Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 18, 2012

Fabuloso texto escrito por Catón(jornalista mexicano).  
  
“Tenho a intenção de processar a revista "Fortune", porque fui vítima de uma omissão inexplicável. Ela publicou uma lista dos homens  mais ricos do mundo, e nesta lista eu não apareço. E eu sou um homem rico, imensamente rico. Como não?  Vou mostrar a vocês: 
Eu tenho vida, que eu recebi não sei porquê, e saúde, que conservo  não sei como. 
Eu tenho uma família, esposa adorável, que ao me entregar sua vida me deu o melhor para a minha; filhos maravilhosos, dos quais 
só recebi felicidades; e netos com os quais pratico uma nova e boa paternidade.
Eu tenho irmãos que são como meus amigos, e amigos que são como meus irmãos. 
Tenho pessoas que sinceramente me amam, apesar dos meus defeitos, e a quem amo apesar dos meus defeitos.
Tenho quatro leitores a cada dia para agradecer-lhes porque eles lêem o que eu mal escrevo.
Eu tenho uma casa, e nela muitos livros (minha esposa iria dizer que tenho muitos livros e entre eles uma casa).
Eu tenho um pouco do mundo na forma de um jardim, que todo ano me dá maçãs e que iria reduzir ainda mais a presença de Adão e Eva no Paraíso.
Eu tenho um cachorro que não vai dormir até que eu chegue, e que me recebe como se eu fosse o dono dos céus e da terra.
Eu tenho olhos que vêem e ouvidos para ouvir, pés para andar e mãos que acariciam; cérebro que pensa coisas que já ocorreram 
 a outros, mas que para mim não haviam ocorrido nunca.
E eu tenho fé.
Pode haver riquezas maiores do que a minha?
Por que, então, a revista "Fortune" não me colocou na lista dos homens mais ricos do planeta? "
E você, como se considera? Rico ou pobre? 
Há pessoas pobres, mas tão pobres, que a única coisa que possuem é ... DINHEIRO.
(Armando Fuentes Aguirre) (Catón)

“NENHUM CARRO VALE UMA VIDA HUMANA”

 

