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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, junho 26, 2013
Deputado Delegado Protógenes denuncia instrumentalização privada na CGR
Dep Protógenes repudia casos de corrupção arquivados no STF
PEC 37: MP age em causa própria e Globo quer governar o País
(Nesta terça, acuada pela pressão da Globo e do MP, a Câmara derrubou a PEC)
As Organizações(?) Globo insistiam fortemente nessa questão,
enquanto os estudantes e o MPL estavam ainda somente a falar dos preços
das passagens, na tarifa zero e na qualidade dos serviços de transporte
coletivo. Estranho, não?
Estou a ver televisão. O pau quebra, e a polícia tenta reagir contra os
muitos grupos que tentam e conseguem depredar o patrimônio público e o
particular. Mesmo assim, os narradores em off, os repórteres e os
âncoras de programas jornalísticos de todas as televisões,
principalmente os da TV Globo e da Globo News, que adoram voar de
helicóptero e esconder as logomarcas dos microfones de “suas” empresas
insistem em contrariar as imagens, que valem por um milhão de palavras, e
mostram, de forma cabal e inequívoca, a violência de grupos de perfis e
índoles fascistas, de classe média, despolitizados e que se apropriaram
de uma reivindicação de esquerda, à frente o Movimento Passe Livre
(MPL), que no dia 6 de junho, em São Paulo, protestava contra o aumento
dos preços das tarifas de ônibus e foi violentamente reprimido pela
polícia do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mandatário useiro e
vezeiro em tratar os movimentos sociais como casos de polícia, a exemplo
do massacre de Pinheirinho.
Até aquela altura dos acontecimentos, a classe média conservadora estava
quieta, em casa, bem como os cidadãos eleitores dos tucanos e de seus
aliados, além da Juventude do PSDB, que demorou sair às ruas, porque,
evidentemente, apoia o Governo de Alckmin. Esses grupos logo depois se
mobilizaram pelas redes sociais e foram às ruas para se juntar aos
arruaceiros e à extrema direita encapuzada, que, incrivelmente, tiveram
em um primeiro momento os seus crimes amenizados pela imprensa de
mercado. A mesma imprensa de tradição golpista, que ao resguardar as
suas conveniências e interesses insistiu em separar, propositalmente, o
“joio do trigo”, como se fosse possível considerar as manifestações como
movimentos pacíficos ao tempo em que as imagens de todas as televisões
mostravam a balbúrdia, o quebra-quebra e a violência em grandes
proporções. Esses fatos são inquestionáveis, porque aconteceram e foram
filmados. São públicos e notórios.
E o que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37 de 2011 tem haver
com as manifestações cuja origem é uma pauta de esquerda, que
reivindicava a tarifa zero para o transporte de estudantes e, com o
tempo, conseguiu o recuo das prefeituras quanto ao aumento de R$ 0,20 no
preço da passagem? Respondo: nada e tudo ao mesmo tempo. A PEC 37 é no
momento a principal pauta da Globo e do candidato tucano Aécio Neves,
além de constar na ordem do dia de um de seus mais importantes aliados
em sua luta política contra o Governo trabalhista e o PT: a Procuradoria
Geral da República (PGR), na pessoa do procurador-geral, Roberto
Gurgel, e a maioria de seus subordinados, os procuradores regionais da
República, que atuam em todos os estados da Federação.
Trata-se do golpe do “joão-sem-braço”, porque esses setores midiáticos
se aproveitam de concessões públicas de rádios e televisões e organizam
uma frente contrária à PEC 37, cujo texto, na verdade, restabelece as
atuações, as competências e os limites constitucionais dos ministérios
públicos e das polícias judiciárias (Civil e Federal), conforme define,
sem deixar dúvida, a Constituição do Brasil. A resumir: a PEC 37 apenas
regulamenta o que já está estabelecido pela Constituição, enquanto a PGR
e os ministérios públicos, juntamente como os partidos de direita e de
oposição (PSDB, DEM, PPS e PSOL) manipulam e distorcem esta importante
informação e mentem, descaradamente, para o povo brasileiro, sendo que
parte deste povo se traduz na classe média tradicional e conservadora,
aquela mesma que organizou, em 1964, a Marcha da Família com Deus e pela
Liberdade, e deu no que deu: a ditadura militar que durou 21 anos.
Agora, 49 anos depois do fatídico golpe de estado, os filhos da classe
média, os extremistas de direita e os grupos da esquerda radical e que
faz o jogo da direita, transformam-se novamente em público alvo da alta
burguesia, que controla os meios de produção e os meios privados de
comunicação de massa. Tal classe vai às ruas sem pauta e pleitos, como
diferentemente o foi o MPL, porque se considera “apartidária” e
“apolítica” e quebra, destrói e toca fogo em tudo o que vê e o que está à
sua frente, em nome do apartidarismo, da negação da política e de “tudo
o que está aí”, ou seja, o Governo do PT. Trata-se de frase, de uma
afirmação cínica e maledicente disseminada pelos repórteres, âncoras,
colunistas e comentaristas do sistema midiático de negócios privados, e
essencialmente alienígena, pois lutam contra a independência do Brasil e
a emancipação do povo brasileiro.
