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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 06, 2011

Para Michael Moore, Bin Laden estava em “prisão domiciliar”



Faz sentido



Para Michael Moore, Bin Laden estava em “prisão domiciliar”



O cineasta americano Michael Moore desenvolveu uma curiosa tese sobre as circunstâncias que resultaram na morte de Osama Bin Laden, líder da rede Al Qaeda. Na quarta-feira 4, pelo Twitter (@MMFlint), o documentarista sugere que o terrorista saudita estava detido no Paquistão há ao menos seis anos, numa espécie de “prisão domiciliar da West Point deles (West Point é o nome da mais antiga academia militar norte-americana) .”


Os paquistaneses, continua Moore, teriam feito um pacto com o governo americano. “Eles o segurariam ali e o impediriam de cometer mais ações terroristas. Mas Bin Laden provavelmente se encheu e começou a planejar alguma coisa…”. Essa seria a razão para o Paquistão abdicar da custódia do preso e permitir a operação da CIA em seu território. “Há alguma chance de helicópteros voarem ao lado de uma base militar, uma ‘West Point’, ter um tiroteio, um helicóptero explodir e nem policiais, nem soldados do Paquistão darem as caras?”, indaga o cineasta.


“Por favor! O Paquistão simplesmente não podia ser visto participando disso ao nosso lado. E por favor – a CIA não sabia que ele estava morando lá há seis anos?”, escreve em outro comentário no Twitter. “Enquanto não estivesse liderando o terror, Bin Laden vivo servia a um propósito. A gente tem que entender: A indústria da guerra precisa do medo para fazer dinheiro. Quando não foi mais necessário [ao governo dos EUA], ou ele voltou aos seus velhos hábitos, teve se ser eliminado. Que diabos, vamos falar claro: Ele foi executado, ponto.”


Antes de desenvolver essa tese, o aclamado diretor dos documentários Tiros em Columbine, vencedor do Oscar de 2002, e Fahrenheit 9/11, sobre os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, zombou da suposta ingenuidade dos analistas políticos. “Do meu blog, em 10 de outubro: ‘Se há algo que aprendi sobre os ricos é que eles não vivem em cavernas por nove anos’. Lição: Analistas = Idiotas”. Em outros comentários, o deboche é ainda maior. “Por que não acredito que ele estava numa caverna? Osama bin Laden era um multimilionário. Multimilionários não vivem em cavernas. Eu já conheci pessoas ricas. Elas odeiam cavernas”, afirmou num tweet. “Eu disse que Bin Laden não estava numa caverna três anos atrás no programa Larry King (Larry admitiu que ele também não vivia numa caverna: “Eu moro em Las Vegas”). Aliás, Batman é o único milionário conhecido que viveria numa caverna e mesmo ele não “mora” realmente lá. Ele só vai lá para se trocar.”


Após lançar os comentários na rede social, Moore, que se notabilizou pelos documentários, e não pela ficção, pediu desculpas aos leitores pelo excesso de tweets sobre a sua tese. “É só que eu acho que não estão nos dizendo a verdade. Não acho que há uma conspiração, é só que eu gosto dos fatos.”

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