Laerte Braga
Há anos passados, a propósito de uma dessas obras monumentais que governos costumam fazer e que não têm sentido ou se têm, é porque se ajustam à perversidade do capitalismo, o jornalista Millôr Fernandes, diante da perspectiva de desapropriação de casas de famílias que moravam no local a mais de meio século, escreveu o seguinte em protesto contra o fato – “nenhum carro vale uma vida humana”.
Cremilda Fernandes, 72 anos, professora no Espírito Santo, morreu na quinta-feira ao término de uma manifestação contra toda a sorte de trapaça de governantes. Era, como muitos brasileiros, a imensa maioria, uma das vítimas da insensibilidade de monstros que governam na tal democracia. Um infarto fulminante. Momentos antes de sua morte havia dito a vários dos presentes à manifestação que queria participar do ato, panfletar e ouvira do motorista de táxi que a levara até o local que, finalmente, ele havia entendido que o ex-governador Paulo Hartung é apenas um chefe de quadrilha de assaltantes de cofres públicos.
Não difere de Sérgio Cabral, de Antônio Anastásia, de Jacques Wagner, de Geraldo Alckmin e tantos outros.
O ser humano é um número, um objeto na roda cruel do capitalismo e aos olhos de figuras como Demóstenes Torres, ou as bancadas do PT e do PMDB, que ao lado do PSDB, PPS e outros iguais, pretendem transformar a CPMI do Cachoeira em farsa, em jogo e espetáculo, enquanto entregam alguns anéis e salvam os dedos.
O clube de amigos e inimigos cordiais que opera o Estado em suas três dimensões.
Cremilda Fernandes aos 72 anos estava buscando indignada e corajosa os seus direitos. Receber um precatório que lhe era devido e a professores no Espírito Santo. Paulo Hartung, que continua governando o estado como uma espécie de fantasma sobre a pasmaceira do governador nominal Renato Casagrande, sumiu com os precatórios numa grossa fraude que os indícios apontam envolver a REDE GAZETA, afiliada da GLOBO naquele estado.
Precatórios existem em todos os estados e não são pagos a despeito de ações judiciais com trânsito em julgado, enquanto atitudes não são tomadas e atitudes nunca são tomadas. Bandidos ficam impunes.
Professores são sempre o bode expiatório de governos insensíveis e governantes sem qualquer respeito pelo ser humano, como pela classe trabalhadora no seu todo.
Anos depois é que vão para a cadeia dois dos principais executores do massacre de trabalhadores sem terra em Eldorado do Carajás.
Governantes são construídos a partir de interesses das elites, da classe dominante, num espetáculo gerado por especialistas e pela mídia de mercado, na crença que eleições de tempos em tempos significam democracia.
Governos atuam sem a menor participação popular no processo de decisões e bancadas em câmaras municipais, assembléias legislativas, Câmara Federal e Senado se constituem em representantes de “ruralistas” igual a latifundiário/trabalho escravo, evangélicos sustentados na fé cega de inocentes ludibriados e espertalhões associados a bancos e grandes empresas. O que sobra de compromisso popular é mínimo diante do estrago que essa gente causa.
E quase sempre, no âmbito do clube de amigos e inimigos cordiais, mesmo que fora, são como sino de madeira, não ecoam, pois a mídia é podre como se vê agora no caso de VEJA e no esforço titânico do setor em defender a quadrilha Civita.
A professora Cremilda Fernandes, pouco antes de morrer, havia declarado que “espero há anos por manifestações assim”.
Não existe saída fora da luta popular e da ampla participação popular no processo de decisões.
Isso implica em organização, em formação, em conscientização e em ir às ruas buscar direitos, pois de outra forma as quadrilhas que operam o poder continuarão a gerar cachoeiras que se manterão impunes, lépidos e fagueiros, enquanto se joga o jogo da mentira combinada e contratada nas falsas comissões de investigações.
Um país com Roberto Gurgel como Procurador Geral da República e Gilmar Mendes no Supremo Tribunal Federal não pode esperar seriedade ou avanços democráticos. No máximo novas gavetas para esconder os mal feitos ou tapetes para varrê-los e fazer parecer que a sala está limpa.
“Informado” pela mídia de mercado (GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, ÉPOCA, as mídias regionais como RBS, ou estaduais como ESTADO DE MINAS, REDE GAZETA, etc, um povo não pode adquirir consciência da realidade e se permite massacrar pelos que fato governam – banqueiros, latifundiários e grandes empresários.
Uma força armada que reage à verdade não pode pretender o respeito. Tentar esconder o caráter e a natureza do golpe militar de 1964, seus requintes de barbárie, é ocultar a História.
Não cumprir o tal preceito que todo cidadão é igual perante a lei, ou transformá-lo em ficção jurídica/constitucional, negar direitos básicos, tem sido uma constante de governos. Avanços paliativos não levam às mudanças estruturais que o Brasil necessita e pouco a pouco vamos nos transformando num entreposto do capital internacional, vamos virando parte do plano GRANDE COLÔMBIA, concebido pelos senhores do mundo, EUA e Israel.
A morte da professora Cremilda Fernandes tem essa dimensão, causa esse impacto vivo na lição de luta que deixa. Uma brasileira do Espírito Santo, 72 anos, indo às ruas por direitos que a tal lei lhe assegura, mas um tal Paulo Hartung, chefe de quadrilha de assaltantes de cofres públicos e um governador que se “abanana”, Renato Casagrande, lhes negam na presunção de que isso é democracia e a ordem constitucional impõe esse tipo de procedimento.
São só monstros gerados pelo capitalismo. Como os monstros que permeiam Minas, o Rio de Janeiro, a Bahia, Brasília, São Paulo, etc, etc. Ou que constroem Belo Monte em regime de escravidão imposto aos trabalhadores e a “lei” imposta pela violência policial.
Para esse tipo de gente um carro vale mais que uma vida humana. Nessa direção breve as igrejas dos automóveis divinos como símbolos da existência e o povo à margem do processo político e das decisões que lhe dizem respeito.
A professora Cremilda é, ela sim, um símbolo, como todos os trabalhadores, que indignar-se é ir à luta e a luta é nas ruas, é o caminho. Fora dos clubes fechados dos amigos e inimigos cordiais que dominam o Estado instituição.
Ou das tais “normas de conduta” do governador cachoeira Sérgio Cabral. Sinônimo de Anastásia, Alckmin, Wagner e toda a corja. É necessário entender também que a corrupção é inerente, parte inseparável do capitalismo, aqui ou em qualquer lugar do mundo.
Jogar por terra o modelo político e econômico, esse é o sentido da luta popular.. 
*GilsonSampaio

