Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, maio 02, 2012
O Vaticano até o Paraíso vende. Vive disso.
– informa agência italiana
Informações da agência de notícias italiana Ansa dão conta de que a
Igreja Católica aceitou um bilhão de liras (mais de R$ 1,245 milhão)
como pagamento de uma viúva para permitir o enterro de seu marido, um
chefe mafioso, numa basílica, ao lado de antigos Papas.
Uma fonte da Santa Sé contou à agência que “apesar da relutância
inicial”, o então vigário-geral de Roma, o cardeal Ugo Poletti deu sua
benção” para o sepultamento de Enrico De Pedis, chefe do grupo mafioso.
Comentário: Papas e mafiosos unidos na vida e na morte.
*DiárioAteista
LIBERDADE E DEMOCRACIA À CLASSE TRABALHADORA
**HistóriaVermelha
O melhor cartaz do dia 1º de Maio, uma lição de vida e amor.
Manifestação anti recortes sociais e laborais na Espanha
Cartaz nas costas da mulher:
"Tenho 85 anos e estou muito brava. Eu lutei pelos direitos que, hoje,
lhes estão retirando. Abram os olhos porra!" (tradução não literal do
coño) Cartaz nas costas do homem: "Eu tenho a mesma opinião de minha mulher"
recebido *BrasilMobilizado
A ORDEM É ENFRENTAR A DIREITONA EUROPÉIA - LÍDER DO MAIOR SINDICATO FRANCÊS DA APOIO Á HOLLANDE
Em um gesto inédito, o líder do maior sindicato da
França, o CGT, declarou nesta terça-feira que votará no candidato
socialista François Hollande no segundo turno da eleição presidencial
francesa, no domingo, para tirar do poder o atual presidente do país,
Nicolas Sarkozy.
Em entrevista à rádio Europe1, Bernard Thibault, líder do sindicato,
afirmou que o CGT "lançou um apelo para a saída do presidente" Sarkozy.
Sarkozy convocou para hoje um comício em Paris, numa atitude que
irritou os sindicatos por estarem comemorando o Dia do Trabalho.
As últimas pesquisas indicam que o atual presidente da França será
derrotado por Hollande no fim de semana.
SERGIO CALDAS *MilitânciaViva
Gilson Caroni Filho: Vila Euclides, uma revolução molecular
Talvez o melhor exercício neste 1º de maio de 2012 seja revisitar as lutas
travadas nas décadas de 1970 e 1980 para perceber o quanto ganhamos, em massa crítica
acumulada, no mundo do trabalho. Deixando para trás, tendências que, no final da
ditadura, desejavam, quando muito, uma readaptação do corporativismo aos novos tempos
que chegavam, correntes que rejeitavam toda tutela e paternalismo governamental
tiraram o sindicalismo do sono letárgico do “jogo de aparelhos”, de estruturas sindicais
azeitadas, para levá-lo ao eterno jogo da conciliação de classes.
Quando, no dia 12 de março de 1978, os trabalhadores da Saab-Scania, em
São Bernardo, param as máquinas e cruzam os braços, eles iniciam um novo momento
no movimento operário e na luta política no Brasil. A greve estendeu-se às fábricas
vizinhas e, em menos de dez dias, mais de 30 mil trabalhadores ampliaram o movimento
para as cidades do ABC paulista. Foram greves por fábrica, sem piquetes, e a elas
se sucederam as greves por categorias que, uma após outra, cidade após cidade, em
todos os estados, mudaram o quadro sindical, sacudiram o país de alto a baixo, num
ascenso que se estenderia até 1979.
As marcas desse processo são a espontaneidade, a combatividade de suas direções,
muitas surgidas por fora e atropelando os sindicatos e seu isolamento. As greves
por categoria, mesmo não coincidindo no tempo e no espaço, não se articulavam em
comandos unificados e ações conjuntas. Os patrões e os governos, pegos de surpresa,
conhecem a mais dura derrota nos anos de chumbo. Nos dois anos seguintes, o ciclo
das greves espontâneas e por categoria se encerra. As novas lideranças sabiam que,
dali em diante, para conseguirem vitórias significativas, precisariam ultrapassar
os limites da negociação patronal e enfrentar diretamente o regime militar e sua
política econômica e social.
Os setores avançados do sindicalismo já tinham colocado essas questões na
agenda do movimento: o Congresso dos metalúrgicos, no final de 1978, aprovara uma
resolução para combater a CLT e a estrutura sindical corporativa – o AI-5 dos trabalhadores.
