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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, setembro 08, 2013
Por uma rede de internet exclusiva aos Brics
BRICSNET
O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauro Santayana, extraído da coluna Coisas da Política, do JB online:
Uma rede para os Brics
Mauro Santayana
Entre as diferentes hipóteses de resposta à espionagem da presidente da República e de seus ministros e assessores, aventa-se a possibilidade — segundo afirmam os meios de comunicação, teria sido suspenso o envio da delegação precursora — do cancelamento da viagem de Dilma Rousseff aos EUA, no mês que vem.
Pensando fria e estrategicamente, esta pode não ser a opção mais adequada para enfrentar o problema. Ao deixar de comparecer a uma visita de Estado, mesmo que em previsível gesto de protesto, o Brasil estaria abdicando de mostrar ao mundo que procura ter com os Estados Unidos uma relação à altura.
Estaríamos, guardadas as devidas proporções e circunstâncias, agindo como o governo golpista de Federico Franco, que, ao tentar — de maneira inócua — reagir contra a suspensão do Paraguai do Mercosul por quebra de suas salvaguardas democráticas, resolveu votar contra a vitoriosa eleição de representantes brasileiros na OMC e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Muito mais efetivo seria se, no âmbito dos Brics, Dilma obtivesse de nossos parceiros russos, chineses, indianos e sul-africanos, o compromisso de se trabalhar, coordenada e aceleradamente, no desenvolvimento de uma Bricsnet.
Uma rede de internet para o grupo, alternativa e paralela à que foi criada pelos Estados Unidos e que permanece sob estrito controle dos norte-americanos. Um sistema que contasse com avançados programas criptográficos que embaralhassem a informação entre origem e destino, impedindo que ela fosse decifrada pelas agências de inteligência dos EUA.
Segundo o analista geopolítico Eric Drauster, entrevistado pela edição espanhola do Russia Today esta semana, o grande alvo da espionagem norte-americana — e isso está claro no caso brasileiro — são os Brics, como a única aliança capaz de rivalizar com o bloco EUA-União Europeia nos planos político, estratégico e econômico nos próximos anos, e essa mesma premissa vale para o campo das redes globais de comunicação instantânea.
A China possui, hoje, tecnologia de ponta na área de telecomunicações, a ponto de a Huawei ter sido impedida de trabalhar nos EUA, pelo Congresso dos Estados Unidos, sob a suspeita — olhem só quem está falando — de que seus equipamentos fossem usados para espionar os norte-americanos.
A Índia, com centenas de milhares de programadores formados, todos os anos, nas mais avançadas linguagens da engenharia da computação, dispõe de um verdadeiro exército para o desenvolvimento de softwares e chaves criptográficas virtualmente imunes à bisbilhotice da CIA ou da NSA.
Juntos, Rússia, China, Índia, Brasil e África do Sul poderiam, se quisessem, em menos de um ano, espalhar uma rede de cabos submarinos da Bricsnet unindo seus respectivos continentes sem que esses equipamentos passassem, como acontece hoje, pelo território dos EUA.
Uma rede de satélites de comunicação da Bricsnet também poderia ser desenvolvida e lançada em curto espaço de tempo — quem sabe, como o primeiro projeto a ser financiado pelo banco de infraestrutura dos Brics — nos moldes de outros programas já existentes, como o Cbers, o Programa de Satélites China-Brasil de Recursos Terrestres.
Uma aliança na Bricsnet entre desenvolvedores indianos e a manufatura chinesa, com a colaboração de russos, brasileiros e sul-africanos, seria praticamente imbatível no desenvolvimento e venda, para os países emergentes — só o Grupo Brics representa mais de 40% da população do mundo — de novos serviços de e-mail, redes sociais, navegadores, sistemas de exibição e distribuição de vídeos e música, sistemas operacionais para tablets e telefones inteligentes, tudo desenvolvido à margem das empresas ocidentais que hoje colaboram, prestimosamente, com os serviços de espionagem dos Estados Unidos.
A presidente Dilma poderia, sim, fazer sua visita de Estado aos Estados Unidos. É importante que ela escute as explicações — se houver e forem dadas— do presidente Barack Obama, que pode ter lá seus problemas com a área de inteligência, como temos aqui, de vez em quando, com a nossa.