Viviane Mosé - Ser ou não ser / Educação 1º parte


Vaccarezza alega que não quer blindar Sérgio Cabral


Foto: APO deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), flagrado enviando mensagem pelo celularao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), durante sessão da CPI do Cachoeira, justificou o torpedo, alegando que não se trata de blindagem (do peemedebista) e que a mensagem foi enviada num momento de irritação com o PMDB. "A mensagem pessoal foi num momento de irritação, de discussão com o PMDB", disse o deputado em entrevista à rádio Estadão/ESPN nesta sexta-feira.
*Terra
 
 

Hollande: futura retirada de suas tropas do Afeganistão não é negociável
18 de maio de 2012  16h47  atualizado às 18h44

O presidente francês, François Hollande, fez sua primeira visita aos Estados Unidos desde que assumiu o cargo na terça-feira. Hollande se encontrou com o presidente americano, Barack Obama, na Casa Branca, horas antes do início da cúpula do G8 em Camp David, da qual participará. Na reunião, o mandatário afirmou que a futura retirada de suas tropas do Afeganistão até o fim do ano não é negociável  Foto: AFP
O presidente francês, François Hollande, fez sua primeira visita aos Estados Unidos desde que assumiu o cargo na terça-feira. Hollande se encontrou com o presidente americano, Barack Obama, na Casa Branca, horas antes do início da cúpula do G8 em Camp David, da qual participará. Na reunião, o mandatário afirmou que a futura retirada de suas tropas do Afeganistão até o fim do ano não é "negociável"
*Terra

O Conexão Roberto D'Avila apresentou, nos dias 18 e 25 de julho de 2010, às 20h, entrevista com a filósofa, poeta e psicanalista Viviane Mosé 7 partes muito bom.

. A conversa com o jornalista Roberto D'Avila foi realizada no Rio de Janeiro, onde ela mora desde 1992. Entre os assuntos da conversa - além de filosofia, é claro -- estão a crise de valores e a importância da educação. Não poderia faltar, contudo, uma abordagem sobre o filósofo e pensador Friedrich Nietzsche, tema de sua tese de doutorado. Poemas da capixaba Viviane foram musicados pela cantora Mart'nália, a exemplo de "Contradição" e "Você não me balança mais".