Propunham o aprofundamento da organização nas bases, através das comissões de fábricas
e a construção da Central Única dos Trabalhadores. A esquerda tradicional, que namorava
os novos sindicalistas, vai afastando-se na medida em que estes vão definindo uma
estratégia de combate calcada na independência política. O afastamento se aprofunda
quando o setor mais avançado da classe trabalhadora propõe e articula a criação
do Partido dos Trabalhadores. O embrião da mais original formação política de esquerda
começa, como vemos na dinâmica própria do mundo do trabalho.
O período aberto pela greve de 21 de julho de 1983 já tem características
fundamentalmente diferentes das lutas operárias anteriores. A iniciativa de Paulínia/São
Bernardo do Campo conseguira fazer sair do papel proposta de greve geral e impulsionara
uma unidade de ação que superava os marcos do apoliticismo e conservadorismo da
estrutura sindical. A avaliação desse período não poderia ser feita sem levar em
conta a adequação da burguesia e da ditadura às mudanças conjunturais. A estratégia
não poderia ser mais equivocada: chamam os pelegos – Joaquinzão à frente – para
um diálogo e tramam canalizar a greve para um acordo com a ditadura e a mobilização
de massas para dentro do que havia de mais atrasado no mundo sindical. Erraram na
dose, erraram de interlocução. A tentativa de isolar o sindicalismo autêntico dos
setores de massa já não era mais possível, e por um motivo bem simples: na ação,
a base dos movimentos já demonstrara sua independência da direção nas greves de
1979 e 1980.
Hoje, passados mais de 30 anos dos fatos relembrados, o relatório sobre
o emprego no mundo, da Organização Internacional do Trabalho, confere ao país um
notável destaque no cenário mundial.
Segundo o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, os países que não sacrificaram
o setor trabalhista estão superando a crise mais facilmente. O Brasil, que teve
aumento de emprego, é citado no relatório como exemplo de país que adotou “políticas
sociais e laborais adequadas.”
Em uma conjuntura de crise e de crescimento acelerado do desemprego nos
Estados Unidos e na Zona do Euro, a situação privilegiada do país deve-se, sem dúvida,
à correção da política macroeconômica dos governos de Lula e da presidente Dilma,
mas se formos sondar sua essência ouviremos as palavras de ordem das grandes assembleias
no então Estádio da Vila Euclides. É contra essas silenciosas e moleculares revoluções
que as classes dominantes e seu braço corporativo se voltam desde 1978. Até aqui,
1º de maio de 2012, não obtiveram sucesso.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas
Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador
do Jornal do Brasil.
Stepan Nercessian e Lereia viajaram à Europa com dinheiro público a serviço de Cachoeira
Lereia e Nercessian passearam com nosso dinheiro e fizeram negócios para o Cachoeira.
Em missão oficial na Europa, os deputados Carlos Alberto Lereia (PSDB/GO)
e Stepan Nercessian (PPS/RJ), ligaram, de Paris, para o empresário Carlinhos Cachoeira.
O conteúdo da conversa – que consta do inquérito da Operação Monte Carlo – mostra
a intimidade entre eles.
Lereia inicia a chamada, em 12 de julho de 2011: “Bonjour, monsieur!”. Cachoeira
identifica o amigo: “Tá de fogo, Lereia?”. “Rapaz, arrumei um negócio pra você aqui
agora. Grupo Cassino. Eu disse, cassino é negócio de jogo (risos)”, brinca o deputado.
Depois, falam do senador Demóstenes Torres (ex-DEM/GO), chamado de “nosso
líder”. “Vou levar pra ele um Château Margaux (vinho que pode custar até R$500,00)”.
Em tom de deboche, falam sobre um empréstimo de R$200 mil para comprar um
apartamento em Paris. Lereia diz: “Dá pra você depositar pra ele [Stepan]? Paris baixou demais o preço.” Nercessian
havia pedido R$160 mil a Cachoeira, no mês anterior, para comprar um apartamento
no Brasil. Stepan pega o telefone e segue: “Você deposita 200 na conta, eu tiro
a xerox e eles vendem fácil pra nós.”
Os dois viajaram à Europa para participar de reuniões com a delegação do
Parlamento Europeu. Receberam cinco diárias de R$350,00 da Câmara.
