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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 10, 2010

O PIG não diz











10/07/2010 - 10:10h Brasil: No topo do mundo

Apesar dos persistentes problemas sociais, você não consegue passar um dia no Brasil sem notar um milagre econômico acontecendo aqui. Do crescimento no primeiro trimestre que quase chegou 9% e o movimento nos heliportos nos arranha-céus de São Paulo. Ou ouvir as realizações do presidente Lula, recentemente nomeado o líder mais influente do mundo pela revista Time, por elevar o perfil do país no cenário mundial e tirar grande parte da população da pobreza. A herança do presidente Lula é o tema das conversas com o início da campanha eleitoral para seu sucessor. As pesquisas indicam que a escolhida de Lula, Dilma Rousseff, deverá vencer as eleições de outubro acabando com as esperanças do conservador da oposição José Serra. Ela “vai herdar um país carregado com bons frutos”.

Sob o título “No topo do mundo”, o correspondente do diário em São Paulo, David Usborne, afirma que “não é possível passar um dia no Brasil sem sentir os milagres econômicos que acontecem” no país.

A reportagem ocupa as duas páginas centrais do jornal, acompanhada de uma grande foto da estátua do Cristo Redentor no Corcovado, de outra com torcedores acompanhando uma partida da seleção brasileira de futebol e de uma terceira com o presidente Lula em sua recente viagem ao Quênia.

On top of the world

David Usborne – The Independent

doleiturasfavre


Lily Marinho:

"Só faço almoço para a Dilma. Para os outros, não"

Hildegard Angel, Jornal do Brasil



DA REDAÇÃO - Ao fim de seu almoço para Dilma Rousseff, cercada pela imprensa por todos os lados, Lily Marinho respondeu ao repórter que lhe perguntou se também fará almoços para os demais candidatos: "Não, só para ela!". Naquele momento, tive a certeza de que Dilma havia conquistado mais um voto. Afinal, em seu pequeno discurso, lido antes da sobremesa, Lily falara da necessidade de "ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários para formar opinião sobre a melhor escolha daquele ou daquela que irá conduzir nosso país nos próximos quatro anos". Lily também lembrara o marido, Roberto Marinho, "que jamais se absteve de conviver com as diferenças de opinião". Mas não havia, naquela resposta de Lily ao repórter — "Não, só pra ela!" — qualquer resquício de dúvida, qualquer indecisão diante da escolha certa.
Dilma, em seu discurso de improviso, após a fala de Lily, foi uma grata revelação, para comentário geral. Falou com domínio dos assuntos, segura de si e das palavras, com simpatia e sorrisos, porém sem perder a firmeza que a caracteriza. Discorreu sobre a situação da mulher, lembrando que "nenhuma brasileira discute se o Brasil está preparado para ter uma mulher na Presidência — o Brasil sabe que está preparado". Enalteceu as mulheres anônimas, as "heroínas" do cotidiano. Lembrou o salto dado pelo Brasil nos últimos anos: "Pensem em 2010 e olhem para 2002 e percebam como este país é diferente hoje". E continuou: "É diferente porque 24 milhões saíram da pobreza e 31 milhões foram elevados à classe média". Enfatizou a importância da educação — "faremos um imenso esforço por ela" — lembrando a importância de se valorizar o professor: "Não é prédio, não é banda larga, é também. Mas é sobretudo o professor". E mais: "A educação é a conquista do futuro deste país".
"Ela fez um progresso extraordinário", comentou uma de nossa mesa. Fiquei na dúvida se Dilma realmente fez progressos ou se éramos nós que, até então, desconhecíamos seus talentos de sedução e de oratória. Éramos 12 àquela mesa. A homenageada à direita da anfitriã. A economista Maria da Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a cineasta Lucy Barreto, a museóloga Magali Cabral, mãe do Sérgio governador, Consuelo, a mãe do prefeito Eduardo Paes, Maria Lúcia Jardim, mulher do vice Pezão, Marcela Temer, mulher do deputado vice na chapa de Dilma, Andréa Agnelli, mulher do Roger, presidente da Vale, Maria do Carmo, a sra. Marcos Vilaça, presidente da ABL, e esta jornalista. As demais quatro mesas não tinham lugares marcados. Lily inspirou-se num jantar de Nelson Rockefeller e sorteou entre as presentes seus lugares nas mesas presididas pela mineira Angela Gutierrez, a curitibana Margarita Greca, a embaixatriz Maria Thereza Castelo Branco, uma habituée do Cosme Velho, e Vera Lúcia, a sra. Oscar Niemeyer.
Todas tinham algo simpático a dizer à candidata. A embaixatriz Glorinha Paranaguá, ao ser apresentada, contou-lhe que foi seu filho jornalista, que vive em Paris, quem escreveu a grande matéria a seu respeito publicada no jornal Le Monde. Algumas até lhe levaram presentes, como costuma acontecer em almoços femininos. Dilma sentiu-se definitivamente em casa, no Cosme Velho.

http://jbonline.terra.com.br/pextra/2010/07/09/e090714076.asp


O significado do almoço de Lily Marinho

Para entender direito o significado desse almoço oferecido por Lily Marinho a Dilma Rousseff.

Dona Lily é personagem de um mundo fantástico do Rio de Janeiro, da fase áurea dos anos 40 quando, ao lado do marido Horácio de Carvalho, do casal Walter Moreira Salles-Helene, Aloisio Salles-Peggy, dominavam os salões da cidade, nos tempos em que Roberto Marinho ainda não tinha chegado ao primeiro time.

O primeiro marido Horácio Carvalho foi pessoa influente no governo Dutra e no governo JK. Dono do Diário Carioca - ao lado de José Eduardo Macedo Soares -, e da Erika - editora de revistas -, acabou repassando a empresa para Samuel Wainer, em um episódio que deu muito pano para manga para Carlos Lacerda.

