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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 24, 2011

Há crimes cujo silêncio é cumplicidade

  Escrito por  
Um grupo de vítimas de religiosos pedófilos pediu nesta terça-feira, em Roma, que os funcionários de igrejas católicas de todo o mundo denunciem os culpados, a fim de reforçar a denúncia movida contra o pontífice no Tribunal Penal Internacional (TPI), por crimes contra a Humanidade.

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Sto Agostinho

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‘Somos forçados a viver como se fôssemos livres’



É a economia POLÍTICA, estúpido!”

Slavoj Žižek
10/10/2008, Slavoj Žižek, London Review of Books
(só na edição online)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Um dos traços mais impressionantes da reação ao atual derretimento do mercado de ações [atenção: o artigo é de 2008!] é que, como disse um dos atores: “Ninguém, de fato, sabe o que fazer.” Isso, porque expectativas são parte do jogo: como o mercado reage a uma determinada intervenção depende não só de o quanto banqueiros e corretores confiam na intervenção, mas, e mais, de o quanto eles creem que os outros confiarão neles. Keynes comparou o mercado de ações a uma competição na qual os participantes têm de escolher várias lindas garotas de uma centena de fotos: “Não se trata de escolher as que, pelo juízo de cada um, são as mais bonitas, nem, sequer, de escolher as que sejam tidas como mais bonitas, de fato, pela opinião média. Alcançamos já o terceiro estágio, no qual devotamos nossa inteligência a tentar antecipar o que a opinião média esperará que seja a opinião média. Somos forçados a escolher sem ter o conhecimento que nos capacitaria a escolher. Ou, como disse John Gray: ‘Somos forçados a viver como se fôssemos livres’.”[1]
Joseph Stiglitz escreveu recentemente que, embora haja crescente consenso entre os economistas de que nenhum resgate baseado no plano de Henry Paulson funcionará, “é impossível, para os políticos, nada fazer numa crise como essa. Assim sendo, temos de rezar para que um acordo construído da mistura tóxica de interesses especiais, economias viciadas e ideologias de direita que gerou a crise consiga, sabe-se lá como, produzir plano de resgate que funcione – ou cujo fracasso não cause excessivo dano” [2] Está correto: uma vez que os mercados são, sim, baseados em crenças (inclusive em crenças sobre crenças de outras pessoas), o modo como mercados reagem ao resgate depende não só das consequências reais, mas de os mercados crerem na eficiência do plano. O resgate pode funcionar, ainda que seja economicamente errado.
Há íntima semelhança entre os discursos de George W. Bush desde o início da crise e os discursos que fez ao povo norte-americano depois do 11/9. Nas duas oportunidades evocou a ameaça ao American way of life e a necessidade de ação rápida e decisiva para enfrentar o perigo. Nas duas, pediu a suspensão parcial de valores dos EUA (das garantias de liberdade individual, num caso; do capitalismo de mercado, no outro), para salvar os mesmos valores que queria suspender.
Postas diante de desastre sobre o qual não temos influência efetiva, é comum que as pessoas digam, estupidamente, que “Não basta falar, é preciso fazer algo!” Parece que, nos últimos tempos, temos feito demais. Talvez seja hora de dar um passo atrás, pensar e, afinal, dizer coisa com coisa. É verdade que, em geral, falamos sobre fazer, mais do que fazemos – mas às vezes fazemos coisas para evitar falar e pensar sobre o que fazemos. Como enfiar $700 bilhões num problema, em vez de pensar sobre o que fez surgir o problema.
Dia 23/9 [2008], o senador Republicano Jim Bunning acusou o plano do Tesouro dos EUA para o maior resgate financeiro desde a Grande Depressão de ser “antiamericano”: “Alguém tem de assumir essas perdas. Podemos deixar que os que tomaram decisões erradas sofram as consequências de suas escolhas, ou podemos transferir as dores para outros. Isso, exatamente, é o que o Secretário propõe que se faça: peguem as dores de Wall Street e transfiram para os contribuintes (...) Esse resgate massivo não é a solução, é socialismo financeiro e é antiamericano.”