*Limpinho e Cheiroso
“Militantes de esquerda foram incinerados em usina de açúcar”
Delegado
revela em livro que viraram cinzas os corpos de David Capistrano, Ana
Rosa Kucinski e outros oito opositores da ditadura
Tales Faria
Foto: Divulgação Capa de "Memórias de uma guerra suja", da editora Topbooks
Ele
lançou bombas por todo o país e participou, em 1981 no Rio de Janeiro,
do atentado contra o show do 1º de Maio no Pavilhão do Riocentro. Esteve
envolvido no assassinato de aproximadamente uma centena de pessoas
durante a ditadura militar. Trata-se de um delegado capixaba que herdou
os subordinados do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury nas forças
de resistência violenta à redemocratização do Brasil.
Apesar
disso, o nome de Cláudio Guerra nunca esteve em listas de entidades de
defesa dos direitos humanos. Mas com o lançamento do livro “Memórias de
uma guerra suja”, que acaba de ser editado, esse ex-delegado do DOPS
(Departamento de Ordem Política e Social) entrará para a história como
um dos principais terroristas de direita que já existiu no País.
Mais
do que esse novo personagem, o depoimento recolhido pelos jornalistas
Marcelo Netto e Rogério Medeiros, ao longo dos últimos dois anos, traz
revelações bombásticas sobre alguns dos acontecimentos mais marcantes
das décadas de 70 e 80.
Revelações sobre o
próprio caso do Riocentro; o assassinato do jornalista Alexandre Von
Baumgarten, em 1982; a morte do delegado Fleury; a aproximação entre o
crime organizado e setores militares na luta para manter a repressão; e
dos nomes de alguns dos financiadores privados das ações do terrorismo
de Estado que se estabeleceu naquele período.
A reportagem do iG
teve acesso ao livro, editado pela Topbooks. O relato de Cláudio Guerra
é impressionante. Tão detalhado e objetivo que tem tudo para se tornar
um dos roteiros de trabalho da Comissão da verdade, criada para apurar
violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, período que inclui a
ditadura militar (1964-1988).
David Capistrano, Massena, Kucinski e outros incinerados
Cláudio
Guerra conta, por exemplo, como incinerou os corpos de dez presos
políticos numa usina de açúcar do norte Estado do Rio de Janeiro. Corpos
que nunca mais serão encontrados – conforme ele testemunha – de
militantes de esquerda que foram torturados barbaramente.
“Em
determinado momento da guerra contra os adversários do regime passamos a
discutir o que fazer com os corpos dos eliminados na luta clandestina.
Estávamos no final de 1973. Precisávamos ter um plano. Embora a imprensa
estivesse sob censura, havia resistência interna e no exterior contra
os atos clandestinos, a tortura e as mortes.”
Os dez presos incinerados
-- João Batista e Joaquim Pires Cerveira, presos na Argentina pela equipe do delegado Fleury;
-- Ana Rosa Kucinsk e Wilson Silva,
“a mulher apresentava marcas de mordidas pelo corpo, talvez por ter
sido violentada sexualmente, e o jovem não tinha as unhas da mão
direita”;
-- David Capistrano (“lhe haviam arrancado a mão direita”) , João Massena Mello, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho, dirigentes históricos do PCB;
-- Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira e Eduardo Collier Filho, militantes da Ação Popular Marxista Leninista (APML).
O
delegado lembrou do ex-vice-governador do Rio de Janeiro Heli Ribeiro,
proprietário da usina de açúcar Cambahyba, localizada no município de
Campos, a quem ele fornecia armas regularmente para combater os
sem-terra da região. Heli Ribeiro, segundo conta, “faria o que fosse
preciso para evitar que o comunismo tomasse o poder no Brasil”.
Cláudio
Guerra revelou a amizade com o dono da usina para seus superiores: o
coronel da cavalaria do Exército Freddie Perdigão Pereira, que
trabalhava para o Serviço Nacional de Informações (SNI), e o comandante
da Marinha Antônio Vieira, que atuava no Centro de Informações da
Marinha (Cenimar).
Afirma que levou, então, os dois comandantes até a fazenda:
“O local foi aprovado. O forno da usina era enorme. Ideal para transformar em cinzas qualquer vestígio humano.”
“A
usina passou, em contrapartida, a receber benefícios dos militares
pelos bons serviços prestados. Era um período de dificuldade econômica e
os usineiros da região estavam pendurados em dívidas. Mas o pessoal da
Cambahyba, não. Eles tinham acesso fácil a financiamentos e outros
benefícios que o Estado poderia prestar.”