Mesmo com todo esse histórico, dona Lily nunca teve atuação política. Viúva, casou-se com Roberto Marinho, foi companheira dos últimos anos do patriarca, mas jamais teve ingerência em qualquer negócio das Organizações Globo. Nem é mãe de seus filhos.

Assim, a importância desse almoço é simbólica: reside em derrubar preconceitos da velha elite carioca contra a candidata do PT.

Não é pouco.

doluisnassif


A luta não quita a fidalguia

Dilma chega à casa de Lily Marinho, no Cosme Velho

Um leitor fez a provocação e eu aceito o tema de bom grado. Ele me pergunta se não vou comentar aqui a visita de Dilma a Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, ontem, no Rio. Vou, sim, e com muito prazer.

Acho que foi um ato de grande gentileza, da parte de ambas.

Quem fala isso é o neto do homem que mais combateu Roberto Marinho e que mais foi combatido por seu império de comunicação. E que, eu tenho certeza, jamais recusaria um convite dele para conversar, muito menos ainda o de sua viúva.

Para quem não sabe, meu avô contava sempre que, nos primeiros tempos, tentou mesmo convencer Marinho a apoiar um programa massivo de educação de qualidade. “Já pensaram o que seriam os CIEPs com a Globo apoiando?”, perguntava ele às vezes.

Conversar, conversar civilizadamente, com todos, inclusive com seus maiores adversários, é um dever da política. E se você recebe um tratamento pessoal gentil, não tem nenhuma razão para não retribuir da mesma forma.

Ninguém combate o poder da Globo por razões pessoais contra os Marinho, mas em defesa de princípios democráticos. Embora o inverso, muitas vezes, não seja verdadeiro, é o correto.

Este tipo de “patrulhismo” não leva a lugar nenhum. Os nossos princípios democráticos são radicais, porque vão à raiz das questões. Não são radicalóides, sectários e intolerantes, para que pudessem – o que não podem – justificar o destrato pessoal a quem quer que seja.

Os gaúchos resumem bem isso, na frase que serve de título. A luta não pode nos tirar a civilidade.

dotijolaço


Lily Marinho não vai oferecer almoço a José Serra e nem a Marina Silva

10 de julho de 2010

Dilma Rousseff (PT) chegou antes de boa parte das convidadas ao almoço oferecido para ela ontem, no Rio, por Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, das Organizações Globo. Eram 13h quando a petista foi recebida pela anfitriã na porta da célebre mansão cor-de-rosa do Cosme Velho, aos pés do Cristo Redentor, onde o casal recebeu por décadas governantes do mundo todo para jantares memoráveis.

"Se o Roberto recebeu Fidel Castro aqui, por que eu não posso receber o PT?", disse Lily à Folha, num cenário emoldurado por flamingos rosas que nadam nos lagos da mansão -as aves foram presente do cubano, que esteve no Rio em 1992.

Um músico dedilhava ao piano e garçons de luvas brancas serviam champanhe Dom Perignon. "Ô, Jandira, toma um golinho pra mim porque senão vou ficar gorda igual a um boi", disse Dilma à ex-deputada Jandira Feghali (PC do B), passando discretamente a ela a "flûte".

Dilma se sentou perto de Lily, em cadeira de rodas por causa de uma queda. "Que tipo de música você gosta?", perguntou a anfitriã. "Clássica. Gosto de Bach", respondeu a candidata. "Ela toca piano e fala francês", revelou uma amiga de ambas a Lily. "Eu tinha curiosidade de conhecê-la", explicava Lily.

Não, repetia, ela não vai oferecer almoço a José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), adversários de Dilma na campanha presidencial. "Eu não sou política. Se ficarem com ciúmes, o que posso fazer? Nada."

Aos poucos, o quorum aumentou. "A Lily estava um pouco ansiosa porque muitas têm até medo de chegar perto do PT e da Dilma. Mas todo mundo está chegando, graças a Deus", dizia uma amiga da anfitriã.

Na hora do almoço, Dilma e Lily dividiram a mesa com a economista Maria da Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a produtora Lucy Barreto e a colunista Hildegard Angel, entre outras.

A conversa girou em torno de amenidades. "Todos os candidatos homens já fizeram plástica. To-dos", dizia Dilma. E as pesquisas eleitorais? "Deixa eu ficar no empate [com Serra] que tá bom", respondeu a petista. No cardápio, tartare de salmão com maçã e funcho e filé de cherne com banana caramelada, passas e urucum do chef Claude Troisgros.

Antes da sobremesa, Lily leu um rápido discurso. Disse que ofereceu o almoço para homenagear "a senhora D, a senhora democracia".

E que seria um privilégio ouvir "a outra senhora D, Dilma Rousseff, que se propõe a ser a primeira mulher presidente do Brasil".

Dilma fez um discurso sob medida. Falou de educação, família e cultura -e das "lutas de milhares de brasileiras anônimas". "Eu acho que chegou a nossa hora!" Cantarolou com Alcione ao microfone -e se despediu de Lily: "Te espero na minha posse".

A candidata se foi e as amigas formaram roda para comentar. "Ela está segura, senhora de si", dizia Andrea Agnelli, mulher do presidente da Vale, Roger Agnelli. "Achei importante ela falar de educação", disse Beth Floris, dona da editora Ediouro. Dona Lily gostou. "Vou fazer 90 anos. Sou velha para votar. Mas acho que, se votasse, seria na Dilma."Da coluna de Mônica Bergamo.
dosamigosdapresidentadilma

Viúva de Roberto Marinho declara voto em Dilma. E agora, Ali Kamel?