Bunning foi o primeiro a expor o substrato da revolta dos Republicanos contra o plano de resgate, que alcançou o clímax quando o plano foi rejeitado, dia 29/9 [2008]. A resistência foi formulada em termos de “luta de classes”, Wall Street contra a Rua Principal: por que deveríamos ajudar os responsáveis pelos erros (‘Wall Street’) e deixar que os tomadores comuns (da Rua Principal) paguem por eles? Não é perfeitamente o caso do que os economistas chamam de “risco (a)moral” [ing. moral hazard]. É o risco de que alguém aja imoralmente, porque um seguro, a lei ou outros agentes o protegem contra qualquer eventual perda que o comportamento imoral ou criminoso possa causar: se tenho seguro contra incêndio, por exemplo, pode acontecer de eu me tornar descuidado ou, mesmo, de por fogo à casa que me custa manter. Vale o mesmo para grandes bancos, que são protegidos contra grandes perdas e, sempre, podem preservar seus lucros.
Que a crítica do plano de resgatar grandes financeiras tenha vindo, simultaneamente, tanto dos Republicanos quando da esquerda deve nos faz pensar melhor. Nesse caso, esquerda e direita partilham o mesmo desprezo por grandes especuladores e gerentes de grandes corporações que lucram com decisões arriscadas, mas são protegidos contra a falência por “paraquedas de ouro”. Sobre isso, o escândalo da Enron em janeiro de 2002 pode ser interpretado como comentário irônico à noção de sociedade de risco. Milhares de empregados que perderam os empregos e todas as economias estavam, sem dúvidas, expostos ao risco, e pouco podiam fazer ou opinar sobre os negócios da empresa. Mas os altos diretores e gerentes, que sabiam dos riscos e tinham meios para agir, minimizaram os próprios riscos, vendendo ações e opções antes da bancarrota. Portanto, embora seja verdade que vivemos em sociedade que nos impõe escolhas arriscadas, é sociedade na qual os poderosos fazem as escolhas, e os outros correm os riscos.
Se for mesmo medida “socialista”, o plano de resgate é socialista de modo bem estranho: medida ‘socialista’ para ajudar não os pobres, mas os ricos, não os que tomam empréstimos, mas os emprestadores. Parece que ninguém tem nada contra o ‘socialismo’, desde que sirva para salvar o capitalismo. Mas... e se houver um “risco (a)moral, um “moral hazard”, inscrito na estrutura fundamental do capitalismo? O problema é que não há como separar o bem-estar da Rua Principal e o bem-estar de Wall Street. A relação entre as duas é não transitiva: o que é bom para Wall Street nem sempre é bom para a Rua Principal, mas a Rua Principal não pode prosperar se Wall Street andar mal das pernas – e essa assimetria assegura uma vantagem a priori para Wall Street.
O argumento “torto” contra a redistribuição (mediante taxação regressiva, etc.) é que, em vez de tornar os pobres mais ricos, ela torna os ricos mais pobres. Contudo, essa atitude só aparentemente anti-intervencionista esconde um argumento a favor da atual intervenção estatal: embora todos desejemos que os pobres melhorem de vida, é contraproducente ajudá-los diretamente, porque os pobres não são o elemento dinâmico e produtivo. A única ‘boa’ intervenção será ajudar os ricos a ficar mais ricos, e, então, automaticamente, os lucros espalhar-se-ão e chegarão aos pobres. Jogue muito dinheiro em Wall Street, que ele, eventualmente, escorrerá até a Rua Principal. Se você quer que o povo tenha dinheiro para construir, não dê o dinheiro diretamente ao povo, mas ajude os que vivem de emprestar dinheiro ao povo. Só assim se cria prosperidade genuína – a alternativa será o estado meramente distribuindo dinheiro para os mais necessitados à custa dos que realmente criam riqueza.
