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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, março 16, 2011
terça-feira, março 15, 2011
Em homenagem ao mês da mulher, governo concede anistia a perseguidas políticas
Sônia Hipólito é uma das beneficiadas pela medida. Militante da União Nacional dos Estudantes (UNE), ela foi presa após participar do congresso da entidade em São Paulo, em 1968, e dividiu cela com a presidenta Dilma. Para ela, o ato marca um momento histórico em que “o estado brasileiro reconhece as barbáries que foram feitas durante a ditadura militar”. Em um discurso marcado pela emoção, Sônia lembrou do tempo em que dividiu o beliche com Dilma Rousseff e frisou que a concessão da anistia é uma vitória das mulheres do país.
“Eu entendo essa homenagem como uma homenagem a todas as mulheres lutadoras e guerreiras deste país, que ao longo da história lutaram pela liberdade em favor dos excluídos. Muitos não estão sendo anistiados hoje porque tombaram na luta (…). É um resgate, é a verdade sendo trazida à tona”, afirmou.Além de Sônia Hipólito, foram beneficiadas com a portaria de anistia a ex-primeira-dama Maria Tereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, que morreu durante o exílio; Rita Sipahi, ex-dirigente da UNE, que também esteve presa com a presidenta Dilma e atual conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça; Damaris Oliveira Lucena, miliante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR); Denise Crispim, também militante da VPR; e Rose Nogueira, ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).
Já os processos de julgamento da concessão de anistia foram abertos em nome de Margarita Babina Gaudenz, esposa de Carlos Fernandes, militante de esquerda; Iracema Maria dos Santos, presa juntamente com o marido e o irmão, que foi morto, em 1969; Helena Jório de Vasconcelos, preza em dezembro de 1971, grávida e com uma filha de 11 meses; e Linda Tayah de Melo, integrante da ALN, presa por diversas vezes e submetida à tortura, tendo sido condenada a dois anos de prisão pela Justiça Militar.
Anistia -- A Lei da Anistia Política foi promulgada em 1979, no governo do presidente João Baptista Figueiredo, para reverter punições aos cidadãos brasileiros que, entre os anos de 1961 e 1979, foram considerados criminosos políticos pelo regime militar. A lei garantia, entre outros direitos, o retorno dos exilados ao país, o restabelecimento dos direitos políticos e a volta ao serviço de militares e funcionários da administração pública, excluídos de suas funções durante a ditadura.
Em 2002, uma nova lei foi promulgada para ampliar os direitos dos anistiados. Ela vale para pessoas que, no período de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, foram punidas e impedidas de exercerem atividades políticas. Entre outros direitos, a anistia garante o pagamento de indenização.
*Planalto
O Cristo que vive entre nós
Mauro Santayana
O papa Bento 16, na biografia de Cristo que acaba de publicar, decretou, de sua cátedra, que Cristo separara a religião da política. Mais do que isso, participa de um dos equívocos de São Paulo – porque até os santos se enganam – o de que, se Cristo não ressuscitou de entre os mortos, “vã é a nossa fé”. Cristo ressuscitou dos mortos, não em sua carne perecível, mas em sua grandeza transcendental. O papa insiste – e nessas insistências a Igreja sempre se perdeu – em que o corpo de Cristo ainda existe, em toda a fragilidade da carne, em algum lugar, ao lado de Deus. Com isso, o Santo Padre separa Cristo da humanidade a que ele pertence, e o situa no espaço da mitologia dos deuses pagãos.