O “tudo o que está aí” significa, evidentemente, a desqualificação e a
desconstrução do que deu certo, como se quisessem apagar e invalidar
todos os avanços e conquistas efetivados no tempo de apenas 11 anos
pelos governos trabalhistas, que colocaram o Brasil em patamares de
desenvolvimento e bem-estar social nunca antes experimentados em sua
história, pois confirmados e respaldados pelos números e índices sociais
e econômicos, que transformam os oito anos de governos tucanos em um
fracasso tão visível, que acarretaram em três derrotas eleitorais para a
Presidência da República. Obviamente que todos nós sabemos que o Brasil
não é um País pronto. Está longe disso, mas é inegável que o poderoso
País da América do Sul é hoje uma Nação respeitada em todo o mundo, fato
este que nunca aconteceu na administração do PSDB.
Por sua vez, as conquistas estão a acontecer e até mesmo de forma
surpreendente, pois rápidas, no que concerne ao tempo. Os governos
trabalhistas têm projeto de País e programa de Governo, e a distribuição
de renda e de riqueza está a ser realizada, porque sabemos que o Brasil
vivencia o pleno emprego, os salários estão a ser elevados e a
inflação, apesar da manipulação criminosa da imprensa comercial para
aumentar os juros, está, sim, dentro da meta estabelecida, e, por sua
vez, controlada. Quem duvida, dou a dica: acesse o Portal da
Transparência do Governo Federal, ferramenta esta que inexistia nos
governos tucanos, bem como se transformou em fonte da imprensa burguesa e
de propósitos privados, que usa o Portal para se informar e depois
aproveita as informações colhidas para elaborar matérias tão cínicas e
manipuladas quanto o é a sua essência antidemocrática, colonizada e
golpista.
Entretanto, a PEC 37 se transformou na principal reivindicação dos
movimentos das ruas, até porque os prefeitos recuaram em relação aos
aumentos da passagem dos ônibus. Os jornalistas da Globo, por exemplo,
logo no início das manifestações, que ocorreram há cerca de 20 dias,
insistiam em falar da PEC 37 e a evidenciaram mais do que os problemas
relativos à saúde e à educação. As Organizações(?) Globo insistiam
fortemente nessa questão, enquanto os estudantes e o MPL estavam ainda
somente a falar dos preços das passagens, na tarifa zero e na qualidade
dos serviços de transporte coletivo. Estranho, não? Mas nem tanto quanto
as pessoas pensam ou deixam de pensar.
Qual é o interesse, então, de gente como Merval Pereira, Ricardo Noblat,
Miriam Leitão, Arnaldo Jabor, Alexandre Garcia, William Wack, Renata
Vasconcellos, Chico Pinheiro, além dos colunistas, comentaristas e
editorialistas da Folha, da Veja, do Estadão, da TV Band, da CBN, da
Jovem Pan, dentre muitos outros jornalistas e grupos privados de
comunicação em transformar a PEC 37 em uma questão que supera as
inúmeras reivindicações populares, bem como evidenciada diuturnamente
como um golpe contra os direitos de cidadania do povo brasileiro? Golpe,
evidentemente, com autoria e a assinatura do Congresso Nacional, PT e
do governo trabalhista da presidenta Dilma Rousseff.
Os três entes políticos que são combatidos há 11 anos, a ferro e fogo,
pela burguesia dona do capital, pela classe média tradicional, cliente e
consumidora de seus produtos, valores e princípios, pelos partidos de
direita, e, sem sombra de dúvida, pelos barões da imprensa donos do
sistema midiático comercial e privado. Bem feito. Quem mandou os
governos trabalhistas de Lula e Dilma remediarem sobre tão importante
assunto, definido pela Constituição, que é o marco regulatório para os
meios de comunicação? E é exatamente a inexistência da regulamentação
dos meios de comunicação que hoje a mídia corporativa pauta a vida
brasileira, combate os projetos e programas de governantes eleitos pelo
povo e se intromete, distorce, mente e inclui nas manifestações questões
que a população deste País mal tem conhecimento, que é o caso da PEC
37.
Agora, vamos à outra pergunta que não quer calar: quando os barões
midiáticos e os seus escribas que repercutem os seus interesses e
pensamentos defendem a desaprovação da PEC 37 é porque eles estão a
defender os interesses do Brasil e dos brasileiros? Não. Claro que não!
Porque eu vou ser sincero: nunca vi, em tempo algum, essa gente defender
o Brasil e o seu povo. Nunca! Dá pelo menos para desconfiar, não dá?
Ponto. A PEC 37 não é um bicho de sete cabeças. Seu texto apenas dispõe
sobre o papel de cada instituição que atua, por exemplo, em processos de
investigação. A verdade é que a PEC não retira e muito menos altera o
poder e o direito dos ministérios públicos. Quem insiste nisso está a
cometer falácia e má fé.