Mas é muito mais importante, ainda, que ela discurse no jardim da Casa Branca, dizendo na cara dos norte-americanos, e diretamente ao próprio presidente Barack Obama, que a nenhum país foi dado o direito de tutelar os outros em assuntos de segurança. Que o Brasil, assim como outros grandes países, não delegou a ninguém a licença de defendê-lo no mundo. Que somos uma nação soberana que não aceita ser monitorada, sob nenhum pretexto, por quem que seja.
E que a comunicação entre países e entre pessoas não pode — em defesa justamente da liberdade e da democracia — ficar, sob nenhuma hipótese, a cargo de um único estado, por mais que esse estado acredite em mandato divino ou destino manifesto.
*PHA
Irã defenderá a Síria com todo o seu poder
A administração estado-unidense lançou o processo de obtenção da
aprovação do Congresso para um ataque contra a Síria. O comité de
negócios estrangeiros do Senado votou pela resolução de apoio à ação
planeada. O próximo passo é levar a moção ao plenário do Senado e a
seguir à Câmara dos Deputados para receber apoio bipartidário. Deste
modo Washington está a tentar fazer com que a decisão de atacar a Síria
pareça legítima, ainda que esteja a contornar o Conselho de Segurança
das Nações Unidas.
A previsão de que a guerra se espalhará para abarcar todo o Médio
Oriente caso os Estados Unidos ataquem a Síria está a tornar-se
verdadeira. Como era de supor, o primeiro ator externo a ser envolvido é
o Irã. O alistamento está em curso, jovens iranianos estão desejosos de
envergar o uniforme e defender a Síria. O número de voluntários é de
aproximadamente 100 mil. Eles enviaram uma carta ao presidente da Síria a
pedirem sua permissão para serem posicionados na área das Alturas do
Golan... Eles querem que o seu governo providencie uma ponte aérea para a
Síria através do espaço aéreo iraquiano. O Iraque é o país com maior
população xiita; é alta a probabilidade de que milhares de xiitas venham
a juntar-se aos voluntários iranianos. Se Obama queria que as brigas
inter-religiosas no Oriente Médio se transformassem numa carnificina de
âmbito universal, agora ele pode conseguir isso, ou, para ser mais
exato, ele pode provocar o seu arranque na Síria com o lançamento dos
mísseis Tomahawk contra este país.
É a Síria que está à vista, mas o alvo principal é a República Islâmica
do Irã. A política do recém-eleito presidente Rouhani está voltada para a
normalização das relações com o Ocidente e a travar o isolamento
internacional. Isto provoca preocupação entre os círculos dirigentes dos
Estados Unidos e Israel. Desde há muito os americanos têm estado a
culpar o Irã por todas as perturbações no Médio Oriente, mesmo quando
era claro que o Irã nada tinha a ver com o que aconteceu. Pode soar como
um paradoxo, mas a disponibilidade de Teerã para começar as
conversações sobre o programa nuclear foi percebida pela administração
Obama como uma ameaça aos seus interesses. De acordo com a lógica da
Casa Branca, os EUA podem perder o seu principal argumento na
confrontação com Teerã. Portanto as sanções dos EUA não instilarão mais
medo. A Europa já está a enviar sinais não ambíguos a demonstrar que
espera um progresso real a ser alcançado nas conversações. Os EUA não
têm laços comerciais e veem as sanções como uma alavanca eficaz no
impasse ao passo que os europeus enfrentam perdas de muitos milhares de
milhões.
O argumento da "ameaça nuclear iraniana" tornou-se uma obsessão para
Washington após a saída de Ahmadinejad. Ele cumpre plenamente a intenção
de encontrar um pretexto para a guerra. A fase síria da operação
militar está para arrancar em breve.
O Irã não precisa de guerra. Os iranianos, ao invés, querem que Obama
pondere seriamente as consequências de tal ação deixando-o saber que não
há nenhuma maneira para que possa ocultar-se por trás do Congresso. O
ministro iraniano dos Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif said, disse: "O
sr. Obama não pode interpretar e mudar o direito internacional com base
na sua própria vontade". E acrescentou que "Só o Conselho de Segurança
da ONU, sob circunstâncias especiais, pode autorizar uma ação coletiva, e
isso será sob o Capítulo 7 da Carta da ONU, e esta questão precisa da
aprovação do Conselho de Segurança". De um modo geral isso coincide com a
posição da Rússia.