É fácil demais descartar esse raciocínio como defesa hipócrita dos ricos. O problema é que, enquanto vivermos presos ao capitalismo, temos de encarar que há alguma verdade naquele argumento: o colapso de Wall Street realmente atingiu os trabalhadores comuns. Por isso os Democratas que apoiaram o resgate não tiveram atitude inconsistente com suas tendências de esquerda. Teriam sido inconsistentes, sim, se aceitassem a premissa dos Republicanos populistas para os quais o capitalismo e a economia de livre mercado seriam assunto sobre o qual devessem ouvir a classe trabalhadora, e que intervenções estatais seriam estratégia da classe ‘alta’, para explorar os trabalhadores.
Nada há, de novidade, em intervenções estatais fortes no sistema bancário e na economia em geral. O “crack”, ele mesmo, é efeito dessa intervenção: quando, em 2001, explodiu a “bolha” das empresas pontocom, resolveu-se facilitar o crédito para redirecionar o crescimento na direção de construírem-se mais residências. A verdade é que as decisões responsáveis pelas relações econômicas internacionais são sempre decisões políticas.
Há alguns anos, uma matéria da CNN sobre o Mali expôs claramente a realidade do “livre mercado” internacional. Os dois pilares da economia do Mali são o algodão no sul e o gado no norte, e as duas regiões estavam em crise por causa do modo como as potências ocidentais violam as regras que elas mesmas impõem tão brutalmente às nações do Terceiro Mundo. O Mali produz algodão de altíssima qualidade, mas o estado, nos EUA, gasta mais dinheiro em subsídios aos produtores norte-americanos de algodão que o orçamento nacional do Mali. Não é surpresa para ninguém que o Mali não consiga competir no mercado. No norte, a culpa é da União Europeia: a EU subsidia cada vaca europeia, com quinhentos euros por ano. O ministro da economia do Mali disse: não precisamos de ajuda nem de assessoria nem de conselhos nem de aulas sobre os efeitos benéficos de abolirem-se regulações estatais excessivas. Basta, por favor, que vocês respeitem as regras que vocês mesmos inventaram, para o “livre mercado”, e acabam-se os problemas. Por onde andavam, então, os republicanos que defendem o “livre mercado”? Sumiram de cena, porque o colapso do Mali é resultado do que significa os EUA porem “nosso país em primeiro lugar”.
O que tudo isso indica é que o mercado jamais é neutro: todas as suas operações são sempre reguladas por decisões políticas. O real dilema jamais é “intervenção estatal ou não?”, mas “que tipo de intervenção estatal?” E esse é um dilema político: a luta para definir as condições que governam nossa vida. O debate sobre os negócios do resgate dos bancos, com decisões sobre traços fundamentais de nossa vida social e econômica, mobilizando, até, o fantasma da luta de classes. Como acontece em muitas verdadeiras questões políticas, essa questão é suprapartidária. Não há opinião “objetiva” de especialista que possa ser apenas aplicada: é indispensável enfrentar a decisão política.
Dia 24/9[2008], John McCain suspendeu a campanha eleitoral e foi para Washington, dizendo que seria hora de pôr de lado as diferenças partidárias. Foi gesto que realmente sinalizava que estaria disposto a pôr fim à política partidária, para enfrentar os reais problemas que nos dizem respeito a todos? Definitivamente, não: foi um momento “McCain parte para Washington”, mais nada. Política é, precisamente, a luta para definir o terreno “neutro”, razão pela qual a proposta de McCain, de que se apagassem as linhas partidárias era puro jogo de cena política, política de partido, mascarada como não partidária, tentativa desesperada para impor sua posição como se fosse universal-apolítica. Pior ainda que política partidária, é política partidária que tenta mascarar-se como não partidária: que visa a impor-se, ela mesma, como se fosse alguma voz do Todo. Essa política reduz os oponentes, porque os põe como agentes de interesses particulares. (...) Nas eleições de 1992, Clinton venceu com o mote “É a economia, estúpido!” Os Democratas precisam incorporar outra mensagem: “É a economia POLÍTICA, estúpido!” Os EUA não precisam de menos política. Precisam de mais.

