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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 03, 2012

O circo montado na véspera da eleição

Por Altamiro Borges
De forma cronometrada, o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia hoje o julgamento do chamado “núcleo político do mensalão”. Só mesmo os ingênuos acreditam que houve “mera coincidência” com os últimos dias da campanha eleitoral. O ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente nacional do PT, José Genoíno, e o ex-tesoureiro da legenda, Delúbio Socares, serão os alvos da fúria do ministro-relator Joaquim Barbosa. As manchetes dos jornais e os destaques da tevê, nas vésperas da eleição, só tratarão da “condenação” do PT.

A mídia hegemônica, a mesma que se travestiu de ética para derrubar Getúlio Vargas e João Goulart, já antecipou seu veredito. Os três devem ser “fuzilados”. Pouco importa a ausência de provas concretas e o uso político-eleitoreiro do julgamento. É preciso derrotar o PT e o conjunto das forças de esquerda – tanto nas eleições municipais, mas, principalmente, do ponto de vista estratégico. O STF, que representa a casta do Judiciário e já cometeu várias outras injustiças na história, é pressionado para se curvar diante do poder midiático.

Jogo de cartas marcadas

A carga foi pesada para fazer coincidir o julgamento com as eleições. O “mensalão tucano”, que irrigou as campanhas pelas reeleições de Eduardo Azeredo em Minas Gerais e do ex-presidente FHC, simplesmente sumiu da mídia. Ele foi anterior ao caso agora analisado pelo STF, mas a chamada grande imprensa se finge de morta – quando trata do caso, refere-se ao “mensalão mineiro” e evita citar o PSDB. Os envolvidos neste processo podem até ter as suas penas prescritas, com a cumplicidade do mesmo Joaquim Barbosa.

Alguns mais crédulos ainda acreditam num julgamento imparcial, com base nos autos. Como diz o ditado, a esperança é a última que morre – mas, acrescento, ela também morre! Na véspera do primeiro turno, os três serão acusados pelo crime de corrupção ativa. Já na véspera do segundo turno, eles serão "julgados" pelo crime de formação de quadrilha. Pura coincidência! Tudo indica que a maioria dos ministros do STF fuzilará os três “petistas” – para a alegria da mídia golpista e da cambaleante oposição demotucana!
*Ajusticeiradeesquerda

FETICHES Valdemiro vende por R$ 153 colher milagrosa de pedreiro

 

11 comentários:
colher milagrosa de pedreiro de Valdemiro Santiago
A colher  é o mais um produto
da prateleira santa da Mundial
O mais novo produto da prateleira santa da Igreja Mundial é a colher dourada "prudente construtor" (ver vídeo abaixo).

Ao final do mês passado, Valdemiro Santiago, o chefe da Igreja, lançou por R$ 153  uma versão dourada dessa ferramenta de pedreiro não para “enfiar no cimento”, mas para “tocar em seus projetos, em seus contratos”.

“Onde você tocar, você vai ser abençoado”, disse ele em um de seus programas de TV.


Para Valdemiro, que é ex-pedreiro, não se trata de uma venda de um objeto simbólico, mas de um “investimento” na obra de Deus. A venda se encerra no próximo dia 12.  Já saíram da prateleira santa da Mundial fronha, meia, martelinho, toalhinha, água e óleo consagrados, etc.

Aparentemente, a promoção da colher milagrosa de pedreiro objetiva fazer às pressas caixa para a Mundial, que está tendo dificuldade de pagar horário de TV e funcionários. Valdemiro já teve de vender uma de suas fazendas.

Ou seja, se as vendas foram boas, a colher vai, de fato, resolver problemas, mas os do Valdemiro.

"Onde você tocar [a colher], você será abençoado"
Com informação da íntegra de vídeo de programa da Mundial.

Igreja Mundial vende por R$ 91 fronha milagrosa dos sonhos
agosto de 2012
Valdemiro Santiago.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/#ixzz28HBGQtvS
Paulopes

"NA VERDADE O POVO NÃO TEM PODER ALGUM"



Para o jurista Fábio Konder Comparato, imprensa alternativa pode contribuir para forjar uma mentalidade democrática entre a população, acostumada com séculos de submissão . 

