O fotógrafo Herb Ritts, morto em 2002, foi considerado um dos
fotógrafos mais importantes a surgir na década de 1980. Revolucionou a
fotografia de moda, modernizou o nu, e transformou celebridades em
ícones. Atualmente há uma exposição em curso no Getty Center e outras já
agendadas.
Man with Chain, Los Angeles, 1985, Herb Ritts, gelatin silver print. © Herb Ritts
*nassif
Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, julho 15, 2012
Classe Média precisa se politizar
Por Marco Antonio L.
Classe média, que significa?
Claudio Bernabucci, Na Carta Capital
O compromisso silencioso entre o operário eleito presidente da República e a chamada elite brasileira – criar um mercado interno significativo e promover o crescimento de uma nova classe média – representa a autêntica obra-prima deste líder político indiscutível. Há quem diga que tal compromisso tenha premiado mais os ricos do que os pobres. Fato é que o processo desencadeado por Lula abriu uma dinâmica socioeconômica de baixo para cima que parece irresistível e, talvez, irreversível.
Desde então, fala-se e escreve-se muito no Brasil sobre classe média. A meu ver – salvo raras exceções – em termos ainda inadequados ou instrumentais.
Não importa aqui analisar a questão de um ponto de vista sociológico ou estatístico, nem rodar a faca da polêmica em torno da medida governamental que estabelece ex-púlpito – a partir de maio 2012 – que a classe média no Brasil é formada por pessoas com renda per capita entre 291 reais e 1.019 reais. O que nos interessa é focalizar a urgência de um debate amplo e de maior conteúdo. Para esse fim, o método comparativo poderia ser útil. Não para copiar modelos alheios, mas para, eventualmente, identificar um modelo original de classe média à brasileira, que faça tesouro das experiências já realizadas em outros países. Infelizmente, não observo nada disso. Ao contrário, me parece que se fala desta nova realidade de maneira distorcida: para exaltá-la em tom de propaganda ou para atraí-la em perspectiva eleitoral.
Aprofundar hoje no Brasil um debate sobre classe média equivale a abrir uma reflexão sobre o País que queremos. Na atual fase de decadência mundial da democracia, quando a política vai atrás da realidade para depois definir as próprias escolhas, o Brasil poderia ter a ambição de inverter o rumo: identificar o caminho a ser percorrido para depois aplicar políticas consequentes, evitando assim submeter-se às dinâmicas ditadas pelos “mercados”.
É verdade que no Brasil também a economia e a finança detêm a hegemonia sobre a política, mas – diferentemente do resto dos países democráticos – as escolhas iluminadas dos últimos tempos construíram uma solidez financeira pública que permitiria à política espaço de manobra mais amplo do que em outras latitudes.
Navegador seguro é o que conhece os mapas e depois decide a rota. No início da longa tempestade econômica que se vislumbra no horizonte, seria sábio estabelecer tal rota com a participação da tripulação, para poder chamá-la a dar o melhor de si nos momentos difíceis que inevitavelmente virão. Mas essa classe trabalhadora ampliada, agora chamada de classe média, não conhece suficientemente a arte de navegar: sua despolitização é patente. Além disso, ela não tem sido adequadamente informada pelo comandante do navio sobre os mares a serem navegados: o Estado não vem oferecendo a necessária educação.
Abre-se então a discussão sobre os (diferentes) papéis da política e do Estado na construção do Brasil futuro. Resulta evidente como a responsabilidade de governo tenha inibido a plena mobilização do PT, do sindicato e das associações aliadas. O que é mais grave, há sintomas de que esta renúncia pode ter-se transformado em perda de efetiva participação social, fundamental alimento de sustentação das organizações progressistas. Os adeptos do neoliberalismo podem facilmente abrir mão desses fatores; as forças de esquerda não, pena a perda de identidade (e segura derrota eleitoral).
Na Europa do pensamento único das décadas passadas, caracterizado pelo consenso neoliberal, os partidos progressistas perderam o senso da própria missão, e suas diferenças em relação aos adversários pareceram ser quase inexistentes. No cidadão fixou-se a convicção de que “são todos iguais”. Resultado: a classe média e os setores populares deram-lhes as costas e preferiram os originais às cópias.
Na dificuldade dessa conjuntura, seria a hora de redescobrir o partido – qualquer partido – como aquela livre associação que não somente organiza, mas elabora e transmite cultura, forja a prática da cidadania, trabalha na sociedade. Esse seria o momento de voar alto novamente e valorizar o papel irrenunciável dos sindicatos independentes e das organizações da sociedade civil. Quanto ao Estado, seria decisivo considerar que o investimento em educação é o que faz a diferença entre cidadão e consumidor.