E por quê? Porque ao MP, desde sempre, sempre coube a função de pedir
investigações e diligências, denunciar à Justiça e acompanhar
depoimentos. São direitos e deveres constituídos. Porém, cabe às
Polícias Civis dos estados e à Polícia Federal coordenarem e comandarem
as investigações, porque têm em seus quadros servidores públicos
treinados para investigar, com diversos cursos realizados e uma
experiência de décadas na profissão, que, certamente, um promotor não a
tem. O jurista Sepúlveda Pertence, promotor que já foi procurador-geral
da República, além de ter sido ministro do STF, disse certa vez que o
Ministério Público se transformou em um monstro. E é verdade, porque se
arroga o direito de estar acima dos outros poderes e instituições.
Para esclarecer as dúvidas, o negócio é o seguinte: quem denuncia não
investiga; quem investiga não julga; e quem julga não denuncia, ou seja,
o promotor denuncia, o policial investiga e o juiz julga. Ponto.
Acontece que exatamente nos últimos dez anos os ministérios públicos e
sua cabeça política e ideológica, a PGR comandada por Roberto Gurgel,
político sem voto e que atua no campo ideológico conservador, tem
extrapolado em suas funções e atribuições. O MP Federal, apesar de
independente, como reza a Constituição de 1988, não têm ainda, de fato,
definido as suas atribuições, porque questão importantíssima e que mexe
com a vida de todos os cidadãos ainda não foi regulamentada pela PEC 37,
que trata da atuação das polícias judiciárias e do MP, no que é
relativo ao campo das investigações criminais.
Ora vejam, a PEC acrescenta um parágrafo ao artigo 144 da Constituição,
que trata da Segurança Pública e dos responsáveis que atuam nessa
importante área, que são as polícias Civil e Federal. São essas
corporações, notadamente a Civil e a Federal, que apuram e investigam as
infrações penais. Leia: “As apurações das infrações penais que tratam
os §§ 1° e 4° deste artigo incumbem privativamente às polícias federal e
civis dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente”.
Este parágrafo é o tendão de Aquiles do MP Federal, que se transformou
em partido político conservador. A palavra “privativamente” mexeu com o
ego e o mandonismo dos procuradores e promotores, os condestáveis do
século XXI. Volto a lembrar: quem denuncia não investiga; quem investiga
não julga; e quem julga não denuncia, ou seja, o promotor denuncia, o
advogado e o defensor defendem o acusado, o policial investiga e o juiz
julga. Portanto, o MP tem a exclusividade da acusação, como muito bem
define o artigo 129 da Constituição.
Entretanto, o MP, apesar de reclamar da PEC 37 e por isto combatê-la, na
verdade há muito tempo investiga, bem como realiza e participa,
inclusive, de diligências, além de, talvez, fazer escutas, afinal tal
instituição é proprietária do Guardião, o big brother que deixa o da
Globo em condição amadora e o estado democrático de direito com os
cabelos em pé. Só que tem um problema. Se o MP tem o monopólio da
acusação, evidentemente que tal realidade poderá causar conflitos de
interesses.
E por quê? Porque se apenas uma corporação pode acusar, obviamente e não
necessariamente que os promotores e os procuradores podem cometer
abusos, afinal eles são humanos (ou deuses?) e como quaisquer seres
humanos são portadores de princípios, valores, crenças, ideologias,
preferências políticas e partidárias e por isto e por causa disto podem
cometer erros, abusos de poder, equívocos e até mesmo crimes. Afinal, os
entes humanos têm desejos e almejam coisas e por isto criamos leis,
códigos, normas e regras para que não voltemos à barbárie, à lei da sela
ou à lei do mais forte.
A resumir: se algum promotor quiser prejudicar um cidadão ou uma cidadã
brasileiro, certamente tal autoridade vai, sem sombra de dúvida,
direcionar a investigação para causar sérios problemas ao acusado, e,
por sua vez, favorecer a parte que tem interesse em se dar bem, seja o
interesse originário do setor público ou do setor privado. Para resumir
novamente: favorecimento. Ao ser assim, o equilíbrio institucional e
constitucional entre as corporações que administram e efetivam a
segurança pública fica prejudicado, pois o MP, além de denunciar e
acusar também passa a atuar no campo das investigações criminais.
Dito isto, vamos agora à informação que a TV Globo e seus coirmãos
golpistas e de direita jamais esclareceriam para o cidadão brasileiro e
os manifestantes “apartidários”, “mansos” e “apolíticos”: a PEC 37
impede que o MP possa, por intermédio da sua prerrogativa de acusar,
denunciar e ainda investigar, cometer abusos contra a cidadania.
Portanto, a PEC tapa essa brecha e fortalece o estado democrático de
direito. Além disso, as polícias, como os peixes na água, são
possuidoras da natural e inquestionável vocação para investigar. Ou as
coisas mudaram e todo mundo foi pego de surpresa? Promotores têm de
defender o povo e se quiserem fazer política que se filiem em qualquer
partido político e concorram a cargos públicos eleitorais. Só isso e
nada mais. Ao ser desse jeito, a sociedade agradece penhoradamente e
fica aliviada por não encherem o seu saco.