Do Brasil de Fato 


Reconhecido pela defesa das causas de movimentos sociais, como o MST, e crítico ferrenho da última ditadura civil-militar (1964-1984), o jurista Fábio Konder Comparato acredita que o Brasil ainda está longe de ser um Estado verdadeiramente democrático. 


De acordo com ele, os brasileiros ainda têm a mentalidade e os costumes marcados por séculos de escravidão e precisam se desvencilhar da submissão e passividade. 


Para tanto, segundo o jurista, é preciso ampliar a educação cívica e política e aproveitar ao máximo a imprensa alternativa para denunciar essa opressão. 


Confira a entrevista exclusiva concedida ao jornal Brasil de Fato. 


Brasil de Fato – Professor, no próximo ano a Constituição Federal completa 25 anos. Na sua avaliação o Brasil conseguiu alcançar um patamar de país democrático, que respeita os direitos sociais e as liberdades individuais, ou ainda há muita diferença entre o que está estabelecido na lei e o que está posto na prática? 


Fábio Konder Comparato – Exatamente aquilo que acaba de dizer por último. Essa diferença entre o que está na lei e o que existe na prática não é de hoje, é de sempre. E o que caracteriza a vida política brasileira é a duplicidade, com a existência de dois ordenamentos jurídicos: a organização oficial e a organização real. E também no sentido figurado há duplicidade, ou seja, o verdadeiro poder é dissimulado, é oculto. Nós encontramos na Constituição a declaração fundamental no artigo 1º, parágrafo único de que todo poder emana do povo que o exerce diretamente por intermédio de representantes eleitos. Mas na verdade, o povo não tem poder algum. Ele faz parte de um conjunto teatral, não faz parte propriamente do elenco, mas está em torno do elenco. Toda a nossa vida política é decidida nos bastidores e para vencer isso não basta mudar as instituições políticas, é preciso mudar a mentalidade coletiva e os costumes sociais. E a nossa mentalidade coletiva não é democrática. O povo de modo geral não acredita na democracia, não sabe nem o que é isso. Não sabe que é um regime político em que ele tem o poder em última instância e que ele deve decidir as questões fundamentais para o futuro do país. Não sabe que ele deve não somente eleger os seus representantes, mas também poder de destituí-los. O povo não sabe que ele deve ter meios de fiscalização contínua dos órgãos do poder, não apenas do Executivo e Legislativo, mas também do Judiciário, que se verificou estar corrompido até a medula, com raras e honrosas exceções.  


E por que essa mentalidade? 


Ora, essa mentalidade coletiva é fruto de quase quatro séculos de escravidão. Quando Tomé de Souza desembarcou no Brasil em 1549 trouxe o seu famoso regulamento de governo, no qual tudo estava previsto, mas só faltava uma coisa, a constituição de um povo. Havia funcionários da metrópole, havia um contingente de indígenas, havia o começo da escravidão, mas não havia povo. E nós não chegamos a constituir esse povo ao longo da nossa história porque o poder sempre foi oligárquico, ou seja, de uma minoria de grandes proprietários e empresários com apoio do contingente militar e da Igreja Católica. Assim nós chegamos ao século 21 numa situação de duplicidade completa. Todos acham que nós vivemos numa democracia e república, mas nós nunca vivemos de modo republicano e democrático. O primeiro historiador do Brasil, Frei Vicente do Salvador, apresentou uma declaração que até hoje permanece intocável, dizendo que nenhum homem dessa terra é repúblico, nem zela e trata do bem comum, se não cada um do bem particular. Não existe a possibilidade de democracia sem que haja uma comunidade em que o bem público esteja acima dos interesses particulares. E o chamado povão, as classes mais populares e humildes já trazem de séculos essa mentalidade de submissão, de passividade. Procuram resolver os seus problemas através do auxílio paternal de certos políticos ou através do desvio da lei. Nós vemos isso cotidianamente, nunca nos insurgimos contra uma lei que consideramos injusta, mas simplesmente nós desviamos da proibição legal. 