Teerã não vê intriga no fato de que o Congresso acabará finalmente por
sancionar a guerra contra a Síria, apenas está curiosa por ver como os
legisladores dos EUA farão isso sob o pretexto de "punir" a Síria por
utilizar armas químicas enquanto contornam a questão iraniana. Os
membros do Congresso inevitavelmente considerarão o "fator iraniano". Ao
apelar pela guerra contra a Síria, o secretário de Estado John Kerry
tenta convencer os legisladores de que, se nenhuma ação for tomada
contra a Síria, é mais provável que o Irã avance no seu programa
nuclear. Kerry não discute sobre a disponibilidade de ligação direta
entre os eventos na Síria e o programa nuclear iraniano, ele
simplesmente declara a posição da Casa Branca. O secretário da Defesa
Chuck Hagel diz que não efetuar ação contra a Síria minará a capacidade
de Washington para conter os esforços nucleares iranianos. O Congresso
dos EUA está sob forte influência do lobby judeu e os argumentos
funcionam porque, sendo hostil à Síria, Israel sempre teve o Irã em
mente. Onde exatamente é desenhada a "linha vermelha" representa uma
questão de importância menor para os políticos israelenses. Alguns
republicanos no Congresso não só apoiam a ação contra a Síria como
clamam por uma intervenção de maior escala dizendo que um ataque
limitado não será suficiente para assustar seriamente o Irã. Um ataque
contra a Síria é provável que faça Teerã incremente a sua segurança,
incluindo a aquisição de armas nucleares como um dissuasor universal...
Isto é uma advertência razoável à qual não se presta atenção. Tendo o
Irã em vista, uma provocação militar contra a Síria destina-se também a
aumentar o desacordo nas fileiras da liderança iraniana. Washington
espera que políticos voltados para a guerra venham a prevalecer e o
governo iraniano terá de ceder e abandonar abordagens equilibradas à
questão. Na verdade, apenas há poucos meses tais ameaças abertas de
Washington teriam alimentado uma tempestade de respostas, o antigo
presidente Ahmadinejad costumava dar o tom. Agora o Irã parece estar
extremamente contido. Falando a Obama na sua ausência, o ministro da
Defesa do Irã, Brig. Gen. Hossein Dehghan, utiliza linguagem diplomática
adequada e insiste em que todos os problemas deveriam ser resolvidos
por meios políticos.
Contudo, a contenção pública do novo governo iraniano não deveria dar
ilusões aos americanos. Não é com burocratas do governo que eles terão
de tratar casos comecem ações de combate, mas sim com as forças armadas
da República Iraniana - o garante da retaliação no caso de o país ser
atacado.
O chefe dos assessores do Irã, Hassan Firouzabadi, foi citado a declarar
que se os EUA atacarem a Síria, Israel será atacado. Não é casual que
voluntários iranianos que estão a ir defender a Síria, não tenham
interesse em serem posicionados nas áreas adjacentes às fronteiras com a
Turquia ou Jordânia. Não, eles querem estar nas Alturas do Golan - a
linha da fronteira síria-israelense disputada desde há muito. Um ataque
potencial feito pelo Irã contra Israel em retaliação pelo ataque dos EUA
à Síria é o pior cenário de todos; este será o caso em que é impossível
evitar uma guerra em grande escala no Oriente Médio. Ao invés de tomar
uma decisão para recuar de uma ação militar contra a Síria, Obama está a
empurrar o Irão contra a parede ao encenar provocações incessantes.
Como esta, por exemplo: o recente teste de demonstração israelense como
preparação para o ataque retaliatório iraniano.
Nikolai Bobkin
No Irã News*comtextolivre
Fracassa em todo o país “o maior protesto da história”
Balaio do Kotscho
Fracassou em todo o país "o maior protesto da história do Brasil",
evento anunciado durante toda a semana nas redes sociais e amplificado
por setores da grande imprensa, que divulgaram massivamente os atos de
protestos marcados para 149 cidades.
Até as quatro da tarde deste sábado de 7 de setembro, hora em que começo
a escrever, não houve nada que lembrasse as grandes manifestações das
chamadas "Jornadas de Junho", que levaram milhões de brasileiros às ruas
nas principais cidades brasileiras.