Até FHC, presidente do Brasil da privataria tucana, admite a necessidade da regulação da grande mídia brasileira

FHC defende a regulação dos meios de comunicação
da Carta Maior
Em um seminário promovido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente defendeu a regulação da mídia como condição da democracia: "não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicãção", afirmou FHC. “Os meios de comunicação no Brasil não trazem o outro lado. Isso não se dá por pressão de governo, mas por uma complexidade de nossa cultura institucional,” acrescentou.
por João Brant (*)
O título, o ambiente e o programa sugeriam que o seminário “Meios de comunicação e democracia na América Latina”, realizado no último dia 15 no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), seria um palco para a cantilena contra a regulação do setor e de crítica feroz às iniciativas em curso em países da região. Não foi esse o tom predominante. 
Com a participação de ex-presidentes da Bolívia e do Equador e um ex-porta voz da presidência do México, além do jornalista brasileiro Eugênio Bucci, o debate foi marcado principalmente por duas preocupações. De um lado, o desafio de manter um jornalismo investigativo independente em um cenário de enfraquecimento dos meios tradicionais. De outro, uma afirmação quase uníssona sobre a necessidade de regulação democrática do setor, resumida pelo ex-presidente brasileiro, presente ao evento: “não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicação”.
Regulação em pauta
O seminário promoveu o lançamento de uma publicação conjunta do iFHC, Centro Edelstein de Pesquisas Sociais e da Plataforma Democrática chamada “Meios de comunicação e democracia: além do Estado e do Mercado”. A publicação é em boa parte pautada pela discussão sobre medidas de regulação dos meios de comunicação. O primeiro texto é de autoria dos argentinos Guillermo Mastrini e Martin Becerra, professores que estudam a concentração do setor na América Latina e que apoiaram a redação da lei de comunicação audiovisual aprovada no país em 2009.
No livro, o organizador da publicação, o sociólogo Bernardo Sorj, avalia que “generalizações sobre a América Latina mascaram realidades muito diferentes” e que “não é demais lembrar que qualquer legislação deverá orientar-se em primeiro lugar pelo objetivo de garantir a liberdade de expressão dos cidadãos frente ao poder do Estado e ao poder econômico”.
Na abertura do seminário, Sorj apresentou uma leitura dos contextos político e dos meios de comunicação e listou algumas das ações necessárias para alterar o quadro atual. No contexto político, o sociólogo identificou três elementos centrais: um sistema legal precário, uma crise de representação dos partidos e das ideologias políticas que valoriza o papel dos meios e a exigência de uma nova regulação dos meios em função da convergência tecnológica. Em relação ao contexto dos meios de comunicação, o sociólogo destacou a inexistência ou baixa audiência de emissoras públicas, sistemas regulatórios ultrapassados e nem sempre aplicados e uma tendência à concentração de propriedade.
As propostas apresentadas por ele reforçam a necessidade de regulação do setor privado e da ação do poder público e se assemelham em boa parte às apresentadas por setores que defendem a democratização da comunicação. Entre elas, o enfrentamento à concentração, o fortalecimento do sistema público e o apoio a pequenas e médias empresas de comunicação [ver lista completa ao final].
Crise de valores dos meios
As apresentações trouxeram abordagens complementares da relação entre meios de comunicação e democracia. Carlos Mesa, ex-presidente boliviano, salientou uma espiral de perda de valores que vivem os meios de comunicação e seus dirigentes. Ele comparou a crise da mídia com a crise do sistema financeiro, que descreveu como “uma orgia obscena do capitalismo”. Essa crise seria fruto de uma dificuldade de se situar em um cenário de organização da informação que tem a frivolidade como elemento central. “A mídia é protagonista e fiscalizadora, juiz e parte. Mas seu poder não vem acompanhado de responsabilidade”, observou.
Mesa repercutiu uma questão que atravessou todo o seminário, que é atual dificuldade financeira para sustentar o jornalismo investigativo. O problema, segundo ele, é que “apesar de vários meios impressos tradicionais terem uma grande audiência na internet, essa audiência não se transforma em recursos financeiros”. O desafio, portanto, seria garantir ao mesmo tempo credibilidade e capacidade de infraestrutura no novo cenário.
Conhecido por defender os interesses das elites bolivianas, Mesa não deixou de expor suas convicções. Ao discutir a necessidade de regulação da comunicação, o ex-presidente ressaltou que é preciso reconhecer que pode haver diferentes tipos de regulação e criticou a reserva de espectro realizada na Argentina, Uruguai e Bolívia. “Em meu país, um terço das frequências de rádio e TV está reservado para povos indígenas e originários e setores comunitários. O que eles farão com isso?”, perguntou ironicamente. 
As observações do mexicano Rubén Aguilar, ex-porta voz de Vicente Fox (presidente entre 2000 e 2006), focaram-se mais na promiscuidade dos meios de comunicação e do Estado em seu país. Aguilar descreveu a relação entre as partes como sendo historicamente pautada pelas negociações financeiras, tendo mudado pouco nas últimas décadas. “Antes o governo pagava, agora os meios cobram”, observa Rubén. 
Para ele, a marginalidade da imprensa escrita – o maior jornal da cidade do México tem tiragem de 100 mil exemplares – concentra muito poder no rádio e na televisão, o que se agrava pelo fato de que dois grupos econômicos controlam a maioria dos meios eletrônicos. “Vivemos uma situação hoje em que não há conflitos entre poder e meios de comunicação. Isso é muito ruim para a democracia”. Aguilar também defendeu abertamente a necessidade de regulação do setor. 
A apresentação de Osvaldo Hurtado, ex-presidente do Equador, foi a única que se centrou no discurso recorrente que identifica ameaças à liberdade de imprensa nas ações de presidentes latino-americanos. Em sua mira, Rafael Correa, Evo Morales, Hugo Chávez e Daniel Ortega. Hurtado, que presidiu o Equador no início da década de 1980, focou-se especialmente nas críticas às ações de Correa, sugerindo inclusive que a sentença que ordenou ao jornal El Universo o pagamento de US$ 40 milhões de indenização a Correa teria sido redigida dentro do palácio presidencial do Equador. 
Problemas brasileiros

