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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, junho 14, 2012
De olho no público jovem, nas eleições, #Serra inova guarda-roupa e se prepara para um giro no SPFW
No Twitter do @Leonek_
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*Mariadapenhaneles
Tremei, tucanos corruptos!
PT protocola pedido para CPI do Cachoeira ouvir Serra
O PT apresentou requerimento, na semana passada, para ouvir o
ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) na Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Cachoeira.
De acordo com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), autor do requerimento, o
objetivo é ouvir Serra sobre os contratos firmados entre a prefeitura de
São Paulo e a construtora Delta - que está no epicentro das
investigações envolvendo os laços do empresário Carlinhos Cachoeira com
políticos e empresas - durante a gestão do tucano.
A proposta inclui também o ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) Paulo Vieira, conhecido como Paulo Preto. Durante a campanha eleitoral de 2010, Paulo Preto foi alvo de denúncias sobre um suposto esquema de corrupção em obras viárias do governo paulista.
Segundo reportagem da revista Isto É, Vieira teria fugido com R$ 4 milhões arrecadados para a campanha de Serra ao Palácio do Planalto. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o engenheiro negou ter arrecadado recursos para o PSDB, mas disse ter criado as melhores condições para que houvesse aporte de recursos em campanha, ao dar a palavra final e fazer os pagamentos no prazo às empreiteiras terceirizadas que atuaram nas grandes obras de São Paulo.
De acordo com o autor do requerimento, a proposta não precisa ter apreciação imediata pelos deputados. "Pretendo fazer o debate ao longo da CPI", afirmou. Dr. Rosinha reconheceu que é normal haver controvérsias em uma comissão parlamentar. "Sempre há disputas políticas. Essa CPI não é diferente", declarou. Procurada, a liderança do PSDB na Câmara dos Deputados não quis comentar o caso.
Carlinhos Cachoeira Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira com outros políticos, como o governador Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Com Terra
Exames confirmam que Lula está curado do câncer
Em nota divulgada nesta quinta-feira (14), a assessoria do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirma que exames e uma biópsia confirmaram
não haver mais nenhum vestígio do câncer na laringe do petista.
Lula foi internado ontem no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para
retirada do cateter implantado há sete meses, por meio do qual recebeu o
medicamento quimioterápico contra o câncer, diagnosticado em outubro do
ano passado.
A assessoria informou ainda que, por determinação médica, o
ex-presidente deverá poupar a voz nos próximos dias, já que a laringe
passou pela sobrecarga dos exames locais feitos ontem.
Em função disso, Lula reduzirá as atividades que demandem o uso contínuo
da voz e cancelou a sua participação no sábado na Rio+20, na
inauguração da Arena Socioambiental.
"Sua prioridade, agora, é seguir as recomendações médicas para se
restabelecer definitivamente dos efeitos colaterais do duro tratamento a
que foi submetido nos últimos meses", diz a nota.
*esquerdopata
Argentinos dizem não aos EUA
Na
Argentina, após intensa mobilização popular contra decisão do
governador da região do Chaco, Jorge Capitanich, foi suspensa a
instalação de uma base militar do Comando Sul dos Estados Unidos.
Por Mário Augusto Jakobskind*, no Direto da Redação
Um
fato chama a atenção, o total silêncio da mídia de mercado sobre o
tema. Ou seja, se não fossem os movimentos sociais, a base militar seria
instalada sem que a maioria do povo soubesse o que estava acontecendo
em matéria de envolvimento da Argentina com a nação do Norte que ainda
acredita que o continente latinoamericano não passa de um quintal ou
pátio traseiro.
*DesabafoBrasil
Che Guevara
"Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês
qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa
em qualquer parte do mundo.
É a mais bela qualidade de um revolucionário."
(CHE)
Ernesto
Guevara de la Serna nasceu em 14 de junho de 1928, em Rosário,
Argentina, primeiro dos cinco filhos de Ernesto Lynch e Celia de la
Serna y Llosa, família de origem aristocrática, donos de terras. A mãe
descendia do último vice-rei do Peru e casou com Ernesto (pai),
estudante de arquitetura, em 1927. Embora de família tradicional que aos
poucos foi perdendo a sua riqueza, Che passou sua infância como menino
típico de família de classe média, nunca se preocupando muito com a
política. Celia teria papel importante na formação de Che, só inferior
ao de Fidel Castro, conforme o biógrafos. Mesmo de educação
católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda, sempre cercada de
mulheres politizadas. Ela é que cuidaria da educação do primogênito, o
pai era muito amigo dos filhos, mas era mais distante e gostava da vida
boêmia. Passaria para o filho porém, o gosto pelo esportes.