O Globo escondeu a declaração de voto de Lily Marinho, a viúva do magnata das comunicações Roberto Marinho, mas a colunista da Folha, Mônica Bergamo, não resistiu à indiscrição.

Vou fazer 90 anos. Sou velha para votar. Mas acho que, se votasse, seria na Dilma.

A declaração é de Lily, a elegante e sedutora aristocrata que, com mais de 70 anos, conquistou o coração de Dr.Roberto. Lembro do casamento. Foi bonito ver os dois velhinhos se casando. Dona Lily é uma socialite discreta, inteligente e, até onde sei, de opiniões progressistas. Com certeza não lê os blogs da Veja, o que já é grande coisa.

Roberto Marinho, apesar do apoio que deu ao golpe militar, nunca foi um hidrófobo histérico de direita como seus filhos. Tanto é que abriu a redação do jornal para comunistas e ex-comunistas. Para ele, a ideologia da pessoa não lhe impedia de ser um bom profissional ou mesmo uma boa pessoa. Recebeu até Fidel Castro em sua casa, conforme lembra Dona Lily, provando que também Fidel sempre foi um sujeito aberto ao diálogo cordial inclusive com seus piores adversários.

O mais curioso da matéria, claro, é a declaração de voto de dona Lily. E sua afirmação de que não receberá Serra nem Marina.

No Globo, a matéria saiu fria, árida, nitidamente constrangida, sem relatar a boa impressão que Dilma causou nas ressabiadas socialites cariocas, muitas das quais, conforme revelou uma amiga de Lily à coluna de Bergamo, morriam de medo do PT e da candidata.

Essa nota é muito mais importante do que parece a primeira vista. As fotos da candidata ao lado das vips do Rio serão publicadas e republicadas em praticamente todas as revistas femininas. Deverá causar bastante impacto também sobre o imenso universo artístico da TV Globo, com seus milhares de atores, contrarregras, técnicos, operadores, etc.

Sob o chicote do carrasco Ali Kamel, que impôs regras draconianas impedindo qualquer empregado, até o mais reles faxineiro, de expor suas opiniões políticas, ainda que sutilmente, em sites de relacionamento, twitter, blogs, etc, as simpáticas declarações de Lily em favor de Dilma Rousseff representam uma prova de que essas humilhantes restrições só valem para os escravos. O contraste é gritante. Aos escravos, o silêncio, a opressão, a mordaça; aos senhores, a liberdade. Dona Lily pode falar o que quiser, pode até explicitamente apoiar Dilma. Sei que ela não trabalha no jornal, mas mesmo assim, é uma figura ligada afetivamente às organizações Globo, em virtude de carregar o sobrenome de seu proprietário e ter sido a doce companheira de "Seu" Roberto por mais de uma década. A informação correrá nos bastidores da Globo como um rastilho de pólvora: Dona Lily está com Dilma! Quantos sorrisos maliciosos, furtivos, quase vingativos, não serão vistos nas salinhas de café?Leia na íntegra


Fonte:Óleo do Diabo

Padres ora vamos acabar com a hipocrisia






Nos EUA e na Bélgica, a Justiça avança na investigação de religiosos

Os desafios da época atual estão, certamente, bem acima das capacidades humanas.” Esta frase do papa Joseph Ratzinger, proferida na Basílica de São Paulo por ocasião das festividades dos apóstolos Pedro e Paulo, dá a dimensão exata das tribulações de um papado que corre o sério risco de ter de assumir, em razão de falências financeiras em várias dioceses dos Estados Unidos, o pagamento de indenizações judiciais em face de solidária responsabilidade civil por danos morais decorrentes de abusos sexuais cometidos por clérigos.

De maio de 1994 a outubro de 2009, A Igreja Católica pagou 1,26 bilhão de dólares para 1.835 vítimas de abusos sexuais. Pelos últimos levantamentos, mais de 50 mil vítimas formularam 4.392 acusações de crimes sexuais- contra religiosos entre 1950 e 2002. Estão insolventes, pelos valores monetários versados, as dioceses de Boston (85 milhões de dólares a 540 vítimas), San Diego (198 milhões a 144), Oakland (56,3 milhões a 56 crianças e adolescentes), Spokane (48 milhões a 75 vítimas), Los Angeles (660 milhões para mais de 500 vítimas), Portland (53 milhões) Tucson (22,2 milhões).

Para piorar, a Corte Suprema dos EUA acaba de tomar uma inédita decisão, à luz de caso a envolver um padre de Portland, no Oregon. O tribunal deixou de conhecer recurso da Santa Sé por não contar ela com imunidade diplomática. Em consequência, ficou confirmada a decisão que reconhecia a responsabilidade solidária do Vaticano. Ruíram repetidas teses vaticanas, no sentido de inexistência de vínculos, a saber: 1. Não pagamento de salários aos clérigos. 2. Ausência de pensão por aposentadoria. 3. Inexistência de controle sobre o ministério religioso.

Em 2002, um cidadão do estado do Oregon apresentou-se em ação civil como vítima, quando contava com 15 anos, do sacerdote pedófilo Andrew Ronan, morto em 1992. O sacerdote, por abusos sexuais, tinha sido transferido da Irlanda para os EUA. Dos autos processuais consta uma declaração de Ronan pouco antes de falecer. O religioso reclama do fato de a Igreja, em lugar de prestar-lhe apoio psicológico, tê-lo transferido para um colégio de meninos no estado norte-americano.

Segundo o advogado do Vaticano, Jeffrey Lena, a Corte Suprema errou. Como a questão está definitivamente resolvida, não se sabe o que fará Lena numa ação em curso e ajuizada por um cidadão de Louisville. O autor espera uma sentença declaratória da responsabilidade dos bispos norte-americanos por omissões e ocultações de casos de pedofilia na Igreja. Segundo a peça inicial, os bispos não impediram a proliferação dos abusos e ilícitos sexuais por parte de clérigos.

