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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 15, 2013

Assinem por favor CANCELAMENTO PASSAPORTE DIPLOMÁTICO DE VALDEMIRO SANTIAGO

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2013N34617
 
 

Por que o governo deve apoiar a mídia alternativa

 
Em audiência pública na Comissão de Ciência & Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, realizada em 12 de dezembro último, o presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom), Renato Rovai, defendeu que 30% das verbas publicitárias do governo federal sejam destinadas às pequenas empresas de mídia.
Dirigentes da Altercom também estiveram em audiência com a ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR), Helena Chagas, para tratar da questão da publicidade governamental.
Eles argumentam que o investimento publicitário em veículos de pequenas empresas aquece toda a cadeia produtiva do setor. Quem contrata a pequena empresa de assessoria de imprensa, a pequena agência publicitária, a pequena produtora de vídeo, são os veículos que não estão vinculados aos oligopólios de mídia.
Além disso, ao reivindicar que 30% das verbas publicitárias sejam dirigidas às pequenas empresas de mídia, a Altercom lembra que o tratamento diferenciado já existe para outras atividades, inclusive está previsto na própria lei de licitações (Lei nº 8.666/1993).
Dois exemplos:
1. Na compra de alimentos para a merenda escolar, desde a Lei nº 11.947/2009, no mínimo 30% do valor destinado por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar, do Fundo de Desenvolvimento da Educação, do Ministério da Educação, gestor dessa política, deve ser utilizado na aquisição “de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas”.
2. No Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), destinado ao desenvolvimento da atividade audiovisual, criado pela Lei nº 11.437/2006 e regulamentado pelo Decreto nº 6.299/2007, a distribuição de recursos prevê cota de participação para as regiões onde o setor é mais frágil. Do total de recursos do FSA, 30% precisam ser destinados ao Norte, Nordeste e Centro Oeste. Vale dizer, não se podem destinar todos os recursos apenas aos estados que já estão mais bem estruturados (ver aqui, acesso em 11/1/2013).
A regionalização das verbas oficiais
A reivindicação da Altercom é consequência da aparente alteração do comportamento da Secom-PR em relação à chamada mídia alternativa.
A regionalização constitui diretriz de comunicação da Secom-PR, instituída pelo Decreto n° 4.799/2003 e reiterada pelo Decreto n° 6.555/ 2008, conforme seu art. 2°, X:
“Art. 2º – No desenvolvimento e na execução das ações de comunicação previstas neste Decreto, serão observadas as seguintes diretrizes, de acordo com as características da ação:
“X – Valorização de estratégias de comunicação regionalizada.”
Dentre outros, a regionalização tem como objetivos “diversificar e desconcentrar os investimentos em mídia”.
De fato, seguindo essa orientação a Secom-PRtem ampliado continuamente o número de veículos e de municípios aptos a serem incluídos nos seus planos de mídia. Os quadros abaixo mostram essa evolução.

(Fonte: Núcleo de Mídia da Secom, acesso em 11/1/2013)

