar ao poder. Ele e Dona Marisa passam pela frente do Palácio Alvorada, e Lula diz a ela, “É aqui que vamos morar”; ao que Dona Marisa responde, “Ai, Lula, não! Essas janelas vão dar muito trabalho para limpar”. A piada explica tudo: no Brasil, uma camada da população tem sua superioridade sobre a outra tão garantida, que não vê necessidade de dissimular essa distância, mesmo em público. Ser ou não primeira-dama, aqui, é secundário; pode-se rir na TV da “jequice” de Dona Marisa do mesmo modo em que se faz troça do perfume que põe a empregada quando termina o trabalho, e pelo mesmo motivo – porque a patroa pode, e a subalterna, não.
Um mau momento de má televisão teve, para mim, a força de várias revelações. Em primeiro lugar, sobre o país em que eu então vivia, a Inglaterra. Um comentário desses, lá, receberia condenação pública. Alguém certamente acionaria o Ofcom, órgão que fiscaliza a imprensa, para exigir providências. Se fosse na BBC, rede pública de TV e rádio, talvez o autor fosse demitido. Não por atentar contra a esposa de uma autoridade, ou essa bizarra “liturgia do cargo” que a cada tanto se invoca no Brasil, mas por ser uma manifestação pública de preconceito. O quê tem a ensinar o livre exercício desse preconceito sobre o Brasil? O quê tem a ver com a grita (“Estalinismo! Chavismo! Retrocesso!”) cada vez que se fala em fiscalização da mídia, coisa corriqueira naqueles países (Reino Unido, Suécia, Portugal, EUA...) em que nossa elite não cansa de querer espelhar-se; e que, até hoje, pouquíssimas sejam as instituições brasileiras públicas que se comparem, em qualidade de serviço, a uma BBC?
Nos anos 70, Edmar Bacha popularizou o termo “Belíndia” como descrição do país: um pouco de Bélgica e muito de Índia, o Brasil era muito rico para poucos e muito pobre para muitos. A auto-imagem que mantém os habitantes de nossa “Bélgica” consiste em ver os dois lados da moeda sem sua conexão necessária. Para esses, o verdadeiro Brasil é o deles – branco, remediado, educado. A “Índia” sem lei do lado de fora dos muros não somente existe por si só, sem nenhuma relação causal com a riqueza do lado de dentro, como é aquilo que atrasa o país; não fosse a plebe, já seríamos Bélgica, ou seja, já não seríamos principalmente Índia. A pobreza dos pobres não resulta da má distribuição da riqueza que se gera, pelo contrário: os pobres são culpados de sua própria pobreza. Mais do que isso, o potencial sub-aproveitado do país nada tem a ver com o a maioria da população ser sistematicamente excluída na educação, nos direitos, na renda; pelo contrário, “é por conta desse povinho que o país não vai para a frente”.
Essa é a cara de uma elite pós-colonial: crê-se um ser estranho na geléia geral da colônia, padecendo num purgatório de nativos indolentes e enfermidades tropicais. Comporta-se todo o tempo como se ainda tivesse a caravela estacionada ali na costa, pronta para zarpar de volta à metrópole. Mas sofre mais ainda porque, não muito no fundo, sabe que não pode voltar, e que chegando lá será apenas mais um subdesenvolvido, um imigrante, um “moreninho”, um jeca. Parte de sua truculência vem de saber que jamais será aquilo que quer ver no espelho, e que aquilo que menos quer ser é o que realmente é; de precisar provar para si que é diferente de quem exclui e discrimina, já que nunca será igual a quem gostaria de ser.
No fim das contas, ela sabe que sua verdadeira cara não é nem a das socialites da Zona Sul, nem dos intelectuais de Higienópolis, mas a do grileiro da fronteira agrícola, do “coroné” do agreste. E que, no fim das contas, o que a mantém no topo não são os rapapés de seus salões, mas o bangue-bangue de seus jagunços. Da modernidade do primeiro mundo a que gostariam de aceder, só o que lhes interessa são os sinais externos de consumo e distinção social, não o histórico de direitos sociais, democratização das instituições, criação de equipamentos públicos e reconhecimento de minorias e setores desfavorecidos. Seu modelo sempre foi menos a Bélgica, a Escandinávia, a Alemanha ou o Reino Unido, e mais o excesso kitsch de uma Miami, a opulência caipira de uma Dallas.