Che
nasceu de oito meses, débil, aos quarenta dias de vida teve pneumonia e
antes dos dois anos já sofria a primeira crise de asma.
A
família mudava muito de cidade, em busca de um clima melhor para o
garoto, até parar em Alta García, na região serrana de Córdoba, onde ele
vai crescer. Ficava muito em casa, até de cama, por causa da asma, e
assim começou a gostar de literatura: Julio
Verne, Baudelaire, Antonio Machado, Cervantes, García Lorca, Pablo
Neruda e outros clássicos passam a fazer parte de seu universos, embora
esse último tenha o influenciado muito a política e a filosofia.
Era
bom aluno, estudando em escola pública, freqüentada por meninos da
cidade e da roça, remediados e pobres, e sempre teve facilidade imensa
de relacionamento com os outros, já exercitando sua capacidade de
liderança.
A adolescência será marcada fortemente pela Guerra Civil Espanhola e depois pela segunda Guerra Mundial, quando o pai forma a Ação Argentina , organização antifascista em que increve o filho.
Em
Córdoba começa a jogar rúgbi, tênis, golfe, além de se dedicar à
natação. Nessa cidade fica amigo dos irmãos Tomás e Alberto Granado,
colegas de colégio com os quais viverá grandes aventuras. No colégio,
revela-se bom em literatura e filosofia e medíocre em matemática e
química - em música e física, um desastre, conforme seu boletim da 4ª
série. Desde então é um grande enxadrista, brilhando nos tabuleiros da
Olimpíada Universitária de 1948, Aí já terminara os estudos secundários,
em 1946, e a família se mudara para Buenos Aires. Pensava em estudar
engenharia, mas a morte da avó, à qual era muito ligado e de quem
assiste à morte, leva-o adecidir-se pela medicina.
Aos
dezoito anos alista-se no serviço militar obrigatório, mas é dispensado
por causa da asma, sorte para um jovem de família antiperonista ( o
exército argentino era então o grande reduto de Perón ).
Namorador,
atrevido e divertido, não pertenceu a nenhuma organização estudantil.
Sempre foi relaxado com roupas, camisa fora da calça, sapatos
desamarrados e um fascínio por viagens o levaria, em 1949, aos 21 anos, a
percorrer, mochila às costas, o norte argentino numa bicicleta
motorizada que ele próprio desenhou e construiu.
Em
dezembro do ano seguinte, inscreve-se como enfermeiro da marinha
mercante Argentina e viaja em petroleiros e cargueiros para vários
países, inclusive o Brasil.
Em
4 de janeiro de 1952, com 23 anos e a dois anos de sua formatura como
médico, lançou-se com Alberto Granado, o melhor amigo em uma aventura
pela América Latina, 10.000 quilômetros, numa Norton 500 que apelidou de
"La Poderosa II". Durante oito meses, percorreram cinco países e a
aventura marcou sua ruptura com os laços nacionais.Para pagar as
despesas deviagem,
trabalharam como carregadores, lavadores de prato, marinheiros e
médicos, o que já revelava sua coragem, espírito de independência e
desprezo pelo perigo.
Foi
a partir dessa viagem, que começou a se sentir e se expressar como um
latino-americano e não apenas como argentino, quando viu o desamparo, a
exploração e a miséria como traço característico do nosso continente.
Quando voltou, escreveu em seu "Diário de Viagem" (Livro publicado em
enches no ano de 1970) "Já não sou mais o mesmo". Talvez a sua viajem
pelo continente tivesse mostrado-lhe a pobreza dos seus vizinhos....
Vai
a Machu-Pcchu, vai navegar o Amazonas de balsa, vai atravessar o
deserto de Atacama, conhecerá mineiros comunistas e povos indígenas.
Dessa viagem ficará um diário que vai virar grande recesso editorial e
pelo qual se nota sua crescente politização e o choque que lhe provocam a
pobreza, a injustiça e a arbitrariedade que encontrou pelo caminho. O
hábito de escrever diários irá acompanhá-lo até seus últimos dias, na
Bolívia.
Em
agosto de 1952 decide regressar a Buenos Aires para terminar o curso de
medicina, formando-se pela Universidade Nacional de Buenos Aires em
junho de 1953 como especialista em alergia e após fazendo doutorado.
Não
deixa passar um mês e já pega a estrada,dessa vez com outro amigo,
Calica Ferrer. Foi trabalhar em diversos países, na ânsia de descobrir a
cura para a sua terrível doença, a asma, que o atormentava desde
pequeno.Está com 25 anos e não voltará mais para a Argentina.