Trata-se certamente de uma importante reorientação histórica na alocação dos recursos publicitários oficiais, de vez que o número de municípios potencialmente cobertos pulou de 182, em 2003, para 3.450, em 2011, e o número de veículos de comunicação que podem ser programados subiu de 499 para 8.519, no mesmo período.
Duas observações, todavia, precisam ser feitas.
Primeiro, há de se lembrar que “estar cadastrado” não é a mesma coisa que “ser programado”. Em apresentação que fez na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), São Paulo, em 16 de julho de 2009, o ex-secretário executivo da Secom-PR Ottoni Fernandes Júnior, recentemente falecido, citou como exemplo de regionalização campanha publicitária em que chegaram a ser programados 1.220 jornais e 2.593 emissoras de rádio – 64% e 92%, respectivamente, dos veículos cadastrados.
Segundo e, mais importante, levantamento realizado pelo jornal Folha de S.Paulo, a partir de dados da própria Secom-PR, publicado em setembro de 2012, revela que nos primeiros 18 meses de governo Dilma Rousseff (entre janeiro de 2011 e julho de 2012), apesar da distribuição dos investimentos de mídia ter sido feita para mais de 3.000 veículos, 70% do total dos recursos foram destinados a apenas dez grupos empresariais (ver “Globo concentra verba publicitária federal”, CartaCapital, 13/9/2012, acesso em 12/1/2013).
Vale dizer, o aumento no número de veículos programados não corresponde, pelo menos neste período, a uma real descentralização dos recursos. Ao contrário, os investimentos oficiais fortalecem e consolidam os oligopólios do setor em afronta direta ao parágrafo 5º do artigo 220 da Constituição Federal de 1988, que reza:
“Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de oligopólio ou monopólio”.
Democracia em jogo
A mídia alternativa, por óbvio, não tem condições de competir com a grande mídia se aplicados apenas os chamados “critérios técnicos” de audiência e CPM (custo por mil). A prevalecerem esses critérios, ela estará sufocada financeiramente, no curto prazo.
Trata-se, na verdade, da observância (ou não) dos princípios liberais da pluralidadee da diversidadeimplícitos na Constituição por intermédio do direito universal à liberdade de expressão, condição para a existência de uma opinião pública republicana e democrática.
Se cumpridos esses princípios (muitos ainda não regulamentados), o critério de investimentos publicitários por parte da Secom-PR deve ser “a máxima dispersão da propriedade” (Edwin Baker), isto é, a garantia de que mais vozes sejam ouvidas e participem ativamente do espaço público.
Como diz a Altercom, há justiça em tratar os desiguais de forma desigual e há de se aplicar, nas comunicações, práticas que já vêm sendo adotadas com sucesso em outros setores. Considerada a centralidade social e política da mídia, todavia, o que está em jogo é a própria democracia na qual vivemos.
Não seria essa uma razão suficiente para o governo federal apoiar a mídia alternativa?
Venício A. de Lima, jornalista e sociólogo, pesquisador visitante no Departamento de Ciência Política da UFMG (2012-2013), professor de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros livros
No Observatório da Imprensa

O GRANDE NEGÓCIO DA SAÚDE

 do Mauro Santayana

          (HD) -    Não há melhor negócio no mundo do que a saúde. Não há maior prova de humanismo do que o exercício honrado da medicina. São duas visões conflitantes da mesma idéia, a que une a vontade de viver e o medo permanente da morte.
            O negócio da saúde envolve a indústria do ensino, a atividade médica, as pesquisas biológicas e bioquímicas, o desenvolvimento técnico e científico, a produção e a venda dos medicamentos, os hospitais e as empresas de seguro médico, as chamadas operadoras.
           Desde o governo militar a proliferação de universidades privadas no Brasil tem sido grande negócio político-empresarial. Muitas das licenças para o seu funcionamento foram concedidas aos políticos ou a parceiros de políticos. Essas licenças são renovadas, ainda que a qualidade do ensino seja cada vez mais deplorável. Sem laboratórios, sem  lições práticas de anatomia e patologia, sem professores capacitados, surgiu o sistema em que médicos incompetentes ensinam alunos despreparados a se tornarem também médicos incompetentes e novos mestres de médicos ainda mais incompetentes. 
          Contrastando com esse quadro desolador temos alguns dos melhores hospitais do mundo, estatais e privados, que servem de referência internacional.        Mas esses, embora muitos deles reservem leitos para o atendimento universal, pelo SUS, são de difícil acesso aos pobres.
         A classe média se vale dos planos de saúde, que se têm revelado dos maiores e mais lucrativos negócios do Brasil, cobiçados pelos consórcios internacionais. A Amil, conforme se noticiou, está sendo adquirida por capitais norte-americanos. Essas instituições foram, em seu início, cooperativas de médicos e se transformaram em empresas mercantis comuns.
        No passado tínhamos menos recursos técnicos, mas os médicos, de modo geral, possuíam melhor formação. A maioria dos médicos brasileiros, felizmente, é constituída de homens e mulheres dedicados, com alta qualificação e profundo sentimento humanista. Muitos deles conseguiram superar as falhas do ensino, empenhando-se no aprimoramento constante.
         As operadoras dos planos de saúde poderiam deixar de existir, se os recursos que arrecadam – grande parte deles destinados só a remunerar seus controladores - fossem administrados diretamente pelo Estado. 
      Talvez o governo pudesse enfrentar a ganância dos donos dos planos de saúde de forma corajosa e radical, e não só suspendendo a ampliação do número de segurados, como decidiu agora a ANVISA. É preciso todo o rigor contra os que violam  a lei e, na alteração unilateral dos contratos, lesam os segurados – sobretudo os mais idosos – depois de os terem escalpelado ao longo dos anos.
*GilsonSampaio
Parabéns, Curitiba: "Este bofe está fora de moda, Jesus não aprova"

