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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Nahas, Pinheirinho, Ilhas Virgens. Essa tal privataria vai longe... 

 

Filhos de Nahas operam com imóveis e empresa nas Ilhas Virgens (vizinha da PO Box da filha do Serra)
Se Naji Nahas está falido, ele não pode ter empresas. Mas seus filhos podem. E eles têm empresas de negócios imobiliários, com terrenos (semelhantes ao do Pinheirinho) que usam para fazer incorporações de condomínios milionários.
Uma das empresas de dois filhos de Naji Nahas é a Rofer Administração e Construção Ltda., que participou da incorporação de um edifício de alto padrão em São Paulo, o Acropólis Paraíso.
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Rofer

A empresa dos filhos de Nahas, tem duas coisas em comum com aquelas empresas da filha e do genro de José Serra, figuras centrais do livro de Amaury Ribeiro Jr., "A Privataria Tucana".
A Rofer tem como sócia um empresa off-shore situada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, e que lhe injetou alguns milhões ao capital social. Coincidentemente, a off-shore fica na mesma Road Town, na mesma ilha Tortola que aquela empresa da filha do Serra tinha em comum com a irmã de Daniel Dantas, nas mesmas Ilhas Virgens.
E por falar em José Serra, na operação Satiagraha a equipe do delegado Protógenes Queiroz capturou esse diálogo de Naji Nahas, conforme o relatório da Polícia Federal sobre a operação que vazou. Notem como o especulador revela obter informações quentíssimas do próprio Serra sobre a Cesp, que podem proporcionar lucros de R$ 80 milhões.
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Isso mostra que o agora deputado Protógenes (PC do B-SP) e o jornalista Amaury Ribeiro Jr. ainda têm muito trabalho pela frente.
Em tempo: Nahas chegou a ser condenado na justiça do Rio de Janeiro por falência fraudulenta (geralmente consiste em ocultar patrimônio, como, por exemplo, passar bens para o nome de parentes, de forma a ficar fora do alcance de credores). Recorreu no STJ (Superior Tribunal de Justiça), e o processo ficou lá vagando até prescrever.


Um novo projeto socialista é possível?


Na avaliação do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, a grande tarefa dos movimentos e organizações que participam do Fórum Social Mundial hoje é buscar elementos mínimos de unidade para elaborar um programa de resistência e um novo projeto socialista. "A tipologia tradicional dos partidos de esquerda hoje está esgotada e os novos movimentos sociais ainda não conseguiram transcender o nível de mobilização de rua para o de organização política. A esquerda precisa recuperar a ideia de socialismo, mas não há nenhum acordo sobre como fazer isso", defende.

 
Porto Alegre - “A grande tarefa do Fórum Social Mundial hoje é procurar identificar nas forças políticas e sociais que o constituem elementos mínimos de unidade para elaborar um programa de resistência e um novo projeto socialista. O Fórum foi e permanece sendo um movimento de grande importância para a esquerda mundial”. A avaliação é do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), ao falar para a Carta Maior sobre os desafios colocados para a articulação de movimentos e organizações que constituem o processo do Fórum Social Mundial.

Após mais de dez anos de estrada e de debates, o FSM busca hoje definir qual é seu papel no atual contexto de crise econômica e instabilidade política e social em várias regiões do planeta. O Fórum, afinal de contas, nasceu para lutar por um outro mundo possível, e o mundo está se movendo rapidamente.

A reflexão de Tarso Genro sobre o Fórum Social procura situar historicamente o movimento no contexto da história da esquerda mundial no século XX. “O Fórum Social Mundial nasceu de duas vertentes que não tem uma mesma fundamentação crítica: os novos movimentos sociais que começaram a surgir na década de 80 e as forças críticas anticapitalistas ligadas à nova esquerda marxista, não leninista, que floresceram após o fim da União Soviética. Essas duas vertentes deram o tom das duas primeiras edições do Fórum”.

