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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, junho 02, 2013
Cuba
O turismo es la revolución
A Ilha aposta nos visitantes, principalmente brasileiros, para realizar sua transição econômica
Por André Barrocal, de Havana
Gastador, o turista do Brasil é cobiçado pelo resto do mundo, seja pela porção desenvolvida e em crise no planeta, seja pelos emergentes e paraísos tropicais em busca de novos recursos. Há um bom motivo: em 2012, os brasileiros consumiram 22 bilhões de dólares no exterior. Em Cuba não é diferente. A ilha socialista sonha com o nosso viajante para levar a cabo o projeto de reforma econômica. Em junho o governo cubano abrirá no Brasil um escritório da Havanatur, estatal que vende pacotes turísticos, e em julho começará a operar um voo semanal entre São Paulo e Havana, por meio da Cubana de Aviación.
Vários motivos justificam a estratégia, segundo Luis Felipe Aguilera Gutierrez, chefe da área do Cone Sul do Ministério do Turismo de Cuba. O mais importante é o Brasil ainda gerar emprego e renda, apesar da crise global. Também pesam as boas relações políticas estabelecidas no governo Lula e preservadas com Dilma Rousseff. E o fato de o País ser hoje o maior investidor na economia cubana (ao todo, 2 bilhões de dólares). “Interessa-nos o turismo massivo, inclusive para que mais brasileiros vejam com seus próprios olhos qual é a realidade de Cuba.” No ano passado, 2,8 milhões de estrangeiros testemunharam essa realidade, mas só 16 mil eram do Brasil.
Para seduzir os brasileiros, Cuba aposta no sol e no mar. Sobretudo nas praias do Balneário de Varadero, principal polo turístico local. Mas também pode se beneficiar de uma espécie de turismo político, e neste caso o charme está na capital, Havana. “Cuba tem carisma para os brasileiros com mais de 40 anos”, diz Gastão Vieira, ministro do Turismo do Brasil.
O “carisma” é inspirado pela revolução socialista de Fidel Castro e Che Guevara, ainda capaz de embalar o imaginário latino-americano e sonhos de igualdade e justiça social. Independentemente do público-alvo, o atual estímulo ao turismo, setor responsável por 300 mil empregos e 6% do PIB, “está inserido na atualização do sistema econômico”, segundo o ministro da pasta, Manuel Marrero Cruz.
Os rumos da “atualização” foram definidos nas Linhas da Política Econômica e Social do Partido e da Revolução aprovadas em abril de 2011 pelo VI Congresso do Partido Comunista. São duas as premissas básicas. Abrir espaço para investimentos estrangeiros e pequenos negócios privados – os grandes setores permanecem sob controle estatal. E incentivar o empreendedorismo dos cidadãos.
O país de 11,5 milhões de habitantes contabiliza cerca de 160 mil negócios por conta própria, entre artesanato, livrarias, táxis, bares, salões de beleza e restaurantes, conhecidos como “paladares”, por causa de uma novela brasileira da década de 1980. Desde 2012, o governo subsidiou, com o equivalente a 50 milhões de reais, 33 mil cidadãos interessados em construir ou reformar suas casas e apartamentos. O programa deu certo, e a partir de junho o limite do subsídio será ampliado, pois os cubanos foram autorizados a vender os imóveis, antes cedidos pelo Estado apenas para moradia.
Embaixador do Brasil em Cuba desde o fim de 2010, o diplomata José Felício é testemunha das mudanças e diz que elas são visíveis no cotidiano. Há maior oferta de alimentos nos mercados, afirma, os pequenos negócios se multiplicam e o trânsito piorou – a exemplo dos imóveis, os veículos também já podem ser transacionados entre cubanos, o que aumentou a frota nas ruas.
O número de automóveis não apenas cresceu, como tem começado a se renovar. Em Havana, alguns carros mais novos, principalmente conduzidos por taxistas, misturam-se à frota que faz as ruas da capital parecer uma locação de um filme dos anos 1950. Além disso, os prédios públicos históricos passam por reformas. O objetivo é atrair mais turistas. “Há mais estrangeiros e capital externo”, constata um jovem vendedor de livros, herdeiro de uma livraria em Havana Velha.
Os novos tempos alimentam ambições materiais dos cidadãos, algo que o governo evitou durante 50 anos com uma economia planejada para suprir as necessidades básicas, não para produzir riqueza. Quando deu o primeiro empurrão no turismo, nos anos 1990, Cuba criou um universo paralelo só para estrangeiros, com moeda e hotéis próprios, na esperança de blindar a população contra “tentações capitalistas”, entre elas o acesso a roupas de grife e celulares. Com o impulso de agora ao setor, isso também mudou. O cubano pode usar a moeda e os hotéis dos gringos e até viajar ao exterior, o que antes era proibido. “Estamos corrigindo alguns erros, mas essas mudanças reforçam o socialismo. Elas estão sendo feitas para melhorar a qualidade de vida da população”, acredita Marrero Cruz.
Qualidade de vida já alta, segundo um indicador das Nações Unidas que combina renda, saúde e educação. No Relatório do Desenvolvimento Humano 2013, divulgado em março deste ano, Cuba aparece na posição 59ª, entre 187 países. Faz parte do bloco de nações de nível “elevado”. A Ilha, assinala a ONU, é a nação que proporciona mais desenvolvimento humano com menos dinheiro. No quesito renda per capita, Cuba está fora da lista dos cem primeiros.