E como mudar essa mentalidade, professor? 


É uma boa pergunta, mas a resposta vai ser um tanto desalentadora. Essa mentalidade e costumes foram forjados por uma instituição política colonial, depois imperial e falsamente republicana, mas, sobretudo, pela vigência do sistema capitalista, que entrou em vigor no Brasil no ano do descobrimento. E o sistema capitalista tem essa característica específica, o poder é sempre oculto e dissimulado. Os grandes empresários dizem que não são eles que fazem a lei, mas na verdade são eles que fazem o Congresso Nacional. São eles que dobram os presidentes da República. E os grandes empresários atualmente são os grandes banqueiros, os personagens do agronegócio, os industriais e os grandes comerciantes. Agora, por exemplo, o Partido dos Trabalhadores (PT) acabou admitindo na esfera federal, porque não havia outro jeito, a aprovação de um novo Código Florestal que favorece abertamente os grandes proprietários agrícolas. Então veja, para mudar tudo isso é preciso um trabalho longo e contínuo de educação cidadã. Isto evidentemente a partir de um trabalho de contínua denúncia dessa situação oligárquica. Mas a denúncia dessa situação hoje na sociedade de massas passa necessariamente pelos órgãos de comunicação de massa que estão nas mãos dos grandes empresários. Então a situação é muito pior do que a gente poderia imaginar, mas o importante é não desanimar, não perder o impulso no sentido da denúncia completa. Nenhum sistema de poder permanece em vigor se é desmoralizado perante o público. Nós temos poucas possibilidades de desmoralizar o sistema capitalista, mas uma delas que temos que aproveitar até o fim é a imprensa corajosa e lúcida como é o caso de Caros Amigos e Brasil de Fato. 


Para além da imprensa, o que os movimentos sociais e sindicais, que cumpriram um papel importante de desmoralização da última ditadura militar, poderiam fazer? 


O grande problema dos sindicatos que se revelou hoje é que eles não têm espírito público. Eles defendem em geral muito bem os interesses da classe trabalhadora, mas muitas vezes os meios empregados para essa defesa vão contra o interesse público. Quero dar um exemplo que vai provocar um certo escândalo. Eu sou radicalmente contra a greve no serviço público porque o grande prejudicado não é o governo, é o povo. A greve foi um instrumento legítimo de defesa dos trabalhadores nas empresas privadas porque atinge diretamente os interesses dos empresários. No serviço público é diferente. Veja o que aconteceu nas Universidades Federais. Todas entraram em greve. Os alunos declararam greve. Ora, os alunos das Universidades Públicas têm o privilégio de não pagar mensalidades. E como é que são sustentadas essas Universidades? Com o dinheiro do povo, e digo mais, com o dinheiro do povo mais pobre porque 70% dos impostos desse país são indiretos, ou seja, quem tem menos paga mais. É por isso que nós precisamos ampliar a educação cívica e política no sentido amplo da palavra. Eu criei, juntamente com alguns companheiros, há mais de vinte anos a Escola de Governo. Foi apenas um início e eu gostaria que fossem multiplicadas as escolas de formação cívica. Na periferia é preciso multiplicar esse tipo de ensino para que o povo comece desde já a se revoltar. Se fulano vier pedir votos para vereador ou prefeito, é preciso saber quem é o fulano, quem o mandou, quem é o responsável por sua candidatura. 


Hoje os trabalhadores menos precarizados do Brasil são justamente os servidores públicos porque têm condições reais de questionar a sua situação de trabalho ao enfrentar o seu patrão, que é o governo. Não seria um pouco radical não legitimar a greve no setor como instrumento de luta para conquistar e manter direitos? 


Em primeiro lugar, a greve no serviço público não é tradicional, é muito recente. Em segundo lugar, ao invés da greve é preciso estabelecer instrumentos de proteção especial para os servidores públicos como, por exemplo, tribunais de arbitragem, estabilidade, garantia de aumento nos vencimentos pelo menos de acordo com o índice inflacionário e assim por diante. Tudo aquilo que é para favorecer os servidores públicos e lesa o patrimônio do povo deve, a meu ver, ser denunciado e banido. É uma questão que precisa ser mudada. 


