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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 22, 2013

Por que Gandra chutou o balde do STF



Se não foi possível degolar o Dirceu, o “domínio do fato” não pode pegar o Fernando Henrique 


A entrevista de Yves Gandra Martins Folha (*), aquele jornal que se penitencia, agora, da pesquisinha que fez para amedrontar o Celso de Mello, a entrevista terá efeito devastador sobre o julgamento dos embargos infringentes, que Celso conferiu a Dirceu, Genoino, Delubio e João Paulo Cunha .

Gandra constrangerá alguns dos que votaram contra a aceitação dos embargos – menos, é claro, o Gilmar  e o Marco Aurelio Vaidoso de Mello.

Esses são impermeáveis.

Luiz Fucks (**), já se percebe, começa a sentir que o mundo girou e a Lusitana rodou.

Clique aqui para ler
“Acabaram as bombas atômicas da Globo”.

Até porque o relator, nesse caso, terá a importância do Mano Menezes na seleção do Felipão.

Por que Gandra, demiurgo do sistema conservador, chutou o balde do STF ?

Porque não há provas contra Dirceu.

Mas, também, porque as bombas atômicas da Globo acabaram.

Se, com toda a pressão, todos os mervalicos pigais, todos os 18′ do jn nacional, com todas as luzes da global ribalta, o artigo de Marco Aurelio, o Vaidoso, inacreditável, no Globo, NO GLOBO !, com todas as pesquisinhas do Otavinho – com tudo isso, se, com tudo isso, o Direito foi reestabelecido e atenuadas algumas condições do “julgamento de exceção”, de um julgamento essencialmente político, partidário (porque anti-PT), se com tudo isso não será possível degolar o Dirceu para o jn, é porque, de fato, a Lusitana girou.

Com este Supremo e com o próximo, não se dará mais o Golpe.

De Estado nem no Direito.

É nesse ambiente político renovado que se deve entender a entrevista que chuta o balde.

Se não foi possível pegar o Dirceu, o que acontecerá se o “domínio do fato” sobreviver ?

Agora, a se acreditar nas promissoras entrevistas do Procurador Janot, o pau que dá em Francisco também dá em Chirico.

E, aí, com o Supremo revigorado e o pau em Chirico, o que será do PSDB, do Aécio e sua emissora de rádio, do Principe de Privataria e do clã Cerra ?

Quer dizer que o Dirceu tinha o domínio do fato, mas o Príncipe não tinha sobre a compra de voto ?

O Padim Pade Cerra não tinha domínio sobre os fatos que cercam o enriquecimento de sua clã, como demonstrou o Amaury Ribeiro Junior?

É preciso reestabelecer o Direito, rapidamente.

Antes que o Presidente Barbosa legitime a Satiagraha e a Castelo na Areia tucana.

Já imaginaram o “domínio do fato” em vigor na hora em que o pau der em Chirico ?

Um domínio sem fato bater na porta da casinha que a filha do Cerra empresta ao pai ?

A tropicalização do “domínio do fato”, que o Supremo transformou no turbante da Carmen Miranda, só serve para pegar petista.

Agora, chega !

Se não enforcou o Dirceu, agora temos que esquece-lo.

Fazer que não existiu.

O professor Gandra Martins chutou o balde por uma questão de honestidade intelectual.

Ele leu a peça contra o Dirceu e não viu um fiapo de prova.

O advogado Gandra Martins ainda terá de voltar ao Supremo muitas vezes.

Chutar o balde terá sido uma decisão difícil.

Sergio Bermudes, que diz ligar para o Gilmar duas vezes ao dia, provavelmente, não ousaria tanto.

Mas, o professor Gandra é tão ingenuo na política quanto seu irmão, o renomado pianista João Carlos Martins.

Os dois conhecem a partitura.

Sabem Bach de cor.

Paulo Henrique Amorim


O "Mensalão" cada vez mais Mentirão - Até a Opus Dei reconhece: José Dirceu foi condenado sem provas, "teoria do domínio de fato" se sustenta apenas em indícios e foi adotada pelo STF para condenar o ex-ministro. São afirmações do jurista Ives Gandra, ideólogo da organização de extrema direita


*+opensadordaaldeiaives

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