É o que explica Cuba ser um país pobre, pelo critério da renda, mas um dos 16 onde não há fome, de acordo com a agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, que em sua conferência de junho vai propor ao mundo a meta de erradicar o problema. A renda per capita equivale a 900 reais mensais, metade da brasileira, segundo o relatório da ONU. O salário médio é de 300 pesos mensais, informa uma guia turística, o equivalente a 27 reais, dinheiro que os cubanos usam basicamente para pagar serviços públicos como luz e ônibus, de tarifas subsidiadas.
As reformas em processo de implantação têm potencial para fazer o bolso de alguns cubanos – os que arranjarem bons empregos privados, por exemplo – engordar mais do que o de outros. O resultado óbvio será um aumento da desigualdade, mas o governo, que modificou a legislação trabalhista para eliminar o igualitarismo salarial, impôs limites máximos aos vencimentos na tentativa de conter esse efeito. E só vai subi-los à medida que a renda do conjunto da população crescer no mesmo ritmo. O tempo dirá se é possível manter essa política.
As empresas brasileiras estão entre os responsáveis por pressionar os salários. A maior e mais cara obra em Cuba é executada pela empreiteira Odebrecht e recebeu 700 milhões de dólares de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Orçado em quase 900 milhões de dólares, o porto de Mariel começou a ser construído em 2010, está 78% concluído e deve ficar pronto em janeiro de 2014. Será o centro de uma zona industrial voltada para exportações e deve contar com a presença de Dilma Rousseff na inauguração.
No início de maio, os ministros de Comércio Exterior de Brasil e Cuba assinaram um acordo para que a mesma Odebrecht reforme e modernize cinco aeroportos na ilha. O BNDES emprestará ao projeto outros 170 milhões de dólares. A construtora, que opera em Cuba sob o nome de Companhia de Obras em Infraestrutura, também é favorita para montar um gasoduto de 1,5 bilhão de dólares que vai abastecer o polo industrial de Mariel. Neste caso, enfrenta a concorrência chinesa, e ainda não há uma decisão do governo cubano sobre o vencedor.
A principal contrapartida são as importações. Sobretudo de alimentos, como soja, carne, arroz, milho e café, responsáveis por mais da metade dos embarques brasileiros para Cuba. O lucro do Brasil no comércio com a Ilha cresceu oito vezes em uma década e atingiu 470 milhões de dólares em 2012. Segundo Hipólito Rocha Gaspar, diretor do escritório aberto pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos em Havana em 2008, o País tem todas as condições de ultrapassar a China e se converter no maior parceiro comercial cubano. “O empresário brasileiro é muito conservador, não gosta de riscos. Se está entrando aqui, é porque a situação está boa.”
Entre as companhias nacionais que descobriram Cuba está uma fabricante de vidros. A empresa vai construir uma subsidiária na Ilha para fornecer ao Brasil material atualmente comprado na China. O investimento é estimado em 250 milhões de dólares. Já a Brascuba, sociedade de 1995 entre a produtora de cigarros Souza Cruz e uma estatal cubana de tabaco, planeja a primeira expansão em 18 anos, para dobrar a capacidade.
*Cartacapital
Parada do Orgulho LGBT pretende ser mais política e menos carnavalesca
Presidente da Associação da Parada
do Orgulho LGBT de São Paulo diz que evento é ato de afirmação de
cidadania e não pode ser vista apenas como carnaval fora de época
por Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil
publicado
02/06/2013 17:04
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©Daniela Souza/Folhapress)
Com público cada vez maior, Parada Gay paulistana se firma como manifestação públicade luta por cidadania irrestrita
São Paulo – Menos carnavalesca e mais
política. Este é o tom da 17ª edição da Parada do Orgulho LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) que
ocorre hoje (2) em São Paulo. Durante entrevista coletiva concedida na
manhã de hoje (2), Fernando Quaresma, presidente da Associação da
Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), disse que a Parada do
Orgulho LGBT não pode ser vista apenas como um carnaval fora de época.
"A parada não é um carnaval fora de época. Mas sim o maior movimento de visibilidade massiva de uma parcela da comunidade que sofre diariamente preconceito e discriminação, violência, ódio e intolerância”, disse o presidente da APOGLBT. O tema da Parada do Orgulho LGBT deste ano é Para o Armário Nunca Mais! União e Conscientização na Luta contra a Homofobia.
Quaresma criticou o Congresso Nacional, dizendo que “o Poder Legislativo tem sido omisso no cumprimento de seu papel de fazer lei e garantir o fim da injustiça social”. Sem citar nomes, disse que alguns parlamentares - a quem se referiu como “fundamentalistas religiosos” - estão “atacando o Estado laico e os direitos civis de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros”. Segundo Quaresma, nos últimos 20 anos, mais de 3 mil pessoas morreram no país vítimas da intolerância social.
“A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que deveria cuidar dos direitos humanos e das minorias sociais do Brasil, é hegemonizada pelo deputado Marcos Feliciano (PSC-SP) e outros fundamentalistas de plantão. Nesse sentido, nos preocupa a composição dessa comissão, que deveria lutar pelos direitos humanos e das minorias”, declarou.