O senhor disse sobre a existência de oligopólio nas empresas de comunicação no Brasil. Se o Executivo, Legislativo e Judiciário não fazem nada contra algo que é proibido pela Constituição, que atitude o povo pode tomar? 


Eu acho que cada um tem uma missão e particularmente acredito que cumpri a minha. Eu procurei o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) propondo que se fizesse uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão, pela não regulamentação dos dispositivos constitucionais sobre os meios de comunicação de massa. O Conselho não aceitou. Então eu procurei o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), que aceitou e a ação foi proposta, que é a ação de inconstitucionalidade por omissão número 10. Mas essa é uma medida meramente política. Do ponto de vista jurídico, o eventual ganho de causa não vai significar muita coisa porque dará uma recomendação ao Congresso Nacional para regulamentar a Constituição. Mas é preciso utilizar- se dessa ação para denunciar o controle que a mídia exerce sobre o Congresso Nacional. E exerce também sobre o Executivo porque o Advogado Geral da União que, de acordo com a lei, está sobre a imediata supervisão do Presidente da República, deu parecer contrário à ação. 


Até hoje ainda existem instituições criadas pela última ditadura civil-militar como é o caso da Polícia Militar. E apesar das denúncias dos movimentos sociais e de estudantes sobre a violência sistemática cometida pela Corporação, parece que o Estado finge que não acontece nada. Diante disso, o que se fazer? 


Bom, em primeiro lugar, não são todos os movimentos sociais que protestaram contra o morticínio [na chácara] de Várzea Paulista [no interior de São Paulo, onde policiais da Rota – Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar – mataram nove pessoas no dia 11 de setembro]. E eu fiquei surpreso com o fato da Arquidiocese de São Paulo ter protestado contra as declarações religiosas de um candidato a prefeito da cidade de São Paulo, mas não ter dito nada sobre esse morticínio planejado e executado friamente. Foram abatidas nove pessoas com 61 tiros. Não houve arranhão em nenhum policial militar. Pois bem, quero lembrar que a Organização das Nações Unidas acaba de se pronunciar insistindo na supressão da Polícia Militar. Esta é uma proposta que eu venho defendendo há vários anos pois não faz nenhum sentido a organização de uma polícia no estilo de forças armadas, porque isso é uma trágica herança do regime empresarial militar.


do blog MIDIA CARICATA 
*cutucando de leve

"Eu sou contra o casamento entre pessoas de sexos opostos. Dois grandes resíduos da escravidão: é o serviço militar e o casamento". O ator Paulo César Pereiro é candidato a vereador em São Paulo pelo PSB


*Opensadordaaldeia
Convocação para ato contra Russomanno se espalha pelas redes sociais



Uma manifestação anti-Celso Russomanno (PRB) está sendo organizada por meio de redes sociais para acontecer na próxima sexta-feira na Praça Roosevelt, região Central da cidade.
Ontem, Poder Online observou que um militante petista presente ao ato de intelectuais por Fernando Haddad (PT) carregava o cartaz de convocação colado em sua camiseta (foto).
Entretanto, nas redes sociais, não há nenhuma referência que indique que a convocação tenha ligação com qualquer partido político.
Até a madrugada desta quarta-feira, mais de 1.500 pessoas haviam confirmado presença somente no facebook, plataforma em que foram distribuídos mais de 35 mil convites. A imagem do convite foi compartilhada por mais de 2 mil perfis.
Também há convocações no instagram e twitter.
*Mariaapenhaneles

terça-feira, outubro 02, 2012

Charge do Dia

A ditadura militar acabou, mas ainda é uma ferida aberta para Milton Nascimento.