Sobre essas realidades, juristas já declararam à imprensa alienígena que
têm setores do Judiciário, do Congresso e do Executivo e da PGR que
defendem que tal instituição se transforme em um quarto poder, quando na
verdade o MP, apesar de ser independente, a partir da promulgação da
Constituição de 1988, atua de fato, mas não de direito e equivocadamente
como tal. Os Ministérios Públicos (leia-se também PGR) têm usurpado,
sistematicamente, as funções legais e institucionais das policias
judiciárias, o que é um perigo à democracia, ao estado de direito e,
inegavelmente, inconstitucional. A PEC 37 regulamenta esse estado de
coisas, porque trata, repito, de impedir os excessos.
Cito um caso emblemático protagonizado pela PGR. Na primeira metade da
década passada, a PGR comprou um complexo sistema de interceptações
telefônicas apelidado de Guardião. Nome muito sugestivo, e tenebroso,
porque me faz lembrar do livro “1984”, de George Orwell. A narrativa é
sobre as mazelas e os perigos de uma sociedade se tornar oligárquica,
sectária, individualista e, por seu turno, totalitária, pois controlada
por um estado ditatorial. É um contrassenso a PGR comprar um poderoso e
sofisticado equipamento de escuta se é uma instituição que tem como sua
primeira obrigação denunciar e fiscalizar e não investigar, que é o
papel fundamental das polícias judiciárias. Por que a PGR e os
promotores querem liberdade para realizar escutas telefônicas? Para quê e
por quê? Promotor e procurador têm de pedir autorização de juiz para
escutar, porque, do contrário, vão responder por seus crimes e por seus
desejos de governar a vida brasileira, sem, contudo, terem um único
voto, o que é um absurdo e ao tempo que surreal.
Além do mais, enquanto os governos trabalhistas fortaleceram a Polícia
Federal, que a partir de 2003 se tornou cada vez mais republicana, a
PGR, os ministérios públicos passaram a ter uma atuação indubitavelmente
seletiva. Nunca a PF realizou tantas operações e prendeu tanta gente
que cometeu malfeitos, como ocorreu na administração Lula. Para quem não
sabe, no governo de FHC foram realizadas, em oito anos, apenas 48
operações; e no de Lula, também em oito anos, foram realizadas 1.273
operações, com 15.754 presos. Esses números constam no Portal da Polícia
Federal. FHC, aquele presidente de bico longo e voo curto, que vendeu o
Brasil e cujo (des)governo nunca foi investigado, mesmo com a
publicação do livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Jr., que é
recheado de documentos, todos colhidos pelo o autor de forma legal,
nunca foi questionado pelo MP e pela imprensa colonizada e que tem um
imenso complexo de vira-lata.
Enquanto isso, na direção contrária, a PGR se mostra extremamente
corporativa, porque escolhe alvos, seleciona os políticos, os
governantes, os empresários, os juízes e os partidos a serem denunciados
e investigados. Somente não percebe quem não quer ou é totalmente cego,
mudo, surdo ou talvez alienado. Enfim, um problema muito sério de
disposição, de vontade política e de ser republicano, porque a
Constituição reza que todos somos iguais perante a lei.
O procurador-geral, Roberto Gurgel, é o exemplo pronto e acabado do
servidor público que se aliou à oposição partidária, bem como trata dos
interesses dela com afinco e determinação. Lembro que certa vez tal
procurador sentou por quase três anos nos processos do bicheiro
Carlinhos Cachoeira, editor e pauteiro da revista Veja, a Última Flor do
Fáscio. Não satisfeito, jamais pressionou o governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), que reconheceu, de viva voz, que o bicheiro
tinha certa influência em seu governo. Além disso, não custa nada
relembrar que o distinto procurador jamais abriu a boca para que o
falecido Roberto Civita, proprietário da Editora Abril, e o seu
empregado Policarpo Júnior fossem depor na CPI do Cachoeira.
Também se torna necessário salientar que o senador do DEM de Goiás e
cassado a bem do serviço público, Demóstenes Torres, jamais foi
pressionado ou denunciado pelo senhor procurador Roberto Gurgel. Pelo
contrário, um grupo de parlamentares teve de ir à PGR para exigir de
Gurgel que investigasse tal senador ídolo da imprensa burguesa e
historicamente golpista, bem como da classe média eternamente
reacionária e preconceituosa, que quase morria de satisfação quando via o
arauto da moralidade, da família (à moda TFP) e dos bons costumes
atacar o governo trabalhista e chamar todo mundo de ladrão.
A história política de Demóstenes é lamentável e se encarregou de
mostrar o quanto um falso moralista pode chegar ao poder, ser bajulado
pela imprensa e até por juiz do STF sem se preocupar com a sociedade,
pois ela não tem o seu respeito. E o Gurgel continuou a sua sina
irremediavelmente conservadora, pois se calou sobre o caso e continuou a
efetivar um processo seletivo de investigação e denúncia contra,
evidentemente, o campo político da esquerda. Sintomático, pois é.
Visível e compreensível a atuação política e partidária do senhor
procurador-geral.