Não pode ser esquecido que o Brasil se esforça para superar imensos atrasos herdados do passado, mas seria pecar de grave omissão deixar de lembrar que a política atrelada à contingência, não consegue criar uma nova proposta de Estado e um novo projeto-país. Permanecerá, inevitavelmente, portanto, e subalterna às tradicionais classes dominantes.
*Nassif
sábado, julho 14, 2012
José Mujica: golpistas paraguaios têm ligações com narcotráfico
Via Prensa Latina
Denúncia do presidente Mujica desata crise em partido paraguaio
Assunção, 13 jul (Prensa Latina)
A
denúncia do presidente uruguaio, José Mujica, sobre vínculos de setores
do Partido Colorado do Paraguai com o narcotráfico, desatou uma
profunda crise nessa organização, principal protagonista na destituição
do presidente Fernando Lugo.
Isso
se converteu no sinal para que, em meio a violenta disputa pela
candidatura presidencial para as eleições de 2013, na qual o partido
está envolvido, todas os olhares se dirigissem para um dos candidatos
presidenciais, o opulento empresário Horacio Cartes.
Já
o presidente Lugo havia assinalado que Cartes foi o principal
organizador do golpe ao realizar um pacto com o então vice-presidente da
República, Federico Franco, dirigente do Partido Liberal, que ocuparia a
presidência da República até as próximas eleições em troca de apoiar
seu plano.
A direção dos colorados, da qual
fazem parte outros dois candidatos, Lilian Samaniego e Ivier Zacarías,
exigiu publicamente de Cartes uma declaração na qual esclareça
publicamente suas relações com o narcotráfico e com a lavagem de
dinheiro.
O pedido de Samaniego e Zacarías, além
de fazer parte da luta interna na entidade pela candidatura
presidencial, baseou-se em elementos públicos sobre a conduta de Cartes
que, imediatamente, voltaram a sair à luz nos debates realizados pelos
representantes das duas partes nos meios de comunicação.
Segundo
esses dados apresentados pelos adversários de Cartes, este esteve
foragido da justiça durante quatro anos acusado de lavagem de dinheiro e
evasão de divisas, até que se entregou na década dos 90, foi condenado
em várias instâncias, mas surpreendentemente seu caso foi depois
arquivado.
Foi acusado também, disseram seus
colegas de partido, de tráfico de cigarros e drogas, enquanto um
telegrama difundido pelo Wikileaks o situou sob a mira de agências
antidrogas pelo mesmo delito de facilitar através de seu banco Amambay a
lavagem de dinheiro.
A polêmica no interior do
Partido Colorado subiu de tom nos últimos dias enquanto acerca-se a data
estabelecida pelo Tribunal de Justiça Eleitoral para a apresentação
oficial da lista de candidatos para as próximas eleições.
O
tom das acusações e os elementos apresentados, dos quais Cartes se
defende atacando contra seus oponentes, dão cada vez mais valor à
denúncia do presidente Mujica sobre a vinculação do famoso
narcocoloradismo com o golpe contra Lugo que, concretamente, não é
condenado pelos Estados Unidos.
*GilsonSampaio
Brasil a frente dos BRICs, diz economista da Harvard
Brasil a frente dos BRICs, diz economista da Harvard
Os economistas adeptos da visão de que se coloque maior empenho na ampliação dos fluxos de capitais do que na criação de empregos e postos de trabalho, gostam de citar parceiros estrangeiros de igual mentalidade para justificarem suas teses catastrofistas de que o Brasil haverá de afundar amanhã ou depois num mar de produtos primários inservíveis ao mundo, ao mesmo tempo em que agarrado por uma multidão de desempregados voluntários, optantes do programa bolsa família.
Esse tipo de visão tem grande acolhida nas empresas de mídia
pelo notório vínculo de seus principais veículos, via anúncios pagos, com
grandes bancos nacionais e internacionais que preferem ver o diabo a assistir a
presidente discursando em favor de políticas industriais. Se bem lembram, no
governo Fernando Henrique Cardoso a ideia de política industrial foi
definitivamente conotada às ideias de intervencionismo e de atraso, tornando-se
quase uma antinomia de noção de liberdade de mercado.