Presente ao evento, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, também criticou a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. “Temos agora a tragédia grega que é na Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados. Atingimos o ápice da falta de respeito à comunidade e aos direitos humanos. É um acinte uma pessoa com um discurso homofóbico estar presidindo uma comissão que trata exatamente de combater a homofobia e tudo que é contra os direitos humanos”, disse.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que também participou da entrevista à imprensa, disse que há três eixos principais da luta pelos direitos LGBT tramitando no Congresso Nacional. O primeiro é o do direito ao casamento igualitário que, apesar de ter sido discutido e garantido pelo Supremo Tribunal Federal, ainda precisa, segundo ele, estar previsto em lei. O segundo ponto é a questão da lei de identidade de gênero (que prevê, entre outras coisas, o nome social para as travestis e transexuais) e o, último, o da aprovação da projeto de lei complementar (PLC) que criminaliza a homofobia, mais conhecida como PLC 122.
Em seu discurso de abertura do evento, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse que é um desejo da cidade e do país de não se opor aos direitos humanos e civis. Segundo ele, “todas as minorias políticas já tiveram, em algum momento, que despertar o desejo de mais liberdade e igualdade” e, portanto, em sua visão, seria inconcebível admitir que, pessoas que já sofreram algum tipo de perseguição ou intolerância, “sejam hoje os promotores dessa mesma incompreensão e intolerância”.
“É muito significativo que, nós, neste dia de combate à intolerância e à homofobia, nos lembremos que, muitas vezes aqueles que hoje têm um comportamento homofóbico, em algum momento tiveram que lutar por sua própria liberdade”, falou o prefeito.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou que “uma injustiça cometida contra um cidadão é uma ameaça a toda sociedade”. O governador lembrou também que São Paulo foi o primeiro estado brasileiro a criminalizar a homofobia, com a Lei 10.948, de 2001, que pune com multa ou até cassação de licença estabelecimentos comerciais, organizações sociais, empresas públicas e funcionários públicos por discriminação homofóbica.
*redebrasilatual
"A parada não é um carnaval fora de época. Mas sim o maior movimento de visibilidade massiva de uma parcela da comunidade que sofre diariamente preconceito e discriminação, violência, ódio e intolerância”, disse o presidente da APOGLBT. O tema da Parada do Orgulho LGBT deste ano é Para o Armário Nunca Mais! União e Conscientização na Luta contra a Homofobia.
Quaresma criticou o Congresso Nacional, dizendo que “o Poder Legislativo tem sido omisso no cumprimento de seu papel de fazer lei e garantir o fim da injustiça social”. Sem citar nomes, disse que alguns parlamentares - a quem se referiu como “fundamentalistas religiosos” - estão “atacando o Estado laico e os direitos civis de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros”. Segundo Quaresma, nos últimos 20 anos, mais de 3 mil pessoas morreram no país vítimas da intolerância social.
“A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, que deveria cuidar dos direitos humanos e das minorias sociais do Brasil, é hegemonizada pelo deputado Marcos Feliciano (PSC-SP) e outros fundamentalistas de plantão. Nesse sentido, nos preocupa a composição dessa comissão, que deveria lutar pelos direitos humanos e das minorias”, declarou.
Presente ao evento, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, também criticou a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. “Temos agora a tragédia grega que é na Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados. Atingimos o ápice da falta de respeito à comunidade e aos direitos humanos. É um acinte uma pessoa com um discurso homofóbico estar presidindo uma comissão que trata exatamente de combater a homofobia e tudo que é contra os direitos humanos”, disse.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que também participou da entrevista à imprensa, disse que há três eixos principais da luta pelos direitos LGBT tramitando no Congresso Nacional. O primeiro é o do direito ao casamento igualitário que, apesar de ter sido discutido e garantido pelo Supremo Tribunal Federal, ainda precisa, segundo ele, estar previsto em lei. O segundo ponto é a questão da lei de identidade de gênero (que prevê, entre outras coisas, o nome social para as travestis e transexuais) e o, último, o da aprovação da projeto de lei complementar (PLC) que criminaliza a homofobia, mais conhecida como PLC 122.
Em seu discurso de abertura do evento, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse que é um desejo da cidade e do país de não se opor aos direitos humanos e civis. Segundo ele, “todas as minorias políticas já tiveram, em algum momento, que despertar o desejo de mais liberdade e igualdade” e, portanto, em sua visão, seria inconcebível admitir que, pessoas que já sofreram algum tipo de perseguição ou intolerância, “sejam hoje os promotores dessa mesma incompreensão e intolerância”.
“É muito significativo que, nós, neste dia de combate à intolerância e à homofobia, nos lembremos que, muitas vezes aqueles que hoje têm um comportamento homofóbico, em algum momento tiveram que lutar por sua própria liberdade”, falou o prefeito.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou que “uma injustiça cometida contra um cidadão é uma ameaça a toda sociedade”. O governador lembrou também que São Paulo foi o primeiro estado brasileiro a criminalizar a homofobia, com a Lei 10.948, de 2001, que pune com multa ou até cassação de licença estabelecimentos comerciais, organizações sociais, empresas públicas e funcionários públicos por discriminação homofóbica.
*redebrasilatual
Novos estudos sobre a maconha que os conservadores escondem de você
Quando se trata de maconha, tudo que a mídia e os políticos conservadores mostram são estudos científicos contrários a seu uso. O uso terapêutico da cannabis, então, é totalmente ignorado no Brasil, enquanto em outros países, como os EUA, já teve eficácia comprovada e foi liberado.