Protesto Curitiba




E na tarde desta segunda-feira Curitiba foi surpreendida pelo protesto do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira contra o casamento gay, apelidada de Cruzada pela Família, o mesmo grupo que na semana passada fez um protesto na cidade de Maringá. Na capital paranaense o local escolhido foi a Praça Tiradentes e havia mais de 30 participantes. O que eles não esperavam era uma reação rápida e organizada dos Curitibanos.
Grupos anti facistas, lésbicas, gays e pessoas que passavam no local passaram a protestar contra a presença do grupo. LGBTs se beijavam, outros traziam cartazes acusando o grupo de facismo, e até brincadeiras criativas chamavam a atenção ao discurso retrógrado do grupo que trajava vestes militares e boinas, e traziam cartazes contra o casamento gay e dizendo que os gays querem acabar com a família.
Um dos contra protestos mais criativos foi de uma menina usando máscara do filme V de Vingaça, do personagem revolucionário Guy Fawkes, adotada pelo grupo Anonimous mundialmente, com a placa "Esse bofe está fora de moda -> Jesus não aprova". Em outra, um cartaz diz: "Não nos matem por causa DELES". Por volta das 19h, a polícia chegou ao local e dispersou a multidão que já estava ficando alterada.
A foto acima foi gentilmente cedida pelo Gilberto Mendes da Perverts.
*Mariadapenheneles

"Os partidários do câncer já estão derrotados"

VC LULOFÓBICO,SE INCLUI NESTE ROL?
"Os partidários do câncer já estão derrotados"

A sucessão de casos de Presidentes progressistas latino-americanos que tem padecido de câncer tem colocado grandes dilemas políticos para os povos da nossa região. 

O aprendizado de até onde chega o ódio da classe dominante. Acabo de ver uma postagem infame sobre Lula e Chávez que fazia piada sobre a doença que o brasileiro venceu e que o valente venezuelano enfrenta de um modo admirável.

Fico pensando como deve ser descobrir-se enfim como um "militante" do Partido do Câncer. É algo de fato assustador, para mim. É importante tornar visível esse tipo de publicação, que tem papel educativo. 

Cada um dá o que tem, certo? É quando o desespero e o ódio de classe chega ao paroxismo que só se pode oferecer essa monstruosidade. 

E o povo vê e rejeita essa gravíssima deformação moral.(do blog do ContrapontoPIG)
Do Onipresente - 15/01/2013 

Paulo Vinícius * 


A sucessão de casos de Presidentes progressistas latino-americanos que tem padecido de câncer tem colocado grandes dilemas políticos para os povos da nossa região. E também tem ensinado aos povos duas importantes lições. 

A primeira é a da necessidade de levar adiante os processos de mudança para além da efemeridade de nossas vidas enquanto indivíduos, um desafio imenso em todos os projetos de mudança. Sempre. A vida é um sopro, dizia-nos o longevo e saudoso Niemeyer. 

A segunda é o aprendizado de até onde chega o ódio da classe dominante. 

Acabo de ver uma postagem infame sobre Lula e Chávez que fazia piada sobre a doença que o brasileiro venceu e que o valente venezuelano enfrenta de um modo admirável. 

Fico pensando como deve ser descobrir-se enfim como um "militante" do Partido do Câncer. É algo de fato assustador, para mim. 

É importante tornar visível esse tipo de publicação, que tem papel educativo. 

Cada um dá o que tem, certo? É quando o desespero e o ódio de classe chega ao paroxismo que só se pode oferecer essa monstruosidade. 

E o povo vê e rejeita essa gravíssima deformação moral. 

Enquanto isso, Chávez, que já ofereceu tanto de sua paixão, em versos, pulos, discursos, canções e gestos, oferece agora essa outra paixão, e aqui me refiro ao sentido da conhecida Paixão de Cristo, que é padecimento e entrega, martírio. 

O que a direita venezuelana, brasileira, latino-americana não entende é que a solidariedade - e não a ganância e a vileza - persistem no coração humano. 

Ignoram essa verdade universal de que o amor com amor se paga. 

São, afinal, o Partido do Câncer, mas também da guerra e da ganância, da exclusão e da opressão. 

Como poderiam entender? Mas em seu ato falho, reluz, à vista de todos, a sua vileza infinita. Como poderiam entender que, mesmo gravemente enfermo, Chávez ensina maravilhosamente esse sujeito social que o erigiu e a quem em contrapartida moldou. 

São emocionantes os fatos que se passam na Venezuela. 

À questão tantas vezes repetida pela direita e pelos irresponsáveis, que o processo bolivariano repousava numa só figura, a realidade responde com a mesma criatividade daquele povo que, esmagado no Caracazo, soube parir o tenente-coronel Hugo Chávez Frías. E levá-lo ao poder. 