Rumou
para a Venezuela, com parada na Bolívia por ficar mais barata a
passagem do trem, onde ficara seu amigo Granados, para trabalhar na
pesquisa da lepra, conheceu o advogado argentino Ricardo Rojo (Autor do
livro Meu Amigo Che), que estava refugiado naquele país, por sua atividade política antiperonista. Rojo lhe fez um convite decisivo:
"Para
que queres ir a Venezuela, um país que só serve para ganhar dólares?
Vem comigo a Guatemala, porque ali vai ter lugar uma verdadeira
Revolução Social" .
Fica
cinco semanas em La Paz, estuda os intentos de reforma agrária, e
assiste ao país vivendo o primeiro ano do governo reformista de Paz
Estensoro, o que valerá a Che um aprofundamento político que os
biógrafos consideram de vital importância para seu amadurecimento,
embora venha depois a desencantar-se com os rumos tomados pelo governo
dito revolucionário.
Che
desembarcou na Guatemala a 24 de dezembro de 1953, acompanhado de Rojo e
do Dr. Eduardo Garcia, também exilado argentino. Na Guatemala, o
presidente Jacobo Arbenz Guzmán desenvolvia um governo Revolucionário do
qual Che participou através do Instituto Nacional da Reforma Agrária.
Tentou
formar um grupo armado para organizar a resistência contra a invasão
norte-americana. Passa pela Costa Rica, onde faz contatos políticos e
onde sua vida começa a dar guinadas definitivas: conhece em San José
dois cubanos exilados que haviam escapado da célebre tentativa de tomada
do Quartel Moncada, em 26 de julho de 1953. Os dois lhe contam a
espetacular porém malograda ação de Fidel Castro buscando derrubar a
ditadura de Fulgencio Batista a partir do assalto ao quartel da segunda
maior cidade cubana, Santiago.
Fica
amigo dos dois -Calixto García e Severino Rossel, e com eles irá para a
Guatemala, onde será apresentados a outros cubanos, no final de 1953.
Guevara está então com 26 anos, é admirador da URSS e deseja se
inscrever a um partido comunista de qualquer país que seja, enquanto
trabalha como médico para sindicatos guatemaltecos, reunido ainda mais
experiência à sua sólida bagagem ideológica.
Vai
permanecer quase nove meses na Guatemala e conhecer Hilda Gadea
marxista convicta, militante política peruana que mais tarde tornará sua
primeira mulher. Passa apertos, não consegue exercer a medicina, e tem
de vender enciclopédias de porta em porta. O país está passando por
grande reforma, conduzida pelo presidente eleito (era o segundo na
história) Jacobo Arbenz, que iniciara um amplo programa de reforma
agrária expropriando as terras da poderosa empresa norte-americana
United Fruit Company. Ao tocar nos interesses da empresa é derrubado do
poder por iniciativa de Washington e com o apoio da OEA, em junho de
1954.
A
18 de junho de 1954, mercenários pagos pelos americanos invadem o país
processando um golpe militar que derruba o governo constitucional de
Arbenz e instala a ditadura do coronel Castillo Armas, fiel aos
interesses exportadores da United Fruit, cujas terras são devolvidas.
Segundo alguns autores, esta experiência será decisiva na definição
política de Guevara. Ele teria de sair imediatamente da Guatemala, pois
tinha sido condenado à morte por ter apoiado o regime anterior.
Che,
por sua atuação nos sindicatos, é informado de que corre perigo e se
asila na embaixada Argentina. Hilda é presa, mas logo é solta e ambos
sairão legalmente do país.
Tomaram
a decisão de ir para o México, com Hilda já grávida, lá se casam em
agosto de 1955 e têm uma filha, Hilda Beatriz, Hildita.
No
México, onde vai ganhar o apelido de Che, por usar a expressão sempre
que fala com os outros, Guevara compra uma máquina fotográfica e começa a
ganhar a vida fotografando turistas nas
ruas da capital, Cidade do México. E é até contratado por uma agência
noticiosa Argentina para cobrir os Jogos Pan.Americanos de 1955, que se
realizam no País. Ao mesmo tempo, escreve artigos científicos sobre sua
especialidade, alergia.
Em
junho, é apresentado a Raúl Castro, líder estudantil cubano recém-saído
da prisão em Cuba. Poucos dias depois chega o irmão de Raúl, Fidel, em 8
de julho de 1955, que Raúl apresenta a Che. Fidel passaram um ano e dez
meses preso na ilha de Pinos, Cuba, pelo episódio do Quartel Moncada.