As coisas também não andam bem na Bélgica, país que nasceu no século XIX de acordo entre católicos e liberais. O embate entre a Justiça e a Igreja prospera em um forte e crescente clima de indignação popular. A começar contra o clérigo Roger Vanheluwe, de 73 anos, então bispo de Burges. Ele confessou ter abusado sexualmente de um jovem durante dois anos. Parte dos abusos ocorreu quando ele já ocupava o cargo de bispo. A situação agravou-se por ser público e notório que o presidente da Conferência Episcopal da Bélgica, André-Joseph Leonard, abafava as apurações sobre casos de pedofilia.

Os juízes belgas de instrução determinaram buscas e apreensões na cidade- de Mechelen, próxima à capital, Bruxelas. Mais especificamente na sede da Conferência e na catedral de Saint-Rombaut. Foram apreendidos 475 dossiês sobre casos de pedofilia e abusos sexuais a envolver menores de idade. Os clérigos que participavam de uma sessão da Conferência tiveram os celulares e os computadores apreendidos, além de ficarem custodiados durante a diligência. Apenas o núncio Giacinto Berloco, por possuir passaporte diplomático, pôde circular à vontade.

De passagem pela universidade de Lunsa, o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, falou em sequestro de bispos, que teriam ficado sem água e comida por nove horas. Disse também que duas sepulturas foram violadas na cripta da catedral e se voltou ao tempo do regime comunista, onde ocorriam tais ações. Bertone foi desmentido pelo premier belga. E o jurista Pierre Mertens, falando aos jornais, frisou que não ocorreram violações nas sepulturas: “Realizou-se apenas uma perfuração para colocação de uma minicâmera para examinar a cripta, sem tocar nas sepulturas dos dois cardeais”.

Ratzinger, no episódio, fugiu do conflito diplomático capaz de levar à ruptura com o Estado laico da Bélgica: ele se limitou a enviar uma carta de solidariedade aos bispos, na qual usou os termos “deploráveis” e “surpreendentes”. A jornalistas avisou que a Igreja continuará a colaborar com as autoridades dos Estados que apuram crimes de sacerdotes. Ou seja, depois de tantas vacilações, o papa passou ao discurso da “tolerância zero” para com os pedófilos, pediu desculpas às vítimas e interrompeu as ensaiadas manifestações, a partir de fundamentalistas, de que a meta era desmoralizar a Igreja. Não se fala, como o decano do Conselho de Cardeais, em “fofocas”, dada a enxurrada de comprovados casos de pedofilia.

Enquanto a magistratura endurece e fala em “engavetados” dossiês da Igreja a revelar abusos contra menores, ocorridos há anos e já prescritos pelas leis da Bélgica, o psiquiatra Peter Adriaessens, presidente da comissão instalada pela Igreja belga para levantamentos, deixou o posto.

Para tentar reduzir os desgastes, Ratzinger tomou duas providências nas festas de Pedro e Paulo. Primeiro, avisou o cardeal de Viena, Christoph Schönborn, que só a ele competia advertir um ex-secretário de Estado do Vaticano, no caso Angelo Sodano. Para o cardeal de Viena, o seu colega Sodano “colocava areia nas apurações sobre pedofilia”. Com a chamada papal, o cardeal desculpou-se pela invasão de competência.
Em nota final, a Santa Sé admite eventuais erros cometidos pela Propaganda da Fé em avaliação do patrimônio imobiliário e em razão da flutuação de mercado. Isso tudo para tentar minimizar o escândalo de ligações de altos prelados com políticos e dois ministros demissionários do governo de Silvio Berlusconi, na Itália. No centro do escândalo financeiro, e já acusado por corrupção pelos magistrados do Ministério Público de Florença, está o cardeal Crescenzio Sepe, ex-presidente da Congregação para Evangelização dos Povos e, desde maio de 2006, arcebispo de Nápoles.
Wálter Fanganiello Maierovitch


Rubens
A Igreja Católica (leia-se: os seus dirigentes) está perdida na corrupção e abusos sexuais contra menores. A partir do momento em que o celibato clerical é requisito obrigatório para o ofício do sacerdócio, doutrina que, a propósito, está em confronto com as escrituras (I Timóteo cap. 3 versículos 1 e 2, e Mateus cap. 8 versículos 14 e 15 - Pedro, "o primeiro papa", era casado), que a própria Igreja, "em tese", vaticina como sagradas, temos então um quadro de incoerência intrínseca, vale dizer, a luz do livro que a Igreja afirma guardar (a bíblia), ela mesma é a primeira a descumprir o texto sagrado, demonstrando sua atuação hipócrita por toda a terra.

docartacapital

Cinema Interação Homem e Animal PAZ possível



Sinopse:
Documentário do extraordinário fotógrafo Gregory Colbert sobre seu trabalho, que explora a interação entre humanos e animais. Narrado por Laurence Fishburne, apresenta uma fotografi­a belíssima e texto bastante poético. Todas as imagens não foram manipuladas por computador, sendo exatamente como viu o artista. Uma obra bem particular, que transmite muita PAZ, algo que está bastante escasso atualmente.

Ficha Técnica:
Titulo: Cinzas e Neve
Titulo Original: Ashes and Snow
Gênero: Documentário
Ano/Pais: 2005 / USA
Duração: 63 Min
Director: Gregory Colbert

Elenco:
Laurence Fishburne ... Narrator
Jeanne Moreau ... French Narrator
Enrique Rocha ... Spanish Narrator
Ken Watanabe ... Japanese Voice

Dados Do Arquivo
Tamanho: 1.45 GB
Qualidade: DVDRip
Legenda: Pt-Br

DOWNLOAD TORRENT E LEGENDA



Morgan Freeman: "Lula está colocando o Brasil no mapa"

Depois de Barack Obama dizer que Lula é o Cara, hoje foi a vez do ator Morgan Freeman, fazer elogios ao Presidente Lula

Freeman disse a revista "Isto É" ser um grande admirador de Lula., "É um homem inteligente", declarou.