Ao contrário, não vimos nada de multidões protestando "contra tudo e
contra todos", carregando faixas e cartazes com as mais diferentes
reivindicações, mas apenas alguns bandos de arruaceiros, umas
poucas centenas de integrantes dos grupos mascarados do Anonymous e dos
Black Blocs, tentando invadir desfiles militares, queimando bandeiras e
entrando em confronto com a polícia, principalmente no Rio e em
Brasília.
A exceção ficou por conta do "Grito dos Excluídos", manifestações
pacíficas de movimentos sociais ligados à igreja católica, que todos os
anos saem às ruas depois dos desfiles militares para apresentar suas
reivindicações, que são levadas até a Basílica de Aparecida, no interior
de São Paulo.
A cobertura completa do 7 de setembro está no noticiário aqui do R7, contrariando
as previsões apoteóticas das pitonisas da mídia que imaginavam
transformar este 7 de setembro num grande movimento nacional contra o
governo, pegando como gancho a reta final do julgamento do mensalão,
como se pode ver nesta nota publicada na coluna "Painel", da Folha, na
edição deste sábado.
"#ficaadica Monitoramento de redes sociais feito pela
agência FSB para seus clientes estimou em 38,7 milhões de pessoas o
público exposto a convocações para protestos em todo o país. Entre os
principais motes captados pelo estudo estão a prisão imediata dos
condenados no mensalão".
Não foi o que se viu nas ruas. Gostaria de saber de onde tiraram este
número e o mote apontado como principal para levar o povo às
manifestações, já que os protestos se resumiram a pequenos grupos de
arruaceiros e vândalos, e não vi na cobertura das televisões nada que
lembrasse o julgamento do mensalão.
Se as oposições e seus aliados do Instituto Millenium esperavam o 7 de
Setembro para dar uma guinada no cenário político-eleitoral do
país, amplamente favorável à presidente Dilma e ao governo federal, como
foi registrado nas últimas pesquisas, é bom que procurem logo outro
povo e outro mote para "o maior protesto da história". Desta vez, foi um
fiasco retumbante.
Em tempo: Reproduzo notícia publicada agora há pouco por Guilherme Balza no UOL:
"Um grupo de manifestantes trentou invadir a sede da TV
Globo, localizada na região central de Brasília, por volta das 13 horas
deste sábado. Eles participavam de um protesto que teve início na
Esplanada dos Ministérios, passou pela rodoviária central e seguia na
direção do estádio Mané Garrincha, palco do duelo entre as seleções do
Brasil e da Austrália. A maior parte dos participantes do ato não se
envolveu na confusão".
*AmoralNato
OS AMX, OS SUKHOI, E OS EUA
(HD) - Os pilotos da FAB, que majoritariamente prefeririam a compra de jatos russos Sukhoi-35, no lugar de caças norte-americanos F/A 18E (ver comentários em outras matérias sobre defesa neste blog), devem estar com suas esperanças renovadas, em razão da espionagem direta da NSA (agência nacional de segurança) norte-americana sobre a Presidente Dilma Roussef e outros membros do governo brasileiro. As denúncias praticamente sepultam as chances da Boeing vencer a licitação do Programa F-X2.
O Brasil não foi apenas mais um país entre os muitos
espionados pelos EUA, mas o país estrangeiro mais espionado pelos EUA.
Os norte-americanos nos consideram não apenas um adversário potencial,
mas - como criador dos BRICS e terceiro credor dos EUA – o seu pior inimigo, a
nação mais perigosa do mundo, no contexto geopolítico.
Se os Estados Unidos são capazes, do ponto de vista moral, de
espionar até o email dos outros, como o mais vulgar fofoqueiro de escritório ou
hacker ladrão de senha de banco e de cartão de crédito, imagine-se o que não
fariam com os códigos-fonte dos novos
caças brasileiros, e o que não fazem, por meio das empresas (próprias e
originárias de outros países da OTAN), que trabalham na indústria de “brasileira” de defesa.
A nova motorização e aviônica dos caças AMX - os primeiros
exemplares modernizados foram entregues pela Embraer à FAB essa semana - mostram
que, se quisermos, poderemos fabricar aqui mesmo, a partir desse vetor
subsônico, aviões intermediários para cuidar da defesa de nossas fronteiras.