Notas dos tradutores
[1] John Maynard Keynes, The General Theory of Employment, Interest and Money, cap. 12: “The State of Long-Term Expectation”, em inglês.
*GrupoBeatrice

Os Palestinos são os novos judeus


Os palestinos são os novos judeus

Os palestinos sangraram por 63 anos o preço pago pelo erro fatal da oposição de seus líderes ao plano de partição de 1947; os israelenses não devem agora lamentar por outros 63 anos e pagar um alto preço por sua teimosia e oposição resistente ao plano de partição de 2011. Olhem para eles e olhem para nós. Eles são o que nós fomos um dia. O artigo é de Gideon Levy.

Olhe para os palestinos e olhe para nós. Olhe para os seus líderes e lembre dos nossos. Não, é claro, dos que temos hoje, mas dos que um dia tivemos, aqueles que estabeleceram um estado para nós. Os palestinos são os novos judeus e seus líderes são impressionantemente parecidos aos ex-líderes sionistas.

O David Ben-Gurion deles não está mais com eles – Yasser Arafat morreu em circunstâncias misteriosas – mas olhe para Mahmoud Abbas: não é ele Levi Eshkol? Saeb Erekat – não é Abba Eban? Salam Fayyad – não é ele Pinhas Sapir ou Eliezer Kaplan? A mesma moderação, a mesma personalidade discreta, o mesmo pragmatismo, a mesma sabedoria política e até, em certo grau, o mesmo senso de humor. Para alcançar o que é alcançável, desistir dos grandes sonhos – no plano de partição e também na solução dos dois estados.

Na época, foram os líderes sionistas pragmáticos que concederam e transigiram, hoje, são os líderes pragmáticos da Autoridade Palestina. Na época eles insistiam em ter tudo, agora é nossa vez. Ambos foram fustigados por uma oposição interna extremista, ultranacionalista e intransigente.

O grupo palestino que está agora na ONU deveria nos lembrar do grupo de sionistas que estiveram na mesma instituição, 64 anos antes. Sim, eles têm diferenças. E ainda assim sua similaridade é cativante: hoje eles são os fracos versus os fortes, Davi versus Golias, seu Qassam não pode não nos lembrar de nosso Davidka [Davizinho].

Eles são hoje aqueles cuja causa é justa aos olhos do mundo. O mesmo mundo que entendeu, em novembro de 1947, que os judeus (e os palestinos) mereciam um estado, entende em setembro de 2011 que os palestinos finalmente merecem um estado. Então, depois do trauma do Holocausto, agora, depois do trauma da ocupação, sem fazer comparações.

Nos próximos dias o povo estará grudado nos seus rádios, contando os votos: Rússia, sim; Estados Unidos, não; Argentina – abstenção. Isso não nos lembra de tempos esquecidos? As Nações Unidas cresceram desde então, mas a proporção será similar: uma maioria absoluta a favor. A diferença: as grandes potências apoiaram a partição na época, a grande potência hoje se opõe ao estado palestino. Mas a validade moral permanece a mesma, não há mais quem no mundo seriamente afirme que eles não merecem o que nós merecemos, sem ser racista, ou chauvinista ou um oportunista cínico.

É impressionante como os israelenses não estão dispostos a reconhecerem as similaridades. É impressionante como estão sendo usados e como estão cegos, por conta de uma campanha de lavagem cerebral e das táticas do medo, por meio das quais o reconhecimento dos direitos dos palestinos são apresentados como uma ameaça e um perigo existencial, e nada mais.

Por que é que não há israelenses o suficiente que veem a oportunidade e a esperança para Israel neste passo diplomático? Sim, para Israel também. E por que é que não há israelenses o suficiente que veem nitidamente o fato claro de que o coração de quase o mundo inteiro está com os palestinos, e que não estão tocando uma sirene ensurdecedora e atrasada em homenagem a eles?

Israel no seu nascimento foi considerado um modelo de sociedade, muitíssimo distante do que o é a Palestina, no seu. Israel legou valores para o mundo socialista e feminista, o kibutz e o moshav, a absorção de imigrantes e a igualdade da mulher – um farol de igualdade e justiça social. Os palestinos estão hoje numa posição inferior: sua sociedade é mais corrupta e menos igualitária que a nossa era, nem eles estabeleceram um estado por si mesmos, com instituições sólidas como as que tínhamos.

Mas a situação aqui se tornou irreconhecível. A Israel de 2011 não é mais considerada um modelo de sociedade em nenhum aspecto. Com um certo número de políticos israelenses corruptos na prisão, ou a caminho, com um capitalismo bastante selvagem e uma ocupação bastante brutal, a história do grande sucesso nacional e social do século 20 é hoje considerada a história de uma oportunidade perdida no século 21. O caminho da reparação dessa oportunidade fatal perdida deve ser agora o do novo plano de partição.

Os palestinos sangraram por 63 anos o preço pago pelo erro fatal da oposição de seus líderes ao plano de partição de 1947; os israelenses não devem agora lamentar por outros 63 anos e pagar um alto preço por sua teimosia e oposição resistente ao plano de partição de 2011. Olhem para eles e olhem para nós. Eles são o que nós fomos um dia.

