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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 05, 2013

Organizações querem cassar Nobel de Obama por decisão de atacar a Síria


Invasão da Síria deve ser a primeira guerra promovida por um prêmio Nobel da Paz. Nesta sexta (06), organizações realizam ato em Solidariedade ao Povo e à Soberania da Síria, em SP
Leonardo Ferreira,


O presidente estadunidense, Barack Obama, faz uma intensa campanha para convencer os deputados a apoiarem ataques militares contra a Síria. Enquanto isso, ganha força no mundo o desejo de cancelamento do Prêmio Nobel da Paz concedido a Obama em 2009. A invasão da Síria deve ser a primeira guerra promovida por um prêmio Nobel da Paz.
Barack Obama deve defender a sua decisão na cúpula do G20, que começa nesta quinta-feira (5) em São Petersburgo. Ele busca apoio de outros líderes em um momento de crise na relação com a Rússia, o país anfitrião do encontro do G20.
Obama , no entanto, deve esbarrar em grandes críticas e resistências de vários países, principalmente da Rússia e China, que são países aliados da Síria e contrários à intervenção estadunidense no país.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu no sábado (31) a Obama que, como ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2009, pense nas vítimas de um eventual ataque à Síria. Para Putin, as acusações de Washington de que o governo sírio de Bashar Al Assad usou armas químicas são “uma estupidez de metro e meio”.
Obama repete o antecessor George W. Bush ao pedir rapidez do Legislativo por suposto uso de armas químicas. Em 2003, a acusação que levou à guerra do Iraque, contra o governo de Saddam Hussein era o suposto uso de armas químicas, que mais tarde foi desmentido por uma série de evidências.
Nesta sexta-feira (6), organizações brasileiras realizam um ato público em Solidariedade ao Povo e à Soberania da Síria, na capital paulista.
Foto: Matt Ortega/CC
*AmoralNato 

O boko moko Obama precisa se resolver em casa



                Obama, Bush Jr. e as respectivas housewives


O terrorista Obama quer entender o mundo e a melhor maneira que ele encontrou, segundo o próprio, é espionar.

É tão arrogante esse infeliz, que não dá a mínima para o resto da humanidade.

Acha que pode invadir, ocupar e estuprar nações soberanas impunemente.

Alguns podem até reclamar, mas e daí?

Vejam o nosso caso.

Seus espiões deitaram e rolaram, copiando tudo que lhes interessava e só ficamos sabendo disso graças ao ex-analista de inteligência americano Edward Snowden.

Que a mídia servil, corrupta e esgoteira chamou de traidor.

Vejam vocês até onde vai o servilismo dessa gente.

Chamar de traidor quem defende a humanidade contra os senhores das trevas.

Para mim, Snowden e Julian Assange, do wikileaks  são os autênticos jornalistas, que até hoje têm colocado a humanidade acima de seus interesses.

Mas voltemos ao infeliz boko-moko que a presidente Dilma está colocando em seu devido lugar.

Não satisfeito em espionar o planeta ( não será ele um alienígena? ) quer agora invadir e destruir a Síria.

Depois o Iran e finalmente a China.

Essa determinação de espionar e invadir, me lembra muito uma afirmação da mulher do então ditador George W. Bush.

Dizia ela que se sentia como aquelas personagens da serie the housewives - que viviam procurando compensações em outras camas.

Sabemos que Obama, a exemplo de Bush Jr. tem problemas em casa.

Claro que não conhecemos o alcance desses problemas.

A gravidade vai depender da invasão, ou não, da Síria...

Fiquemos atentos e aguardemos a queda de braço entre ele e a presidente Dilma.

E que a presidente Dilma se convença de uma vez por todas que nenhuma nação pode se dar ao respeito se  não se armar adequadamente.

 Coréia do Norte é um exemplo.

Graças à bomba atômica os Estados Unidos não se atrevem a atacá-la.

É claro que o ideal é banir de vez todo tipo de armamento.

Mas alguém confia nos marginais que governam Estados Unidos e Europa?

Brasil já possui a tecnologia e inclusive o local e teste.

Só falta boa vontade.