Quanto à compra de caças-bombardeios de primeira linha, a
aproximação com os russos, com a aquisição dos Sukhoi-35 como fator de
dissuasão, nos permitiria entrar de pleno como sócios em bases iguais - com
garantia de desenvolvimento e transferência de tecnologia - no Projeto do PAK FA
T50, o caça multipropósito de quinta geração que está sendo construído em
conjunto por russos e indianos no âmbito dos BRICS.
O PAK-FA está sendo desenvolvido justamente para substituir o
Sukhoi SU-35 (sua tecnologia os russos já asseguraram ao Brasil em caso de
compra), como o principal caça russo para a primeira metade do século XXI. É um
caça-bombardeio polivalente de incrível manobrabilidade (ver vídeo), com um
alcance de 5.000 quilômetros, e carga de 10 toneladas de armas.
Enquanto os EUA fazem o que querem com as nossas
telecomunicações - criminosamente desnacionalizadas no Governo Fernando
Henrique, a ponto de entregar até os BrasilSATs para os mexicanos - a Embraer
se aproxima perigosamente da Boeing, em projetos como o do novo transporte
militar KC-390, originalmente projetado no Brasil, e concebido inicialmente como
um avião regional, sem participação norte-americana.
Considerações de mercado não podem sobrepor-se a interesses
estratégicos nacionais, principalmente quando se trata de “sócios” com a
credibilidade e caráter de nossos vizinhos do norte. *MauroSantayana
sábado, setembro 07, 2013
Os patriotas que aliviam para a CIA
O governo brasileiro deve um pronunciamento à Nação sobre as violações
cometidas pelo serviço de espionagem dos EUA contra o país.
Não há motivo para subtrair à sociedade aquilo que já está em mãos indevidas, fervilha nos bastidores e é intuído do noticiário.
A CIA recolheu ilegalmente e compartilhou, para uso comercialmente
desfrutável, dados reservados e informações estratégicas, estas
sobretudo de natureza econômica, configurando-se um ato evidente de
transgressão de soberania.
Ademais de roubo, puro e simples de segredos comerciais.
A afanosa invasão, como outras mundo afora – ou não havia interesse no
petróleo iraquiano? - faz-se acompanhar do inexcedível traço imperial.
Sempre em nome da luta contra o terrorismo, não se poupou, sequer, o
circuito de informação no âmbito da Presidência da República brasileira.
Violou-se correspondência eletrônica reservada da Presidente Dilma.
Aparelhos celulares de seu uso exclusivo foram grampeados; mensagens
capturadas. Quem garante que os de acesso particular não sofreram
idêntico tratamento?
Não há limites.
Tudo feito com a complacência ou a parceria pura e simples de residentes. Empresas, inclusive.
Carta Maior já havia demonstrado, em reportagens exclusivas e
exaustivas, em julho último, o intercurso entre espionagem e corporações
norte-americanas no Brasil.
No caso, o protagonista era uma das maiores corporações de consultoria do mundo.
Contratada no governo FHC para ‘pensar’ planos estratégicos, a Booz
Allen, na qual trabalhava o ex-agente da CIA, Edward Snowden, operou no
Brasil pelo menos até 2002.
De um lado, como guarda-chuva de uma base de espionagem da CIA no país.
Simultaneamente, como mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB.
O objetivo era pavimentar o alinhamento carnal do mercado brasileiro com a economia dos EUA. Tracejar a free way da ALCA.
No acervo desse ‘impulso interativo’ listam-se estudos como o dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento.
Realizados por um consórcio lierado pela Booz Allen, sugestivamente
receberiam o nome fantasia, bote fantasia nisso, de "Brasiliana".
Dois eixos centrais da adesão tucana ao desenvolvimento dependente e
subordinado beberam desse manancial: o "Brasil em Ação" e o "Avança
Brasil”.
A versátil Booz-Allen teria, ainda, robusta influência na reforma do sistema financeiro nacional.
A ênfase nas privatizações de bancos públicos obedecia a diretriz
predominante então, de adesão incondicional à supremacia das finanças
desreguladas.