Fora anistiado por Batista, a quem derrubaria, com Che, Três anos
depois. Chegava ao México para dali dar início à insurreição contra a
ditadura em Cuba, instalada desde o golpe militar de 1952.
O treinamento para a luta armada em Cuba começa no México e Guevara se inscreve em setembro, dois meses após conhecer Fidel.
Na
madrugada do dia 25 de novembro com Fidel Castro e os exilados cubanos
do "Movimento 26 de julho" para combater a ditadura de Batista., zarpa
do porto mexicano de Tuxplan o iate Granma, com capacidade para vinte
passageiros, levando 82 guerrilheiros, entre eles Che Guevara,
encarregado de atender os eventuais feridos no desembarque em Cuba.
Junto
com mais 18 homens, organizaram e penetraram em Sierra Maestra,na ilha
de Cuba para no ano de 1959, tomar a cidade de Havana e, de uma vez por
todas por fim ao imperialismo norte-americano que habitava a pequena
ilha.
Desembarcam
no dia 2 de dezembro, e três dias depois são cercados e atacados pelos
soldados numa emboscada, sobrando apenas 12 homens.
Foi um dos doze sobreviventes que por méritos de guerra foi nomeado comandante.
Estes
conseguem refugiar-se em Sierra Maestra onde tomam contato com os
camponeses e a guerrilha se multiplica e ganha prestígio, tanto dentro
como fora de Cuba, obtendo inúmeras ações vitoriosas contra as tropas do
governo. Em 1957 Che é nomeado comandante da 2ª Coluna (
Ciro Redondo) . Invadiu Las Villas e, após atravessar toda a ilha,
junto com a coluna de Camilo Cienfuegos, em 1 de janeiro de 1959,
Guevara toma a cidade de Santa Clara e em 8 de janeiro, Fidel Castro
entra triunfalmente em Havana.
As
relações entre o governo de Fidel e os EUA tornam-se tensas a partir do
momento que este tenta diminuir o domínio norte-americano sobre a
economia cubana. Em abril de 1961 a CIA invadiu Cuba com um exército de
mercenários e refugiados cubanos. Esta invasão à Baía dos Porcos resulta
num fracasso total.
Os
E.U.A estabeleceram um embargo econômico junto á mesma para que se
fosse encerrada a Revolução. Mas nada disso aconteceu. Com a ajuda da
URSS, Cuba foi se protegendo.
Em
1959 ocupou o cargo de diretor do Instituto Nacional de Reforma Agrária
e posteriormente o de presidente da banca nacional, o de responsável
pelas finanças do país, chefe do banco central cubano.
Em
19 de agosto de 1961 de passagem pelo Brasil é condecorado com a Ordem
do Cruzeiro do Sul pelo então presidente Jânio Quadros que renunciaria
uma semana depois.
Che
transfere-se para a direção do Ministério das Indústrias(1961-1965).
Discursa numa reunião da OEA em Punta del Este e denuncia o imperialismo
americano e seu aliados.
Fidel
declara-se socialista e aproxima-se da URSS recebendo dela mísseis
nucleares que poderiam atingir os EUA, é a "crise dos mísseis" de 1962,
Kennedy ordena o bloqueio de Cuba pela Marinha e ameaça invadi-la. Sem
consultar os cubanos, os soviéticos retiram os mísseis. Durante todo
este período Che escreve e publica suas principais obras. Em 11 de
dezembro de 1964 discursa na ONU onde oferece o apoio de Cuba para as
lutas de libertação no Terceiro Mundo.
Mas
como ele mesmo dizia, era , para ele , impossível ficar sentado em uma
sala fechada, Che representando o governo revolucionário parte para a
África onde toma conhecimento dosmovimentos
de libertação nacional africanos. Realizou varias viagens por paises
afro-asiáticos e socialistas (Checoslovaquia, U.R.S.S., China popular,
etc.). Presidiu a delegação cubana na Conferencia de Punta del Este
(1961) e no seminário de planificação de Argel (1963). Após uma volta
pela África negra onde combateu pelo comunismo, volta a Cuba, e
desaparece da vida pública e, poucos meses depois, Castro veio a
conhecer sua renuncia a todos os cargos e sua partida da ilha. Após uma
estadia no Congo como instrutor das guerrilhas de Sumialot e Mulele
(1965-1966), em setembro de 1966 Che chega à Bolívia para estabelecer um
centro de treinamento de guerrilha, onde deveria servir de
quartel-general tanto para revolucionários bolivianos quanto para
aqueles que iriam chefiar revoluções em países vizinhos. A posição
boliviana era estratégica pois ocupava geograficamente o centro do
continente sul-americano. Uma série de desentendimentos entre o PC
boliviano e a guerrilha faz com que o primeiro retire o seu apoio,
deixando Guevara e seus homens completamente isolados.