É agora ou será tarde demais!

Presidenta quer um pedido de desculpas oficial do governo dos Estados Unidos

Dilma está furiosa



Presidenta quer um pedido de desculpas oficial do governo dos Estados Unidos






Presidente quer um pedido de desculpas oficial do governo dos Estados Unidos



Assessor do alto escalão do governo brasileiro disse, nesta quarta-feira, que presidente Dilma Rousseff está "furiosa" com o governo dos EUA depois das denúncias de que foi espionada em suas atividades pessoais pelos órgãos de segurança da Casa Branca. Ela está tão aborrecida que está considerando cancelar a viagem marcada para Washington em outubro e pensa em reduzir os laços comerciais com o Tio Sam, se não houver uim pedido de desculpas formais do governo americano.



O programa "Fantástico", da TV Globo, divulgou no domingo que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) espionou emails, telefonemas e mensagens de texto de Dilma e do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, quando ainda era candidato. A reportagem baseou-se em documentos vazados pelo ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden.



Se Dilma cancelar a viagem, uma das consequências seria a interrpção das negociações da compra pelo Brasil de caças norte-americanos, um negócio de 4 bilhões de dólares. Além disso, Dilma discutiria com Obama acordos de cooperação nas áreas de petróleo e biocombustíveis.



Dilma já está em St. Petersburg para a Cúpula do G-20 e terá que se encontrar com Obama. Pode reinar uma saia justa entre os dois, assim como pode rolar outra entre Obama e Putin, por causa da Síria.

*Ajusticeiradeesquerda

ESQUENTA A GUERRA FRIA - RÚSSIA ENVIA NAVIOS DE GUERRA PARA O MEDITERRÂNEO


INTERVENÇÃO AMERICANA NA SÍRIA É AVENTURA IRRESPONSÁVEL

Rússia envia três navios ao Mediterrâneo para monitorar situação na Síria
04/09/2013
Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O governo da Rússia enviará a partir de amanhã (5) três navios ao Mar Mediterrâneo. A decisão ocorre no dia seguinte de Israel e Estados Unidos fazerem exercícios militares na região com testes de mísseis. A iniciativa, segundo autoridades russas, de manter embarcações em alto-mar é para monitorar mais de perto a situação na Síria.
Os três navios partirão para o Mediterrâneo a partir dos portos de Novorossiysk. Priazovie e Minsk. Na segunda-feira (2), autoridades russas informaram que havia necessidade de reforçar o esquema de segurança na área, em meio à ameaça de intervenção militar por parte dos Estados Unidos à Síria.
Ontem (3), israelenses e norte-americanos fizeram testes com o lançamento de mísseis no Mar Mediterrâneo, segundo militares da Rússia. O objetivo do exercício militar foi testar o míssil Ankor, que é um sistema do tipo radar.
Os testes com mísseis ocorrem no momento em que os Estados Unidos anunciaram a decisão de promover uma intervenção militar na Síria, depois das denúncias de uso de armas químicas que causaram a morte de cerca de mil civis, inclusive crianças e adolescentes. A decisão norte-americana conta com o apoio de Israel, do Reino Unido e da França.
*Com informações da agência pública de notícias da Rússia, Itar-Tasse
Edição: Marcos Chagas
*Saraiva

ASSASSINO CONFESSO, PIMENTA NEVES NÃO PASSOU NEM 3 ANOS TRANCAFIADO


O jornalista homicida Antonio Marcos Pimenta Neves acabou não ficando sob prisão fechada nem três anos, dos 19 a que foi condenado: tendo a pena sido reduzida para 14 anos e 10 meses, bastou ele cumprir a sexta parte para que lhe concedessem o direito de passar o dia fora e só dormir no presídio (regime semiaberto). 

A jornalista Sandra Gomides tinha 32 anos quando ele a assassinou. 

É razoável supor-se que ela pudesse viver, digamos, mais uns 45. A conta não fecha. 

A Justiça é que deveria fechar suas portas... por estuprar a democracia, ao conceder tratamento tão diferenciado aos ricos. 

Todos sabem que sou muito compassivo e detesto ver seres humanos enjaulados. 