E resgatá-lo das mãos dos golpistas quando intentaram depô-lo com o apoio da mesma cúpula da Igreja Católica que mais uma vez, com suas declarações infames, envergonha qualquer cristão sincero. 

Esse povo que se foi construindo sujeito de tantos modos, em movimento novo, sindicato novo, partido novo, trabalhador e camponês novos, liderança nova, comunicação nova. 

É essa impressionante força social que se foi educando, construindo seus instrumentos de luta, uma nova institucionalidade, uma nova democracia, um novo pacto inclusivo que trouxe milhões de venezuelanos ao centro do tabuleiro político que sempre lhe foi negado. 

São elas e eles que enchem as ruas da Venezuela no histórico dia 10 de janeiro, a dizer que cada um, cada uma, todos são Chávez. Que lindo isso, não é mesmo? 

Como poderia o Partido do Câncer vencer essa beleza? Não passarão os esquálidos. E nem o jogo está decidido. Fidel está por aí ainda, não está? 

O jogo só termina quando acaba, é preciso lembrar a canalha. 

Na Venezuela há uma Revolução e, como todas, é uma obra grandiosa, de milhões. Responde a necessidades muito profundas, a dilemas seculares, por isso sua força imensa, a encontrar caminhos e a forjar heróis, nessa simbiose tão especial que une o indivíduo e coletividades tão imensas. 

Que coisa pode engrandecer mais a vida de uma pessoa, dure quanto dure, que essa possibilidade de inspirar tanto amor, mudança, inclusão, poder popular, coragem, socialismo? 

Lembro de Chávez já em Cuba, mandando uma saudação para as crianças venezuelanas por seu primeiro dia de aula. Que lembrança, a dele! 

Chávez é desses revolucionários que nos ensinam que vale a pena lutar para viver porque vale a pena lutar, pelos tais "grandes sentimentos de amor" de que nos falava o Che. 

Recupere-se tranquilo, querido Chávez, com essa garra imensa que aprendemos a amar. 

Com essa ousadia que desafia os limites desse mundo capitalista tão cruel que gera deformados morais, beneficiários da miséria, do câncer. 

Essa ousadia que trouxe outra vez para o campo do possível a perspectiva socialista. O povo que te plasmou, e te fez instrumento de tantos sonhos silenciados, zela por ti e pelo sonho teu, de Bolívar, e das multidões, força material imbatível, espectro terrificante que ronda novamente as noites e os dias das oligarquias latino-americanas. 

Oligarcas, tremei! Venceremos! 

* Paulo Vinícius.Sociólogo e Bancário, Secretário Nacional de Juventude Trabalhadora da CTB.

do Blog ContrapontoPIG

História: a escravidão no Rio Grande do Norte


Do blog Tok de História
Notícias sobre fugas de escravos no Rio Grande do Norte
Falar sobre escravidão no Rio Grande do Norte é um assunto complicado. O problema surge tanto pelo limitado número de fontes existentes, quanto pelas ideias já arraigadas entre a nossa sociedade sobre tão espinhoso assunto.

Em uma recente ocasião, ao debater com um estudioso potiguar sobre a escravatura em terras potiguares, ele me transmitiu que em sua opinião, devido ao número limitado de escravos que aqui existiu, não teria ocorrido tantas violências contra estes. Segundo esta pessoa, no Rio Grande do Norte os senhores de terras eram diferentes dos “malévolos escravocratas do sul do país e da Bahia” e que, devido a este bom tratamento dispensado aos cativos, se criou por aqui uma certa “escravidão mansa”.
Tal ideia distorcida e a mim transmitida na atualidade, a muito já havia sido apontada pelo grande Joaquim Nabuco em sua obra “O Abolicionismo”, como um pensamento existente na sociedade brasileira que tivemos uma escravidão pacífica e ordeira, com um cativo generoso, dócil e passivo. Esta teoria teria como base a ideia da “ausência do preconceito racial entre brancos e negros” e que gerou no Brasil uma pretensa democracia racial.

Mas apesar desta situação, desta pretensa “mansidão” geradora de mitos em favor dos senhores de escravos em terras potiguares, isso não significa que aqui não ocorreram as mazelas provocadas por este sistema.
Poucos Escravos
Se analisarmos os resultados do censo demográfico de 1872, o primeiro realizado no país, comprovamos que o número do chamado “elemento negro” realmente não era muito representativo no Rio Grande do Norte. Nos resultados deste censo, em sua página 82, aponta que a população livre potiguar era de 220.959 pessoas e o número total de escravos chegava a meros 13.020. Tanto no sertão como no litoral o número de trabalhadores livres era mais elevado que o de escravos.