A afirmação mais grave do Papa, de acordo com o resumo de suas idéias, ontem divulgadas, é a de que política e religião são instituições separadas a partir de Cristo. A própria história do Vaticano o desmente. A Igreja Católica – e todas as outras confissões religiosas – sempre estiveram a serviço do poder político, e em sua expressão mais desprezível. Para não ir muito longe na História – ao tempo da associação entranhada entre os reis, os imperadores e o Vaticano, durante a Idade Média -, bastam os exemplos de nosso século. Os documentos existentes demonstram o apoio da Igreja a ditadores como Hitler, considerado, por Pio XII, como “um bom católico”. Mais recentemente ainda, houve a “Santa Aliança”, conforme a denominou o jornalista norte-americano Bob Woodward, entre o antecessor de Ratzinger e o presidente Reagan, dos Estados Unidos, com o propósito definido de acabar com a União Soviética. Por acaso não se trata de uma escolha política do Vaticano a rápida canonização do fundador da Opus Dei, como santo da Igreja, e o esquecimento de grandes papas, como João 23, e de mártires da fé, como o bispo Dom Oscar Romero, de El Salvador?
A religião sempre esteve na origem e na inspiração da política, e, em Cristo, essa identidade comum se torna ainda mais nítida. O campo da razão em que a fé e a política se encontram é o da ética. A ética é uma exigência da fé em Deus e do compromisso com a vida humana. A política, tal como a identificaram os grandes pensadores, é a prática da ética. A ética política significa a busca do bem de todos. Nessa extrema exegese do que seja a ética, como o fundamento da justiça, a boa política é a da esquerda, ou seja, da visão de igualdade de todos os homens.
Em Cristo, a fé é o instrumento da justiça. Quem quiser confirmar esse compromisso político de Cristo, basta ler os Atos dos Apóstolos, e verificar como viviam as primeiras comunidades cristãs, unidas pela absoluta fraternidade entre seus membros, enfim, uma sociedade política perfeita. Ao negar a essencial ligação entre a fé cristã e a ação política, o papa vai além de seu velho anátema contra a Teologia da Libertação, surgida na América Latina, um serviço que ele e Wojtyla prestaram, com empenho, aos norte-americanos. Ele se soma aos que, hoje, ao separar a política da ética da justiça, decretam o fim da esquerda.
Esse discurso – o de que não há mais direita, nem esquerda – vem sendo repetido no Brasil. Esquerda e direita, ainda que a denominação venha da França revolucionária de 1789, sempre existiram. Na Palestina, no tempo de Jesus, a esquerda estava nos pescadores e pecadores que o seguiam, e a direita nos “fariseus hipócritas”, que, no Sinédrio, e a serviço dos romanos, o condenaram à morte.
O papa acredita que a Igreja sobreviverá à crise que está vivendo. Isso é possível se ela renunciar a toda sua história, a partir de Constantino, e retornar ao Cristo que andava no meio do povo, perdoava a adúltera, e chicoteava os mercadores do templo. O Cristo que ressuscitou dos mortos está ao lado dos que vêem a fé como a realização da justiça e da igualdade, aqui e agora.
*beatrice
Obama na Cinelândia ? e Capital Motel
Obama vai falar na Brizolândia.
A Cinelândia se tornou, com o tempo, a Brizolândia.
No lindo centro velho do Rio, a Cinelândia fica perto da sede do PDT.
Tem ali um busto de Vargas.
Ao fundo, o Teatro Municipal.
Atrás, a Biblioteca Nacional.
Ao lado, ficavam o Senado e o Obelisco, onde Vargas amarrou os cavalos em 1930, mas um governo militar (iluminado, segundo alguns historialistas) os derrubou.
O busto de Vargas recebe uma romaria todo dia 24 de agosto.
Ali, Brizola fez o comício da vitória de 1982 (*), quando a multidão cantou a “briza que chegava”.
Por muitos anos, os desdentados brizolistas ocuparam a Cinelândia.
Ali, por tradição, passaram a se realizar os comícios dos candidatos trabalhistas.
Lula e Dilma estiveram lá.
(Os comícios dos tucanos se dão na piscina do Country Club, que fica entre Ipanema e o Leblon. Eles preferem não pisar na água, para não se contaminar.)