Nem animais merecem o cativeiro. 

Mas, nunca engoli os detalhes deste crime, começando pelo fato de que Pimenta Neves muniu-se de uma arma para ir ao encontro da antiga amante. 

Queria convencê-la a reatar a relação. 

E, antecipadamente, sentenciou-a à morte, caso não cedesse. 

Não consigo nem imaginar um homem com estômago para balear uma mulher pelas costas, abaixar-se e, indiferente à sua agonia, encostar-lhe o revólver no ouvido e disparar de novo. É covardia demais. É frieza demais. É arrogância demais. 

Como os monarcas medievais, encarou uma rejeição amorosa como um crime de lesa-majestade. 

E, pior até que a rainha de copas da obra-prima de Lewis Carroll, não ordenou "cortem-lhe a cabeça!". Incumbiu-se ele mesmo de a cortar. 

Sou de um tempo no qual homem de verdade, quando traído, não acertava as contas com a mulher, mas sim com o rival. 

Ia decidido a matar e disposto a morrer. Como nas touradas, por mais que repudiássemos a violência primitiva, tínhamos de admitir que seu praticante assumia considerável risco. 

Nem isto se pode ressalvar no ato de Pimenta Neves. 

A coitada da Sandra Gomide não tinha como revidar, nem mesmo como se defender. 

Foi abatida qual animal no matadouro.

Torço para que a justiça divina exista mesmo e essa regalia imerecida nada lhe traga de bom.

do Blog Náufrago da Utopia

O que não se disse sobre Martin Luther King


Neste artigo de Vicenç Navarro se assinala os silêncios sobre a figura de Martin Luther King nos maiores meios de comunicação, cujo objetivo é minimizar o carácter socialista ou "subversivo" para o pensamento dominante, sobre a sua análise e propostas de mudança nos EUA.
A propósito do quinquagésimo aniversário da Marcha de Washington, onde o Reverendo Martin Luther King fez o seu famoso discurso “Eu tenho um sonho” (I Have a Dream), escreveram-se muitas reportagens sobre aquela marcha e sobre Martin Luther King, referindo-se a este último como uma figura inspiradora que, atuando como a consciência da nação norte-americana, exigiu àquela sociedade o fim da discriminação contra a população negra, de origem africana. É difícil ver ou ouvir aquele discurso sem relacioná-lo com a sua causa.
Esta imagem inspiradora de Martin Luther King foi construída à custa de esquecer e fazer esquecer o outro Martin Luther King, o Martin Luther King verdadeiro, que via esta discriminação como resultado de umas relações de poder baseadas numa exploração, não só de raça, mas também de classe social. Silenciou-se que Martin Luther King (a partir de agora MLK) era um socialista que, sem dúvida alguma, foi muito crítico para com as sucessivas políticas, tanto domésticas como internacionais, levadas a cabo durante todos estes anos pelos governos federais, incluindo a administração Obama.