Mas você sabia que existem vários estudos recentes positivos sobre a maconha? É todo um mundo de informações novas, científicas, que simplesmente não chega ao cidadão para que ele possa se informar corretamente –além de deixar milhares de pessoas enfermas sem a possibilidade de acesso a terapias mais eficazes fora dos remédios convencionais, que rendem fortunas aos grandes laboratórios. Não será, aliás, por isso mesmo?
***
Por Paul Armentano, do AlterNet (os links para os estudos estão destacados no texto):
–Usuários frequentes de cannabis não têm maior chance de adquirir câncer do que fumantes ocasionais de maconha ou não-fumantes
De acordo com dados apresentados em abril durante o encontro anual da Academia Americana para a Pesquisa do Câncer, quem fuma maconha regularmente não possui maiores chances de ter câncer do que quem fuma de vez em quando ou não fuma. Pesquisadores da Universidade da Califórnia analisaram mais de 5 mil pessoas em todo o mundo entre 1999 e 2012 e confirmam: “Nossos resultados não mostram uma associação significativa entre intensidade, duração e consumo cumulativo de maconha e o risco de câncer”.
Outros estudos já haviam falhado em associar a cannabis ao câncer de cabeça e pescoço ou ao câncer do aparelho digestivo superior. No entanto, o DEA (organismo que controla as drogas nos EUA) continua a dizer que “fumar maconha aumenta o risco de câncer da cabeça, pescoço, pulmões e aparelho respiratório”.
–Uso frequente de cannabis é associado à redução dos fatores de risco para o diabetes tipo 2
A maconha terá algum dia um papel importante em evitar a crescente epidemia de diabetes tipo 2? Novos estudos indicam que é possível. De acordo com dados publicados este mês pelo American Journal of Medicine, pessoas que consomem cannabis regularmente possuem indicadores favoráveis relacionados ao controle do diabetes comparados a usuários ocasionais ou não usuários. Pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Centre, em Boston, perguntaram a 5 mil adultos diabéticos se eles fumavam ou haviam fumado maconha alguma vez. Os que usavam regularmente tiveram níveis de insulina 16% mais baixos em jejum e resistência menor à insulina comparados aos que nunca tinham usado. Já os não usuários possuíam maior gordura abdominal e menor nível de colesterol “bom” (HDL) – ambos são fatores de risco para o diabetes tipo 2.
Benefícios similares foram reportados em usuários eventuais, apesar de serem menos importantes, “sugerindo que o impacto do uso da maconha sobre a insulina e a resistência à insulina existe durante períodos de uso recente”.
As novas descobertas confirmam os estudos de 2012 de uma equipe de pesquisadores da UCLA, publicados no British Medical Journal, segundo o qual adultos com histórico de uso de maconha são menos afetados pelo diabetes do tipo 2 e possuem um menor risco de contrair a a doença do que aqueles que nunca fumaram, mesmo após os pesquisadores ajustarem as variáveis sociais (etnia, nível de atividade física etc.). Conclui o estudo: “(Esta) análise de adultos entre 20-59 anos… mostrou que os participantes que usaram maconha foram menos afetados pela DM (Diabetes Mellitus) e por problemas associados à DM do que não usuários”.
O diabetes é a terceira causa de morte nos EUA após doenças do coração e câncer (no Brasil, o diabetes mata mais do que a Aids e os acidentes de trânsito).
–Fumar maconha reduz dramaticamente os sintomas da doença de Crohn
Fumar maconha duas vezes ao dia reduz significativamente os sintomas da doença de Crohn, uma doença crônica inflamatória intestinal que atinge cerca de meio milhão de americanos (atualmente está se investigando o número de portadores no Brasil). É o que diz o primeiro estudo já feito relacionando o uso de cannabis à doença, publicado online este mês na revista científica Clinical Gastroenterology and Hepatology.
Pesquisadores do Departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Meir Medical Center, em Israel, asseguraram a eficácia de fumar cannabis versus placebo em 21 pacientes com a doença de Crohn que não respondiam ao tratamento convencional. Onze participantes fumaram baseados contendo 23% de THC e 0,5% de canabidiol –um canabinóide não-psicotrópico conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias– duas vezes ao dia durante oito semanas. Os outros dez fumaram cigarros contendo placebo.
Os pesquisadores dizem que “os estudos mostraram que o tratamento de 8 semanas com a cannabis contendo THC enriquecido foi associada a um significativo decréscimo de 100 pontos no CDAI (Índice de Atividade da Doença de Crohn)”. Cinco dos 11 pacientes no grupo estudado reportaram remissão da doença (definida como uma redução no escore CDAI do paciente em mais de 150 pontos). Participantes que fumaram maconha reportaram diminuição da dor, aumento do apetite e melhor sono comparado aos demais. “Nenhum efeito colateral significativo” associado ao uso da cannabis foi reportado.
Os resultados clínicos dão razão a décadas de relatos pessoais de pacientes de Crohn sobre usar cannabis para aplacar os sintomas da doença.
–Maconha sintética detém infecção por HIV em células brancas
A administração de THC vem sendo associada à queda na mortalidade e à desaceleração da progressão da doença em macacos com o vírus da imunodeficiência símia, uma espécie primata do HIV. Canabinóides poderiam ter efeito similar em humanos? As descobertas de um estudo recente indicam que a resposta pode ser “sim” e que a substância parece ter ação no combate à doença.