O que antes era lubrificado assim, por uma identidade de propósitos e a
natureza gêmea dos governos dos dois lados, hoje só se viabiliza na
violação delinquente de informações que lastreiam o poder de Estado e o
poderio econômico da Nação.
Um foco prioritário do grampo é o pré-sal. As petroleiras internacionais
querem saber se a regulação soberana das maiores reservas descobertas
no planeta, no século XXI, tem lastro político e financeiro para se
sustentar.
Ou por outra, se os índices de nacionalização que guarnecem o impulso
industrializante embutido na regulação do pré-sal vieram para ficar.
Interessa, naturalmente, o calendário da exploração, o fôlego da
Petrobrás para assumir a condição de parceiro cativo em qualquer poço,
ademais das avaliações sigilosas das novas descobertas em curso.
Enfim, tudo o que possa ser útil à apropriação da maior faia possível de
uma riqueza estimada, por enquanto, em até 60 bilhões de barris.
Leia-se esse número seguido da informação de que a matriz energética do planeta ainda depende 57% do petróleo.
O resultado explica a gula que ordenou as violações, o despudor das
escutas palacianas e a ousadia das decodificações perpetradas pela
espionagem gringa.
Embora revelados originalmente pela TV Globo, de conhecidas tradições,
avulta desse episódio a reação lhana e a cordura no trato que o assunto
mereceu da parte de colunistas da indignação seletiva.
A exemplo deles, nenhum editorial, salvo engano, tampouco manchetes
garrafais foram hasteadas no alvorecer nacional, com as cores da
indignação patriótica.
Animadoras de programa de culinária não trocaram o colar de tomate pela túnica verde amarela para protestar contra Obama.
Uma sigla dotada de forte simbologia antipopular como a CIA foi poupada
na identificação do braço operante da espionagem contra o país.
Em plena Semana da Pátria, a americanofilia do jornalismo embarcado aliviou para a CIA.
Não se diga que se trata de um traço constitutivo de serenidade editorial.
Recorde-se, por exemplo, a reação beligerante da emissão conservadora em
maio de 2006, quando a Bolívia decidiu nacionalizar a exploração dos
negócios de petróleo e gás no país.
O presidente Evo Morales ordenaria a ocupação pelo Exército dos campos
de produção das empresas estrangeiras no país, entre elas a brasileira
Petrobras.
Colunistas de brios nacionalistas até então desconhecidos, desembainharam seu amor recolhido pela estatal criada por Getúlio.
E cobraram do então governo Lula uma intervenção enérgica contra o atrevimento boliviano.
Respingava da ira espumante o desejo incontido de uma invasão reparadora.
Idêntico brado varonil ecoa com regularidade, sempre que se trata de
cobrar do governo ‘petista’ uma respostas às medidas protecionistas
adotadas pela Casa Rosada, para preservar o que restou da manufatura
argentina depois de Menem & Cavallo.
Nem é preciso regredir tanto no calendário.
Tome-se o paradoxo dos dias que correm, protagonizado por jalecos
corporativos, americanófilos golberianos e colunistas de baixa densidade
intelectual, mas enorme disposição servil.
Formou esse pelotão uma verdadeira trincheira de animosidade
‘patriótica’ contra a ‘invasão negreira’, assim denominado o desembarque
dos doutores cubanos engajados no programa ‘Mais Médicos’.
Pendores nacionalistas desconhecidos até então emergiram à flor da pele.
A aguerrida defesa da extensão dos direitos trabalhistas aos visitantes
ecoava das mesmas gargantas, ásperas, de tanto requerer a extinção desse
usufruto ao assalariado nacional.
A ausência do mesmo arrojo patriótico, quando o assunto é o estupro de
sigilos nacionais por uma potencia de conhecidas tradições no ramo da
sabotagem e derrubada de governos, soaria apenas desconcertante.
Não fosse também oportuno para discernir no interior do nacionalismo
etéreo que reveste o 7 de Setembro, aquilo que, de fato, é o interesse
do povo brasileiro, daquilo que se comete em seu nome.
O nacionalismo renova sua pertinência histórica em nosso tempo quando
associado à defesa da verdadeira fronteira da soberania no século XXI: a
justiça social.
Saul Leblon
No Carta Maior*comtextolivre
AYN RAND PARA O SÉCULO 21 É UM SOL
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