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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 19, 2013

Conciliar capitalismo e consumo consciente não dá

 

Via Diário Liberdade
Sergio Domingues
 
O relatório "Riscos Globais 2013", do Fórum Econômico Mundial, foi divulgado recentemente. Segundo o estudo, "o fracasso da adaptação à mudança climática" aparece "como o risco ambiental que terá o maior impacto na próxima década".
Ou seja, os grandes capitalistas começam a se preocupar. Mas é muito provável que não possam fazer nada. Um artigo publicado na página do IHU-Online ajuda a explicar. Chama-se "O capitalismo e a economia política da mudança climática", de Rob Urie, economista estadunidense.
O texto é um tanto confuso, mas alguns trechos merecem destaque. Ele diz, por exemplo, que diante do aquecimento global, o princípio capitalista de que as pessoas agindo "segundo seus interesses individuais produzam bons resultados coletivos, é comprovadamente falsa".
Urie refere-se à tese do economista inglês Adam Smith, a mais respeitada da doutrina capitalista. Com base nela, os ideólogos da burguesia defendem soluções individuais para os desequilíbrios ecológicos. Ou seja, consumo consciente para salvar o planeta.
Mas o problema começa na esfera produtiva. Como diz Urie, o lucro só pode se realizar se os custos de produção forem empurrados para os outros. Começa pelo trabalhador diretamente explorado, mas também inclui o meio ambiente e populações inteiras. É a fumaça que sai da chaminé e envenena tudo em volta.
Os ecocapitalistas não estão apenas pedindo às pessoas que paguem mais por produtos limpos em nome de um bem maior. Estão querendo que os empresários arquem com os custos de uma produção limpa. Isso vai contra séculos de egoísmo econômico pregado pelo capitalismo. Ou seja, não vai rolar.
*GilsonSampaio

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