A falta de uma instituição como a BBC (ou boas escolas públicas) tem tudo a ver com essa maneira de desejar o desenvolvimento apenas o suficiente para manter as bases dos privilégios existentes. É a mesma dinâmica que vê crescerem, paralelamente, o crime organizado e a indústria dos condomínios fechados e da segurança privada: as camadas superiores da sociedade brasileira trocam direitos – inclusive o direito de desfrutar da cidade e de seus bens sem medo – por consumo. Da porta para dentro, luxo; da porta para fora, faroeste. Cada vez que um debate sobre democratização ou fiscalização da mídia é silenciado por acusações de autoritarismo, o que temos é a jagunçada defendendo os latifúndios comunicativos que algumas poucas famílias grilaram há um bom tempo. É de fazer rir a fingida consternação de alguns grupos e interesses com os riscos que hoje sofreriam as “instituições republicanas”, quando a história das instituições brasileiras no geral demonstra que elas sempre interessaram tão-somente na medida em que permitiam liberdade de ação para uns e limites para outros. Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei. A fragilidade institucional sempre foi não apenas instrumento de reprodução da desigualdade, como ainda é o que permite a manifestação explícita do preconceito. Modernidade à Daslu: o luxo “de primeiro mundo” sustentado pela sonegação de impostos; a finesse que se assenta na barbárie de um estado de natureza.
Haverá sido a distância, e a experiência de conhecer o quê foi a modernidade pela via da criação de direitos, que fez nosso preconceito social saltar-me aos olhos; mas também tenho a impressão que as coisas tenham, nestes anos, se tornado ainda mais escancaradas. A polarização seria, sem dúvida, uma consequência do governo Lula. Nem tanto do próprio presidente, de tendência (talvez demasiado) conciliadora, mas da dificuldade de aceitação, por parte de quem faz e consome a grande mídia de massa brasileira, do que aconteceu no país nos últimos anos. O crescimento econômico experimentado nos últimos anos foi a perfeita demonstração da falácia que culpava os pobres por sua própria pobreza, e a do país: ele não teria sido possível se a pobreza não tivesse caído 43% (20 milhões de pessoas), se 31,9 milhões (mais de meia França) não tivessem ascendido às classes ABC, ativando um mercado interno potentíssimo que permaneceria em potencial enquanto essas pessoas estivessem excluídas do consumo mais básico. Graças ao ciclo virtuoso que se formou foi possível, por exemplo, aumentar o orçamento da educação em 125%, expandir 42 universidades federais, criar 15 novas, construir mais escolas técnicas (240) que em todo o século anterior (140).
Mais importante que qualquer número: políticas como o Bolsa Família e o ProUni abrem a perspectiva de um ciclo virtuoso de criação de direitos. Tais ciclos, como demonstra o retrocesso brutal que a Europa atravessa, não apenas podem ser interrompidos, como não se mantém sem a mobilização social que garanta sua expansão. Mas o fato de que hoje milhões de pessoas se percebam como detentoras de direitos a exigir do Estado, ao invés de clientes a trocar seus votos por favores de um “painho” na época da eleição, não apenas é um salto qualitativo para a democracia brasileira, como cria justamente as condições para novos saltos da organização popular. Construir direitos e instituições, no lugar do clientelismo e do casuísmo da república dos bacharéis: se essa tendência se consolida, terá sido a maior herança desses últimos oito anos. É pouco ainda, mas já é muito.
O que para alguns é difícil de engolir é que, quando o Brasil finalmente deu um passo para deixar de ser Belíndia, não foi por obra da “Bélgica”, mas da “Índia”. Para quem se projetava no sangue azul de Odete Roitman, custa aceitar que a cara do Brasil hoje é de Raquel Acioli, a ex-marmiteira que batalhou para subir na vida da novela Vale Tudo. Os episódios mais lamentáveis dessa eleição – os emails e mensagens apócrifos, o uso do telemarketing na propagação de boatos (criação de Karl Rove nos EUA, depois seguida por John Howard na Austrália), a mobilização de um discurso conservador e obscurantista que culminou com fazer do aborto uma questão eleitoral pela primeira vez na história do país – são, mais uma vez, os punhos de renda rasgando a fantasia e abraçando o mais desbragado faroeste. Partido e candidato que um dia representaram uma vertente modernizante das classes média e alta de São Paulo, de quadros intelectuais e tecnocratas bem-formados, dissolveram-se na geléia geral em que quatrocentão e “painho”, uspiano e grileiro, socialite e “coroné” existem, desde sempre, em continuidade e solidariedade uns com os outros. As promessas desesperadas de ampliação do Bolsa Família vindas de quem até pouco tempo o desdenhava como “Bolsa Vagabundo”, ou a cortina de fumaça que se constrói ao redor do debate do pré-sal, indicam que, atualmente, é impossível eleger-se no Brasil negando certos direitos recém-descobertos por vastas parcelas da população. A elite, mais do que nunca, precisa esconder seu verdadeiro programa.