"Está colocando o Brasil no mapa. Colocou o Brasil no lugar certo. Infelizmente ainda não pude conhecê-lo, mas gostaria muito", disse o ator.

Morgan Freeman está na África do Sul para assistir à final da Copa do Mundo, neste domingo, entre Holanda e Espanha, no estádio Soccer City, em Johannesburgo.
dosamigosdopresidentelula

sexta-feira, julho 09, 2010

Por um Sonegômetro






Capital pego com a mão na botija apela por ordem legal


O título parece um paradoxo e é. O capital adora um sigilo para poder circular livremente pelo mundo, e, principalmente, escapar de taxações, mas se arrepia quando seus dados são descobertos e se tornam passíveis de fiscalização pelos Estados, a quem costumam ludibriar. E apela até para questões legais, como se o que fizesse não fosse burlar constamente as leis.

O Valor reproduz hoje uma história incrível, publicada originalmente pelo The Wall Street Journal, em que dois funcionários da área de private banking do HSBC forneciam uma extensa lista de clientes com contas na Suíça, oferecidas por e-mail anônimo com o sugestivo assunto “Evasão fiscal, lista de clientes disponível.”

Os e-mails foram enviados para as polícias alemã e francesas e para autoridades britânicas. Com base nos dados que acabou apreendendo na casa do funcionário do HSBC, no sul do país, o fisco francês recuperou 1 bilhão de euros em impostos sonegados e promete enviar os dados a outros países que queiram encontar sonegadores.

A Suíça entrou em pânico e quer barrar as investigações. Para uma país que vive do setor bancário, que movimenta US$ 2 trilhões, principalmente em contas secretas, ver reveladas as sonegações que acoberta é perigoso. Não que se envergonhe, apenas prejudica os negócios que cuidam com tanto zelo. Na Suíça, abrir dados bancários é crime. Assim, muito do dinheiro podre do mundo, proveniente do tráfico de drogas e armas e de ditadores e governantes corruptos, acaba nos bancos suíços.

“Se os governos estão no mercado de compra de dados ilegais, isso munda o mundo”, afirmou o presidente do UBS, Oswald Grubel. O que muda o mundo, senhor banqueiro, é o fim da impunidade das contas secretas, que o atual caso revela que tipo de dinheiro esconde.

A Suíça diz que não vai colaborar com nenhuma investigação com base no que considera um arquivo roubado, mas o promotor de Nice, Thierry de Montgolfier, não quer nem saber a origem dos dados. “O que importa para mim é se esses dados são genuínos e confiáveis. Até agora, não tenho dúvida de que são os dois.”

Itália, Espanha e Inglaterra estão investigando os dados e novos sonegadores tendem a aparecer. Os Estados nacionais travam uma luta de gato e rato contra sonegadores, que pouco se importam com as realidades de seus países e com a legalidade. Após uma longa batalha judicial, o UBS foi obrigado a entregar este ano a autoridadaes norte-americanas os nomes de 4.450 contribuintes dos EUA que evadiam impostos e escondiam o dinheiro na Suíça.

O episódio atual é apenas um pequeno golpe no negócio bancário das contas secretas, mas extremamente revelador do que elas protegem. O fim dos paraísos fiscais seria uma medida saneadora para o mundo, mas ela contradiz uma das máximas do capital, que é a de não ter pátria. Assim, ele ataca e rouba os Estados nacionais sem a menor culpa.

dotijolaço

Por um novo logo para a Copa de 2014


Alexandre Wollner, um dos mais respeitados designers brasileiros, disse em entrevista que a marca da Copa de 2014 é uma porcaria, parece alguém com vergonha, e o processo para sua escolha foi antiético. A ADG, a Associação dos Designers Gráficos, foi consultada pela FIFA, mas foi excluída de conduzir um concurso entre designers, o que gerou protestos.

Em post sobre o assunto no blog do Luis Nassif, uma boa idéia surgiu para materializar os protestos e tentar uma solução honrosa, ética e progressista para salvar algo que começa errado: um concurso entre designers brasileiros para uma marca open source. Um modelo paralelo ao oficial, em protesto ao modelo adotado, que valorize nossas nossas referências e dignifique o design brasileiro.

Estou certo que entidades como a ADG e a parte mais consciente da sociedade brasileira abraçará a idéia. Fora o centralismo venal de Ricardo Teixeira! Viva a arte, o futebol, o design e os valores brasileiros!

doabundacanalha



Tire suas conclusões


CBF, uma CNI que dá lucro. Pode isso, Arnaldo?