Ainda segundo a avaliação do governador gaúcho, o desenvolvimento do processo de globalização pós-queda da União Soviética, sob uma hegemonia neoliberal, não encontrou nestas forças de esquerda ligadas ao Fórum Social Mundial uma resposta minimamente uniforme. “Assim, o Fórum que nasceu para ser uma grande articulação contrária a esse modelo de globalização, passou a ser fundamentalmente um espaço de debates”. Mas, no final da primeira década do século XXI, aponta Tarso Genro, esses debates sofreram um bloqueio importante: “uma parte das organizações, mais ligada à esquerda partidária, queria que o Fórum se tornasse uma nova internacional ; outra, ligada aos movimentos sociais, defendia um tipo de articulação política diferente deste da esquerda mais tradicional; e uma terceira parte achava que o Fórum deveria permanecer como um espaço de debates, sem estrutura organizativa”.

Nos últimos anos, prossegue, o Fórum foi marcado por esse debate e tenta hoje redimensionar sua atuação. “Estamos vivendo um largo período histórico de reorganização da esquerda em meio a um clima de decadência do neoliberalismo. Não existem hoje, na minha avaliação, condições teóricas e organizativas nem uma ideologia socialista compatível com os desafios da conjuntura que estamos vivendo. Não há, do ponto de vista da esquerda, a hegemonia de uma visão sobre como enfrentar as crises do capital globalizado. Não há tampouco, com exceção do Brasil e talvez alguns outros poucos países, um partido de esquerda forte capaz de enfrentar essa agenda”.

Daí, defende Tarso Genro, surgiria a grande tarefa do Fórum: “buscar elementos mínimos de unidade para elaborar um programa de resistência e um novo projeto socialista”.

O governador reconhece os obstáculos para a realização dessa tarefa. A esquerda, do ponto de vista de seus partidos, também atravessa um período de transição, assinala. “Mesmo os partidos mais tradicionais, como os comunistas e os social-democratas, apresentam muitas diferenças entre si. A social-democracia abandonou seu documento mais importante, que era a defesa do programa de proteção social. Alguns países, como Suécia, Noruega e Dinamarca, desenvolveram políticas muito avançadas nesta direção, durante cerca de 30, 40 anos, deixando um legado importante. Mas a realidade hoje é outra. Os PCs também seguiram por caminhos diferentes. Basta ver, para tomar dois exemplos, as políticas adotadas pelo PC chinês e o rumo centrista seguido pelo PC italiano e por outros partidos comunistas europeus”.

A tipologia tradicional dos partidos de esquerda hoje está esgotada, conclui Tarso Genro. “A esquerda precisa recuperar a ideia de socialismo, mas não há nenhum acordo sobre como fazer isso”.

Ele aponta, por outro lado, alguns exemplos e manifestações que indicam a possibilidade de um caminho. “Na América Latina, por exemplo, Brasil, Argentina e Venezuela, cada um ao seu modo, vem demonstrando a possibilidade concreta de construir outro modelo de desenvolvimento. Nos países europeus, novos movimentos sociais organizados rompem com a inércia dos partidos de esquerda mais tradicionais e saem às ruas pedindo democracia real contra a hegemonia do capital financeiro sobre a política”.

Esses movimentos, no entanto, ressalta, também já apresentaram um limite importante: eles ainda não conseguiram transcender o nível de mobilização de rua para o de organização política. “No lado dos partidos, as dificuldades não são menores. Se o PT, por exemplo, não pensar em como reorganizar suas relações com as bases da sociedade, vai envelhecer rapidamente”.

O governador do Rio Grande do Sul destaca, por fim, que nesses novos movimentos de esquerda que estão surgindo, não está presente a ideia do socialismo como um modelo fechado, como um modelo pronto de um novo modo de produção. “Hoje, o socialismo é, cada vez mais, uma ideia reguladora, um horizonte a ser perseguido, e não um modelo de produção pronto e fechado. Temos aí a possibilidade de uma ideia de socialismo renovado, com o surgimento de novas formas de empresas, empresas cooperativadas, empresas públicas sob controle social”.
Essa ideia de socialismo, acrescenta, “não extingue a dualidade entre Estado e sociedade civil, erro cometido por experiências socialistas passadas que acabaram estatizando a sociedade civil e privatizando o Estado”. “Essa foi uma lição cabal que tivemos: a extinção da sociedade civil foi um crime contra a ideia libertária de socialismo. A esquerda, na minha avaliação, não deve mais pensar o socialismo como uma ‘ideia do proletariado’, mas sim como de todos aqueles que querem uma sociedade emancipatória e justa”.
*Turquinho