MLK esteve contra a guerra do Vietname, como teria estado contra as guerras do Iraque e do Afeganistão, e não só pelo seu pacifismo, mas também pelo seu antimilitarismo e anti-imperialismo. Definiu o governo dos EUA como “o agente máximo da violência hoje no mundo… gastando mais em instrumentos de morte e destruição do que em programas sociais vitais para as classes populares do país”. Era profundamente anti capitalista, como consta no seu discurso de que “deveríamos denunciar aqueles que resistem a perder os seus privilégios e prazeres que provêm dos benefícios adquiridos dos seus investimentos, ganhando a sua riqueza através da exploração”.
E, em 1967, condenou com contundência os três diabos que – em seu parecer - “caracterizavam o sistema de poder norte-americano, a saber, o racismo, a exploração económica e o militarismo”, acentuando que “as mesmas forças que conseguem enormes benefícios através das guerras são as responsáveis pela enorme pobreza no nosso país” (todas estas notas procedem do excelente artigo de Michael Parenti “I Have a Dream, a Blurred Vision”, 29.08.13).
E o seu último discurso, de apoio às reivindicações dos trabalhadores dos serviços de saneamento que estavam em greve, findou com a famosa frase de que “a luta central nos EUA é a luta de classes”. Duas semanas mais tarde foi assassinado, sem que nunca se tenha esclarecido tal facto. Um fugitivo da prisão de Missouri, James Earl Ray, foi acusado do assassinato. Foi detido no aeroporto de Heathrow, em Londres, com grande quantidade de dinheiro em sua posse. Nunca se esclareceu quem lhe deu esse dinheiro.
MLK foi um socialista radical na sua análise e nas suas propostas
Uma coisa é que MLK foi a consciência dos EUA, exigindo que não se discriminassem os negros, petição com um forte conteúdo moral à qual era difícil opor-se. Mas outra coisa muito distinta e ameaçante para a estrutura de poder era sublinhar que a origem da pobreza e da discriminação (que inclui também amplos setores da classe trabalhadora branca, para além da negra, pois a maioria de pobres nos EUA são brancos) requer uma mudança revolucionária (por muito não violenta que seja) das estruturas capitalistas daquele país. E a eleição do Presidente Obama prova, precisamente, a certeza do diagnóstico de MLK. Hoje, o Presidente dos EUA é um afro-americano e, não haja nenhuma dúvida, é um grande avanço. Mas a pobreza entre negros (e entre brancos), nos EUA, não mudou desde então.
Daí a enorme hostilidade do establishment norte-americano, na qual a Policia Federal, o FBI, foi um elemento chave. Dirigida por uma das figuras mais nefastas da história dos EUA, J. Edgar Hoover (definido pelo famoso jornalista Russell Baker, do New York Times, como um “tirano patético”) tentara convencer o Fiscal Geral do Estado Federal, Robert Kennedy, “que o cérebro dos negros era vinte e cinco por cento mais pequeno que o dos brancos”. Era politicamente próximo do senador segregacionista da Carolina do Sul, Strom Thurmond, tentando por todos os meios desacreditar o movimento anti segregacionista e os seus dirigentes, grande número dos quais eram socialistas e comunistas.
Na realidade, foram os sindicatos, e muito particularmente, o sindicato do automóvel, o UAW (United Automobile Workers) que financiaram em grande parte a tal marcha. E à esquerda de MLK na marcha estava Walter Reuther, o seu secretário geral, socialista e branco. Uma terça parte dos quatro milhões que participaram na marcha de Washington eram brancos, grande número deles sindicalistas e membros de partidos de esquerda. O slogan da marcha era “liberdade, justiça e trabalho”. E o organizador da marcha, Asa Philip Randolph, era o sindicalista afro americano mais conhecido nos EUA, dirigente do sindicato ferroviário (Paul Le Blanc, “Revolutionary Road, Partial Victory. The March on Washington for Jobs and Freedom”, Monthly Review, Sept 2013).
E quando o Presidente Kennedy, a instâncias de Hoover, chefe do FBI, pôs como condição para apoiar a marcha, que fossem despedidos da liderança aqueles radicais, MLK negou-se. A pressão da rua era tal que o Presidente Kennedy decidiu à última hora apoiar a marcha, recebendo MLK na Casa Branca. E o bispo católico de Washington, Patrick O’Boyle, ameaçou não participar na marcha a não ser que os discursos (que tinham sido distribuídos antecipadamente) fossem moderados.
Últimas observações. Em 1986, o dia do nascimento de MLK foi declarado como festa nacional anual. Mas nesta captura da imagem popular de MLK foi transformada deliberadamente a sua mensagem e figura para reciclá-lo como figura inspiradora, consciência do país, a favor dos direitos civis da população afro americana (com especial interesse no seu poder de votar), esquecendo-se deliberadamente do MLK verdadeiro, que pediu uma mudança profunda, não só nas relações de raça, mas também de classe social. Desta última não se fala.
A história repete-se: as campanhas de Jesse Jackson
Eu tive a oportunidade de experimentar uma situação parecida durante a minha participação na campanha eleitoral do Reverendo Jesse Jackson (que estava com MLK quando foi assassinado), nas primárias para a eleição do candidato presidencial do Partido Democrata. Em resposta ao seu convite, fui assessor especial, na sua campanha de 1984, e mais tarde na de 1988. Em 1984, e contra os meus conselhos, apresentou-se como a voz da minoria negra, exigindo a sua incorporação na sociedade americana. Naquela campanha, o establishment liberal norte-americano (cujo maior porta voz era e é The New York Times) escreveu um editorial enormemente positivo acerca da sua candidatura. A razão por que eu o desaconselhara dessa estratégia era fácil de entender. Um representante dos interesses de uma minoria dificilmente poderia alcançar o apoio maioritário da população votante. Apresentar-se como candidato de uma minoria defendendo primordialmente os interesse dessa minoria, não era a melhor maneira de ganhar o apoio da maioria, para ser Presidente dos EUA.
Em 1988, não se apresentou como a consciência dos EUA ou a voz dos negros, mas a voz da classe trabalhadora dos EUA. E quando os meios de comunicação lhe perguntaram como ele – negro - obteria o voto do trabalhador branco, contestou: “fazendo-lhe ver que tem mais em comum com um operário negro, por ser operário, que com o seu patrão por este ser branco”. Quando se somam todas as cores (negro, branco, amarelo, cinzento, etc.) a classe trabalhadora dos EUA é a maioria da população. Num discurso de classe, mobilizou as bases do Partido Democrata (que estão mais à esquerda que a sua direção), e conseguiu 40% de todos os delegados no congresso do Partido Democrata. Nunca antes, nem depois, as esquerdas nos EUA tiveram tanto poder desde os anos 50. O New York Times escreveu um editorial muito negativo dizendo que Jesse Jackson, em caso de ser eleito, destruiria os EUA. Quer dizer, os seus EUA.
A lição desta situação é clara. A estrutura de poder deriva da enorme influência do seu poder de classe (assim como de género e raça). E não permite que se toque nesse poder, absorvendo as legítimas vontades do fim da discriminação de género e raça, reciclando-as (incluindo elementos dos tais grupos discriminados dentro da estrutura de poder) para as poder adaptar à estrutura social dominante. Existe hoje um Presidente afro americano e uma classe média negra que não existia antes, o que é motivo de celebração. Mas o nível de vida da maioria de negros e brancos (pertencentes à classe trabalhadora) não melhorou durante todo este período.