Mas entra crise e sai crise (esta agora é a segunda em menos
de 5 anos) e já não é possível aos simpatizantes dos juros altos, que é o preço
do produto vendido pelos bancos, falar abertamente contra aquilo que antes
tomavam por um acinte ao capitalismo moderno: a intervenção do governo na
economia com a finalidade de proteger a indústria e fomentar empregos.
Tampouco parece fácil encontrar, em relação ao Brasil,
faladores internacionais que se disponham a corroborar as teses esgarçadas – e,
diga-se, pouco patrióticas – dos financeiristas nativos acerca do colapso final
da economia brasileira.
Ao contrário, surge aqui e acolá figuras de projeção
internacional nos meios acadêmicos e empresariais que consideram estar o Brasil
hoje muito melhor posicionado para enfrentar a prolongada turbulência
internacional, não apenas em relação aos maiorais da América do Norte
e da Europa como também em relação aos seus pares de igual estágio de desenvolvimento,
a exemplo da China, Índia e Rússia.
Dan Rodrik, economista renomado da americana Harvard
University, em artigo recente para o Project Sindycate – entidade de pensadores
que reflete sobre a ordem internacional emergente – é um desses nomes que dá
corpo a uma nova visão interpretativa sobre o lugar dos países em desenvolvimento
no mundo e que veem o Brasil como em vias de deslocar-se dos chamados BRICS para
alçar uma posição de vantagem sobre os países a que se refere o acrônimo e
ainda outro que não o integra embora o devesse, a Turquia.
Rodrik acredia que 3 atributos serão de fundamental
importância no próximo período para que os países saiam mais facilmente da crise
que por todos os lados só se vê aprofundar. O primeiro é a existência de grande
mercado interno que lhes permita depender cada vez menos das exportações como
eixo dinâmico de suas economias.
O segundo é um baixo nível de endividamento interno, que
possibilite aos governos espaços para a ampliação dos investimentos de forma
não inflacionária e com níveis satisfatórios de taxas de juros sobre os papéis representativos
da dívida pública.
O terceiro dos
atributos necessários ao bom encaminhamento dos reflexos da crise internacional
nas economias nacionais é a existência de instituições democráticas
consolidadas que permitam a solução de conflitos distributivos e o
estabelecimento de consensos mínimos quanto à repartição do ônus incidente
sobre grupos sociais em decorrência das eventuais medidas de enfrentamento a
serem adotadas.
O economista julga que embora todos os países integrantes
dos BRICS, inclusive Turquia, desfrutem da primeira condição (existência de
grandes mercados consumidores), apenas o Brasil dispõe das 3 requisito que
constituem como um seguro contra os efeitos da crise.
Além de mercado dinâmico que permita compensar a perda do
crescimento internacional, o Brasil dispõe ainda de baixo endividamento do
governo (cerca de 40% do Produto Interno – PIB) e instituições políticas sólidas,
responsáveis pela travessia de 25 anos sem sobressaltos institucionais graves.
O mesmo não acontece nem com China e Rússia, que contam com regimes fechados em
que o fim de uma era de abundância poderá facilmente levar à paralisia do
Estado por causa de conflitos intestinos não dirimíveis por meio de acordos
políticos de maior consistência.
Muito embora mais arejados em termos do funcionamento
interno, Índia e Turquia têm contra si pesados níveis de endividamento público
(pelo menos o dobro do brasileiro) que lhes tolhe a liberdade de movimento na
efetivação de gastos públicos susbstitutíveis aos investimentos privados,
nacionais e estrangeiros.
É por isso que Dilma Russef pode dirigir-se a mandatários de
países Europeus, com os quais o Brasil mantém fortes laços econômicos, e
permitir-se lições de política econômica. Quando o barco vira tem mais
autoridade quem pode nadar melhor, mesmo contra a vontade de outros nacionais
que bem se comprazeriam com um país de afogados.
*Brasilquevai
Livro aborda ação de Israel contra programa nuclear do Irã
Livro sobre morte de cientistas nucleares por Israel se torna sensação no Irã
Segundo obra 'Spies Against Armageddon', assassinos eram agentes da Mossad que usufruíam de casas que atuavam como agências dentro do Irã desde a época do xá
The New York Times
A última sensação literária de Teerã é um suspense sobre o programa
nuclear iraniano, repleto de espionagem, assassinato e astúcia política.
Mas os seus autores não são ex-agentes de inteligência iranianos ou
escritores de ficção militar do país. Eles não são o equivalente ao
escritor americano Tom Clancy, autor de "Caçada ao Outubro Vermelho".