Truculência tem história

Só a título de curiosidade: a política higienista empreendida pelo governo do Estado no Pinheirinho e da prefeitura na Cracolândia tem antecedentes ilustres.
Em 1914, o então prefeito de São Paulo, Washington Luís (que viria a ser presidente da República, usou as seguintes palavras para justificar a violenta expulsão da população pobre da Várzea do Carmo para a construção do parque D. Pedro, no centro da capital:
“O novo parque não pode ser adiado porque o que hoje ainda se vê, na adiantada capital do Estado, a separar brutalmente do centro comercial da cidade os seus populosos bairros industriais, é uma vasta superfície chagosa, mal cicatrizada em alguns pontos e ainda escalavrada, feia e suja, repugnante e perigosa, em quase toda a sua extensão (...). É aí que, protegida pela ausência de iluminação se reúne e dorme, à noite, a vasa da cidade, numa promiscuidade nojosa, composta de negros vagabundos, de negras emaciadas pela embriagues habitual, de uma mestiçagem viciosa, de restos inomináveis e vencidos de todas as nacionalidades, em todas as idades, todos perigosos (...). Tudo isso pode desaparecer sendo substituído por um parque seguro, saudável e belo. Denunciando o mal e indicado o remédio, não há lugar para hesitações, por que a isso se opõem a beleza, a higiene, a moral, a segurança, enfim, a civilização e o espírito de iniciativa de São Paulo.”
Tirando uma palavra ou outra, parece discurso proferido pelas atuais autoridades paulistas.
Extrato do artigo de Gilberto Maringoni
No Carta Maior
*comtextolivre

Aumenta la actividad sísmica en la cuenca del Pacífico; científicos observan precursores de terremotos en la costa del Pacífico de México y EU


25 de enero de 2012 –- En medio de un patrón de actividad renovada de terremotos en el Anillo de Fuego del Pacífico, varios científicos están observando con preocupación los precursores potenciales que indican la amenaza de algún 'megaterremoto' en la zona fronteriza del Pacífico entre México y Estados Unidos, en un marco de tiempo de los próximos 7 a 10 días. El equipo científico del sótano de LPAC está investigando y siguiendo de cerca esta situación.

El Instituto Schmidt de Física de la Tierra (IFT) de Moscú, emitió un informe el pasado fin de semana donde advierte que el terremoto de 6.2 de magnitud que ocurrió en la región de Chiapas, México, el pasado sábado 21 (con centro al sudoeste de la costa, a 65,6 km de profundidad), es un "precursor potencial" de un megaterremoto de 7,5 a 8,3 de magnitud, que podría ocurrir pronto en la zona fronteriza del Pacífico entre México y Estados Unidos.

El IFT tomó en consideración el terremoto de Chiapas junto con muchos otros sucesos sísmicos, como por ejemplo, un terremoto de magnitud 4,1 que sucedió el 18 de enero en la península de Baja California, en México, así como varios otros en otros lugares y momentos. Se ha señalado que han habido temperaturas atmosféricas elevadas asociadas con el terremoto de Chiapas y otros, que "normalmente" no se espera que ocurran.

Además, el informe del IFT señala que hay fundamentos para una mayor preocupación, dado que el 4 de abril de 2010 azotó al norte de Baja California un terremoto de magnitud 7,2, que fue el primer terremoto grande que ocurría en esa falla particular desde 1892, y vincula la zona sísmica de México al sistema masivo de la falla de California, señalando de este modo un "reinicio" del potencial de esa región para que ocurran catástrofes sísmicas y volcánicas.

El IFT señala que sus conclusiones se han confirmado con su utilización de la última información obtenida del satélite MODIS (siglas en inglés de Espectrorradiómetro de Imagen de Resolución Moderada) que opera la NASA y cuya visualización está disponible.
Se destaca que el calentamiento de la atmósfera —calentamiento extremo o calentamiento rápido— por encima de las zonas de los terremotos, se cree que es un predictor preciso de actividad de terremoto importante como se documento antes del Gran Terremoto y Tsunami de Japón en 2011. Antes de que ocurriese el terremoto del 11 de marzo en Japón, el contenido total de electrones en una parte de la atmósfera superior, llamada ionosfera, aumentó drásticamente encima del epicentro del terremoto, alcanzando un máximo a tres días antes de que azotó el terremoto.