Ao tratar do caso brasileiro, o jornalista Eugênio Bucci avaliou que a discussão no país está dificultada por duas irracionalidades: uma de matriz de direita, que diz que nenhuma regulação é necessária; outra, de matriz de esquerda, que defende a regulação por um desejo de censurar os meios. Para Bucci, a regulação é necessária, especialmente para enfrentar três gargalos: a confusão entre religião, meios e partidos; a presença possível de monopólios e oligopólios e o abuso das verbas dedicadas à publicidade oficial. Em sua opinião, os governos deveriam ser proibidos de anunciar, porque as verbas “dão espaço para proselitismo oficial com dinheiro público”.
No debate ao final das apresentações, o cientista político Sérgio Fausto lamentou que o Brasil não tenha a cultura do debate racional e prefira a confrontação de opiniões dogmáticas fechadas. Fausto avalia que essa seria a dificuldade de a internet substituir o papel dos meios tradicionais. “A democracia do acesso gera também a corrosão de valores fundamentais sem os quais poderemos ter mais vozes e menos democracia”, disse Fausto, que é também diretor executivo do instituto FHC.
A crítica mais contundente ao sistema de comunicações brasileiro veio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seus comentários, FHC criticou especialmente a ausência de pluralismo. “Os meios de comunicação no Brasil não trazem o outro lado. Isso não se dá por pressão de governo, mas por uma complexidade de nossa cultura institucional”, disse FHC. “Nós temos toda a arquitetura democrática, menos a alma”.
FHC afirmou ainda que é preciso lutar pelos mecanismos de regulação que permitam a diversidade. Para ele, “não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicação”. 
Sumário das propostas apresentadas na introdução do livro “Meios de comunicação e Democracia: além do Estado e do Mercado”, organizado por Bernardo Sorj, publicado pelo Instituto FHC, Centro Eldenstein e Plataforma Democrática:
Regulação da ação do poder público
1. A distribuição de concessões de rádio e televisão deve passar pela criação de uma agência reguladora que aja com transparência e cujas decisões sejam abertas ao debate e escrutínio público.
2. Garantir a autonomia dos canais ou emissoras públicas direta ou indiretamente dependentes de recurso público.
3. O uso e a distribuição da dotação pública para publicidade oficial devem ser transparentes e politicamente neutros.
4. O favorecimento de certos meios, quando realizado em nome do apoio a pequenas e médias empresas de comunicação, deve ser realizado com critérios transparentes e universais, abertos ao debate e ao escrutínio público.
5. A liberdade de informação inclui a obrigação dos governos de informar.
6. Garantir o acesso público aos conteúdos sem que eles sejam parasitados por sites comerciais e garantir a neutralidade da Rede. 
Regulação do setor privado
1. Combater a concentração de propriedade dos meios privados, pela ação de agências reguladoras autônomas do poder governamental (não confundir a extrema concentração com a existência de grupos de mídia economicamente sólidos). 
2. Garantir a sustentabilidade do jornalismo investigativo, pela sua importância para o sistema democrático. 
3. Políticas públicas para favorecer o pluralismo, com política de apoio universal ao surgimento de novos jornais e subsídios que diminuam os custos de entrada no setor.
4. Conscientizar a sociedade sobre a importância de ter acesso à informação e ser capaz de realizar uma leitura crítica da informação recebida. 
(*) João Brant é radialista e integrante do Intervozes
*OPensadordaAldeia