O livro Privataria Tucana, que trata do maior escândalo de corrupção da
história deste País, afinal os tucanos comandados por FHC — o Neoliberal
I — venderam o Brasil, o patrimônio público não construído por eles,
jamais serviu de prova e contraprova para que o procurador se mexesse
para investigar a alienação dos bens públicos. A verdade é que nenhum
procurador do MPF denunciou ainda qualquer integrante importante do
governo tucano — a não ser se consideram o banqueiro Daniel Dantas
importante em termos governamentais. O governante que quebrou o Brasil
três vezes e por isso foi pedir esmolas ao FMI de joelhos e com o pires
nas mãos até hoje dá pitacos sobre administrações alheias, na maior
cara-de-pau, sem ao menos lembrar do fracasso social e econômico que foi
o seu governo. Vou mais além, a PGR, que deveria ser guardiã, mas
preferiu comprar o Guardião para espionar e escutar os outros nunca e
jamais teve o trabalho ou a mera curiosidade de investigar as denúncias
contra os tucanos que controlam o PSDB. Nunca. Jamais.
O mensalão investigado, denunciado e depois julgado foi o do PT. Os
anteriores, do PSDB e do DEM, também nunca e jamais foram denunciados
pela PGR com os holofotes histéricos da mídia imperialista. E para ser
franco, acho que os tucanos, os pais de mensalão, que “nasceu” em Minas
Gerais, bem como o outro escândalo tucano — a lista de Furnas — jamais
vão ser investigados e muito menos os seus autores e protagonistas vão
ser severamente julgados e punidos. Eu não acredito em fábulas e muito
menos no trabalho atual da PGR.
O STF, a PGR, a oposição derrotada e fracassada do PSDB e a imprensa de
direita e fundamentalista do mercado realmente formam um quarteto
poderoso, que quer de qualquer jeito retornar ao poder. O STF e a PGR
traduzem a oligarquia vestida de toga; a imprensa burguesa,
descompromissada com a sociedade brasileira e que odeia e despreza o
Brasil, integra o establishment internacional e a direita partidária é
quem garante os interesses da oligarquia nacional em termos
institucionais e políticos. Esta é a verdade não manipulada, não
distorcida e não direcionada. A PEC 37 restabelece o estado de
democrático de direito, regulamenta a atuação do MP, porque protege o
cidadão, a cidadania e não permite que promotores, procuradores e
políticos de viés autoritário tratem o Brasil como uma República à mercê
dos ditames de uma instituição que se arroga o direito de governar no
lugar dos eleitos pelo povo brasileiro. A PEC 37 define a papel
constitucional e institucional dos ministérios públicos e o coloca em
seu devido lugar, que é o de obedecer a Constituição. É isso aí.
Davis Sena Filho
*comtextolivre
Dá uma olhadinha, só: O Sonegômetro e a Justiça Fiscal
O
Brasil vem há décadas registrando índices alarmantes de sonegação
fiscal e alta carga tributária que se realimentam num círculo vicioso.
São disfunções de um modelo regressivo, que penaliza fortemente o
orçamento dos cidadãos mais pobres, pois onera muito mais o consumo do
que a renda e o patrimônio. Soma-se a isso, a falta de medidas efetivas
para coibir e punir os que buscam no ato de sonegar uma fonte de lucro.
Com
o objetivo de ampliar esse debate, o SINPROFAZ - Sindicato Nacional dos
Procuradores da Fazenda Nacional realiza anualmente a Campanha Nacional
da Justiça Fiscal - Quanto Custa o Brasil pra Você?. A iniciativa,
criada em 2009, promove a conscientização tributária, a educação fiscal e
alerta para a importância do combate à sonegação, em benefício de todos
os brasileiros.
Os Procuradores da Fazenda
Nacional defendem uma Reforma Tributária que altere a incidência
primordial da tributação, do consumo para a renda e o patrimônio,
atendendo a recomendação da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OCDE, e ao princípio constitucional da
capacidade contributiva. Inclui-se, nesse contexto, a urgente
necessidade do país fortalecer seus instrumentos de controle e combate à
sonegação. Afinal, não é justo que os cidadãos, que pagam em dia seus
impostos, e são sobretaxados no momento do consumo, continuem arcando
com o prejuízo causado pela alta sonegação.
Para
esclarecer esta realidade foi criado o painel Sonegômetro, baseado em
estudo do SINPROFAZ, que aponta para um rombo fiscal de R$ 415,1 bilhões
de reais, só em 2013. Esse valor, se comparado com a arrecadação de
2011, representa:
Mais que toda arrecadação de Imposto de Renda (R$ 278,3 bilhões).
Mais que toda arrecadação de tributos sobre a Folha e Salários (R$ 376,8 bilhões).
Mais da metade do que foi tributado sobre Bens e Serviços (R$ 720,1 bilhões).
Mais que toda arrecadação de tributos sobre a Folha e Salários (R$ 376,8 bilhões).
Mais da metade do que foi tributado sobre Bens e Serviços (R$ 720,1 bilhões).
O
estudo ainda afirma que a arrecadação tributária brasileira poderia se
expandir em 23,9%, caso fosse possível eliminar a evasão fiscal. Ou,
melhor ainda, o peso da carga tributária poderia ser reduzido em quase
30%, com o país mantendo o mesmo nível de arrecadação.