Otra advertencia viene del pronosticador Jim Berkland, sobre la probabilidad de que ocurra un terremoto de magnitud 7 o mayor en esta zona general de la costa del Pacífico en la frontera México-EU para fines de mes.

El sitio electrónico en inglés de LPAC mantiene al corriente una página sobre la "Última actividad de terremotos" (del Servicio Geológico de Estados Unidos) en la sección de Clima. Ahí se puede ver que hasta hace una semana, la situación era relativamente estable. Luego, la intensidad y el ritmo de la actividad explotó con los incidentes en las Islas Aleutianas, México, Chile y el Caribe.


Fonte: http://spanish.larouchepac.com/node/15783
* prezadocarapalida

Garis sofrem preconceito nas ruas: "Tem gente que passa pela gente e cospe, tem nojo de nós"


Nojo eterno dessas pessoas preconceituosas que acham que são mais que o outro sempre. E que jogam o lixo nas ruas porque, nas visão deles, pagam os garis para trabalhar.
*mariadapenhaneles

Entidades denunciam à ONU abusos da ação policial na 'cracolândia'. Brasil terá de explicar denúncias de maus tratos e repressão aos usuários de droga na região da Luz, no centro de São Paulo 

Modos operandi tukkkano



Rede Brasil Atual

Quatro entidades de defesa dos direitos humanos denunciaram à Organização das Nações Unidas (ONU) a operação policial na "cracolândia", na região da Luz, no centro de São Paulo, na terça-feira (24). O "urgent appeal" (apelo urgente) com as denúncias de abuso e agressão aos usuários de crack foi enviado aos relatores especiais para Saúde, Moradia e Tortura e Tratamento Cruel, Desumano e Degradante, em Genebra, na Suíça. A "Operação Sufoco", coordenada pela prefeitura e governo do Estado, foi iniciada em 3 de janeiro.
Os requerentes são a Pastoral Carcerária, o Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), Instituto Práxis de Direitos Humanos e a Conectas. Com o conjunto de informações dos casos de violência - obtidos em boletins de ocorrência e casos apurados em inquérito do Ministério Público de São Paulo -, o Brasil (inclusive governo estadual e municipal) será impelido a explicar o uso excessivo de força policial, maus tratos e falta de acesso à saúde e moradia. As ações na cracolândia começaram pela repressão aos dependentes químicos, mas deixaram a questão do tratamento para a segunda fase da operação.
"Queremos que as Nações Unidas acompanhem de perto o que está acontecendo em São Paulo e investiguem principalmente os abusos policiais e as omissões na área de saúde e moradia", disse Paulo Malvezzi Filho, representante do Instituto Práxis. Entre os destinatários do apelo está Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para a Moradia Adequada, que acompanha a questão. Após o recebimento do documento, os relatores pedirão explicações por meio do Ministério das Relações Exteriores e depois do processo o resultado deve ser submetido ao Conselho de Direitos Humanos.
No relatório enviado, as organizações citam casos de perseguição policial, inclusive a mulheres grávidas. "De acordo com boletins de ocorrência e baseado em denúncias das vítimas, muitas práticas abusivas foram apontadas. Alguns deles dão conta de um tiro de bala de borracha no rosto e empurrões com chutes nas costas. Esses casos são somente parcela do grande cenário de abusos ocorridos durante a operação policial. Várias mulheres reclamaram de ser fisicamente abusadas durante as revistas por policiais militares do sexo masculino."
Além do Ministério Público, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo trabalha na coleta de denúncias nas ruas da região da Luz. Autoridades e especialistas já criticaram a operação, considerando-a equivocada.

Dia de manifestações em SP, e pra variar, de brutalidade policial


São Paulo vive uma escalada de violência policial sem precedentes nos últimos 40 anos. Desde os tempos de ditadura não se via tantos casos de abuso e truculência por parte de agentes do Estado contra movimentos sociais. Toda semana há uma denúncia, e o pior é que a sociedade civil (certos setores) está se deixando contagiar por essa onda de intolerância. Onde isso vai para não sei, mas começo a ficar preocupado...