Foi
dizimado pelo exercito dirigido e apoiado pelos Rangers
norte-americanos. Em 8 de outubro é ferido em combate em "la Quebrada
del Yuro" Bolívia.no dia 9 é executado covardemente por oficiais
Bolivianos (Patrocinados pela CIA - Estados Unidos).
Em
18 de abril de 1967 é publicado em Cuba a mensagem de despedida de Che,
após ter se tornado um líder para os cubanos e um dos responsáveis pela
vitória da revolução.
Em 29 de junho de 1997, seus restos mortais são encontrados, em uma fossa em Vallegrande junto com mais 6 guerrilheiros.
Ao
12 de julho de 1997 é recebido no aeroporto de "San Antônio de Los
Baños" por sua família e companheiros. Os restos de Che descansarão
temporariamente na sala Granma do Ministério das Forças Armadas e serão
levados em outubro a um mausoléu na Praça Ernesto Che Guevara em Santa
Clara.
Suas
ações e idéias tiveram um papel fundamental nas lutas do Terceiro Mundo
para libertarem-no do jogo do imperialismo e a modificação para
tornarem melhores as estruturas sócio-econômicas vigentes. As idéias e a
prática de Guevara abrangem um amplo espectro da vida política
contemporânea
http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2011/06/hoje-na-historia-1928-nasce-che-guevara.html
*Briguilino
Ivo Teles, uma vítima do Pinheirinho
Da página dos blogueiros progressistas de São Paulo:
No dia 22 de janeiro desse ano, os moradores de Pinheirinho, em São José
dos Campos (SP), foram expulsos de suas residências por uma força
policial que uniu dois mil homens da PM paulista, mais um contingente
ignorado da guarda civil do município.
A ação obedeceu a uma ordem da juíza Márcia Loureiro, que determinou a reintegração de posse, com aprovação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, ambos do PSDB.
Vítima do Pinheirinho será exumada
Dica do @cidoli
Ivo Teles dos Santos, espancado em São José dos Campos. Imagem do Blog do Gusmão. |
No dia 22 de janeiro desse ano, os Moradores de Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), foram expulsos de suas residências por uma força policial que uniu dois mil homens da PM paulista, mais um contingente ignorado da guarda civil do município.
A ação obedeceu a uma ordem da juíza Márcia Loureiro, que determinou a reintegração de posse, com aprovação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, ambos do PSDB.
A área onde estavam os moradores de Pinheirinho possui mais de um milhão de metros quadrados, e pertence ao especulador financeiro, Naji Nahas, preso em 2008 pela polícia federal (operação Satiagraha), por crimes contra o sistema financeiro.
Cerca de 1600 famílias (aproximadamente 8000 pessoas) foram expulsas violentamente. Segundo a jornalista Conceição Lemes (do site Vi o Mundo), “trabalhadores foram espancados, um baleado nas costas, dois óbitos de alguma forma relacionados à reintegração de posse, pais barbarizados (tiveram armas apontadas para a cabeça) na frente dos filhos, animais mortos a tiros. Tudo o que tinham – de moradia, móveis, geladeiras, computadores, TV a brinquedos, livros, fotos, filmes, documentos – foi destruído. Gente que ficou sem passado, vive um presente miserável (há pessoas morando na rua) e não sabe qual será o futuro”.
Entre os flagelados, se encontrava Ivo Teles dos Santos, um ilheense de 69 anos, aposentado, suspeito de ter sido barbaramente espancado pelos policiais.
No mesmo dia da expulsão, 22 de janeiro, Ivo Teles deu entrada no Hospital Municipal de São José dos Campos, onde ficou internado por dois meses. O aposentado, que morava só em Pinheirinho num lugar chamado “Cracolândia”, só foi encontrado no dia 03 de fevereiro, por sua ex-companheira, Osorina Ferreira de Souza, com quem viveu durante 20 anos. A ex-mulher afirma ter encontrado Ivo Teles entubado e em pleno estado de coma.
Ivo Teles chama os pms de covardes, após a primeira sessão de espancamentos. Horas depois, foi internado no hospital municipal de São Jose dos Campos. Imagem do Blog do Gusmão |
Ivo Teles saiu de Ilhéus nos anos 80, para buscar emprego em São Paulo. Deixou uma filha de sete anos, Ivanilda Jesus dos Santos.