REALISMO FANTÁSTICO: BRASIL É O ÚNICO PAÍS DO MUNDO EM QUE O PODER JUDICIÁRIO É O PRIMEIRO A NÃO CUMPRIR A LEI, ORA A LEI!

O interior do universo de Gabriel García Márquez

O poder judiciário brasileiro está construindo um realismo fantástico diante da incipiente democracia do país.

Depois de pagar salários acima do teto constitucional, aposentar juiz criminoso com salário proporcional, tentar impedir o CNJ (Conselho Nacional de Justiça)  e a corregedora Eliana Calmon  de investigar atos de corrupção de juízes, agora diz que não vai cumprir a legislação de transparência nos dados dos poderes públicos.

O escritor colombiano, Gabriel García Márquez, quando souber disso ficará indignado. Como pode um país ter um poder judiciário de uma realidade mais fantástica do que a ficção? O poder judiciário brasileiro usurpa a literatura mais inexplicável racionalmente.

Ora  a lei, a lei é só para os outros; não para a justiça!  Veja notícia sobre esse incrível universo do poder judiciário brasileiro, o último a ter vontade de cumprir a lei que ele próprio fiscaliza, abaixo:

 O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra, disse que o decreto assinado pela presidente Dilma vale só para o Executivo. Ele é contra divulgar o nome de funcionários e respectivos salários porque considera que isso torna as pessoas vulneráveis a ações de criminosos.
“Quem vive no mundo de hoje sabe que divulgar o nome é a mesma coisa que dar endereço e telefone. Pelas redes sociais, Google, qualquer pessoa é encontrada. A Constituição ainda assegura direito à intimidade. As pessoas têm de ser protegidas. Se você publica na internet o nome da pessoa com o salário, as organizações criminosas vão levantar o endereço e isso torna a pessoa vulnerável a ataques.”
O coordenador de administração do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário e do Ministério Público da União no DF, Jailton Assis, concorda: “Não temos divergência quanto à divulgação de salários. Mas a divulgação nominal é muito ruim. Uma coisa é entender o custo do Judiciário para a sociedade. Outra é conhecer nomes de cada servidor, alimentando uma situação de risco real.” (texto integral)
*educaçãopolítica

