Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 15, 2013

Parabéns, Curitiba: "Este bofe está fora de moda, Jesus não aprova"

Protesto Curitiba




E na tarde desta segunda-feira Curitiba foi surpreendida pelo protesto do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira contra o casamento gay, apelidada de Cruzada pela Família, o mesmo grupo que na semana passada fez um protesto na cidade de Maringá. Na capital paranaense o local escolhido foi a Praça Tiradentes e havia mais de 30 participantes. O que eles não esperavam era uma reação rápida e organizada dos Curitibanos.
Grupos anti facistas, lésbicas, gays e pessoas que passavam no local passaram a protestar contra a presença do grupo. LGBTs se beijavam, outros traziam cartazes acusando o grupo de facismo, e até brincadeiras criativas chamavam a atenção ao discurso retrógrado do grupo que trajava vestes militares e boinas, e traziam cartazes contra o casamento gay e dizendo que os gays querem acabar com a família.
Um dos contra protestos mais criativos foi de uma menina usando máscara do filme V de Vingaça, do personagem revolucionário Guy Fawkes, adotada pelo grupo Anonimous mundialmente, com a placa "Esse bofe está fora de moda -> Jesus não aprova". Em outra, um cartaz diz: "Não nos matem por causa DELES". Por volta das 19h, a polícia chegou ao local e dispersou a multidão que já estava ficando alterada.
A foto acima foi gentilmente cedida pelo Gilberto Mendes da Perverts.
*Mariadapenheneles

Nenhum comentário:

Postar um comentário