AP
Corpo do cientista Mostafa Ahmadi Roshan é carregado pelas ruas de Teerã (13/1)
O livro, “Spies Against Armageddon: Inside Israel’s Secret
Wars” ( Espiões contra o Apocalipse: Dentro da Guerra Secreta de
Israel, em tradução livre), provocou uma agitação entre o governo e a
imprensa de oposição dentro do Irã devido à afirmação feita por seus
autores - Yossi Melman, considerado um dos principais jornalistas
militares de Israel, e Dan Raviv, um correspondente político da emissora
CBS – de que cinco cientistas nucleares iranianos mortos nos últimos
cinco anos foram assassinados, bem provavelmente por agentes persas ou
judaicos, contratados pela Mossad, o serviço secreto de Israel.
Israel não confirmou nem negou ser responsável pelos assassinatos.Leia mais »
*Nassif
A imbecilização do mundo
Os mais celebrados mestres da culinária vanguardista, ou seja, aqueles
que empregam produtos da Nestlé e figuram em uma classificação anual
divulgada pela revista Restaurants (20 mil exemplares de
tiragem, destinada aos refinados do mundo), acabam de encerrar em
Copenhague um simpósio exaltante. Festa entre amigos, corrente da
felicidade, realizada à sombra do Noma, primeiro da lista da Restaurants, do chef
René Redzepi. Entre as novidades apresentadas, formigas vivas nutridas
com citronela e coentro, de sorte a assumir um gosto suavemente
acidulado, para o agrado de todos os paladares, segundo os participantes
do evento. Cuja contribuição à imbecilização global é de evidência
solar.
Há atenuantes. A quem interessa ler a Restaurants
qual fosse o Novíssimo Testamento ou comer formigas vivas, ou até
espuminhas de camarão, a preços estratosféricos, está claro? A minoria
de imbecilizados, é a conclusão inescapável, em um mundo onde a pobreza
fermenta e muitos morrem de fome. Mundo capaz de grandes progressos
científicos, presa, ao mesmo tempo, de uma crise econômica monstruosa,
provocada pela sanha de poucos em detrimento dos demais semelhantes.
Bilhões.
As atenuantes, como se vê, são medíocres, embora não exija esforços
mentais brutais perceber que imbecil é quem come formigas vivas em lugar
de um mero trivial. Somos o que comemos, dizem os sábios, donde a
inevitabilidade das ilações quando se multiplicam as provas da
cretinização global. Neste mar a vanguarda da gastronomia ao alcance dos
bolsos recheados é um lambari.
O Brasil não escapa, e nem poderia. Somos uma nação vincada pela
ignorância e pela prepotência da minoria reacionária, a preferir que as
coisas fiquem como estão para ver como ficam e a reputar sagrada a
classificação da Restaurants. Aqui manda a moda, mas, neste
mar, a dita cultura de massa é o próprio vento a enfunar as velas. Sem
contar a desorientação diante do mistério da vida e o medo da morte.
Deixarei de falar de esperanças impossíveis. Vou para miudezas, de certa
forma, para falar de situações recentes. E então, digamos, Anderson
Silva.
É brasileiro o número 1 do MMA, o vale-tudo do octógono, a luta que
assinala o retorno aos gladiadores. Li, pasmem, na primeira página do Estadão.
Só falta o Coliseu. Também faltam os leões, mas não nos surpreenderemos
se, de uma hora para outra, irromperem na arena. Os índices de
audiência são altíssimos, obviamente, e haverá quem se ufane de ser
brasileiro ao se deparar com a ferocidade de Anderson, nosso Hércules. E
fique feliz porque a transmissão do MMA iguala o Brasil aos Estados
Unidos e ao Japão. No resto dos países tidos como civilizados, a luta é
proibida.
Vale recordar que a tevê nativa ostenta tradições valiosas. Por exemplo: o nosso Big Brother,
ao repetir experiências globais, bate recordes de grosseria.
Acrescentem-se os programas populares do fim de semana, os seguidores do
Homem do Sapato Branco e os tempos da celebração da dança da garrafinha em horário nobre. Aproveito para sublinhar que a pensata “nobre” me deslumbra.
A aposta na parvoíce da plateia é constante. Inesgotável. Praticada pela
mídia nativa com singular esmero, produziu o efeito de comprometer a
saúde intelectual dos seus autores. Não fogem do destino inúmeros
políticos, vitimados por sua própria incompetência. Permito-me escalar
nestas linhas o presidente do PT, Rui Falcão, e o novo presidente da
CUT, Vagner Freitas. Em perfeita sintonia, ambos anunciam sua
inconformidade em relação ao possível “julgamento político do mensalão”.