PM e manifestantes entram em confronto no centro de SP; grupo protesta contra ação na cracolândia e no Pinheirinho Leia mais


Manifestantes fazem cartazes durante protesto na Sé, no centro de São Paulo  Leia mais


Policial usa gás pimenta contra manifestantes na praça da Sé durante protesto Leia mais


Manifestante mostra cartaz durante protesto na Sé, região central de São Paulo Leia mais

Manifestantes mostram cartazes durante protesto na Sé, região central de São Paulo Leia mais


PM e manifestantes entram em confronto no centro de SP; grupo protesta contra ação na cracolândia e no Pinheirinho Leia mais


Manifestante cai durante confronto com PM e GCM na praça da Sé, em São Paulo Leia mais


Tumulto entre manifestantes, PM e GCM durante saída de Kassab da catedral da Sé, em SP Leia mais

Manifestantes fica ferido durante confronto com policiais na região da Sé, em São Paulo Leia mais

Manifestantes e policiais se encaram durante protesto na Sé, centro de São Paulo Leia mais

A PM adora tirar uma casquinha de estudante da USP
 *cappacete

Nicolelis fala de religião e ciência

A Ascenção - Ilustração de Gustavo Doré



O mais renomado cientista brasileiro da atualidade, Miguel Nicolelis, vive entre Brasil, Estados Unidos e Suíça. Às vezes completa essa triangulação em uma semana e nem sabe em que fuso horário está. Mas isso não o incomoda. Com projetos nos três países, o neurocientista paulista, fanático pelo Palmeiras, tem a ambição de fazer um adolescente brasileiro tetraplégico dar o pontapé inicial na abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Para isso, usará uma veste robótica controlada pela força do pensamento.

Desvendar a possível interação cérebro- máquina é um dos grandes desafios de Nicolelis, referência na pesquisa com próteses neurais, cujo trabalho integra a lista das "Dez Tecnologias que Vão Mudar o Mundo", do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Professor de neuroengenharia da Universidade Duke (EUA), tem projetos educacionais igualmente ambiciosos no Brasil. Um deles é em Macaíba, no Rio Grande do Norte. Ali deverá ser inaugurado, no início de 2012, o "Campus do Cérebro", uma escola em período integral que beneficiará 5 mil crianças, do berçário ao ensino médio. Já o "Educação para Toda a Vida", que começa na barriga da mãe, vai prestar assistência gratuita para 15 mil gestantes na periferia de Natal.

Ele concedeu à Planeta a entrevista que segue.

Se um tetraplégico der um pontapé na bola, na abertura da Copa de 2014, será uma revolução na ciência. O que ela tem de essencial?

É uma nova forma de abordar a questão da reabilitação e uma nova forma de entender o cérebro. Sem uma nova teoria do cérebro a gente não teria conseguido chegar a essa tentativa de fazer uma aplicação clínica. É também uma revolução tecnológica, porque essas aplicações não vão se restringir à medicina. As interfaces cérebro-máquina envolvem interações com nossos computadores e com as ferramentas que usamos diariamente.

Esses tratamentos devem ajudar a romper o estigma das doenças?

Essa é uma das razões pelas quais escrevi este último livro [Muito Além do Nosso Eu, recém-lançado pela Companhia das Letras,]. ara mostrar que o que a gente chama de normal e anormal é separado por uma fronteira muito tênue. É muito rápido um cérebro dito normal evoluir para um dito patológico. Para um de nós ficar esquizofrênico não é preciso muito.

É um processo químico?

Entre outras coisas. No frigir dos ovos, tudo se resume a uma mudança de balanço de neurotransmissor e de atividade elétrica do cérebro. A gente percebe que são pequenas variações que levam você a ouvir vozes, ter delírios. Nos dias de hoje, aliás, a humanidade curiosamente é dominada por três esquizofrênicos que ouviam vozes, olhavam para o céu e achavam que alguém estava falando com eles.

Quem são?

Jesus Cristo, Maomé e Abraão. Muito provavelmente os três precisavam de haldol (medicamento para esquizofrenia). É arbitrária qualquer classificação que defina as bordas da normalidade. Cada vez mais a intolerância e o preconceito esculpem essa borda com seus interesses próprios ideológicos e políticos. Quando você vê o cérebro por dentro e começa a entender o que acontece, percebe como é fácil ir de um lado para outro.