Ontem, ao anunciar que Obama fará um discurso na Brizolândia, o Ali Kamel mencionou a Passeata dos Cem Mil – que a Globo boicotou – e o comício das Diretas Já !, que a Globo ignorou desde seu lançamento, em São Paulo.
(O jornal nacional disse que a multidão da Praça de Sé, em São Paulo, estava ali para comemorar o aniversário da cidade.)
(O comício das Diretas, na verdade, foi na Candelária, e, não, na Cinelândia, que não o comportava.)
O Ali Kamel de ontem ignorou a Cinelândia de Vargas e Brizola.
O Dr Roberto Marinho não engoliu os dois até hoje.
E os filhos – eles não têm nome próprio – não engoliram o herdeiro do trabalhismo: o Nunca Dantes.
Clique aqui para ver um vídeo inesquecível: o jornal nacional é obrigado a divulgar editorial do Brizola contra Roberto Marinho.
E aqui para assistir a outro vídeo, num horário eleitoral, em que Brizola recomenda não ler o Globo.
É por isso que o Ali Kamel finge que a estátua na Cinelândia é a do Dr Roberto.
Porque Brizola é o único político brasileiro que enfrenta a Globo.
E ganha.
Paulo Henrique Amorim
Via Vermelho
Obama vem aí; para movimentos sociais é “persona non grata”
Os movimentos sociais brasileiros consideram o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, persona non grata no Brasil e repudiam a sua presença no país. Durante sua primeira visita ao Brasil, Obama fará um discurso na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, no próximo domingo (20). O evento terá início a partir das 11h30. O discurso do presidente americano será traduzido.
Obama chegou à presidência dos Estados Unidos em 2008 depois de uma propaganda eleitoral que pregava "mudanças", em oposição ao belicismo e à desastrosa administração na economia realizada por seu antecessor, George W. Bush.
De acordo com o consulado americano, durante sua visita, Obama passeará pelo Cristo Redentor e na favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Obama deve se reunir, em Brasília, com a presidente Dilma Rousseff, participará de um almoço no Itamaraty e de um jantar no Palácio do Planalto, acompanhado da mulher, Michelle, e das filhas Malia e Sasha.
O voo que traz Obama ao Brasil está programado para aterrissar na Base Aérea de Brasília às 8h de sábado (19). Após desembarcar, o primeiro compromisso de Obama será um encontro com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, às 10h.
Em entrevista ao Portal Vermelho, a ativista Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz (Cebrapaz), disse que a visita do mandatário estadunidense será marcada pelo enérgico repúdio que os movimentos sociais manifestarão à presença de Obama no Brasil.
Segundo ela, "os movimentos sociais como o Cebrapaz e as entidades que integram a Coordenação dos Movimentos Sociais [CMS) devem manifestar o repúdio à visita de Obama ao Brasil. A nossa mídia diz que Obama vai fazer e acontecer no Brasil, mas na realidade ele vem para cá para impor a agenda do imperialismo na região”.
Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Portal Vermelho: O que o Cebrapaz pretende fazer durante a visita de Obama ao Brasil?
Socorro Gomes: Os movimentos sociais, como o Cebrapaz e as entidades que integram a Coordenação dos Movimentos Sociais [CMS) devem manifestar o repúdio à visita de Obama ao Brasil. O que os Estados Unidos têm feito na América Latina é um mau exemplo. A nossa experiência mostra que os EUA não nos veem como amigos, mas como terra para explorar, dominar e saquear. Querem saquear recursos naturais, controlar os nossos mercados e dominar nossos povos [da América Latina].
Por isso os povos latino-americanos buscaram outro caminho de independência e soberania. Nossa história foi escrita com muito sangue e sofrimento, com ditaduras, invasões militares, complôs patrocinados pela CIA, assassinatos de presidentes. Nossa história testemunha a truculência e a força bruta do imperialismo americano em nosso território.
Quais são os verdadeiros motivos da viagem?
