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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 08, 2013

Fracassa em todo o país “o maior protesto da história”

Balaio do Kotscho
Fracassou em todo o país "o maior protesto da história do Brasil", evento anunciado durante toda a semana nas redes sociais e amplificado por setores da grande imprensa, que divulgaram massivamente os atos de protestos marcados para 149 cidades.
Até as quatro da tarde deste sábado de 7 de setembro, hora em que começo a escrever, não houve nada que lembrasse as grandes manifestações das chamadas "Jornadas de Junho", que levaram milhões de brasileiros às ruas nas principais cidades brasileiras.
Ao contrário, não vimos nada de multidões protestando "contra tudo e contra todos", carregando faixas e cartazes com as mais diferentes reivindicações, mas apenas alguns bandos de arruaceiros, umas poucas centenas de integrantes dos grupos mascarados do Anonymous e dos Black Blocs, tentando invadir desfiles militares, queimando bandeiras e entrando em confronto com a polícia, principalmente no Rio e em Brasília.
A exceção ficou por conta do "Grito dos Excluídos", manifestações pacíficas de movimentos sociais ligados à igreja católica, que todos os anos saem às ruas depois dos desfiles militares para apresentar suas reivindicações, que são levadas até a Basílica de Aparecida, no interior de São Paulo.
A cobertura completa do 7 de setembro está no noticiário aqui do R7, contrariando as previsões apoteóticas das pitonisas da mídia que imaginavam transformar este 7 de setembro num grande movimento nacional contra o governo, pegando como gancho a reta final do julgamento do mensalão, como se pode ver nesta nota publicada na coluna "Painel", da Folha, na edição deste sábado.
"#ficaadica Monitoramento de redes sociais feito pela agência FSB para seus clientes estimou em 38,7 milhões de pessoas o público exposto a convocações para protestos em todo o país. Entre os principais motes captados pelo estudo estão a prisão imediata dos condenados no mensalão".
Não foi o que se viu nas ruas. Gostaria de saber de onde tiraram este número e o mote apontado como principal para levar o povo às manifestações, já que os protestos se resumiram a pequenos grupos de arruaceiros e vândalos, e não vi na cobertura das televisões nada que lembrasse o julgamento do mensalão.
Se as oposições e seus aliados do Instituto Millenium esperavam o 7 de Setembro para dar uma guinada no cenário político-eleitoral do país, amplamente favorável à presidente Dilma e ao governo federal, como foi registrado nas últimas pesquisas, é bom que procurem logo outro povo e outro mote para "o maior protesto da história". Desta vez, foi um fiasco retumbante.

Em tempo: Reproduzo notícia publicada agora há pouco por Guilherme Balza no UOL:
"Um grupo de manifestantes trentou invadir a sede da TV Globo, localizada na região central de Brasília, por volta das 13 horas deste sábado. Eles participavam de um protesto que teve início na Esplanada dos Ministérios, passou pela rodoviária central e seguia na direção do estádio Mané Garrincha, palco do duelo entre as seleções do Brasil e da Austrália. A maior parte dos participantes do ato não se envolveu na confusão".

*AmoralNato

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