Você falou de três símbolos religiosos. Você é ateu?

Sim, mas acho que a religião faz parte do sistema nervoso. Como o cérebro é um simulador da realidade, ele cria um modelo e uma ilusão de realidade para cada um de nós. Ele precisa de uma história: de onde viemos? Como começou o universo?

Materialista ou religiosa?

Exatamente. Os pigmeus africanos acham que a gente saiu do céu, que havia uma corda e eles foram descendo. Toda cultura tem uma história. O problema é que algumas são excludentes e prejudiciais ao bom convívio da espécie, na medida em que elegem os eleitos e os não eleitos.

A questão dos comandos cerebrais envolve telepatia?

Não, porque a telepatia pressupõe que a energia espontânea do cérebro é capaz de transmitir pensamentos.

Há energia no cérebro?

Ele tem um campo elétrico e magnético, mas muito pequeno. Não tem como um sinal sair do cérebro, passar pelo crânio e ir da minha cabeça para a sua. É impossível! Mas você pode registrar esses sinais, transmiti-los artificialmente - como a gente já faz - e mandá-los para uma máquina ou, em teoria, para outro cérebro. É nisso que estamos trabalhando.

Esse é o objetivo da brainnet?

Estamos trabalhando na ideia original, brain to brain interface. Trata-se de pegar o sinal de um cérebro e mandar para outro e ver se ele entende. Se for possível com um par de cérebros, será possível em qualquer combinação. Claro que tecnologicamente isso tem dificuldades enormes: não basta registrar o sinal, mas entregá-lo para outro cérebro. Em teoria, a ideia é factível.

Como você vê o futuro...

Bem diferente do atual. A gente tem a tendência de ter medo, porque todos os sinais do futuro são dramáticos.

... ... da máquina humanizada...

Isso é uma barbaridade científica. Não há nenhum computador que tenha a chance de reproduzir atributos humanos. Isso é pura balela, propaganda ideológica. É uma visão capitalista, de que você não vale nada e pode ser substituído por um robô. A máquina consegue executar movimentos repetitivos. Não consegue escrever poesia, pintar como Picasso, tomar decisões baseadas na natureza humana. Todas as características que fazem a gente ser como é resultam de processos extremamente complexos no cérebro e são fenômenos não computáveis.

Isso define o limite da tecnologia?

Claro, ela é uma expressão da nossa capacidade criativa. Por isso são tão interessantes esses achados neurofisiológicos recentes, que mostram que todas as ferramentas que criamos são assimiladas pelo cérebro como uma extensão do nosso corpo: mouse, caneta, raquete de tênis, bola, carro, bicicleta. O cérebro cria a ilusão do que o nosso corpo é. E tudo o que a gente experimenta é uma ilusão; é um modelo do mundo.

Tudo é ilusão?

Sim. Se seu cérebro fosse diferente, você ia ver o mundo diferente. A sua história de vida foi diferente da minha; nós dois olhamos uma rosa vermelha e ela evoca memórias peculiares em cada um. Até recentemente a gente achava que a sua experiência e a minha, ao olhar uma coisa assim, era a mesma. Hoje a gente sabe que não é: o cérebro tem uma opinião. Esse ponto de vista foi construído ao longo da sua vida e da minha e ao longo da nossa espécie do ponto de vista evolutivo. Nosso cérebro vai ter um papel cada vez mais relevante na ampliação do nosso alcance como espécie. O nosso corpo vai perder relevância.

Mas vivemos o culto do corpo.


Pois é, até hoje o culto do corpo dominou nossa espécie. Então, quem aproveitou, aproveitou. A partir daqui, quem vai ganhar o embate é a mente. A seleção natural de quem vai sobreviver privilegiará aqueles capazes de usar a mente para agir com uma cornucópia de equipamentos, ferramentas e tecnologias que serão controláveis apenas por pensamentos. Antes, sobrevivia quem caçava bem. Amanhã será a vez de quem conseguir usar a mente para controlar 200 equipamentos ao mesmo tempo.

Diz-se que usamos uma porcentagem ínfima da nossa capacidade.