O Blog do Gusmão conversou com a filha do aposentado, hoje com 34 anos. Ivanilda, camareira de um hotel da zona sul de Ilhéus, afirmou que teve pouco contato com o pai. “Passei quase toda a minha vida procurando ele. Depois que foi para São Paulo, só veio aqui quando eu tinha nove anos. Sofri muito pela falta de meu pai. Certa vez, quando eu tinha 13 anos, fiquei sabendo que ele estava em Itabuna (a 26 km de Ilhéus). Fugi de casa, sem avisar a ninguém e voltei triste, pois não achei ele. Depois de um tempo, fiquei sabendo que ele já estava aposentado e morava em São José dos Campos, com uma senhora. Eu não sabia que ele morava naquele lugar, em condições tão ruins. Só fui descobrir quando ele estava internado no hospital, em coma. Fui avisada por Onorina no início de março, e fui para São Paulo cuidar dele”.
Ivanilda não quis ser fotografada, mas relatou seu sofrimento durante duas horas a este blog. Ela conta que foi para São José dos Campos no dia 16 de março desse ano. Custeou a passagem área (ida) com dinheiro do próprio bolso, parcelada no cartão de crédito.
Em São José, depois de muitos anos sem vê-lo, ela encontrou o pai internado, com vários hematomas espalhados pelo corpo, pernas paralisadas, muitos pontos na cabeça e com um furo no pescoço (devido à traqueostomia: infiltração de um tubo para passagem de ar).
Ivo Teles mostra o braço machucado pelos policiais. A imagem é do dia 22 de janeiro de 2012, data do "massacre de Pinheirinho". |
No dia 21 de
março, o pai teve alta médica, entretanto, não conseguia falar, e só
podia se locomover em cadeira de rodas. Com todas as dificuldades,
Ivanilda trouxe o pai de volta a Ilhéus. “Apesar dos problemas, enfim
consegui ver meu pai. Eu estava disposta a cuidar dele. Ele estava
doente, mesmo assim, ele me reconhecia e me abraçava. Mesmo sofrendo,
ele queria carinho e não queria que eu saísse de perto dele”.
Quando cuidou do pai, Ivanilda teve a ajuda da tia paterna, Roseneide Santos Barreto, 47 anos. Apesar dos cuidados da família, Ivo Teles não suportou as complicações. No dia 08 de abril, deu entrada no Hospital Regional de Ilhéus em estado grave.
Segundo Ivanilda, o médico plantonista não o atendeu. Alegou não ser especialista no tipo de atendimento necessário, e recomendou que o aposentado fosse levado para casa. O nome do médico não foi revelado.
No dia 10 de abril, Ivo Teles dos Santos faleceu, aos 70 anos, diante dos prantos da filha desgarrada que pouco conviveu. O sepultamento ocorreu no dia 11, no cemitério São João Batista, no bairro do Pontal, Ilhéus.
As causas da morte de Ivo Teles são alvo de intensa discussão entre a Defensoria Pública Estadual de São Paulo e representantes da Polícia Militar paulista.
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE) acusa a Polícia Militar de ter espancado o aposentado, diante dos olhares de várias testemunhas. O caso tem o acompanhamento do defensor público Jairo Salvador.
O Hospital Municipal de São José dos Campos afirma que o senhor Ivo Teles sofreu um acidente vascular hemorrágico (AVCH). Parlamentares e integrantes do Condepe questionam, pois o aposentado apanhou muito e foi visto, mal conseguindo andar, cheio de hematomas. O hospital não divulgou o boletim de atendimento de urgência (BAU), documento que descreve as condições de Ivo Teles quando recebeu os primeiros cuidados.
A filha, Ivanilda, tem sido procurada pela imprensa paulista, incluindo a Folha de São Paulo e a apresentadora Sonia Abrão. Entretanto, prefere a discrição do que atender os apelos da mídia. Apenas o Blog do Gusmão, graças às informações do blogprog SP, conseguiu manter um contato mais duradouro.
Wilker dos Santos Lopes e Luis Magda Nascimento, oficiais da polícia militar paulista procuraram Ivanilda duas vezes, no hotel em que ela trabalha. Queriam saber se Ivo Teles foi bem tratado em Ilhéus e acompanharam um depoimento dela na Defensoria Pública da cidade. Os pms disseram que o aposentado não deveria ter saído de São José dos Campos.
Aos policiais, Ivanilda questionou os hematomas encontrados no corpo do pai. Segundo ela, um homem de 70 anos não deveria ter sido tratado com violência. Os policiais teriam dito: “quando seu pai ofereceu resistência, ele não se comportou como um velho”. Eles levaram uma cópia do atestado de óbito. No documento, consta como causa da morte “falta de atendimento médico”.