Tradução: Katarina Peixoto
*Brasilmobilizado

#Forum10: A primeira festa-debate com shows, cerveja e transmissão ao vivo

A #Forum10, festa que celebrará os 10 anos da Revista Fórum e que acontece neste sábado na Casa do Fora do Eixo em São Paulo (rua Scuvero, 282, Cambuci), está com a programação de debates praticamente fechada. Serão nove mesas e um momento que estamos chamando de Arena Livre. A programação será transmitida ao vivo pela internet (este blog, por exemplo, vai estar lincado) a partir das 10h do sábado. Algo mais ou menos na linha do que foi o 48h no primeiro e no segundo turno da última eleição presidencial, mas agora com uma grade organizada.
Dispenso-me de comentários a respeito da qualidade dos debatedores. Só preciso agradecer a cada um deles que se dispôs a participar do evento na mais absoluta camaradagem. O que mostra que a rede colaborativa que estamos construindo é capaz de ações muito ousadas. E bonitas.
Mas não pense que o evento será só com debates. É festa. E não vai faltar festa.

Jornalista Merval Pereira toma posse na Academia Brasileira de Letras e deixa feliz o Machado de Assis branco da Caixa Econômica , mas o real e mestiço se revira em seu túmulo e pede que retirem seu nome dessa instituição. Esse Merval está na mesma Academia do homem que escreveu "Dom Casmurro". Capitolina - a Capitu chora , envergonhada pela traição dos "imortais"

JOÃO PAULO GONDIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O jornalista fluminense Merval Pereira, 61, tomou posse da cadeira 31 da ABL (Academia Brasileira de Letras) nesta sexta (23), ocupando o lugar do escritor gaúcho Moacyr Scliar, morto em fevereiro.
"Minha função como acadêmico é a mesma de como jornalista: produzir conhecimento e difundi-lo para o bem do nosso país e da nossa cultura", disse ele na cerimônia de posse, no centro do Rio.
No discurso, ele comemorou o fato de o jornalismo se fazer presente na Academia, ao lembrar que vários de seus antecessores no assento também trabalharam na imprensa --entre eles, o próprio patrono da vaga, o poeta fluminense Pedro Luís (1839-1884).
Pereira também fez uma defesa da liberdade de imprensa e criticou qualquer tentativa de controle da mídia.
Além de acadêmicos --inclusive o senador José Sarney (PMDB-AP)--, participaram da cerimônia os ministros do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia e Carlos Ayres Britto. O ex-ministro do STF Eros Grau, eleito na semana passada para a Academia Paulista de Letras, também compareceu.
Merval Pereira foi eleito no último dia 2 de junho. Na ocasião, derrotou, por 25 votos a 13, o escritor baiano Antônio Torres. Houve uma abstenção.
O novo acadêmico escreveu dois livros. O primeiro, "A Segunda Guerra, Sucessão de Geisel", de 1979, reúne reportagens que fez para o "Jornal de Brasília" com o editor André Gustavo Stumpf. O último, "O Lulismo no Poder", publicado em 2010, é uma compilação de artigos que escreveu sobre os dois governos Lula.
Ele é colunista político do jornal "O Globo" e comentarista da Globo News e da rádio CBN.

Pedro Carrilho/Folhapress
O senador José Sarney entrega espada para o jornalista Merval Pereira, que tomou posse da cadeira 31 da ABL
O senador José Sarney entrega espada para o jornalista Merval Pereira, que tomou posse da cadeira 31 da ABL

"Mensalão" de SP e silêncio da mídia

Do blog Os amigos do presidente Lula:

O deputado estadual paulista Roque Barbiere (PTB), conhecido como Roquinho, concedeu entrevista ao programa "Questão de Opinião", no site do Jornal "Folha da Região" de Araçatuba, e soltou a seguinte bomba:

Vixe Maria, mas não dizem que nordestino é burro?!

Brasileiro é o 3º melhor do mundo na Olimpíada de Informática

O primeiro brasileiro a ganhar uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Informática foi premiado na tarde desta quinta-feira, em São Paulo. O estudante paraibano Felipe Abella Cavalcante Mendonça de Souza, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), recebeu um Ipad depois de ter ficado na terceira colocação geral da competição internacional, que ocorreu em julho, na Tailândia, e teve mais de 300 participantes. A medalha de ouro foi dada aos três primeiros colocados.