Socorro: Obama fala em paz, em Direitos Humanos. Mas sua administração não cumpriu com as promessas feitas em sua campanha eleitoral, que dizia serem "sagradas". O desmantelamento da prisão de Guantânamo é promessa não cumprida e que não vai se cumprir em seu mandato. Ele tem total descompromisso com a paz. Não se discute sequer a situação de Guantânamo, uma área militar ocupada contra a vontade do povo cubano.
Obama vem ao Brasil para falar de Direitos Humanos e Paz, mas ao mesmo tempo dá total apoio ao regime israelense quando invade, ocupa e promove a colonização de territórios palestinos.
Hoje, os Estados Unidos articulam uma intervenção militar contra a Líbia, demonstrando completo desrespeito à soberania dos povos.
Na América Latina, aprofundou a ingerência militar. Honduras, Panamá e Colômbia são exemplos gritantes disso. A manutenção da Quarta Frota da Marinha de Guerra americana, criada por Bush em junho de 2008, também desmente Obama e configura-se numa grande ameaça à soberania e à paz no continente latino-americano.
O que Obama vem fazer aqui é discurso retórico, descompromissado com suas atitudes, que têm ido no rumo contrário à paz e ao Direito Internacional. O regime americano mantém 50 mil soldados na ocupação do Iraque, além da ocupação do Afeganistão, que Obama declarou ser a "sua guerra". O Nobel da Paz caminha no sentido contrário ao da paz e da amizade entre os povos.
Entre outros assuntos, Obama deve abordar as relações que o Brasil tem com Venezuela e Cuba de forma a pressionar por outro caminho...
Socorro: As nossas relações com outros povos são relações de países soberanos, que prezamos muito, e não aceitamos ingerências sobre elas. Com a Venezuela temos interesses comuns, como o Mercosul, como a Unasul. Participamos de uma serie de foros conjuntos e procuramos construir um caminho comum soberano, sob um novo paradigma. De respeito e de complementaridade, diferente das relações de força dos EUA com as nações do nosso continente.
Um fato curioso e que desperta o interesse da nossa mídia, desviando a atenção dos assuntos importantes, é que a embaixada dos Estados Unidos vai dar gadgets eletrônicos àqueles que fizerem as melhores frases de boas vindas ao presidente Obama. Você vê nisso alguma semelhança com o que os colonizadores fizeram no descobrimento do Brasil?
Socorro: Esse é o tipo de relação que o imperialismo tem com os nossos povos, é uma tentativa de humilhar o nosso povo, repete a estratégia dos colonizadores, que davam miçangas, vidros coloridos e espelhos, ao mesmo tempo em que levavam em troca as nossas riquezas, como o ouro, o diamante e o pau-brasil.
Juros altos atraem “capital-motel”
Altamiro Borges
A política de juros estratosféricos e de total libertinagem cambial continua atraindo bilhões de dólares do exterior. Somente nos dois primeiros meses deste ano, até 4 de maço, a entrada líquida de moeda estrangeira (diferença entre ingressos e saídas) foi de US$ 24,356 bilhões, mais que o verificado em todo o ano de 2010 (US$ 24,354 bilhões).
Parte desta grana serve unicamente à especulação financeira – é o chamado “capital-motel”, que ingressa no país atraído pelos juros elevados, aufere rápidos rendimentos e depois desaparece. Outra parte é usada em investimentos de médio e longo prazo, como na aquisição de empresas e de terras. Está um curso um acelerado processo de desnacionalização do campo brasileiro.
Ao sabor do “deus-mercado”
Em 2010, o governo Lula até adotou algumas medidas para conter a gula do capital especulativo, como o aumento da tributação sobre investimento estrangeiro em renda fixa. Na fase recente, o Banco Central também vem comprando dólares, como forma de evitar a valorização artificial do real. Nos últimos dois meses, ele entesourou o equivalente a 44% das aquisições do ano passado.