Na edição de maio do Journal of Leukocyte Biology, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Temple, na Filadélfia, informaram que a administração de canabinóides sintéticos limitam a infecção por HIV em macrófagos (células brancas do sangue que ajudam na imunidade do corpo). Pesquisadores asseguraram o impacto de três tipos de maconha sintética disponíveis no mercado (componentes não-orgânicos que agem sobre o cérebro da mesma forma que a planta) em células macrófagas infectadas pelo HIV. Depois, os pesquisadores colheram amostras das células periodicamente para medir a atividade da enzima chamada transcriptase, que é essencial para a replicação do HIV. No sétimo dia, a equipe descobriu que os três compostos tiveram sucesso em atenuar a replicação do HIV.
“Os resultados sugerem que o CB2 (receptor canabinóide) poderia ser potencialmente utilizado, em associação com drogas retrovirais existentes, abrindo a porta para a geração de novas terapias para o HIV/Aids”, resumiram os pesquisadores em um comunicado à imprensa da Temple. “Os dados também confirmam a ideia de que o sistema imunológico humano poderia ser fortalecido para combater o HIV”. (Em português meio cifrado aqui.)
–Canabinóides oferecem um tratamento eficaz na terapia para o TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático)
O estresse pós-traumático atinge cerca de 8 milhões de norte-americanos anualmente (com tantas guerras, pudera) e tratamentos eficazes para a síndrome são ainda raros ou desconhecidos. Mas uma pesquisa publicada em maio pela revista Molecular Psychiatry indica que os canabinóides possuem potencial para tratar o transtorno com sucesso.
Pesquisadores da New York School of Medicine informaram que pessoas diagnosticadas com TEPT possuem elevadas quantidades de receptores endógenos de canabinóides em regiões do cérebro associadas ao medo e à ansiedade. Além disso, os cientistas disseram que estas pessoas sofrem de uma produção reduzida de anandamida, um canabinóide endógeno neurotransmissor, resultando em um sistema endocanabinóide desequilibrado. (O sistema receptor de canabinóide endógeno é um sistema regulatório presente em organismos vivos com o propósito de promover homeostase ou estabilidade).
Os autores especularam que aumentar a produção de canabinóides no corpo poderia restaurar a química natural do cérebro e seu equilíbrio psicológico. Eles afirmam: “Nossas descobertas indicam (…) existir evidências de que canabinóides oriundos de plantas como a maconha podem causar benefícios em indivíduos com TEPT, ajudando a acabar com os pesadelos e outros sintomas.”
Infelizmente, em 2011, o governo norte-americano impediu que os pesquisadores da Universidade do Arizona, em Phoenix, conduzissem um teste clínico para avaliar o uso da cannabis em 50 pacientes com TEPT.
Publicado em 1 de junho de 2013
*socialistamorena
O prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), afirmou na manhã de ontem (31), durante abertura da Conferência Municipal da Cidade, que São Paulo irá tirar do papel a lei que impõe a cobrança de IPTUs mais altos para imóveis sem função social
O prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), afirmou na manhã de ontem
(31), durante abertura da Conferência Municipal da Cidade, que São
Paulo irá tirar do papel a lei que impõe a cobrança de IPTUs mais altos
para imóveis sem função social. "Em 2014, nós vamos começar a tributar
aqueles proprietários que não ocupam seus imóveis. Sobretudo aqueles no
centro de São Paulo", afirmou.
O IPTU progressivo é um dos
mecanismos previstos no Estatuto das Cidades, uma lei federal em vigor
desde 2001, e prevê a cobrança de valores cada vez mais altos do imposto
municipal para imóveis que não cumprem função social. Em 2010, uma lei
municipal sobre o mecanismo foi aprovada, mas até hoje nunca foi usado
em São Paulo. Haddad regulamentou a lei e aguarda o cumprimento dos
prazos regulamentares para aplicá-la.
“A pessoa é dona, nós
vamos respeitar a propriedade. A função social não está sendo cumprida?
Aí é dever do poder público tributar”, afirmou. “Não tem cabimento, uma
pessoa no centro da cidade deixar um imóvel (sem ser utilizado)”,
considera. A desapropriação de parte dos milhares de imóveis vazios na
cidade é um dos mecanismos que devem ser usados pelo prefeito para
cumprir uma das metas de sua gestão, a construção de 55 mil unidades
para moradia popular. Desde o início da gestão, 12 imóveis já tiveram
interesse social decretado.
Haddad voltou a defender a
viabilidade da promessa e afirmou que a prefeitura irá planejar 110 mil
casas para poder concluir a meta estipulada em sua gestão. “Se você se
planejar para 55 mil, pode ter certeza que vai entregar 20. É assim que
funciona o sistema público. Tem ação judicial, tem Tribunal de Contas,
tem o Ministério Público, tem tudo concorrendo contra”, afirmou.
Para ele, a cidade deixou de aproveitar recursos disponíveis no âmbito
do 'Minha Casa, Minha Vida' por falta de parcerias entre governo federal
e municipal nas gestões anteriores, ele estima que 50 mil casas já
pudessem ter sido construídas na capital paulilsta com recursos do
programa.
Presidente do Equador quer Lula como secretário da Unasul
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse neste sábado (1º) que
gostaria que o ex-presidente Lula se
tornasse secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas).