Peculiar visão, a dos cavalheiros acima. O processo tem e terá
inevitáveis implicações políticas, e não cabe a eles exercer qualquer
gênero de pressão sobre o Supremo.
Enquanto evita-se discutir com toda legitimidade uma
questão premente, isto é, a inegável suspeição quanto à participação do
julgamento do ministro Gilmar Mendes, Falcão e Freitas oferecem munição
de graça à mídia nativa, ela mesma tão interessada em politizar o
processo. Os meus melancólicos botões garantem que os políticos de
antanho, vários bem mais à esquerda dos senhores citados, eram também
mais espertos.Mino Carta.
*
O TERROR DO NORDESTE
O crime organizado pelos banqueiros
Mauro Santayana
A invenção da moeda, contemporânea à do Estado, foi um dos maiores
lampejos da inteligência humana. A primeira raiz indoeuropéia de moeda é
“men”, associada aos movimentos da alma na mente, que chegou às línguas
modernas pelo verbo sânscrito mányate (ele pensa). Sem essa
invenção, que permite a troca de bens de natureza e valores diferentes,
não teria havido a civilização que conhecemos.
A construção das sociedades e sua organização em estados se fizeram
sobre essa convenção, que se funda estritamente na boa fé de todos que
dela se servem. Os estados, sempre foram os principais emissores de
moeda. A moeda, em si mesma, é neutra, mas, desde que surgiu, passou a
ser também servidora dos maiores vícios humanos. Com a moeda, vale
repetir o lugar comum, cresceram a cobiça, a luxúria, a avareza – e os
banqueiros.
A moeda, ou os valores monetários, mal ou bem, estavam sob o controle
dos Estados emitentes, que se responsabilizavam pelo seu valor de face,
mediante metais nobres ou estoques de grãos. Nos tempos modernos, no
entanto, a sua garantia é apenas virtual. Os convênios internacionais se
amarram a um pacto já desfeito, o Acordo de Bretton Woods, de
1944. A ruptura do contrato foi ato unilateral dos Estados Unidos, sob a
presidência Nixon, ao negar a conversibilidade em ouro do dólar, moeda
de referência internacional pelo Acordo.
Essa decisão marca o surgimento de uma nova era, em que o valor da moeda
não se relaciona com nada de sólido. Os bancos, ao administrá-la,
deveriam conduzir-se de forma a merecer a confiança absoluta dos
depositantes e dos acionistas, e assegurar essa mesma confiabilidade às
suas operações de crédito. O papel social dos bancos é o de afastar os
usurários e agiotas do mercado do dinheiro. Mas não é desta forma que
têm agido, sobretudo nestes nossos tempos de desmantelamento dos
estados.Hoje, não há diferença entre um Shylock shakespereano e qualquer
dirigente dos grandes bancos.
Na Inglaterra, o escândalo do Barclays, que se confessou o
primeiro banco responsável pela manipulação da taxa Libor, provocou o
espanto da opinião pública, mas não dos meios financeiros que não só
conheciam o deslize, como dele se beneficiavam.
Segundo noticiou ontem El Pais, os dois grandes executivos da Novagalícia, surgida da incorporação de duas instituições oficiais da província galega – a NovaCaixa e a Caixa Galícia
– e colocada sob o controle de Madri em setembro do ano passado,
pediram desculpas aos seus clientes, por ter a instituição agido mal.
Entre outros de seus malfeitos, esteve o de enganar pequenos
investidores mal informados, entre eles alguns analfabetos, com
aplicações de alto risco, ou seja, ancoradas em débitos podres, as
famosas subprimes, adquiridas dos bancos maiores que operam no mercado
imobiliário do mundo inteiro.
Além disso, os antigos responsáveis por esses desvios, deixaram seus
cargos percebendo indenizações altíssimas. E os novos administradores
tiveram sua remuneração reduzida, por serem as antigas absolutamente
irracionais. Com todas essas desculpas, a Novagalícia quer uma injeção
de seis bilhões de euros, a fim de regularizar a sua situação.
Este jornal reproduziu, ontem, artigo de The Economist, a propósito da manipulação da taxa Libor, por parte do Barclays, e disse, com a autoridade de uma revista que sempre esteve associada à City, que não há mais confiança nos maiores bancos, do mundo, como o Citigroup, o J.P.Morgan, a União de Bancos Suíços, o Deutschebank e o HSBC.
