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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 30, 2013


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Governo diz que índios serão retirados do local (Fonte: Reprodução/ABr)
APÓS MUITA POLÊMICA

Museu do Índio será preservado

Governo do Rio desistiu de demolir o prédio, mas mantém decisão de retirar famílias indígenas que ocupam o local

fonte | A A A
O governo do Rio de Janeiro voltou atrás e decidiu tombar o prédio que abrigava o antigo Museu do Índio, que fica ao lado do estádio do Maracanã. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 28.
Ainda não se sabe, no entanto, qual será o destino das famílias indígenas que moram no local. O governo afirmou que o prédio será “desocupado” para que possa ser reformado. Os índios rejeitam tal decisão.
Em nota, o governo do estado do Rio informou que “ouviu as considerações da sociedade a respeito do prédio histórico, datado de 1862, analisou estudos de dispersão do estádio e concluiu que é possível manter o prédio no local”, ressaltando ainda que “está tomando as devidas providências para que o local seja desocupado dos seus invasores”.

Abrigos temporários

O Museu do Índio está fechado há seis anos e foi ocupado por tribos de diversas etnias que criaram a chamada “Aldeia Maracanã”. O governo havia decidido derrubar o prédio a fim de viabilizar a mobilidade no entorno do estádio, visando a Copa de 2014.
A secretaria estadual de Assistência Social informou que a intenção é criar um conselho de cultura indígena e um centro de referência para os atuais moradores da “Aldeia Maracanã”. Os índios, no entanto, teriam que morar em abrigos temporários até que esses espaços ficassem prontos. A proposta foi rejeitada pelos indígenas.
Em entrevista à BBC Brasil, o defensor público federal Daniel Macedo disse que “os índios não são invasores, como diz o comunicado. Pela posse prolongada [desde 2006], eles adquiriram o usucapião [direito à posse do imóvel] coletivo”.
*Nina

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