Flávio Gomes escreveu isto no seu Blog da Copa. O Rob Gordon achou bom, mas quixotesco; o Gravataí Merengue achou que era um monte de merda e devolveu com isto. E eu? Eu vou de mundo corporativo, sindicatos, verminose e outros bichos.
A CNI (todos devem saber) é a Confederação Nacional das Indústrias, entidade sem fins lucrativos que congrega as Federações das Indústrias estaduais (FIESP, FIRJAN, etc.). O mesmíssimo esquema que temos na CBF, a entidade que congrega as federações futebolísticas. Mas existe uma diferençazinha aí: A CNI existe para defender os interesses das indústrias, e a CBF existe para defender os interesses DELA MESMA (como se autônoma fosse).
A CBF é uma fábrica de futebol disfarçada de entidade de classe que ganha MUITO dinheiro arrancando temporariamente jogadores dos clubes e vendendo sua própria imagem – construída, é claro, pelos clubes e seus atletas -, mas dá uma banana a todos eles.você, que torce pro teu time de coração (NINGUÉM aqui TORCE PRA CBF, ok?), se contenta com a sobra (Washington, Souza, Marquinhos…). Aí, a cada quatro anos, você pode se deleitar com os craques que nunca viu ou verá jogar no estádio. Exatamente como as seleções africanas, não? Afinal, quem elege o presidente da CBF são as entidades regionais. Para a CBF, TANTO FAZ ONDE O CARA JOGUE, ela convoca do mesmo jeito. Se os clubes brasileiros quebrarem, FODA-SE, aqui é um criadouro de craques, exporta pra quem pagar melhor e
Em última análise, não faz sentido a qualquer um ser representado por alguém que visa ao lucro ou obtém superávits absurdos praticando a mesma atividade que você (a CBF “não visa ao lucro”, mas superávit não falta por lá e ela “tem um time”), pois, em vez de representante, o ente classista pode tornar-se inimigo do associado que diz representar, caso seu próprio interesse assim exija. Alguém imagina a CNI montando uma “fábrica temporária” de carros com empregados e máquinas “convocadas” da FIAT, VW, Ford? Pois é, então.
Ah, mas quem elege as federações regionais são os clubes! Claro, naquele velho esquema onde o voto do SPFC, do SCCP ou qualquer clube grande vale o mesmo que o do Atlético Sorocaba do Reverendo Moon. E é exatamente aí que reside a diferença entre a CNI e a CBF: se entre as indústrias existe articulação política para que o presidente da FIESP seja alguém comprometido com os associados e eleja, consequentemente, para a CNI alguém com as idéias desses mesmos associados, para a FPF é eleito alguém de interesse DA PRÓPRIA CBF. E como ela é a única entidade classista capaz de gerar receita “própria” e é fiscalizada por ninguém, quem entra não larga o osso! Isto explica o porquê do Ricardo Teixeira estar lá há 21 longos anos. E ficará quanto mais tempo desejar. E colocará em seu lugar quem ele quiser. E os clubes permanecerão na pindaíba que estão, dependendo, de tempos em tempos, de “operações salvadoras” como timemanias, REFIS e outras benesses governamentais. As indústrias também quebram – e também recebem benesses governamentais -, mas não por ingerência ou CONCORRÊNCIA da CNI ou da FIESP.
E a solução? os CLUBES têm de eleger seus representantes de classe. Mas como, se a estrutura não muda? ORA, CORROMPA-SE a estrutura! Os grandes clubes têm de se ASSOCIAR aos pequenos, montando células à prova de corrupção Cebeefense e lançar candidatos próprios, que contarão com os votos dos grandes E dos pequenos associados. Uma maioria constituída fora dos corredores das federações. É muito mais fácil, rápido e democrático do que ficar lutando contra o “voto unitário”, coisa que alguns fazem há 20 anos e não dá em nada.
Do jeito que está aí, os clubes ficarão sempre fracos, mas a CBF será cada vez mais forte, como uma lombriga que enfraquece o hospedeiro e cresce sem parar dentro de seu intestino. Dizem que lombriga mata o homem, mas demora bastante. Vão esperar até quando?

Machismo Nazi do SS erra e cambada






Quando o machismo e o preconceito pautam a cobertura jornalística

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É impressionante como em época de campanha eleitoral muitas pessoas deixam de lado o respeito e a ética profissional e se entregam a um jogo de baixarias, alimentando preconceitos que infelizmente ainda estão enraizados na cultura brasileira. Nesta quinta-feira, 8, o Blog do Josias de Souza, da Folha de São Paulo, publicou uma charge do cartunista Nani carregada de preconceito e refletindo um pensamento dos mais machistas e sexistas que se pode ter.

A charge, pegando gancho na substituição no TSE do programa de governo pro-forma da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, traz a petista como uma garota de programa, em uma esquina rodando bolsa, e dizendo: “o programa, quem faz são os fregueses; PMDB: Barba, cabelo e bigode; PDT: papai e mamãe. E vai por aí...". O título da postagem evidencia a intenção pejorativa da mesma: “Candidata de programa”, não deixando dúvida nenhuma de que o desenho ali expresso reflete uma avaliação depreciativa de quem o fez e também de quem o reproduziu.

Há que se deixar claro aqui uma coisa: o problema não está em comparar Dilma a uma garota de programa, pois não há nada de errado na profissão destas mulheres. O que se critica veementemente aqui é, como muito bem dito por um colaborador deste blog, a “exploração do preconceito” que existe na sociedade contra as prostitutas. Ao sugerir a comparação da candidata com as garotas de programa, a charge revela a pior espécie de “humor”, se é que se pode chamar assim: aquela embasada no preconceito, no machismo e no sexismo, pois há a intenção de diminuir tanto as garotas de programa quanto a candidata.

Machismo alimentado pela imprensa
O machismo, infelizmente ainda arraigado na nossa sociedade, também se faz presente na política. Basta lembrarmos o discurso sexista do então candidato a prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (na época do PPB), em 2000, contra a sua oponente Marta Suplicy (PT). Naquela ocasião, Maluf cunhou a expressão depreciativa “Dona Marta”, querendo dizer nas entrelinhas que lugar de mulher era na cozinha e não na política. Outras tantas vezes naquelas eleições municipais, Maluf ridicularizava a formação acadêmica de Marta Suplicy (a petista é formada em Psicologia com pós-graduação em sexologia), chegando ao ponto de ter chamado a sua adversário de “devassa”.