Estas tímidas medidas, porém, tem impacto quase nulo em decorrência da teimosia ortodoxa do governo nas políticas monetária e cambial, que deixam o país ao sabor do “deus-mercado”. Atraído pelos juros altos e beneficiado pela libertinagem financeira, o capital estrangeiro continua causando estragos no país. A enxurrada de dólares valoriza artificialmente a moeda nacional.
Luz amarela no Palácio do Planalto
O resultado é desastroso. A baixa cotação do dólar torna os produtos estrangeiros mais baratos e incentiva as importações. Na outra ponta, o real forte prejudica a indústria nacional, que perde competitividade no mercado mundial e reduz as exportações. O dólar fraco também favorece viagens ao exterior e o uso do cartão de crédito internacional, abalando as reservas nacionais.
Segundo recente matéria da Folha (11), parece que finalmente o Palácio do Planalto acendeu a luz amarela. Técnicos do BC e do Ministério da Fazenda já teriam preparado medidas mais fortes na área cambial, que aguardam agora o aval da presidenta Dilma. “A equipe econômica chegou a um consenso de que é preciso fazer algo para reduzir o impacto da entrada de dólares no país”.
Queda abrupta do crescimento
É evidente que qualquer iniciativa neste sentido vai esbarrar na gritaria dos rentistas e dos seus agentes na mídia corporativa. A pressão nesta área – feita nos bastidores e com seus recadinhos na imprensa – é violenta. Se o governo Dilma ceder novamente ao “deus-mercado”, os efeitos tendem a ser agravar, com as empresas reduzindo a produção e, como efeito, os empregos.
Os recentes aumentos na taxa de juros, na Selic, e a persistência em manter a libertinagem cambial já provocam forte retração na economia. A taxa de crescimento do país deslizou de 7,5% para 3,5% neste início de 2011. Mesmo assim, os rentistas criticam a “moderação do governo” e exige doses mais cavalares da ortodoxia neoliberal, usando sempre a fantasma das “expectativas inflacionárias”. Será que o governo Dilma Rousseff vai enfrentar a gritaria da ditadura financeira?
Movimentos sociais preparam ato contra vinda de Obama ao Brasil.
Fora Obama! Fantoche da elite branca de Wall Street
No próximo domingo, 20/03, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitará a cidade do Rio de Janeiro. Segundo informa o jornal O Globo de hoje, Obama fará um discurso aberto ao público na Cinelândia. Os movimentos sociais já se preparam para receber criticamente o presidente Obama.
Nesta quarta-feira, (16/03), às 18h, na sede do Sindipetro-RJ, haverá plenária unificada dos Movimentos Sociais para preparar o ato contra Obama.
Leia abaixo a íntegra da nota preparada pelos movimentos sociais contra Obama:
Obama é persona non grata no Brasil
Os movimentos sociais brasileiros consideram o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, persona non grata no Brasil e rechaçam a sua presença em nosso país.
O atual mandatário dos Estados Unidos mantém a orientação belicista de ocupar países e agredir povos em nome da “luta ao terrorismo”. Obama tem reiterado que o objetivo fundamental do seu governo no setor externo é reafirmação da hegemonia estadunidense no mundo, inclusive na área militar.
Dizemos que Obama é persona non grata no Brasil porque, como latino-americanos, sabemos que a política dos Estados Unidos para a América Latina não mudou em nada. Não aceitamos a manutenção do bloqueio a Cuba, as provocações contra a Venezuela, a Nicarágua, a Bolívia e o Equador.
O governo Obama apoiou o golpe militar em Honduras, que retirou do poder o presidente legitimo Manuel Zelaya, e mantém o apoio ao atual governo de fato, que é denunciado por inúmeras violações aos direitos humanos. Como recompensa pelo apoio às forças golpistas, os EUA instalaram duas novas bases militares neste país.
Temos acompanhado a ampliação da presença militar dos EUA na região, tanto as iniciativas dirigidas a instalar novas bases militares na Colômbia, quanto a movimentação de tropas na Costa Rica e no Panamá.