"Logo ocorrerão as eleições para secretário-geral da Unasul e há vários
grandes latino-americanos que podem ocupar este lugar, como Lula, o que
seria maravilhoso", destacou Correa durante seu programa semanal
transmitido do norte de Quito, onde é construída a nova sede do órgão.
O prédio, que estará pronto em maio de 2014, "terá o nome deste grande
latino-americano que foi (o ex-presidente argentino) Néstor Kirchner" e
será "o edifício mais moderno do Equador e, provavelmente, da América
Latina".
Kirchner, falecido em 2010, foi o primeiro titular da Unasul, sucedido
pela colombiana María Emma Mejía em 2011 e pelo ex-chanceler venezuelano
Alí Rodríguez, que assumiu em junho de 2012 e deverá deixar o posto ao
final de um ano de gestão.
A Unasul é integrada por Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile,
Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.Da Agência de notícias AFP
*osamigosdopresidentelula
Deus é mais amado que o Diabo porque seus marqueteiros são melhores”
do Bourdoukan
O leitor FD me enviou o seguinte comentário: “Deus é mais amado que o diabo porque seus marqueteiros são melhores”.
Infelizmente ele não explicou a razão desse comentário.
Mas isso também não tem a menor importância, já que Deus e o Diabo não fazem parte de minhas preferências literárias.
Se existe um deus, sorte dele. Se existe um diabo, sorte dele também.
Eu sempre entendi que Deus e o Diabo não têm culpa por aqueles que dizem representá-los.
É verdade que seus supostos representantes sempre foram poderosos. E por que não? Cruéis.
Judaísmo, cristianismo e islamismo são religiões abraâmicas.
Três religiões com o mesmo deus, nunca vão chegar a um acordo.
Sobre
esse deus abraâmico, o leitor FD, me enviou um trecho do livro do
filósofo e expoente do anarquismo Mikhail Bakhunin que repercuto:
“Jeová,
que, de todos os bons deuses adorados pelos homens, foi certamente o
mais ciumento, o mais vaidoso, o mais feroz, o mais injusto, o mais
sanguinário, o mais despótico e o maior inimigo da dignidade e da
liberdade humanas, Jeová acabava de criar Adão e Eva, não se sabe por
qual capricho, talvez para ter novos escravos.
Ele
pôs, generosamente, à disposição deles toda a terra, com todos os seus
frutos e todos os seus animais, e impôs um único limite a este completo
gozo: proibiu-os expressamente de tocar os frutos da árvore de ciência.
Ele
queria, pois, que o homem, privado de toda consciência de si mesmo,
permanecesse um eterno animal, sempre de quatro patas diante do Deus
"vivo", seu criador e seu senhor.
Mas eis
que chega Satã, o eterno revoltado, o primeiro livre-pensador e o
emancipador dos mundos! Ele faz o homem se envergonhar de sua ignorância
e de sua obediência bestiais; ele o emancipa, imprime em sua fronte a
marca da liberdade e da humanidade, levando-o a desobedecer e a provar
do fruto da ciência”.
E o leitor FD encerra perguntando a quem a humanidade devia louvar?
Deixo a resposta com você, leitor do blog. E por favor, sem ofensas ou admoestações.
*GilsonSampaio
Cuba ou a globalização da solidariedade: o internacionalismo humanitário
do Solidários
Salim Lamrani*
Fonte: OPERA MUNDI
Desde a Revolução de 1959, Cuba elaborou uma política para ajudar países pobres; resultados são espetaculares
Desde
1963, com o envio da primeira missão médica humanitária à Argélia, Cuba
se comprometeu a cuidar das populações pobres do planeta em nome da
solidariedade internacionalista. As missões humanitárias cubanas se
estendem por quatro continentes e apresentam um caráter único. Com
efeito, nenhuma outra nação do mundo, nem sequer as mais desenvolvidas,
teceu semelhante rede de cooperação humanitária no planeta. Desde seu
lançamento, cerca de 132.000 médicos cubanos, além do pessoal sanitário,
atuaram voluntariamente em 102 países. No total, os médicos cubanos
atenderam cerca de 100 milhões de pessoas no mundo e salvaram um milhão
de vidas. Atualmente, 37.000 médicos colaboradores oferecem seus
serviços em 70 nações do Terceiro Mundo.
A ajuda internacional
cubana se estende a dez países da América Latina e às regiões
subdesenvolvidas do planeta. Em outubro de 1998, o furadão Mitch havia
assolado a América Central e o Caribe. Os chefes de Estado da região
lançaram um chamado à solidariedade internacional. Segundo o PNUD,
Cuba foi a primeira a responder positivamente, cancelando a dívida da
Nicarágua de 50 milhões de dólares e propondo os serviços de seu pessoal
sanitário.
Foi
elaborado, então, o Programa Integral de Saúde, sendo ampliado a outros
continentes, como África e Ásia. Nas regiões onde foi aplicado, O PNUD
aponta uma melhora de todos os indicadores de saúde, particularmente uma
diminuição notável da taxa de mortalidade infantil.