 

Milton Nascimento comemora cinco décadas de carreira
ELEONORA DE LUCENA 
"Fui proibido de ver o meu filho. Se eu me encontrasse com ele, falavam que iam matá-lo. Fiquei quase 20 anos [sem vê-lo]", conta. "Ninguém entendia. Mas eu não podia falar com ninguém. Eles queriam me maltratar. Se eu falasse com alguém --não sei como ficavam sabendo--, ameaçavam aquela pessoa. Fiquei calado muito tempo. Comecei a beber".
Milton faz o desabafo à Serafina em sua casa incrustada num morro na Barra da Tijuca, no Rio. Seu filho, Pablo, nascido há 40 anos, é fruto do relacionamento com a socialite paulistana Káritas. O músico conta que foi ameaçado por Erasmo Dias (1924-2010), então secretário de Segurança de São Paulo.
Mas não quer aprofundar o assunto. Acha perigoso, teme represálias. "A situação melhorou. Mas o pessoal [que o ameaçou] ainda está aí, vivo. Prefiro deixar a coisa passar mais um pouco para poder falar sobre tudo", afirma.
Milton fala que parou de beber num dia que viu pessoas bonitas e alegres na praia. "Falei: essa coisa não merece que eu me mate. Parei de beber e fiquei três dias na cama. Até que sentei, vi que não estava tremendo nem tonto. No dia seguinte, fui dirigindo para Três Pontas", recorda.
A história de Milton durante a ditadura também teve censura e racismo. O seu "Milagre dos Peixes" (de 1973, que contém a música "Pablo") virou um disco quase instrumental depois da tesoura imposta. "Era muito perseguido. Fui chamado várias vezes", diz.
Murillo Meirelles
Legendas: Milton Nascimento comemora 50 anos de carreira com show e musical
Às vésperas de completar 70 anos, Milton Nascimento comemora cinco décadas de carreira
Numa delas, agentes do Dops queriam que ele desmentisse uma declaração sobre racismo. Milton tinha visto a filha do músico Paulo Moura ser barrada, por ser negra, em um clube em Copacabana. Protestou e denunciou à imprensa.
"Diziam que no Brasil não tinha racismo. Não desmenti porque estava do lado da menina, vi tudo". Ele próprio foi barrado. "Em muitos lugares não me deixavam entrar por ser negro", afirma.
Filho de uma empregada doméstica, Milton nasceu no Rio em 26 de outubro de 1942. Sua mãe biológica morreu de tuberculose quando ele tinha menos de dois anos. O pai ele nunca conheceu.
Órfão, foi adotado pela filha recém-casada da família da casa onde sua mãe trabalhara. Mudou-se com os novos pais para Três Pontas, Minas.
"Minha mãe [adotiva] sofreu muito. Ela casou com um cara e dois meses depois apareceu com um filho negro".
Aos quatro anos, recebeu de sua madrinha seu primeiro instrumento: uma sanfona, relíquia que guarda até hoje.
Milton estudou contabilidade no segundo grau e desistiu do vestibular para economia. Queria ser músico e astrônomo. "Não tinha faculdade de astronomia em Belo Horizonte. Então continuei só com a música". Mas mantém, até hoje, um telescópio no Rio e outro em Três Pontas.
O caminho da música não foi fácil. O final dos anos 1960, em São Paulo, ele lembra como uma época triste. "Não era chamado para nada".
É TUDO VERDADE
Foi quando teve uma experiência num centro espírita. Relata ter visto uma "entidade" em 1967. "Ela falou que eu não podia ser triste porque muita gente ia precisar de mim. Disse que em tantos dias iria acontecer uma coisa que eu nem iria acreditar. E em tantos dias eu estava no Maracanazinho defendendo 'Travessia'", afirma.
Hoje, acredita "em tudo". Além do espiritismo, já teve contato com o candomblé. "Fui criado na religião católica. Era coroinha, um dia briguei com o padre e resolvi não seguir mais o catolicismo", explica.
O rompimento precoce não impediu que, mais tarde, ele realizasse a "Missa dos Quilombos" (1982), com dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, tratando de escravidão e preconceito. As temáticas la tino-americanas, dos povos indígenas e da ecologia passaram a ser objeto de sua criação.
Milton está comemorando 50 anos de carreira e 40 do Clube da Esquina, o movimento mineiro que embalou gerações. Voz da campanha das Diretas ("Menestrel das Alagoas", 1983), fez campanha por Tancredo Neves. Hoje quer distância da política.
Mas confia muito em Dilma. Há pouco tempo, localizou numa foto antiga a moça que viria a se tornar presidente. "Ela era muito ligada. A gente se reunia, ia aos bares".
E gosta de namorar. Mas está sozinho no momento. "Agora, estou viajando. Mas não posso viver sem namorar. Não posso, nem quero", fala.
E encara com naturalidade rumores sobre sua homossexualidade. "Não ligo para isso. Acho que ninguém tem nada a ver com nada".
Em 1989, Milton compôs a música "River Phoenix (Carta a um Jovem Ator)" em homenagem ao jovem loiro e bonito que descobriu quando via filmes na TV em um hotel em Nova York em 1988. Tornaram-se amigos e trabalharam juntos no álbum "Txai" (1990). River veio ao Brasil em 1992, um ano antes de sua morte.
Neste ano, Milton já escreveu sete letras (uma delas em homenagem a Portinari). Em 2013, sai um novo CD. E ainda esse ano, um DVD. Continua com o pé na estrada. É fazendo shows que ganha dinheiro. "Gosto de viajar." Os namoros ficam para depois.
Ver também
Verdade para todos
*Gilsonsampaio