A disputa pelo petróleo está no centro das guerras promovidas pelo imperialismo estadunidense. No caso do Brasil, logo após a descoberta de petróleo nas águas do Atlântico Sul, reativaram a chamada Quarta Frota de sua marinha de guerra e falam ainda em deslocar para estas pacificas águas, os navios de guerra da OTAN. As imensas reservas do pré-sal, estimadas em pelo menos 10 trilhões de dólares, atraem a imensa cobiça dos EUA. Com certeza, o ouro negro brasileiro é uma das maiores motivações da vinda do presidente estadunidense ao nosso país.
Obama também liderou a Organização do Tratado do Atlântico Norte que consagrou um “novo conceito estratégico” a partir do qual se arroga o direito de intervir militarmente em qualquer região do planeta. Os Estados Unidos nunca abriram mão de dominar nossos países e continuam considerando nosso continente como sua área de influência.
Os EUA sob a presidência de Barack Obama falam em Direitos Humanos, mas mantém os cinco heróis cubanos presos injustamente, e reafirmam o apoio à política genocida do Estado sionista israelense contra o povo palestino. Sob Barack Obama, os Estados Unidos mantiveram a presença das tropas de ocupação no Iraque e no Afeganistão, e desde este país bombardeiam o Paquistão. Só nessas guerras já foram mortos dezenas de milhares de civis e inocentes. Sob o seu governo os EUA ameaçam países soberanos como o Irã, a Síria e a Coréia do Norte, e continuam em pleno funcionamento o centro de detenções e torturas de Guantánamo, mantida em território cubano de forma ilegal e contra a vontade deste povo.
Obama chega ao Brasil num momento em que os Estados Unidos e seus aliados, principalmente os europeus, preparam-se, sob falsos pretextos, para perpetrar novas intervenções militares. Agora, no norte da África, onde, com vistas a assegurar o domínio sobre o petróleo, adotam a opção militar como a estratégia principal. Os Estados Unidos querem arrastar as Nações Unidas para sua aventura, numa jogada em que pretende na verdade instrumentalizar a organização mundial e dar ares de multilateralismo à sua ação militarista e imperial.
No mesmo 20 de março, dia em que Obama estará visitando o Brasil, acontecerão manifestações em todo o mundo convocadas pela Assembleia Mundial dos Movimentos Sociais realizada durante o Fórum Social Mundial de Dacar, Senegal. O dia de mobilização global foi convocado para afirmar a “defesa da democracia, o apoio e a solidariedade ativa aos povos da Tunísia e do Egito e do mundo árabe que estão iluminando o caminho para outro mundo, livre da opressão e exploração”. O 20 de março será um Dia Mundial de Luta contra a multiplicação das bases militares dos Estados Unidos, de solidariedade com o povo árabe e africano, e também de apoio à resistência palestina e saharauí. O mundo não pode tolerar uma nova guerra, agora, na Líbia!
É nesse contexto que convocamos a Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama, espaço onde os movimentos sociais de todo o país construiremos uma grande manifestação de repúdio à presença de Obama no Brasil com destaque para a ação que será organizada no Rio de Janeiro no dia 20 de março.
A Plenária Unificada dos Movimentos Sociais contra a vinda do Obama será realizada na próxima quarta-feira (16/03), às 18h, na sede do Sindipetro-RJ (Av. Passos, 34, próximo à Praça Tiradentes).
Abaixo o imperialismo estadunidense!