R$ 415,1 bilhões equivalem a:
5.156.521 ambulâncias;
1.441.319 postos de saúde equipados;
8.647.916 postos policiais equipados;
12.456.996 salários anuais de policiais (SP);
30.079.710 salas de aula;
20.377.006 salários anuais de professores do ensino fundamental (piso MEC);
612.241.888 salários mínimos;
1.241.699.072 cestas básicas;
2.986.330 ônibus escolares;
4.010.628 km de asfalto ecológico;
18.672.964 carros populares (Fiat Mille Economy 2p);
13.836 presídios de segurança máxima;
143.137.931 iphone 5 (16Gb);
11.860.000 casas populares (40m²);
16.000.000 de bolsas família por 31 anos (básico R$70,00).
1.441.319 postos de saúde equipados;
8.647.916 postos policiais equipados;
12.456.996 salários anuais de policiais (SP);
30.079.710 salas de aula;
20.377.006 salários anuais de professores do ensino fundamental (piso MEC);
612.241.888 salários mínimos;
1.241.699.072 cestas básicas;
2.986.330 ônibus escolares;
4.010.628 km de asfalto ecológico;
18.672.964 carros populares (Fiat Mille Economy 2p);
13.836 presídios de segurança máxima;
143.137.931 iphone 5 (16Gb);
11.860.000 casas populares (40m²);
16.000.000 de bolsas família por 31 anos (básico R$70,00).
Veja o conteúdo integral do estudo do SINPROFAZ clicando aqui.
Novo Sonegômetro: SINPROFAZ - Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional.
GilsonSampaio
Pra
você que paga imposto desde a passagem de ônibus e camisinha até a TV
de Plasma, agora você pode saber o quanto que é sonegado de imposto
pelas e elites e oligarquias.
Portanto, quase
você ouvir a mídia corrupta falar de altas taxas de impostos e mostrarem
o impostômetro, compare com o sonegômetro na barra lateral, criado pelo
Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional – SINPROFAZ e distribuído pelo Quanto Custa o Brasil
Clique em sonegometro.com para detalhes de arrepiar o cabelo.
*GilsonSampaio
É preciso continuar a debater a regulamentação do papel do Ministério Público
É preciso continuar a debater e a disputar a regulamentação da
Constituição sobre o papel do Ministério Público. Ontem, a Câmara
rejeitou a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 37 por 430 votos
contrários, 9 favoráveis e 2 abstenções.
Ao longo das últimas semanas, a mídia impôs uma narrativa que levou a
Câmara corretamente a arquivar a PEC, já que sua votação e provável
aprovação – a proposta contava com o apoio da maioria dos deputados –
nas condições atuais seriam entendidas como uma medida favorável à
impunidade e à corrupção.
A PEC 37 propunha a regulamentação do papel do MP, como manda a
Constituição e como defendeu a OAB, que apoiava a proposta. Ela
esclarecia o que determinou a Assembleia Constituinte de 1988: não cabe
ao Ministério Público a presidência do inquérito policial. O papel de
polícia judiciária da União e dos Estados é, pela Constituição, das
Polícias Federal e Civil, respectivamente.
A emenda não leva à impunidade e nem restringe o papel do MP. Evita,
sim, o abuso e a invasão inconstitucional pelo Ministério Público das
atribuições das polícias, que, como é público e notório, combatem a
corrupção. Basta ver a ação da Polícia Federal desde o governo Lula,
assim como de outras instituições, como o Tribunal de Contas da União e a
Controladoria Geral da União.
O PT votou pelo arquivamento da PEC 37, mas com uma declaração de que
quer voltar a discutir a regulamentação do papel e das atribuições do
MP, como manda a Constituição.
Abaixo, publico novamente o texto explicativo mostrando por que a PEC 37
não é da impunidade e nem retira o poder e a função constitucional do
MP, como a mídia – associada a procuradores e promotores – fez crer para
parcelas dos manifestantes e da sociedade brasileira, impossibilitando
um debate democrático e transparente sobre o atual poder do Ministério
Público e das polícias.
Como disse no início, é preciso continuar a debate a regulamentação do
MP, um órgão que atua sem controle externo – caso único na República –
cercado de privilégios, que não respeita a lei da transparência e que
abusa de sua autoridade, cooptado a serviço dos governos em muitos
Estados.
Na prática, por meio de Procedimentos Investigatórios Criminais (PICs),
faz inquéritos e investiga, substituindo as polícias, viola direitos e
garantias individuais, tudo em nome do combate à impunidade e a
corrupção, como nos tempos dos Inquéritos Policiais Militares.