Leia mais no Nassif

Se a Globo não viu, não existiu


A gracinha do Bibi


O Bibizinho disse ontem na ONU que o pobre Estado de Israel tem sido constantemente atacado pelos brutamontes dos palestinos, que contra os indefesos judeus lançam pedras, verdadeiros torpedos mortíferos.

Deu dó.

Fui às lágrimas.

E vocês observaram as paradas de efeito que o Bibi dava ao final de quase todos os parágrafos que lia?

Geil! (Tesão)

Ai, ai, aquele olhar!

Que dramaticidade! *Brasilmostraatuacara

Palestina, uma vergonha para o mundo

Minha geração cresceu admirando a luta dos palestinos por sua terra. A de meus filhos, idem. Não pode haver um de nós que, baseado nos princípios de justiça, possam desejar que mais uma geração tenha de ver um povo ser pátria, como foi, antes, o próprio povo judeu.
A fala do líder da Autoridade Palestina, Mahamoud Abbas, hoje, na Assembléia da ONU, foi um momento do qual devemos nos envergonhar. Não porque é justo, correto e civilizado. Mas porque é tardio e, ainda assim, rechaçado.
66 anos após a fundação das Nações Unidas, 64 anos após a comunidade dos países ter criado, com terra palestina, o Estado de Israel, nem mesmo o Estado Palestino, estabelecido ali, pôde começar a existir.
De novo como os judeus, eles passaram a andar de terra em terra, apartados, colocados em guetos, discriminados. Onde se refugiavam, eram alvo de ataque, como ocorreu na Jordânia e, depois, no Líbano.
Lembro-me, com toda a nitidez, de uma cena impressionante, eu jamais me sairá da memória, quando dois palestinos, com uma pequeníssima metralhadora montada na traseira de uma camionete dos anos 50, corriam como numa daquelas antigas comédias dos anos 30, pelas ruas destruídas de Beirute, tentando, obviamente em vão, atingir os jatos F-5 americanos da Força Aérea que bombardeavam impiedosamente a cidade de um dos lados da chamada “Linha Verde”, que a separava entre cristãos e muçulmanos.
Os israelenses, agora, eram Golias, não mais  David.
Inútil argumentar que há terroristas entre os palestinos. Havia-os também entre os judeus dos anos 40, ansiosos por terem seu país, sua terra, seu Heretz Israel.
Entre eles, Menahen Beguin, que fez parte da organização Irgun, que matou soldados britânicos e explodiu o Hotel Rei David, onde funcionavam serviços britânicos e moravam as famílias dee seus funcionários. Morreram 91 pessoas: ingleses, árabes e judeus, em 1.946. Menahem Beguin tornou-se, três décadas depois, primeiro-ministro de Israel.
Israel tem razão ao afirmar que não se fará a paz com o simples reconhecimento do Estado Palestino. Não, não se fará.  O reconhecimento pleno da palestina é, porém, o primeiro e indispensável passo para qualquer possibilidade de acordo duradouro, porque nivela os palestinos á condição de um  povo que precisa de soluções para ter um território e, assim, ter um país.
Sem a figura de Yasser Arafat, o homem que simbolizou a longa luta palestina, tudo é mais difícil. Não há outra liderança simbólica como ele, é verdade, capaz de unir os palestinos. Igualmente, a prolongada política de tolerância internacional com a ocupação de terras palestinas criou centenas de milhares de problemas, um em cada família israelense que ocupa o chão palestino e seus melhores – e parcos – recursos de terra agricultável, com fontes de água.
Não importa o tamanho das dificuldades, porém, para tornar pequenos os deveres com os palestinos que o mundo tem. Se saudamos e até autorizamos ações militares para que árabes tenham direito a terem livremente seus governos, não reconhecemos o dever da humanidade de interferir para que os palestinos tenham um país?
A atitude de negar o Estado palestino não é uma vergonha apenas para Israel e para os EUA. É uma vergonha para a humanidade, como foi a perseguição dos judeus pelo nazismo.
E se não queremos  que nosos filhos e netos vejam isso, muitíssimo menos queremos ver geração após geração de crianças palestinas aprendendo a jogar pedras ou crescer manejando armas como faria qualquer povo por sua pátria.
*Tijolaço