O defensor público, Jairo Salvador, por meio da justiça baiana, solicitou a exumação do corpo de Ivo Teles. O juiz Antônio Alberto Faiçal Júnior, da 2° Vara Criminal de Ilhéus, determinou a realização do procedimento no dia 14 de junho, na próxima quinta-feira.
Após a exumação, Ivanilda pretende voltar a São José dos Campos, para retirar uma cópia do boletim de atendimento de urgência, do hospital municipal.
O Blog do Gusmão conseguiu imagens exclusivas do aposentado Ivo Teles, gravadas no dia do “Massacre de Pinheirinho”.
Quando cuidou do pai, Ivanilda teve a ajuda da tia paterna, Roseneide Santos Barreto, 47 anos. Apesar dos cuidados da família, Ivo Teles não suportou as complicações. No dia 08 de abril, deu entrada no Hospital Regional de Ilhéus em estado grave.
Segundo Ivanilda, o médico plantonista não o atendeu. Alegou não ser especialista no tipo de atendimento necessário, e recomendou que o aposentado fosse levado para casa. O nome do médico não foi revelado.
No dia 10 de abril, Ivo Teles dos Santos faleceu, aos 70 anos, diante dos prantos da filha desgarrada que pouco conviveu. O sepultamento ocorreu no dia 11, no cemitério São João Batista, no bairro do Pontal, Ilhéus.
As causas da morte de Ivo Teles são alvo de intensa discussão entre a Defensoria Pública Estadual de São Paulo e representantes da Polícia Militar paulista.
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE) acusa a Polícia Militar de ter espancado o aposentado, diante dos olhares de várias testemunhas. O caso tem o acompanhamento do defensor público Jairo Salvador.
O Hospital Municipal de São José dos Campos afirma que o senhor Ivo Teles sofreu um acidente vascular hemorrágico (AVCH). Parlamentares e integrantes do Condepe questionam, pois o aposentado apanhou muito e foi visto, mal conseguindo andar, cheio de hematomas. O hospital não divulgou o boletim de atendimento de urgência (BAU), documento que descreve as condições de Ivo Teles quando recebeu os primeiros cuidados.
A filha, Ivanilda, tem sido procurada pela imprensa paulista, incluindo a Folha de São Paulo e a apresentadora Sonia Abrão. Entretanto, prefere a discrição do que atender os apelos da mídia. Apenas o Blog do Gusmão, graças às informações do blogprog SP, conseguiu manter um contato mais duradouro.
Wilker dos Santos Lopes e Luis Magda Nascimento, oficiais da polícia militar paulista procuraram Ivanilda duas vezes, no hotel em que ela trabalha. Queriam saber se Ivo Teles foi bem tratado em Ilhéus e acompanharam um depoimento dela na Defensoria Pública da cidade. Os pms disseram que o aposentado não deveria ter saído de São José dos Campos.
Aos policiais, Ivanilda questionou os hematomas encontrados no corpo do pai. Segundo ela, um homem de 70 anos não deveria ter sido tratado com violência. Os policiais teriam dito: “quando seu pai ofereceu resistência, ele não se comportou como um velho”. Eles levaram uma cópia do atestado de óbito. No documento, consta como causa da morte “falta de atendimento médico”.
O defensor público, Jairo Salvador, por meio da justiça baiana, solicitou a exumação do corpo de Ivo Teles. O juiz Antônio Alberto Faiçal Júnior, da 2° Vara Criminal de Ilhéus, determinou a realização do procedimento no dia 14 de junho, na próxima quinta-feira.
Após a exumação, Ivanilda pretende voltar a São José dos Campos, para retirar uma cópia do boletim de atendimento de urgência, do hospital municipal.
O Blog do Gusmão conseguiu imagens exclusivas do aposentado Ivo Teles, gravadas no dia do “Massacre de Pinheirinho”.
*Tecedora
MEMÓRIAS DE UMA GUERRA SUJA...
Recém-instalada, a Comissão da Verdade já tem um grande e inédito material para destrinchar os obscuros anos da ditadura.
Cláudio Guerra |
Cada vez mais se comprova que conhecer o passado é indispensável para entender o presente |
“Memórias
de uma Guerra Suja” (Topbooks), depoimento aos jornalistas Marcelo
Netto e Rogério Medeiros, já vem causando uma enorme repercussão –menos
na grande imprensa onde é sistematicamente ignorado.