Censo de 1872 - Província do Rio Grande do Norte. Fonte- Arquivo IBGE
Para efeitos de comparação, segundo dados deste mesmo censo demográfico, em 1872 a Paraíba, na época Parahyba do Norte, tinha 21.296 cativos, para uma população de 376.226 habitantes. No Ceará foram contados 31.913 escravos para 721.686 pessoas livres e em Pernambuco havia 89.028 escravos para 841.539 habitantes não escravos.
Com o surgimento da grande e calamitosa seca ocorrida entre os anos de 1877 a 1879, que provocou sérios desarranjos em nossa agricultura e teve como uma de suas consequências, a venda de uma grande parte dos escravos potiguares para outras regiões do país, o número de cativos no Rio Grande do Norte e em outras províncias nordestinas diminuiu mais ainda.

Mas o universo do cotidiano destes escravos por aqui, que nunca foi “manso”, parece não ter se modificado com fim da seca, pois, segundo anúncios publicados em jornais da época, cativos buscavam fugir de seus senhores.
Através do apoio do amigo Celso Augusto Soares Antas, possuidor de uma bela coleção de antigos jornais potiguares, do seu escritório localizado no tradicional bairro carioca de Copacabana, me enviou dois raros anúncios que apresento em nosso trabalho, onde podemos conhecer um pouco mais do sofrimento dos nossos escravos.
O Fugitivo com um Chapéu de Couro
Na edição do jornal “O Brado Conservador”, publicado na cidade de Assú, no dia 23 de setembro de 1881, informa que na fazenda “Sant’Anna”, fugiu um escravo que atendia pela graça de Antônio.

“O Brado Conservador”, publicado na cidade de Assú, no dia 23 de setembro de 1881
Este cativo era “peça” que pertencia ao Senhor João pereira da Circuncisão e estava “alugado”, ao Senhor Francisco Xavier de Albuquerque Montenegro. Estes senhores tinham propriedade no lugar Ilha de São Francisco, em Macau.
O cativo Antônio, de “30 annos de edade, pouco mais ou menos”, é descrito primeiramente como “cabra”, que segundo a “Grande Enciclopédia Delta Larousse”, página 1.166, edição de 1978, designa “Descendente de mulato com negro; mulato escuro”. Na sequência o fugitivo teria “altura regular” (cerca de 1,70 m.), andava curvado, tinha o cabelo “carapinho” (daqueles que nascem espiralados desde a raiz), vestia camisa e calça brancas, de “algodão da Bahia”, e havia um toque sertanejo na sua indumentária, pois Antônio protegia a cabeça com um tradicional “chapéu de couro”.
Seu dono pedia que quem o capturasse o trouxesse para a fazenda Ilha de São Francisco, em Macau, ou na fazenda São Pedro, de propriedade do Senhor Honório Xavier da Cunha Montenegro, provavelmente irmão do Senhor Francisco Xavier. Estes ofereciam pela captura do fujão a quantia de 50$000 réis.
Em 1881, no vizinho Ceará  já existiam locais onde ocorriam manifestações em favor da libertação dos escravos e em 1884 esta torna-se a primeira província brasileira a abolir a escravidão. Não sei se o motivo da fuga de Antônio foi devido a ele ter conhecimento de notícias sobre pessoas que propagavam ideias de liberdade dos cativos na província vizinha. Pessoalmente acredito que esta fuga foi tão somente um puro desejo de liberdade.
Um Violeiro Que Enganou a Polícia em Natal
A segunda nota é igualmente do ano de 1881, mas do dia 29 de dezembro, dando conta que há quase dois anos, um cativo de nome Francisco estava foragido da então povoação de Luís Gomes, no extremo oeste potiguar. O dito escravo pertencia ao Senhor Álvaro de Almeida Cavalcanti, que aparentemente seria proprietário das terras da fazenda Lagoa de Cima, próximo a atual área urbana de Luís Gomes.