Resta-lhe, então, partir para um jogo que começou nos EUA nos anos 80, e cuja eficiência na Europa cresceu muito na última década: tirar a política do debate político e substituí-la pelos cochichos igrejeiros, pelo apelo a um passado mistificado e a um moralismo espetacular – que instrumentaliza os medos causados por um tecido social cada vez mais esgarçado e propõe falsas soluções simples e regressivas, ao invés de confrontar-se verdadeiramente com a complexidade crescente dos problemas. É um “fim da política” que cobre a política que realmente lhe está por trás. Assim, por exemplo, o governo inglês anuncia, na mesma semana, o perdão de uma dívida de 6 bilhões de libras da empresa Vodafone e um programa de cortes de serviços sociais maior que qualquer coisa jamais proposta por Margaret Thatcher. Ou, depois do mercado financeiro ter usado a crise grega para dobrar a União Européia com a ameaça de um ataque ao euro, volta-se a culpar os imigrantes pela sobrecarga de serviços sociais de orçamentos cada vez mais reduzidos – culminando com o recente apelo de Angela Merkel por “uma Europa de valores cristãos”.
Talvez seja apenas no momento em que a Europa regride que a elite brasileira poderá, enfim, realizar seu sonho: juntar-se a seus “iguais” de ultramar na vanguarda de um retrocesso que mobiliza o medo e o reacionarismo mais rasteiro contra direitos e instituições historicamente conquistados. Afinal, a “lavagem de votos” da extrema-direita, pela qual o centro dá uma cara “respeitável” ao conservadorismo “selvagem”, tornou-se o maior negócio político de nossos tempos. (Quem sabe mesmo, agora, a extrema-direita comece a prescindir de intermediários: ver o PVV de Geert Wilders na Holanda.)
Rasgada a fantasia, fica tudo claro. Quem quer Estado apenas na medida em que este garante privilégios; quem tira os sapatos no aeroporto de Miami e entra na justiça para que o porteiro o chame de “doutor”; quem troca direitos por capacidade de consumo; quem sonega impostos e abomina as gambiarras e “gatos” das favelas; quem se queixa da falta de autoridade e do “jeitinho”, mas suborna o policial e espera que as legislações ambientais ou trabalhistas não se apliquem aos seus negócios; quem ainda se comporta como se estivesse com a caravela ancorada, sem nenhum interesse no país a não ser o lucro rápido para partir de novo, e então se queixa de um pais que não “vai para frente” – esses são os verdadeiros jecas do Brasil. A boa noticia é que, pelo menos por hora, eles estão perdendo.
(*) Rodrigo Nunes é doutor em filosofia pelo Goldsmiths College, Universidade de Londres, pesquisador associado do PPG em Filosofia da PUCRS (com bolsa PNPD – CAPES), e editor da revista Turbulence (www.turbulence.org.uk).
Extraído do blog: clippingdomario.blogspot.com/
Sonhando com o impossível
Sonhando com o impossível
O maior cientista brasileiro, Miguel Nicolelis |
O neurocientista Miguel Nicolelis, em aula inaugural do segundo semestre de 2009 na Universidade de Brasília (UnB), quebra o protocolo, e em sua surpreendente Aula da Inquietação é ovacionado por um público emocionado.
"Vocês, principalmente os que estudam em universidades públicas, representam os sonhos de realização de milhões de pessoas que jamais poderão vir para cá. São brasileiros que diariamente levantam da cama para trabalhar em empregos que muitos de nós jamais teríamos a coragem de enfrentar no nosso dia-a-dia, para que vocês possam estar aqui.