*GilsonSampaio
Desarquivando: Dono da revista “O Cruzeiro” foi morto como queima de arquivo, segundo conta ex-delegado do DOPS Cláudio Guerra
Os
mesmos comandantes do Riocentro mandaram executar o jornalista
Alexandre Von Baumgarten, em 1982, revela o ex-delegado do DOPS
(Departamento de Ordem Política e Social) do Espírito Santo Cláudio
Guerra, no livro “Memórias de uma guerra suja”.
Cláudio
Guerra conta que ele próprio foi encarregado inicialmente do
assassinato. O plano era simular uma morte natural, aplicando em
Baumgarten uma injeção com a substância letal. A perícia, combinada,
apontaria como causa da morte um infarto comum.
Segundo
o relato do ex-delegado aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério
Medeiros, que acaba de ser publicado pela Editora Topbooks, a ordem de
matar Baumgarten, dono da revista Cruzeiro, “partiu do SNI (Serviço
Nacional de Informações) de Brasília”.
À
época, a Agência Central do SNI, em Brasília, era chefiada pelo general
Newton Cruz. E Cláudio Guerra teria sido escalado para o assassinato -
chamado de Operação Dragão - pelos seus dois chefes diretos: o coronel
de Exército Freddie Perdigão (Serviço Nacional de Informações) e o
comandante Antônio Vieira (Cenimar).
Ambos
haviam sido, ainda segundo o ex-delegado, os comandantes do atentado do
Riocentro, junto com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra
(comandante do Departamento de Operações de Informações do 2º Exército –
DOI-Codi).O ex-delegado dá os nomes dos comandantes da operação, “os
mesmos de sempre”:
“Ele
(Baumgarten) ia morrer porque era um arquivo vivo. Recebia dinheiro
para apoiar o governo militar, por meio do trabalho na revista. Mas, por
várias razões, os militares perderam a confiança nele e decretaram sua
morte. Por mais recursos que ele recebesse, queria sempre mais e mais. A
ambição o transformou num chantagista.”
Cláudio
Guerra conta que juntou três homens de sua equipe e, um mês antes do
desaparecimento de Baumgarten, abordaram-no numa rua do Rio de Janeiro e
o imobilizaram.
“Anunciei
um assalto, a injeção estava comigo, mas não consegui aplicar.
Baumgarten reagiu, gritou que estava sendo assassinado e acabou atraindo
a curiosidade das pessoas que passavam. Tivemos que abortar a
operação.”
Pouco
tempo depois, o técnico da antiga Companhia Telefônica do Rio de
Janeiro (Telerj) Heráclito Faffe, que trabalhava em escutas para o SNI,
morreu de edema pulmonar após uma estranha tentativa de assalto em
Copacabana.
O
livro “Dos quartéis à espionagem: caminhos e desvios do poder militar”,
de José Argolo e Luiz Alberto Fortunato, relata que Faffe chegou a ser
atendido por médicos e contou que seus agressores aplicaram-lhe uma
injeção nas nádegas.
Troca de comando na operação
Segundo
Cláudio Guerra, depois de outra tentativa mal sucedida, o coronel
Perdigão informou que a Operação Dragão passaria para ser feita por
militares e por um médico.
“Apanharam
Baumgarten e a esposa na região serrana do Rio. Ela ficou refém e ele
foi para a Polícia Federal, com o delegado Barrouin”.
Cláudio
Barrouin Mello foi vice-presidente do Sindicato dos Delegados Federais
do Rio de Janeiro e ficou conhecido ao comandar a operação que culminou
na morte do banqueiro do bicho Toninho Turco. Morreu em 1998.
Conta
Cláudio Guerra que os assasinos de Baumgarten levaram a vítima para
alto-mar. A função do médico era fazer uma incisão no seu abdomem para
liberar gases e evitar que boiasse. Mas o corpo apareceu na praia. E o
delegado diz ter ouvido de Perdigão e Vieira que foi por erro do médico.
“Antes que eu me esqueça: o médico que abriu a barriga do Baumgarten chamava-se Amílcar Lobo”, conta o ex-delegado.
Amílcar
Lobo, tempos depois, teve seu registro médico cassado por ter
participado de sessões de tortura no regime militar. Seu codinome era
“Doutor Carneiro”.
Chicago
está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao
redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de
fábricas, Chicago está cheia de operários.
Ao
chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o
lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo
inteiro saúda a cada primeiro de maio. – Deve ser por aqui – me dizem.
Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos
mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito,
nem placa de bronze, nem nada.
O
primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade
inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as
geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas
nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro.
Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase
ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do
vento, ou da mão de Deus ou do amo.
Após a
inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a
melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura
casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por
mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.
O
cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus
próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando
o caçador.