A descrição deste escravo (como o leitor pode ver no anúncio ampliado clicando na foto) é bem interessante. Francisco era um adulto de 44 anos, altura regular, bons dentes, etc. Mas salta aos olhos o termo “mãos bem pinta das de branco”. Creio que a nota queria dizer que, além das palmas das mãos de Francisco ser bem claras, não seriam mãos rudes, cheias de calos, de quem pegava todo o dia no cabo da enxada. Mas seriam mãos de quem tinha de ter destreza e apuro com ferramentas necessárias a função de um sapateiro, de um caldeireiro (certamente de um engenho de rapadura, onde ele deveria preparar e limpar a garapa da cana-de-açúcar para fazer a rapadura batida), e de um tocador de viola. Estas, segundo a antiga nota de “O Brado Conservador”, eram as aptidões do escravo fujão.
Consta que o fugitivo foi comprado pelo Senhor Álvaro três anos antes de sua fuga, no ano de 1877, em plena seca. Talvez seu antigo dono Francisco da Costa, se desfez da sua “peça” por dívidas contraídas no período da grande estiagem, ou porque seu escravo dava muito trabalho pela sua rebeldia.
Sabemos através da nota que Francisco não era aquele tipo de escravo destinado apenas a enxada e que certamente ele tinha capacidade de compreender a lógica escravocrata do mundo dos brancos. Pois em maio de 1881, um ano e três meses depois de fugir de Luís Gomes, ele esteve em Natal.
Na época a capital potiguar não tinha nem 20.000 almas, com estradas que faziam com que a tarefa de seguir para Luís Gomes não fosse uma viagem, mas uma jornada, quase uma expedição (atualmente esta cidade está distante de Natal, no asfalto, 444 quilômetros). Independente desta questão, consta que em Natal ninguém “reclamou” a sua pose e ele saiu livre.
Não é difícil imaginar como Francisco pode ter utilizado de uma boa “conversa” e, quem sabe, de alguns acordes da viola para convencer as autoridades que era um homem livre. Provavelmente a notícia da detenção de seu escravo deve ter chegado ao conhecimento de seu amo na povoação de Luís Gomes e este estava estampando nos jornais uma recompensa de 100$000 mil réis para que o levasse ao seu “Senhor” e 50$000 mil réis para quem o largasse em alguma cadeia.
Importância dos Anúncios
Estes anúncios seriam uma das poucas fontes para o conhecimento e o entendimento do cotidiano dos cativos.
Segundo o diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva, que prefaciou o excepcional livro “O escravo nos anúncios de jornais Brasileiros do século XIX”, do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, este autor foi um dos primeiros “a alertar para a riqueza desses anúncios como fonte documental para nos aproximar do universo e do cotidiano dos escravos”. Neste livro Freyre utilizou estes anúncios para mostrar como se dava as relações entre os escravos e seus senhores, os tipos de ocupações que os cativos exerciam, a forma como estes escravos eram apresentados e outros pontos. Gilberto Freyre teria se debruçado nas páginas amareladas de jornais como Diário de Pernambuco (Recife), Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) e teria conseguido reunir dez mil anúncios ao final de sua pesquisa.

O trabalho é realmente interessante e, ao longo de suas mais de 250 páginas, o leitor é transportado através dos anúncios para aquele universo de opressão que permeou a história do Brasil e até hoje sofremos as consequências.
Todos os direitos reservados
Em uma recente ocasião, ao debater com um estudioso potiguar sobre a escravatura em terras potiguares, ele me transmitiu que em sua opinião, devido ao número limitado de escravos que aqui existiu, não teria ocorrido tantas violências contra estes. Segundo esta pessoa, no Rio Grande do Norte os senhores de terras eram diferentes dos “malévolos escravocratas do sul do país e da Bahia” e que, devido a este bom tratamento dispensado aos cativos, se criou por aqui uma certa “escravidão mansa”.
Tal ideia distorcida e a mim transmitida na atualidade, a muito já havia sido apontada pelo grande Joaquim Nabuco em sua obra “O Abolicionismo”, como um pensamento existente na sociedade brasileira que tivemos uma escravidão pacífica e ordeira, com um cativo generoso, dócil e passivo. Esta teoria teria como base a ideia da “ausência do preconceito racial entre brancos e negros” e que gerou no Brasil uma pretensa democracia racial.
*NAssif

Bolívia celebra despenalização da folha de coca


The Volkswagen Hover Concept Car is a pod-like zero-emissions vehicle that uses electromagnetic road networks to float above the road.


Nasce Martin Luther King, Jr.

foto de sinopsis

  • 15 de Janeiro 1929
  • Martin Luther King, Jr., filho de um ministro baptista, nasceu em Atlanta, Geórgia. Estudou teologia e, em 1955, organizou o primeiro grande protesto
  • *NINA