A ALBA
O
primeiro país que se beneficiou do capital humano foi, logicamente, a
Venezuela, graças à eleição de Hugo Chávez em 1998 e à relação especial
estabelecida com Cuba. A universalização do acesso à educação,
implementada em 1998, teve resultados excepcionais. Cerca de 1,5 milhão
de venezuelanos aprenderam a ler e a escrever graças à campanha de
alfabetização chamada Misión Robinson I. Em dezembro de 2005, a Unesco
decretou que o analfabetismo havia sido erradicado da Venezuela. A
Misión Robinson II foi lançada para levar a população ao alcance do
nível secundário. A isso se somam as missões Ribas e Sucre, que
permitiram que dezenas de milhares de jovens começassem estudos
universitários.
Com a aliança entre Cuba e Venezuela na área da saúde, foram salvas mais de 100 mil vidas
Em 2010, 97% das crianças venezuelanas estavam escolarizadas.
Em relação à saúde, foi criado o Sistema Nacional Público, para
garantir o acesso gratuito à atenção médica a todos os venezuelanos. A
missão Barrio Adentro I possibilitou a realização de 300 milhões de
consultas nos 4.469 centros médicos criados desde 1998. Cerca de 17
milhões de pessoas puderam ser atendidas, enquanto que, em 1998, menos
de 3 milhões de pessoas tinham acesso regular à saúde. Foram salvas mais
de 104.000 vidas. A taxa de mortalidade infantil foi reduzida a menos de 10 por mil.
Na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Venezuela passou do posto 83 no
ano 2000 (0,656) ao posto 73 em 2011 (0,735), e entrou na categoria das
nações com o IDH mais elevado.
Além disso, também segundo o PNUD, a Venezuela ostenta o coeficiente
Gini mais baixo da América Latina, e é o país da região onde há menos
desigualdade.
Luis Alberto Matos, economista e
especialista em energia, salientou a “cooperação emblemática” entre Cuba
e Venezuela. “Quem pode negar a imensa contribuição dessa nação à
Venezuela em relação ao aprimoramento do setor de saúde, na agricultura, nos esportes, na cultura?”
Graças
à ALBA e ao programa social lançado pelo governo de Evo Morales entre
2006 e julho de 2011, a Brigada Médica cubana presente na Bolívia cuidou
de mais de 48 milhões de pessoas e salvou 49.821 vidas. A Bolívia pôde
melhorar seus indicadores de saúde com uma diminuição da mortalidade
infantil de 58 a cada mil, em 2007, para 51 a cada mil em 2009, ou seja,
uma redução de 14% em três anos.
Entre 2006 e 2009, foram criados quase 545 centros de saúde em todo o
país. Quanto à educação, a Unesco declarou que a Bolívia é um território
livre de analfabetismo em 20 de dezembro de 2008, com a alfabetização
de 824.000 pessoas. Foram construídos cerca de 1.540 estabelecimentos
escolares. Quanto ao Ensino Superior, foram criadas três universidades
indígenas. A pobreza extrema foi reduzida a 6%, passando de 37,8% a
31,8%.
Na Nicarágua, o programa Yo, sí puedo
permitiu que a Unesco declarasse que o país estava livre do
analfabetismo em 2009. Graças à Alba, a Nicarágua também conseguiu
resolver sua grave crise energética, que às vezes provocava apagões de
16 horas diárias. Foram construídos vários hospitais equipados
integralmente em todo o país, com acesso gratuito à atenção médica para
toda a população. Eles operam, em grande parte, graças à presença do pessoal médico cubano.
No
Equador, a chegada de Rafael Correa ao poder em 2006 também ocasionou
uma revolução social sem precedentes. Dessa forma, o orçamento de saúde
aumentou de 437 milhões de dólares em 2006 para 3.430 milhões em 2010. O
orçamento de educação passou de 235 milhões em 2006 para 940,7 milhões
em 2010. A taxa de escolaridade até o nível universitário da quinta
parte mais pobre da população passou de 30% para 40% entre 2006 e 2010. A
cobertura da cesta básica passou de 68% para 89%. A pobreza diminuiu 7%
no mesmo período em nível nacional, e 13% para os afroequatorianos.
Mais de 70.000 pessoas dos 5 milhões de indigentes que havia no país em
2006 saíram da pobreza.
Assim, o IDH passou de
0,716 em 2009 para 0,720 em 2011, e agora ocupa a posição 83. O Equador
prevê erradicar a desnutrição infantil em 2015 e assim alcançar Cuba, o
único país da América Latina e do Terceiro Mundo livre dessa praga,
segundo a Unicef.
A Brigada Henry Reeve
Em
19 de setembro de 2005, após a tragédia que o furacão Katrina provocou
em Nova Orleans, Cuba criou a Brigada Henry Reeve, um contingente
médico composto por 10.000 profissionais da saúde e especializado em
catástrofes naturais. Naquela época, Havana ofereceu a Washington o
envio de 1.586 médicos para atender as vítimas, mas o presidente Bush
negou a oferta.
A Brigada Henry Reeve interveio
em vários continentes. Assim, após o terremoto de novembro de 2005, que
assolou o Paquistão, 2.564 médicos cubanos viajaram para lá a fim de
atender as vítimas durante mais de oito meses. Foram montados 32
hospitais de campanha, que logo foram doados às autoridades de saúde do
país. Mais de 1,8 milhão de pessoas foram atendidas e 2.086 vidas foram
salvas. Nenhuma outra nação ofereceu uma ajuda tão importante, nem mesmo
os Estados Unidos – principal aliado de Islamabad –, que estabeleceu
apenas dois hospitais de campanha e ficou por oito semanas. O jornal
britânico The Independent ressaltou o fato de que a brigada médica
cubana foi a primeira a chegar ao Paquistão e a última a deixar o país.