Marcelo Netto e Rogerio Medeiros (ao fundo) tem sua obra boicotada pelo PIG |
Comoveu seus primeiros leitores pela perversidade: a confissão do ex-policial sobre a incineração, no forno de uma usina carioca, de vários corpos de jovens tragados pela tortura.
Se não fosse pela necessidade imperiosa de julgar atrocidades como essas, só a oportunidade das famílias dos desaparecidos de conhecer o destino de seus entes, já obrigaria a Comissão da Verdade a se debruçar imediatamente sobre tais fatos.
Alguns relatos são tão detalhados e precisos que a verdade exala de seus poros. Em outros momentos, a aparente onipresença do autor lança algumas dúvidas sobre a autenticidade.
Mas como em todo processo, um depoimento isolado jamais é suficiente para atingir
a verdade.
“Memórias” é, assim, um ponto de partida, não um porto de chegada.
Comparando-se
ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, a quem teria inclusive sucedido
após a morte (cujas circunstâncias macabras também relata), Guerra se
insere em alguns dos mais conhecidos episódios da repressão: a chacina
da Lapa, a morte de Alexandre Baumgarten, o atentado frustrado ao
Riocentro.
Mas sua aparente
invisibilidade, eis que jamais mencionado em listas e depoimentos de
militantes ou familiares de desaparecidos, pode-se dever a uma inusitada
circunstância: Guerra alega que jamais torturou.
Matou e ocultou cadáveres, aos borbotões, mas quem cruzou com ele não teria ficado vivo para contar a história.
O livro não é romanceado e tampouco se enquadra no ‘new-journalism’ –há muito mais confissão do que reportagem.
Não
é de fácil leitura e a urgência em publicá-lo certamente prejudicou uma
montagem mais agradável. Mescla sem aviso prévio passagens em primeira e
terceira pessoa, repete notas exaustivamente e obriga o leitor a um
zigue-zague frequente, entre o texto e os anexos. Ainda assim é uma
leitura obrigatória.
Com ela é possível entender um pouco mais de como foi construída a repressão submersa no país e qual a extensão do legado que ela nos deixou.
Guerra
explica que foi a expertise que já tinha como um policial-matador que o
valorizou na colaboração com a ditadura. A tática de simular
resistências já era de há muito praticada pela polícia –a “vela (arma)
na mão do defunto”- e foi incorporada ao cotidiano das mortes pelo
Estado autoritário.
A sofisticação da repressão se deu em torno das bem articuladas comunidades de informação que reuniam militares de várias forças, agentes de várias polícias e até mesmo operadores graduados do direito –irmanados na prática dos crimes contra a humanidade. Guerra faz menção, inclusive, a uma suposta integração de procuradores da República a esta comunidade, bem como indica inúmeros de seus financiadores privados.
Algumas passagens são dignas de romance de espionagem.
O
agente da CIA que proporcionava o ingresso de armas no país, os
encontros de mandantes e assassinos em uma sauna, a maleta com
metralhadora embutida, que atirava ao abrir.
Mas o relato que resume de forma mais contundente o fim desse processo está longe de parecer ficção.
General Silvio Frota, o golpista da linha dura derrotado |
Guerra explica o que aconteceu aos operadores da repressão quando a luta da linha-dura para sufocar a abertura foi derrotada: “Alguns que se escondiam sob falsas identidades acabaram incorporados à máquina governamental. Viraram servidores públicos. Outros tiveram sorte diferente.... o pessoal responsável pelas operações mais perigosas foi absorvido em outras organizações, a maioria relacionada à contravenção”.
O ex-policial, por exemplo, admitiu ter se abrigado no jogo do bicho após o fim do regime militar.
O relato põe por terra a recorrente ideia de que a repressão significou mais segurança e a democracia é que tem sido permissiva com o crime.
Ao
revés, o recrudescimento da criminalidade é um dos mais perversos e
cruéis legados da própria ditadura –desde o incremento do contrabando de
armas à experiência aguda dos grupos de extermínio.
Nas palavras de Guerra, que vivenciou na pele essa transição e esteve dos dois lados do balcão:
A derrocada - o terrorista infiltrado no exercito brasileiro explode a bomba no próprio colo durante evento popular no Riocentro. |
“A decadência dos aparelhos de combate ao comunismo coincide com o crescimento de organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, à formação de milícias e principalmente ao jogo do bicho. O know-how conquistado com o aparato do Estado agora serviria ao submundo do crime organizado”.
Cada vez mais se comprova que conhecer o passado é indispensável para entender o presente.
Postado por
Marcelo Semer
Postado por
EDUARDO BUERES
*MilitânciaViva
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