O sonho que não se converte em realidade inibe o indivíduo que perde a autoconfiança e o pior, causa a inibição coletiva do entorno que vê um sonhador derrotado. Quando um sonhador delirante é derrotado, a mediocridade triunfa e isso é terrível.
Vocês não foram postos aqui pelo resto do Brasil para fazer algo medíocre. Vocês foram postos aqui, receberam esse privilégio de toda a sociedade brasileira, para construir uma nação, e uma nação só se constrói se sonhando com o impossível, sem se esquecer do próximo.
Eu sou de uma geração que tentou fazer o que vocês têm a chance de fazer e fracassou. Nós não conseguimos construir o Brasil que nós queríamos, mas temos agora a oportunidade de testemunhar a tentativa de vôo de vocês.
Na história inteira deste país, vocês são primeira geração que tem verdadeiramente a chance de transformar este país num exemplo para a humanidade toda.
Não existe uma expressão que eu abomine mais quando eu venho para o Brasil, quando alguém vira para mim e fala: Nossa, as coisas que fazem lá, no seu laboratório, é coisa de primeiro mundo. Eu paro pra pensar e digo: "Mas que primeiro mundo é esse? De onde vem isso?" Ou então quando ocorre alguma coisa negativa na nossa vida cotidiana e alguém fala: "Isso só acontece no Brasil".
Eu tenho uma boa e uma má notícia para aqueles que usam essa expressão e gostam do primeiro mundo: O primeiro mundo faliu, em todos os sentidos; faliu financeiramente, faliu moralmente, faliu eticamente... E agora vem a boa notícia: O primeiro mundo agora é aqui.
E foi por isso que nos fomos para Natal a seis anos atrás, para tentar realizar um outro sonho impossível, criar um instituto de ponta de neurociência comprometido com a transformação da realidade social daquela região, Hoje ela tem a maior escola de educação cientifica infanto juvenil do Brasil, para 1000 crianças da rede publica de Natal, que são hoje os primeiros brasileiros a terem uma educação publica em tempo integral.
Elas eram esquecidas, elas faziam parte do pior distrito escolar do país, de acordo com as estatísticas do MEC. As quatro piores escolas do país estavam nessa região, e foi ali que nos selecionamos 1000 crianças da escola publica e trouxemos elas para aprender ciência de ponta. Essas crianças, de 10 a 16 anos, se transformaram em protagonistas do próprio ensino, elas não têm aula teórica, elas freqüentam os melhores laboratórios de ciência e tecnologia que existem no Brasil para crianças, construídos para crianças, e elas hoje dão banho em qualquer criança de qualquer escola privada do estado de São Paulo, e elas se orgulham de serem descendentes dos índios potiguares, os únicos índios tupi guarani que resistiram à colonização portuguesa.
E sabe onde vocês vão encontrar cada um desses 1000 alunos, que vão virar 5000, e que graças a um decreto que vai ser assinado pelo ministro da educação e pelo presidente da republica, vão se transformar um milhão de crianças pelo Brasil afora, daqui a alguns anos? Aqui na UNB, na USP, na Unicamp, elas vão se transformar em agentes de transformação social, de baixo para cima, não de cima para baixo.
E quando elas chegarem lá, podem acreditar, o prédio ao lado (Senado) vai ser ocupado por outro tipo de gente."
*comtextolivre
Dilma ganhou SS erra jogou a toalha
O debate da Globo acabou sendo o que teve mais propostas, mostrando que o interesse da população é por problemas reais, bem diferente da agenda do PIG.
Dilma ganhou, porque o formato e as perguntas não deixaram muito espaço para as baixarias, o campo preferido de José Serra.
Com perguntas que exigiam propostas, Dilma mostrou mais conhecimento e mais compromisso. Em vez de promessas ao vento, respondeu com políticas realistas sobre segurança pública, saúde e educação. Dilma mostrou mais conhecimento do Brasil real, dos problemas que afligem o cidadão comum, desde o emprego, a microempresa, a agricultura familiar, o crédito, os impostos, a qualidade dos serviços públicos. As propostas da Dilma foram mais realistas, convenceram mais. Dilma só não foi melhor quando o tempo foi curto para o tema.