Passados dez anos, o preconceito não desapareceu. Basta lembrarmos os bordões da oposição e da imprensa logo no início deste ano, que diziam que Dilma era um “poste”, revelando, com isso, uma nítida intenção de dizer que ela era mais uma mulher que estava na “garupa” de um homem, no caso o presidente Lula. O próprio candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse uma infeliz frase em junho deste ano: que o Brasil não pode ser administrado por alguém que “anda de carona” com outro. Que não haja engano: por trás dessas afirmações existe uma carga enorme de machismo, da convicção de que a mulher não está preparada para liderar e ser Presidente da República.

Existe uma boa dose de machismo também quando se diz que Dilma “é dura, é rígida”. Como muito bem dito pela ex-prefeita Marta Suplicy, em recente entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, na Rede TV, o homem pode ser duro que ninguém vai estranhar; agora se uma mulher governa com a seriedade necessária, ela é “dura”. E o impressionante é que a imprensa, ao invés de desmontar esse tipo de preconceito velado, acaba por reproduzi-lo, retroalimentando-o, como fez nesta quinta-feira o Blog do Josias da Souza, da Folha de São Paulo. Certamente, não era essa a postura esperada de um jornalista aparentemente sério como Josias.

Não se pode confundir liberdade de imprensa e de expressão com desrespeito. E o desrespeito aqui não está na associação de Dilma com uma prostituta, como dito anteriormente, mas sim na perpetuação de um preconceito que infelizmente ainda faz parte de nossa sociedade. Quando a cobertura jornalística descamba para esse terreno, o do desrespeito e reprodução do preconceito, em nada contribui para a democracia; ao contrário, a prejudica. E que fique bem claro: a crítica feita por este blog à atitude do jornalista Josias de Souza em nada tem a ver com alguma espécie de macartismo, mas procura sim desmascarar uma atitude notadamente pautada pelo machismo e preconceito por parte de um jornal.

Asqueroso, Josias insiste na baixaria

A charge de péssimo gosto postada no blog de Josias de Souza, que insinua que Dilma Rousseff é uma “candidata de programa”, causou justa e rápida revolta. Um grupo de lideranças feministas enviou ao colunista da Folha uma mensagem com duras críticas. A charge “é absurda, indigna e ofensiva não só à dignidade da candidata Dilma Rousseff, mas extensiva a todas as mulheres brasileiras, independente de suas escolhas político-partidárias”, afirma a nota de repúdio.

Diante desta reação, ainda tímida, o blogueiro predileto da famíglia Frias não só justificou a sua atitude, como debochou dos seus críticos, num texto asqueroso que revela toda a sua arrogância. Intitulado “senhoras pró-Dilma fazem nota de ‘repúdio’ a charge”, o artigo tenta desqualificar as “senhoras” que protestaram, rotulando-as de conservadoras e moralistas, e ainda ataca as forças de esquerda, bem ao gosto do seu candidato presidencial, o demotucano José Serra.

Falso moralismo ou dignidade?

Para ele, a reprodução da charge é “motivo de júbilo pessoal”. Ele não está nada arrependido e ainda rosna. “A charge que ateou fogo no petismo insere-se, com rara precisão, no contexto dos dias que correm, marcados pelo vaivém programático do PT e de Dilma... A perversão exposta no desenho não é a física. O que se expôs, com mordacidade inaudita, foi a prostituição ideológica. Seja como for, é confortante notar que as senhoras pró-Dilma, aferradas a um falso moralismo, já absorveram o fato de o PT ter deixado a história para cair na vida”.

Ele também lamenta que “a reação seja seletiva” e lembra que já postou charges similares contra Serra. No caso, quem deveria reclamar seriam os tucanos, mas eles sabem que Josias de Souza é um servil capacho na redação da FSP (Folha Serra Presidente). No final do texto asqueroso, ele ainda critica a falta de senso de humor das “senhoras pró-Dilma”. Com sua reação histérica, ele é que demonstrou que não aceita críticas e que é muito sisudo e arrogante.


Íntegra da nota de repúdio

A charge do cartunista Nani, reproduzida no blog do jornalista Josias de Sousa no dia 8 de julho de 2010, é absurda, indigna e ofensiva não só à dignidade da candidata Dilma Rousseff, mas extensiva a todas as mulheres brasileiras, independente de suas escolhas político-partidárias.

Só em uma sociedade midiática, em que predominam ainda valores machistas, é possível veicular “impunemente” uma charge tão desqualificadora das mulheres e tão discriminadora com as profissionais do sexo, as quais ainda se constituem como objeto de usufruto masculino.

Além do desrespeito e deselegância presentes na charge sobre a mulher na política, esta candidata tem uma história de luta contra o conservadorismo e as injustiças sociais, a charge reforça o preconceito sexista em relação as mulheres na política, desqualificando-as e fortalecendo o poder masculino.

Por onde irá se conduzir a ética dos comentaristas e chargistas políticos no vale-tudo da campanha eleitoral abrigados sob o teto da liberdade de imprensa?


Assinam a nota:

1) Lourdes Bandeira, professora doutora da UNB;

2) Hildete Pereira de Melo, professora doutora da UFF;

3) Severine Macedo, secretária Nacional da Juventude do PT;

4) Liege Rocha, secretaria Nacional da Mulher do PCdoB;

5) Marcia Campos, presidente da FEDIM;

6) Elza Campos, coordenadora Nacional da UBM;

7) Cecilia Sadenberg, professora doutora da UFBA;

8) Madalena Ramirez Sapucaia, professora da PUC-RJ;

9) Rachel Moreno, Observatório da Mulher;

10) Laisy Moriére, secretária Nacional de Mulheres do PT;

11) Angélica Fernandes, Coletivo Nacional de Mulheres do PT;

12) Rosangela Rigo, Coletivo Nacional e Secretária Estadual de Mulheres do PT-SP;

13) Alessandra Terrible, Coletivo Nacional de Mulheres do PT;

14) Fabiana Santos, Coletivo Nacional de Mulheres do PT;

15) Fátima Beatriz Maria, Coletivo Nacional de Mulheres do PT;

16) Kátia Guimarães, Coletivo Nacional e Secretária Estadual de Mulheres do PTMS;

17) Maria Teles do Santos, Coletivo Nacional e Secretária Estadual de Mulheres do PT-SE;

18) Paula Beiro, Coletivo Nacional de Mulheres do PT;

19) Raquel Auxiliadora, Coletivo Nacional de Mulheres do PT;

20) Suely de Oliveira, Coletivo Nacional de Mulheres do PT.
do Altamiro Borges


Os machos que “podem mais?!?"