Mentira. Na verdade, a gente usa tudo o que tem. Se tivesse mais, usava também. A gente perde neurônios a partir dos 18 anos, mas é uma perda muito pequena. Num certo ponto da vida essa perda passa a ser relevante: você vai esquecendo coisas e não tem mais a mesma agilidade mental.

Como você cuida dos neurônios?

Pensando. Desafiando a mente a pensar em coisas a que não estou habituado. É como um exercício físico.

Não cansa?

Demais. Tem dias que o esforço é tanto que eu capoto e acordo no outro. Estou ligado o tempo inteiro. Para mim isso não é trabalho, é prazer.

Vinte anos fora do Brasil modificaram a sua visão?

Ah, o exílio é o maior elixir do patriotismo. Você vê as coisas que não são boas, mas isso não abate as maravilhas que existem aqui. Temos muito potencial, que agora começa a aflorar de forma caótica. Mas temos um grande desafio pela frente. Nossa classe polícortica é muito fraca, muito pobre, dissociada da realidade. É uma classe que só pensa no espólio, em como extrair para si o que for possível. A situação da população melhorou bastante nos últimos anos, mas ainda falta muito para se construir uma cidadania plena. A educação é o único caminho.

Você se considera ousado?

Sim, desde o futebol na rua. Sempre me meti onde não era chamado.

E só encontrou espaço para se desenvolver fora?

Não havia muito espaço para minhas ideias quando deixei o Brasil. Ao pensar em voltar, fui desencorajado.

Por quem?

Pelo chefe do departamento que, claramente, tinha seus protegidos e sabia que minha volta ia causar problemas. Era 1991 e a situação brasileira era muito complicada, com o confisco do governo Collor. Perdi toda a poupança que tinha e nunca mais recuperei. Mas minha grande crítica é que acho que grande parte da ciência brasileira é humilde. As pessoas têm medo de ousar, têm complexo de que não se pode fazer coisa grande, ambiciosa. Têm medo.

Isso prejudica o Brasil?

A ciência brasileira é muito provinciana. A academia de ciências também, e a maneira de financiar é cartorial. Nosso modelo é um dos mais perniciosos para um jovem cientista penetrar. Os sujeitos mais seniores dominam tudo e se você não tem um padrinho não consegue nada, porque é clube fechado. Nos Estados Unidos é o contrário: as possibilidades de financiamento para os jovens são garantidas de forma a assegurar uma renovação contínua de talentos. Aqui, o negócio é manter o status quo.
*tecedora

Entre a tragédia e o milagre, o tempo

 

Está dificil escrever sem falar do imenso desastre ocorrido no centro do Rio.
Talvez seja mais adequado chamá-lo de milagre e não de tragédia, porque – embora cada ser humano seja um infinito – podem ser 20 e não são duzentos  ou dois mil os mortos nos escombros dos 32 pavimentos desmoronados dos três prédios e na calçada onde despencaram.
É inevitável pensar no que seria se aquilo tivesse ocorrido uma ou duas horas antes.
Este tempo, tão curto, foi imenso nos seus efeitos.
Foi o tempo do acaso ou da Providência, segundo cada um atribui em sua crença ou não-crença.
Mas o tempo pode ser decisão humana.
É aquele que define como agimos em relação ao mundo e às outras pessoas.
E, neste caso, o maior inimigo da sabedoria é o desejo de espetaculosidade.
É a pressa ou a imprudência que, embora seja preciso esperar os fatos e a apuração técnica para fazer juízos, alimentam o risco da tragédia, mesmo quando o milagre faz com que ela não seja tão imensa quanto poderia ser.
A intolerância, o “é órdi”, o desequilíbrio. A falsa inteligência dos que sabem tudo.
Que diferença dos homens simples que passaram esta madrugada removendo pedras com cuidado, não apenas pela esperança de encontrar vivos, mas pelo respeito com o corpo dos mortos.
Que luta contra o ímpeto e o vagar, para buscar, um a um, a todos!
Aqueles homens sabem que cada pessoa tem direito à vida e, se não a tiverem mais, ao cuidado que  ainda assim merece.
Eles não são doutores, eles não sabem citar em latim, não sabem artigos e alíneas.
Mas sabem que,  pobre ou rico, branco ou negro, vivo ou até mesmo morto, cada ser humano merece respeito.
*Tijolaço

Charge do Dia

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