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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Pinheirinho: as falsas
promessas de Alckmin

O terreno está abandonado e as 1,5 mil famílias expulsas do Pinheirinho estão abandonadas


Saiu no blog do Miro:

Pinheirinho e as promessas de Alckmin


Por Altamiro Borges

No dia 22 de janeiro de 2011, a PM de São Paulo investiu com fúria contra os moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Bombas de gás, tiros e pancadaria para expulsar as famílias que ocupavam a área há vários anos. Tudo para defender os interesses do … Naji Nahas. A ordem partiu diretamente do tucano Geraldo Alckmin. A repercussão das cenas de violência foi imensa. O PSDB perdeu a prefeitura da cidade e o governador foi forçado a fazer inúmeras promessas para os moradores do Pinheirinho.

Passado um ano, porém, nada foi cumprido. Reportagem de Willian Cardoso, no jornal Estadão de ontem, mostra que o terreno está abandonado e que as 1,5 mil famílias expulsas do Pinheirinho estão abandonadas. “Hoje, a área tem apenas mato, cercas e seguranças privados espalhados para evitar nova invasão – a calçada do lado de fora virou uma minicracolândia. O terreno foi devolvido à massa falida da empresa Selecta, do investidor Naji Nahas, como ordenou a juíza Márcia Faria Mathey Loureiro”.

Apesar de o jornalão conservador insistir em chamar os ocupantes de “invasores” e o … de “investidor”, a reportagem comprova o absurdo de uma das maiores operações de reintegração de posse no país, que mobilizou mais de 2 mil policiais babando sangue. De um lado, o terreno abandonado, servindo à especulação imobiliária. Do outro, as famílias descartadas pelo poder público. A reportagem apresenta alguns relatos das vítimas da ação truculenta do governador tucano Geraldo Alckmin.

“Entre elas, a do cabeleireiro Jaime Rocha do Prado, 62 anos, ex-coordenador da capela que havia no local. Sem casa e sem emprego – ele perdeu o salão dentro Pinheirinho -, Prado dormiu com a mulher e os filhos no chão da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que recebeu parte dos desabrigados. E ainda sofre com as lembranças. ‘Muitas pessoas tiveram crises de ansiedade e depressão. Eu mesmo engordei 10 quilos’”, relata o jornalista.

O governo estadual não cumpriu a promessa de realocar os moradores expulsos. Algumas famílias recebem auxílio-aluguel de R$ 500, “mas o valor dos imóveis dobrou de preço nos bairros próximos ao Pinheirinho. Muitos partiram para áreas de risco, vivendo em casas abandonadas no Rio Comprido. Outros optaram pela zona rural, como a diarista Ana Paula Pardo da Silva, de 35 anos. Ela se mudou para uma chácara com os quatro filhos e o marido, Kleverton dos Santos, de 38 anos, que perdeu o emprego de carpinteiro ao descobrirem que era ex-morador do Pinheirinho. ‘Tem muito preconceito. Ele tinha carteira assinada e tudo’”.

*PHA

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