Que os antipetistas do sexo masculino – que num passado recente desrespeitaram Luiza Erundina e Marta Suplicy quando estas governaram São Paulo (e certamente fariam o mesmo com Marina Silva se ela tivesse chances de se eleita) – se sintam de alma lavada com a infeliz charge do Nani publicada no blogue do não menos infeliz Josias de Souza (veja aqui), é compreensível: os únicos argumentos desses trogloditas nesta campanha eleitoral se baseiam em preconceitos, racismo e machismo.

Espantoso mesmo é constatar que ainda existam mulheres que aplaudem um desenho carregado de agressão machista sob o pretexto de insultar Dilma Rousseff, como mostram os comentários delas no espaço do blogueiro. O curioso é que simultaneamente a isso, há o atual bombardeio midiático de uma superprodução sensacionalista envolvendo o goleiro do Flamengo que mandou matar a mãe de um filho seu. Crime cometido por um time de homens usando requintes de crueldade hedionda e que a mídia dissecará até o osso.

O que tem a ver uma coisa com outra? Tem tudo a ver! O machismo impera em nossa sociedade. Mesmo que de forma velada. Impera em maior proporção entre candidatos e eleitores dos partidos conservadores. As leis brasileiras acalentam os assassinos de esposas, namoradas ou amantes como se fossem eles as vítimas das megeras do sexo feminino. É quase lei entre os homens, que as mulheres agredidas são culpadas até provarem o contrário. Isto é, se tiverem alguma chance de defesa antes de receberem o castigo pelas próprias mãos dos valentões. Sem falar da prostituição infantil, do comércio de adolescentes, dos estupros, pedofilia…

Charges como aquela que Nani fez “sem querer ofender ninguém” e o blogueiro publicou “inocentemente”, só fortalecem essa cultura da impunidade do macho e a defesa de sua honra canalha. Porque não se trata de uma personagem fictícia de Nelson Rodrigues. É preconceito sexista, travestido de piada, que chama de prostituta a quem provavelmente será a presidenta deste país. E essa mulher tem uma filha, que por sua vez tem um pai. Ironicamente, Dilma Rousseff foi presa e torturada por tentar reaver o direito que para nós parece fútil às vezes: o direito de nos manifestarmos livremente, democraticamente, até mesmo para debocharmos de qualquer um que nos der na telha. E mais ainda: estarmos sujeitos a criticas por isso.

Josias de Souza, dentro do seu habitual expediente de fofoqueiro da corte e peão de campanha de Serra, apelou para mais um ataque machista contra Dilma e por tabela contra as mulheres em geral. Recebeu, merecidamente, uma avalanche de críticas, não só dos eleitores petistas, mas de pessoas de todo o país que se sentiram ofendidas, independente do sexo e das preferências políticas. E por trás do “bom humor” do chargista, mesmo que inconsciente, reside o preconceito machista na forma de humilhação da figura feminina. Poderia ter criticado e debochado da presidenciável e de suas alianças de diversas formas, menos desta.

Este episódio mostra quais serão as diretrizes da campanha de Serra. Na falta de argumentos e propostas, por estagnarem nas pesquisas e pela sinuca de bico em que Lula os colocou – atacarão sua oponente com a truculência do macho viril que “pensa que pode mais” … Mas, pelo histórico de vida de Dilma, sabemos que isso não a atingirá e nem lhe arranhará a integridade. Aliás, foi por este motivo, entre outros, que Lula apostou nela para sua sucessão. Já tentaram de tudo para denegrir sua imagem: a ficha falsa de “terrorista”, o “apagão” de 3 horas, o “caso” Lina Vieira, o “dossiê” contra Serra… e nada: não saem do lugar, os patetas.

Já Serra, tem uma longa e palpável lista de fraudes e malfeitorias em seu currículo e não será poupado nos argumentos da campanha do PT como o foi pela mídia ao longo dos últimos anos. Tem dois longos meses pela frente para engabelar a opinião pública até chegar aos debates, quando conta em derrubar Dilma (que estará 10 pontos percentuais à sua frente nas intenções de voto) usando alguns truques de retórica ardilosa que trará nas mangas. Apostará todas as suas fichas como macho-macaco-velho, – ele e as emissoras que organizarão os debates – tentando desequilibrar sua oponente emocionalmente. (Certamente, neste exato momento, em algum lugar, uma equipe de machistas prepara-lhe os truques retóricos a serem usados.)

Quando inquirido, será, acima de tudo, repetidamente mentiroso como foi em toda a carreira. Mas o problema do mentiroso compulsivo, é que, com o passar do tempo, torna-se transparente. E Dilma saberá desmascará-lo ao vivo, em rede nacional. Então, finalmente, ao sair de cena, entenderá que o povo escolheu um projeto de governo que será conduzido por uma mulher. Como poderia ser conduzido igualmente por um homem.

Quanto ao chargista, este sim continuará em cena. E se dependesse de mim, jamais teria trabalho em qualquer redação de qualquer publicação. Que saudades, aliás, eu tenho do Glauco…




Do amigo Roni Chira, do Blog O que será que me dá?