Assinam esta convocatória:
Campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso
CMS - Coordenação dos Movimentos Sociais
Plenária dos Movimentos Sociais - RJ
UNE
UBES
UEE-RJ
MST
UJS
CUT
CSP-Conlutas
Intersindical
CTB
CEBRAPAZ
Sindipetro-RJ
A "embromation" imperialista de Obama em comício no Rio
Não há nada de errado na visita de Barack Obama ao Brasil. São dois países que disputam interesses contrários em muitos casos, mas também tem suas sinergias. São duas grandes nações que sempre precisam sentar na mesa de negociação para o próprio bem do planeta. Nada mais normal do que buscar cooperação naquilo que é possível, negociar meio-termo nas divergências, e dizer "não" nos pontos inaceitáveis, inclusive desgastando os pontos de vista adversários. É para isso que existem as relações diplomáticas e políticas.O que oscila entre o inconveniente e o ridículo é um "comício ao povo brasileiro" do presidente dos Estados Unidos, em praça pública, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, palco de grandes manifestações políticas históricas.
Notem que não é um pronunciamento dirigido à colônia de cidadãos estadunidenses que vivem no Brasil (o que seria válido). A ofensiva midiática da Casa Branca fez merchandisig em programas populares de TV, com o próprio apresentador Faustão promovendo o evento em seu programa, além da divulgação no "Fantástico", na Globo, e no "Domingo Espetacular", da Record. A Globo arrumou depoimentos simpáticos de "populares" no Jornal Nacional. "Não conseguiu encontrar" ninguém crítico, numa praça que sempre tem barracas montadas de panfletagem de entidades de esquerda e nacionalistas.
Faria sentido Obama fazer um pronunciamento ao povo iraquiano ou afegão, anunciando a retirada de sua ocupação.
Faria sentido fazer um pronunciamento ao povo cubano anunciando o fim do bloqueio.
Mas ao povo brasileiro, o que tem para dizer que justifique um comício? Anunciará a retirada de suas bases militares na Amazônia colombiana? Anunciará alguma "doutrina Obama" de não intervenção e respeito incondicional à auto-determinação dos povos da Bolívia, do Equador, da Venezuela, da Nicarágua, de Honduras e de Cuba? Anunciará a adesão a algum "Plano Bolívar" ou "Plano Lula" para contribuir de verdade com a erradicação da pobreza na América Latina? Anunciará algum acordo comercial assimétrico, que garanta desenvolvimento aos países mais pobres, e deixe de apenas explorar suas riquezas? Reconhecerá as ilhas Malvinas como território argentino?
A resposta é NÃO para todas estas perguntas. Talvez anuncie a flexibilização dos vistos para brasileiros viajarem à Disney-World, no momento em que os EUA estão ávidos por dinheiro de estrangeiros para aquecer sua economia, e brasileiros estão voltando em vez de imigrar para lá. Nada importante para justificar um comício.
Os marqueteiros de Obama devem pensar que estão melhorando a imagem estadunidense, no velho conceito de política de boa vizinhança e de conquistar corações e mentes da diplomacia deles. Afinal o presidente estaria abrindo espaço e tempo em sua agenda, para dirigir-se ao povo. E olha que tempo é dinheiro para os estadunidenses, tanto é que nunca antes na história do Brasil, um cartaz de um comício em praça pública escreveu "entrada gratuita", como o cartaz de Obama faz:
Mantendo a natureza imperialista da política externa dos EUA em seu governo, tal discurso não passa de "embromation", o que, em vez de agradar, angaria antipatias entre os setores mais politizados da sociedade brasileira, por recorrer a um populismo típico de enganar desavisados.
Tanto é assim que entidades do movimento social brasileiro representadas na Coordenação de Movimentos Sociais (CMS), entre elas Cebrapaz, CUT, MST, UNE, Ubes, CTB, Conam, Unegro e sindicatos estaduais e municipais de várias capitais estão organizando protestos contra as políticas estadunidenses mantidas por Obama, durante sua visita ao país.
O comício conta com apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB/RJ) e da prefeitura. Estes, pelo menos, de bobos não tem nada, porque seu objetivo é divulgar a imagem de melhoria na segurança na cidade, afinal não é qualquer lugar do mundo onde o aparato de segurança do presidente dos EUA aprova um ato público aberto como este.
*osamigosdopresidentelula
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