Veja por que a PEC 37 não retirava poderes do Ministério Público:
1- A Constituição prevê que o MP é o fiscal da lei e o titular da ação penal pública;
2- A Constituição confere ao MP o poder de requisitar,a qualquer tempo, a
abertura de investigações e a realização de diligências
investigatórias;
3- A Constituição atribui ao MP o controle externo da atividade policial;
4- A Constituição, de forma expressa, dispõe que compete às Polícias
Civis e à Polícia Federal a apuração de infrações penais, exceto as
militares;
5- Como a Constituição não confere ao MP o poder de investigação, nem
explícita nem implicitamente, não se pode dizer que a PEC 37/2011 lhes
suprime tal direito. ORA, NÃO SE PODE PERDER AQUILO QUE NÃO SE DETÉM;
6- A PEC 37 não impede a criação de CPIs;
7- A PEC 37 não impede a atividade de controle e fiscalização atribuídas
legalmente a outros órgãos públicos que não promovem investigação
criminal, tais como TCU, CGU, IBAMA, COAF e Receita Federal;
8- A PEC 37 não impede o trabalho integrado entre órgãos de controle e
fiscalização, o Ministério Público e as polícias judiciárias;
9- A PEC 37 não impede que o MP e o Poder Judiciário investiguem os seus próprios membros pela prática de infrações penais;
10- A PEC 37 preserva a higidez do sistema de persecução criminal
brasileiro, que se funda na separação de atribuições entre órgão
investigador, acusador, defensor e julgador;
11- A PEC 37, não invalida nenhuma investigação já realizada pelo MP,
ratificando as provas produzidas até a sua promulgação, moderando seus
efeitos;
12- A PEC 37 evita a prática de investigações casuísticas, seletivas, sem controle e com o propósito meramente midiático;
13- Por não possuir o poder de investigação, o MP apresentou, nos
últimos anos, duas propostas de emenda à Constituição, no intuito de
alcançar esse fim, tendo o Congresso Nacional rejeitado ambas, em
respeito ao sistema acusatório e a ordem Constitucional;
14- A Ordem dos Advogados do Brasil e a Advocacia Geral da União,
visando a preservação da legalidade, manifestaram-se expressamente
contrárias ao poder de investigação do MP;
15- A PEC 37 evita abusos, excessos, casuísmos e desvios de finalidade,
permitindo apenas investigações legais, com o controle externo do MP e
do Poder Judiciário, e acesso à defesa.
Globo foi contra a criação do 13º salário
Há 50 anos, o presidente João Goulart, no dia 13 de julho de 1962,
assinava a Lei 4.090, que criava a gratificação natalina, que ficou
conhecida como o 13º salário, uma conquista histórica da classe
trabalhadora. A Lei só foi criada graças à mobilização do movimento
sindical da época. No dia 5 de julho de 1962, milhares de brasileiros
organizaram, junto ao Comando Geral de Greve (CGG), uma greve nacional
exigindo melhorias nas condições de trabalho, mais liberdade sindical e
abono salarial.
Mas, os sindicatos e o governo Jango enfrentaram uma forte oposição contra a criação do 13º salário. O empresariado era contra o projeto alegando que ele elevaria o custo e resultaria numa “quebradeira geral” de empresas no Brasil. Parte da imprensa também atacou a decisão do presidente brasileiro. O jornal O Globo, de propriedade de Roberto Marinho, personalidade que defendeu ardorosamente o golpe militar de 1964, escreveu um editorial raivoso na época contra a criação do benefício.
Mas, os sindicatos e o governo Jango enfrentaram uma forte oposição contra a criação do 13º salário. O empresariado era contra o projeto alegando que ele elevaria o custo e resultaria numa “quebradeira geral” de empresas no Brasil. Parte da imprensa também atacou a decisão do presidente brasileiro. O jornal O Globo, de propriedade de Roberto Marinho, personalidade que defendeu ardorosamente o golpe militar de 1964, escreveu um editorial raivoso na época contra a criação do benefício.
Na ocasião, Marinho acusou o presidente Goulart de fazer demagogia com a
nova lei e que tal iniciativa iria quebrar empresários, levar à
bancarrota a economia nacional e instalar no país o caos político e
social. A previsão neoliberal não se cumpriu. Passaram se 50 anos e o
país, é claro, não quebrou. Ao contrário, o 13º tornou-se um importante
instrumento para elevar a renda dos trabalhadores e contribuir com o
desenvolvimento econômico do Brasil. O que levou o país a um atraso e
retrocesso político e social foi o golpe militar, apoiado pela mesma
mídia e pelo mesmo empresariado que conspiravam contra Jango.. Fonte:
Sindicato dos Bancarios
*Saraiva
Movimentos de comunicação marcam ato na sede da Rede Globo em São Paulo
por Gisele Brito, da RBA
Protesto deve ser realizado na próxima quarta-feira (3). Plenária realizada ontem debateu agenda unificada. Ideia é aproveitar efervescência política para pautar democratização da mídia
por Gisele Brito, da RBA
Protesto deve ser realizado na próxima quarta-feira (3). Plenária realizada ontem debateu agenda unificada. Ideia é aproveitar efervescência política para pautar democratização da mídia
São
Paulo – Movimentos que defendem a democratização dos meios de
comunicação realizaram na noite de ontem (26) uma plenária no vão livre
do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo, para traçar uma estratégia
de atuação. A ideia é aproveitar o ambiente de efervescência política
para pautar o assunto. Concretamente, cerca de 100 participantes,
decidiram realizar uma manifestação diante da sede da Rede Globo na
cidade, na próxima quarta-feira (3).