Serra também não foi tão mal, o formato do debate ajudou ele a não ir mal, mas foi pior, porque as respostas dele soavam como promessas de políticos. Respostas genéricas, mal informado, distante dos problemas do cidadão. Demonstrou desconhecimento em vários assuntos, como não saber do cadastro nacional de segurança pública, não saber que as taxas de juros para financiar a agricultura familiar é extremamente baixa, mostrou pouco conhecimento do programa empreendedor individual. Enrolou em muitos assuntos e desviou da pergunta em outros.
Resultado: Dilma saiu com a imagem de melhor preparada, mais séria, mas firme.
Resumindo: Dilma precisava apenas do empate e saiu no lucro. Serra precisava da vitória, e saiu no prejuízo.
A impressão que ficou é que Serra jogou a toalha. Ele não tentou aquele algo mais que precisaria para tentar reverter sua desvantagem.
*amigosdopresidenteLula
Banespa: mais um documento assinado por Serra que foi para o lixo
Banespa: mais um documento assinado por Serra que foi para o lixo
Que Serra é mitômano já está mais do que demonstrado pelo festival de mentiras que ele promoveu.
Serra assinou um compromisso de cumprir o mandato de prefeito até o final. Atirou o compromisso rasgado no lixo.
Para encerrar o festival de mentiras com chave de ouro mais um compromisso assinado é atirado no lixo. Trata-se da edificante, educadora e maravilhosa história da privatização do Banespa.
- Memória: Serra assinou carta afirmando que PSDB não venderia Banespa
São Paulo – O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, assinou carta em 1990 afirmando que seu partido não venderia o Banespa, hoje controlado pelos espanhóis do Santander.
A promessa, feita durante campanha a deputado federal, está registrada em documento firmado também pelo então candidato a governador, Mário Covas, e pelo candidato a senador Franco Montoro.
No texto, os políticos lembram que o então Banco do Estado de São Paulo tinha importante papel na história e que sua atuação se revestia de importância ainda maior num momento decisivo para o Brasil. “Para o PSDB, o Banespa deve prosseguir em sua missão de agente oficial do desenvolvimento. Com força total (…) Os candidatos do PSDB opõem-se a qualquer investida sobre o Banespa movida por interesses alheios a esse desafio. Na nossa administração, o Banespa que permanecerá como o banco público do Estado de São Paulo, ganhará novo impulso, podendo competir em pé de igualdade na área comercial e voltando ao pleno exercício de suas funções sociais.” A carta indicava ainda que o PSDB valorizaria os funcionários do banco e terminava com a mensagem “Seja tucano de corpo e alma no nosso Banespa.”
À ocasião, Covas e Montoro sairiam derrotados. Quatro anos mais tarde, Serra venceria as eleições para senador, Covas passaria a ser governador de São Paulo e Montoro iria para a Câmara dos Deputados. Já na primeira gestão de Covas foi montado o Programa Estadual de Desestatização (PED), que consistiu na venda das empresas públicas paulistas. Em 2000, o Banespa foi vendido por R$ 7 bilhões, valor considerado como um “marco na história do nosso país” pelos governos federal e estadual do PSDB.
Para que se tenha uma ideia, somente em 2009, em meio à crise financeira internacional, o Santander obteve lucro líquido de R$ 5,508 bilhões em suas operações no Brasil. A arrecadação foi de R$ 13,2 bilhões. Como lembrou à época da venda Armínio Fraga, presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso, os espanhóis levaram “a jóia da coroa”.
Naquela época, quando perguntado sobre a venda do Banco do Brasil, Fraga fingiu que não havia ouvido a pergunta e fez uma careta. "A privatização deixa clara a separação entre o negócio privado e uma política pública", disse, segundo notícia do Portal Terra. Documento revelado este ano pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) mostra que já havia estudo para venda do BB e da Caixa Econômica Federal. Além disso, a ideia era deixar de lado o BNDES como banco de fomento.
O mesmo texto registra ainda a posição do então presidente do Banespa, Eduardo Guimarães, para quem "o Santander acaba de comprar um excelente banco com um corpo de funcionários invejável e que tem todas a condições para despontar como um dos líderes do sistema financeiro". Hoje, não se tem dúvida disso. A dúvida que importa, por outro lado, é saber: se estava tão bom, por que foi vendido?
sexta-feira, outubro 29, 2010
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