Artigo publicado por Vicenç Navarro na coluna “Pensamento Crítico” no diário PÚBLICO, 3 de setembro de 2013.
Tradução: António José André
*aldeiagaulesa
*FláviaL.

Respeito?


quarta-feira, setembro 04, 2013

Show de feminismo São Paulo 30/08

JANGO, FINALMENTE, HONRAS DE CHEFE DE ESTADO

 de Tião Gerolimich.
JANGO, FINALMENTE, HONRAS DE CHEFE DE ESTADO

Tomada em boa hora a decisão do governo de prestar honras de chefe de Estado ao ex-presidente João Goulart, quando da exumação e translado dos seus restos mortais de sua terra natal – São Borja, no oeste gaúcho – para Brasília e no retorno para sepultamento no Rio Grande do Sul.

O governo do PT e da presidenta Dilma Rousseff mostram grandeza ao fazê-lo – a grandeza que não tiveram os militares nem a ditadura quando ele morreu no exílio (na Província de Mercedes, na Argentina), em 6 de dezembro de 1976, e o regime militar proibiu a volta do corpo e seu sepultamento no Brasil.
JANGO, FINALMENTE, HONRAS DE CHEFE DE ESTADO

Tomada em boa hora a decisão do governo de prestar honras de chefe de Estado ao ex-presidente João Goulart, quando da exumação e translado dos seus restos mortais de sua terra natal – São Borja, no oeste gaúcho – para Brasília e no retorno para sepultamento no Rio Grande do Sul.

O governo do PT e da presidenta Dilma Rousseff mostram grandeza ao fazê-lo – a grandeza que não tiveram os militares nem a ditadura quando ele morreu no exílio (na Província de Mercedes, na Argentina), em 6 de dezembro de 1976, e o regime militar proibiu a volta do corpo e seu sepultamento no Brasil.