Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Letícia Sabatella apoia os índios e critica "falta de visão" de Sérgio Cabral

“Trata-se de uma falta de visão do nosso governador em não valorizar a existência, não fazer valer um projeto do Burle Marx que restaura o antigo Museu do índio e cria um centro cultural de uma nossa cultura primitiva para mostrar a todos que vierem para a Copa. Os turistas que forem aos jogos terão interesse em ver um centro cultural da nossa cultura originária”, explicou para o Jornal do Brasil a atriz Letícia Sabatella, que no domingo (20) prestou solidariedade à Aldeia Maracanã, ameaçada de despejo pelo governo do Rio.

Foi mais uma representante da classe artística a manifestar apoio à causa dos índios que ali residem. Além dela, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Chico Buarque também já se pronunciaram.
“Com certeza acho que é uma proposta você ter um espaço ao lado do Maracanã voltado para a cultura indígena. Aquele espaço deve ser preservado pela história que ele tem. Deveriam fazer valer o projeto do Burle Marx, que restaura este centro e o integra à reforma que estão sendo feita no Maracanã, mantendo o centro cultural indígena para mostrar a todos que vierem ver os jogos da Copa”, insistiu a atriz que se notabilizou também pela defesa das minorias e dos Direitos Humanos.
No domingo, Letícia conversou com os caciques e líderes da aldeia.  Na aldeia ocorreram diversas atividades como exibição de filmes e slides, recital de poesia, apresentação de músicos e cantos e rodas indígenas. Após pronunciar-se publicamente a favor da aldeia, Letícia integrou-se às danças e cantos apresentados pelos índios.
>> Aldeia Maracanã: Caetano Veloso critica "vulgaridade" da administração estadual
>> Milton Nascimento apóia causa indígena 
>> Chico Buarque defende preservação do entorno do Maracanã
Artistas e ativistas estiveram na Aldeia Maracanã para prestar apoio aos índios
Artistas e ativistas estiveram na Aldeia Maracanã para prestar apoio aos índios
No início de 2012 foi lançado o documentário Hotxuá, dirigido por Letícia Sabatella, que retrata o cotidiano da tribo indígena krahô, habitante de Palmas, em Tocantins, no norte do país. Através deste registro, foi apresentado o hotxuá, espécie de palhaço, figura sagrada para os krahô, que tem como função manter a tribo alegre e unida por meio do riso. 
Letícia participa ainda do Movimento Humanos Direitos (MHuD) junto à outras figuras públicas como a também atriz Camila Pitanga. Também ofereceram ajuda a atriz Tereza Seiblitz, que participou daquele documentário, e ainda a banda El efecto.
O movimento Meu Rio, que é mais um grupo atuante na defesa dos indígenas, pretende gravar nesta terça-feira (22) um vídeo em apelo à causa dos índios, com a participação de Letícia Sabatella, entre outros artistas apoiadores da preservação do antigo museu e ativistas. Cogita-se a possibilidade do ator Marcos Palmeira fazer parte do elenco da gravação. Segundo o coordenador do Meu Rio, Rafael Rezende, o vídeo dever ser lançado na internet até o fim desta semana.
A polêmica envolvendo a Aldeia Maracanã se arrasta desde o segundo semestre de 2012. O governo do Estado quer demolir o local para a construção de um estacionamento para a Copa do Mundo de 2014.
>> Iphan dá novas esperanças à Aldeia
*JB

Nenhum comentário:

Postar um comentário