Executivos desses bancos, de Wall Street a Tóquio, estão envolvidos na
grande manipulação sobre uma movimentação financeira total de 800
trilhões de dólares.
Para entender a extensão da falcatrua, o PIB mundial do ano passado foi
calculado em cerca de 70 trilhões de dólares, menos de dez por cento do
dinheiro que circulou escorado na taxa manipulada pelos grandes bancos. A
Libor, sendo a taxa usada nas operações interbancárias, serve de
referência para todas as operações do mercado financeiro.
O mundo se tornou propriedade dos banqueiros. Os trabalhadores produzem
para os banqueiros, que controlam os governos. E quando, no desvario de
sua carência de ética, e falta de inteligência, os bancos investem na
ganância dos derivativos e outras operações de saqueio, são os que
trabalham, como empregados ou empreendedores honrados, que pagam. É
assim que estão pagando os povos da Grécia, da Espanha, de Portugal, da
Grã Bretanha, e do mundo inteiro, mediante o arrocho e o corte das
despesas sociais, pelos governos vassalos, alem do desemprego, dos
despejos inesperados, das doenças e do desespero, a fim de que os bancos
e os banqueiros se safem.
Se os governantes do mundo inteiro fossem realmente honrados, seria a
hora de decidirem, sumariamente, pela estatização dos bancos e o
indiciamento dos principais executivos da banca mundial. Eles são os
grandes terroristas de nosso tempo. É de se esperar que venham a
conhecer a cadeia, como a está conhecendo Bernard Madoff. Entre o
criador do índice Nasdaq e os dirigentes do Goldman Sachs e seus pares,
não há qualquer diferença moral.
Os terroristas comuns matam dezenas ou centenas de cada vez. Os
banqueiros são responsáveis pela morte de milhões de seres humanos,
todos os anos, sem correr qualquer risco pessoal. E ainda recebem bônus
milionários.
*esquerdopata
Marconi Perillo tem que sair já: lama cobre governo tucano
Revista Época
Como a Delta pagou Perillo
Um relatório da Polícia Federal obtido com exclusividade por ÉPOCA comprova os elos entre o esquema de Carlinhos Cachoeira e o governador de Goiás
Como a Delta pagou Perillo
Um relatório da Polícia Federal obtido com exclusividade por ÉPOCA comprova os elos entre o esquema de Carlinhos Cachoeira e o governador de Goiás
No dia 27 de junho, o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal remeteu à
Procuradoria-Geral da República um relatório sigiloso, contendo todas
as evidências de envolvimento do governador Marconi Perillo com o
esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Como
governador de Estado, Perillo só pode ser investigado pelo
procurador-geral da República – e processado no Superior Tribunal de
Justiça. O relatório, a que ÉPOCA teve acesso com exclusividade, tem 73
páginas, 169 diálogos telefônicos e um tema: corrupção.
O documento está sob os cuidados da subprocuradora Lindora de Araújo,
uma das investigadoras mais experientes do Ministério Público. Ela
analisará que providências tomar e terá trabalho: são contundentes os
indícios de que a Delta deu dinheiro a Perillo.
Alguns desses 169 diálogos já vieram a público; a vasta maioria ainda
não. Encontram-se nesses trechos inéditos as provas que faltavam para
confirmar a simbiose entre os interesses comerciais da Delta em Goiás e
os interesses financeiros de Perillo.
Explica-se, finalmente, o estranho episódio da venda da casa de Perillo
para Cachoeira, que não foi bem entendido. Perillo nega até hoje que
tenha vendido o imóvel a Cachoeira; diz apenas que vendeu a um amigo. O
exame dos diálogos interceptados fez a Polícia Federal, baseada em
fortes evidências, concluir que:
1) assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a
Delta fecharam, diz a PF, um “compromisso”, com a intermediação do
bicheiro Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o
governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo;
2) o primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava. Ele queria
vender o imóvel e receber uma “diferença” de R$ 500 mil. Houve regateio,
mas Cachoeira e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em
três parcelas;
3) Perillo recebeu os cheques de Cachoeira. O dinheiro para os
pagamentos – efetuados entre março e maio do ano passado – saía das
contas da Delta, era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em
seguida, repassado a Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as
faturas devidas à Delta;
4) a Delta entregou a um assessor de Perillo a “diferença” de R$ 500 mil;
5) a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.
Mais, MUITO mais AQUI
*esquerdopata
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