A
insatisfação popular em relação à mídia foi marcante nas recentes
manifestações populares em São Paulo. Jornalistas de vários veículos de
comunicação, em especial da Globo, foram hostilizados durante os
protestos. No caso mais grave, um carro da rede Record, adaptado para
ser usado como estúdio, foi incendiado.
Na
plenária de ontem, o professor de gestão de políticas públicas da
Universidade de São Paulo, Pablo Ortellado, avaliou que os jornais Folha
de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, a revista Veja e a própria Globo,
por meio de editoriais, incentivaram o uso da violência para reprimir os
manifestantes. Mas em seguida passaram a colaborar para dispersar a
pauta de reivindicações que originaram a onda de protestos, ao
incentivar a adoção de bandeiras exteriores à proposta do MPL – até
então restrita à revogação do aumento das tarifas de ônibus, trens e
metrô de R$ 3 para R$ 3,20.
Os
movimentos sociais, no entanto, ainda buscam uma agenda de pautas
concretas para atender a diversas demandas, que incluem a democratização
das concessões públicas de rádio e TV, liberdade de expressão e acesso
irrestrito à internet.
“Devíamos
beber da experiência do MPL (Movimento Passe Livre) aqui em São Paulo,
que além de ter uma meta geral, o passe livre, conseguiu mover a
conjuntura claramente R$ 0,20 para a esquerda”, exemplificou Pedro
Ekman, coordenador do Coletivo Intervozes. “A gente tem que achar os 20
centavos da comunicação. Achar uma pauta concreta que obrigue o governo
federal a tomar uma decisão à esquerda e não mais uma decisão de
conciliação com o poder midiático que sempre moveu o poder nesse país”,
defendeu.
"A
questão é urgente. Todos os avanços democráticos estão sendo brecadas
pelo poder da mídia, que tem feito todos os esforços para impedir as
reformas progressistas e para impor uma agenda conservadora, de
retrocesso e perda de direitos", afirmou Igor Felipe, da coordenação de
comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A
avaliação é que apesar de outras conquistas sociais, não houve avanços
na questão da democratização da mídia. "Nós temos dez anos de um
processo que resolveu não enfrentar essa pauta. Nós temos um ministro
que é advogado das empresas de comunicação do ponto de vista do
enfrentamento do debate público", disse Ekman, referindo-se a Paulo
Bernardo, da Comunicação.
Bernardo
é criticado por ter, entre outras coisas, se posicionado contra
mecanismos de controle social da mídia. "Eu não tenho dúvida que tudo
isso passa pela saída dele. Fora, Paulo Bernardo!", enfatizou Sérgio
Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC e coordenador do
programa Praças Digitais da prefeitura de São Paulo.
Amadeu
acusa o ministro de estar "fazendo o jogo das operadoras que querem
controlar a Internet" e trabalhar para impedir a aprovação do atual
texto do Marco Civil do setor. "Temos uma tarefa. Lutar sim, para junto
dessa linha da reforma política colocar a democratização", afirmou.
Rosane
Bertotti, secretária nacional de comunicação da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) e coordenadora geral do Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação, enfatizou a importância da campanha de
coleta de assinaturas para a proposta de iniciativa popular de uma nova
lei geral de comunicação.
O
projeto trata da regulamentação da radiodifusão e pretende garantir mais
pluralidade nos conteúdos, transparência nos processos de concessão e
evitar os monopólios. "Vamos levá-lo para as ruas e recolher 1,6 milhão
de assinaturas. Esse projeto não vem de quem tem de fazer – o governo
brasileiro e o Congresso –, mas virá da mão do povo", disse.
*Mariadapenhaneles
CCJ aprova PEC de Luiza Erundina que transforma transporte em direito social
André Abrahão
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Erundina e Beto conseguem a primeira vitória com a PEC 90/11
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Segundo Beto, ao passar a ser reconhecido como um direito social, o transporte gratuito exigirá do poder público novas políticas de alocação de recursos. "Isso será necessário para que o transporte seja digno, assim como quer que seja digna a saúde e a educação e os demais direitos. Isso é mais do que simplesmente arbitrar a relação como ela é hoje", explicou Beto.
Na semana que vem a presidência da Câmara deve convocar uma comissão geral para discutir o assunto. "Passando a ser um direito social de igual quilate de importância da educação e da saúde, o transporte público exigirá mudanças de comportamento e atitudes dos poderes públicos em todos os níveis", completou.
Na medida em que o transporte se torna um serviço correspondente a um direito humano fundamental, isso obriga o Estado e o Governo a terem políticas públicas para atenderem esse direito. Essa é a visão da deputada Luiza Erundina. "O cidadão poderia até recorrer ao Ministério Público e à justiça para se, eventualmente, esse direito não estiver sendo atendido. Trata-se de uma questão estrutural e solução estrutural", disse a parlamentar, que também destacou o fato dessa vitória de hoje não ser apenas uma reação ao clamor popular nas ruas. "Foi o primeiro passo, mas é preciso que o presidente da Casa tenha a mesma prontidão de constituir essa missão especial e tenhamos um desfecho de todo trâmite o quanto antes", concluiu Erundina.
Rhafael Padilha
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