Anteriormente,
após o tsunami que devastou a região do Pacífico em 2004, Cuba enviou
várias missões humanitárias para oferecer atenção médica às vítimas,
muitas vezes abandonadas pelas autoridades locais. Várias áreas rurais
em Kiribati, Timor Leste ou Sri Lanka ainda dependem da ajuda médica
cubana. Foi inaugurada uma escola de medicina no Timor Leste para
formar jovens estudantes do país. As Ilhas Salomão, assim como a
Papua-Nova Guiné, acenaram à Havana para se beneficiar de uma ajuda
similar e firmar acordos de cooperação.
Após o
terremoto ocorrido em maio de 2006 em Java, na Indonésia, Cuba enviou
várias missões médicas. Ronny Rockito, coordenador regional para a
saúde, elogiou o trabalho dos 135 profissionais cubanos que instalaram
dois hospitais de campanha. Segundo ele, seu trabalho teve um impacto
mais importante do que qualquer outro país. “Aprecio muito as brigadas
médicas cubanas. Seu estilo é muito amistoso e seu nível de atenção
médica, muito elevado. Tudo é gratuito e não há nenhum apoio por parte
do meu governo para isso. Agradecemos Fidel Castro. Muitos moradores
suplicaram aos médicos cubanos para que ficassem”, enfatizou.
O
caso mais recente e mais emblemático da cooperação médica cubana diz
respeito ao Haiti. O terremoto de janeiro de 2010, de magnitude 7, causou dramáticos danos humanos e materiais.
Segundo as autoridades haitianas, o balanço foi de 230.000 mortos,
300.000 feridos e 1,2 milhão de pessoas sem teto. A brigada médica
cubana, presente desde 1998, foi a primeira a auxiliar as vítimas e
atendeu cerca de 40% delas.
Em outubro de 2010,
soldados nepaleses das Nações Unidas introduziram inadvertidamente o
vírus do cólera no Haiti. Segundo a ONU, a equipe médica do doutor Jorge
Luis Quiñones descobriu a epidemia. Cerca de 6.600 pessoas perderam a
vida e 476.000 foram infectadas, o que representa 5% da população de um
total de 10 milhões de habitantes. Era a taxa de cólera mais elevada do
mundo, segundo as Nações Unidas. O New York Times ressaltou, em uma
reportagem, o papel chave dos médicos cubanos: “A missão médica cubana,
que desempenhou um papel importante na detenção da epidemia, ainda está
presente no Haiti e recebe a cada dia a gratidão dos doadores e dos
diplomatas por sua presença nas linhas de frente e por seus esforços de
reconstrução do carcomido sistema de saúde do país”.
Por
sua vez, Paul Farmer, enviado especial das Nações Unidas, salientou
que, em dezembro de 2010, quando a epidemia atingiu seu pico, com uma
taxa de mortalidade sem precedentes e o mundo estava com os olhos em
outros lugares, “a metade das ONGs haviam ido embora, ao passo que os
cubanos ainda estavam presentes”. Segundo o Ministério da Saúde
haitiano, os médicos cubanos salvaram mais de 76.000 pessoas nas 67
unidades médicas sob sua responsabilidade, com apenas 272 falecimentos,
ou seja, 0,36%, contra uma taxa de 1,4% no resto do país. Desde dezembro
de 2010, não faleceu nenhum paciente tratado pelos médicos cubanos.
Nações Unidas saúdam uma política solidária
Segundo
o PNUD, a ajuda humanitária cubana representa, proporcionalmente ao
PIB, uma porcentagem superior à média das 18 nações mais desenvolvidas.
Ressalta, em um informe, que:
“A cooperação
oferecida por Cuba se inscreve em um contexto de cooperação Sul-Sul. Não
persegue um objetivo de lucrar, mas, ao contrário, se oferece como a
expressão de um princípio de solidariedade e, na medida do possível, a
partir de custos compartilhados. No entanto, durante anos, Cuba
proporcionou ajuda de qualidade com doações aos países mais pobres, e se
mostrou muito flexível quanto à forma ou à estrutura da colaboração
[…]. Em quase a totalidade dos casos, a ajuda cubana foi gratuita, ainda
que, a partir de 1977, com alguns países de alta renda, principalmente
os petroleiros, se desenvolveu uma cooperação sob uma forma de
compensação. O desenvolvimento elevado que Cuba alcançou nos campos da
saúde, educação e esporte fizeram com que a cooperação contemplasse
esses setores, ainda que tenha havido uma participação em outras áreas,
como, por exemplo, a construção, a pesca e a agricultura”.
O
internacionalismo humanitário elaborado por Cuba demonstra que a
solidariedade pode ser um vetor fundamental nas relações internacionais.
Assim, uma pequena nação do Terceiro Mundo com recursos limitados e
vítima de um estado de sítio sem precedentes por parte dos Estados
Unidos consegue reunir os recursos necessários para ajudar os mais
pobres e oferece ao mundo um exemplo, como diria o herói nacional cubano
José Martí, que Pátria pode ser Humanidade.
*
Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris
Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Universidade de
la Reunión e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados
Unidos.
Contato: lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr. Página Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel.
*GilsonSampaio
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