Matrix da Iluminação

Confirmado o PSDB é o partido mais sujo do Brasil




Análise dos 317 políticos brasileiros que foram impedidos de se candidatar pela lei Ficha Limpa traz uma descoberta interessante: 

o PSDB é o partido político mais sujo do Brasil. E os canalhas ainda falam mal do PT. 


Veja o ranking 


Os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) barraram até agora a candidatura a prefeito de 317 políticos com base na Lei da Ficha Limpa, de acordo com levantamento feito nos 26 Estados do país. 


O número deve aumentar, já que em 16 tribunais ainda há casos a serem julgados. Entre esses fichas-sujas, 53 estão no Estado de SP. 


Na divisão por partido, o PSDB é o que possui a maior “bancada” de barrados, com 56 candidatos –o equivalente a 3,5% dos tucanos que disputam uma prefeitura. 


O PMDB vem logo atrás (49). O PT aparece na oitava posição, com 18 –1% do total de seus postulantes a prefeito. Todos os candidatos barrados pelos tribunais regionais podem recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 


A presidente do tribunal, Cármen Lúcia, já disse que não será possível julgar todos os casos antes das eleições, mas sim até o final do ano, antes da diplomação dos eleitos. 


Os nomes barrados pelos TREs irão aparecer nas urnas eletrônicas, mas todos os seus votos serão considerados sub judice até uma eventual decisão no TSE. Exemplo: se o ficha-suja tiver mais votos, mas seu recurso for rejeitado, assume o segundo colocado na eleição. 


Entre os barrados, destacam-se o ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti (PP-PE) e a ex-governadora Rosinha Garotinho (PR-RJ). Severino tenta se reeleger prefeito de João Alfredo (PE) e foi enquadrado na lei por ter renunciado ao mandato de deputado federal, em 2005, sob a acusação de ter recebido propina de um concessionário da Câmara. 


Já Rosinha Garotinho, atual prefeita de Campos (RJ), teve o registro negado sob a acusação de abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação durante as eleições de 2008. 


A maioria dos barrados foi enquadrada no item da Lei da Ficha Limpa que torna inelegível aqueles que tiveram contas públicas rejeitadas por tribunais de contas. 


De iniciativa popular, a lei foi sancionada em 2010, mas só passa a valer na eleição deste ano. A lei ampliou o número de casos em que um candidato fica inelegível –cassados, condenados criminalmente por colegiado ou que renunciaram ao cargo para evitar a cassação.


“A lei anterior era permissiva demais”, disse Márlon Reis, juiz eleitoral e um dos autores da minuta da Ficha Limpa. Para André de Carvalho Ramos, procurador regional eleitoral de São Paulo, os próprios partidos vão evitar lançar fichas-sujas.


#NOFRONT
*cutucandodeleve