Corinthians, de tradições e favores mil


Claudio Fernandez
O Vasco fez uma ótima partida. Bem armado, quase não cometeu erros na defesa, bateu de frente com o forte (nos dois sentidos) meio de campo do Corinthians e levou perigo no ataque. O jogo foi rigorosamente o que dele se esperava: duríssimo, equilibrado, disputado a cada tufo de grama e decidido no detalhe. Sim, meus amigos, a partida foi decidida no detalhe, ou melhor, em dois detalhes em um só lance: na cabeçada de Alecsandro, a favor do Vasco; no erro do auxiliar Alessandro Rocha Matos, a favor do Corinthians. “A favor do Corinthians?” A expressão soa tão nova quanto “fogo na roupa” ou “vou levar a pequena na matinê”. Sempre é a favor do Corinthians.
Assim foi em 1997, com o famoso “um, zero, zero” do então presidente corinthiano, Alberto Dualib, flagrado em escuta telefônica contando suas cifras cifradas. Do outro lado da linha, estava o chefe da comissão de arbitragem da CBF, Ivens Mendes.
Assim foi em 2005, quando o Corinthians foi duplamente beneficiado. Na esteira do esquema montado pelo arbitro Edilson Pereira de Carvalho, o time paulista teve dois jogos cancelados e remarcados. Coincidentemente, duas partidas que não havia vencido. No mesmo ano, para completar, houve ainda a célebre arbitragem de Márcio Rezende de Freitas no duelo entre Corinthians e Internacional. Tinga sofreu pênalti. O apitador mineiro não marcou a falta e ainda expulsou o jogador colorado por simulação. E por dissimulação? Ninguém vai expulso?
Assim foi em 2009. Copa do Brasil, Pacaembu. Vasco e Corinthians disputam uma vaga na final. Elton é puxado pela camisa na área e Leonardo Gaciba, que hoje posa de professor de arbitragem na TV, nada marca. Zero a zero e dever cumprido. Corinthians na final.
E assim foi em 2011, no Campeonato Brasileiro. Apenas para citar as maiores aberrações, o Vasco foi garfado contra o Figueirense, em Florianópolis, e nas duas partidas contra o Flamengo. Pontos valiosíssimos ficaram pelo caminho. Corinthians campeão! Sempre o Corinthians!
Sem meias palavras, confesso: estou de saco cheio desse negócio. O lance em que Alecsandro marcou de cabeça era difícil para a arbitragem? Era, e daí? O mínimo que se espera de um sujeito que faz seis anos de medicina é saber diferenciar um infarto de um refluxo gástrico. A questão é outra. Parecer haver um artigo 18, um mandamento escrito a lápis no livro de regras da arbitragem brasileira: in dubio, pro Corinthians (o mesmo se aplica ao Flamengo). Martelo batido e caso encerrado.
E o que fará Roberto Dinamite, diante de mais essa subtração explícita? Vai sorrir seu sorriso nervoso? Vai chorar à la Bebeto de Freitas? Ou vai se portar como o comandante-em-chefe de um dos maiores clubes do Brasil e, no mínimo, constranger publicamente a CBF e a arbitragem nacional, ainda que isso não passe de uma bomba de efeito moral?
E agora eu pergunto: pode um sujeito que até outro dia era presidente de um clube ser diretor da CBF? Pode um cartola com notória influencia nas entranhas políticas desse mesmo clube comandar todas as seleções brasileiras? Pode o ex-treinador desse time assumir a seleção brasileira e convocar uma pá de jogadores do ex-empregador? Pode que alguns desses mesmos atletas sejam rapidamente negociados para o exterior e, depois, nunca mais voltem a ser chamados pelo treinador, como se, da noite para o dia, deixassem de ser jogadores de seleção?
Eu pergunto e respondo: pode. Pode tudo. Pode até o dia nascer infeliz e Fernando Cavendish assumir uma Secretaria de Obras em um canto qualquer da nação. Como dizia Tim Maia, país estranho este Brasil, onde prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme e traficante se vicia. E onde o Corinthians pode tudo sem que se faça nada. Que saudades da boca seca e das pernas trêmulas das velhas matinês!
Leia também Jose Roberto Torero na Carta Capital
*