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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 18, 2013

O QUE ESPERAR DE UMA PAÍS EM QUE O GOVERNO PRECISA ENTRAR NA JUSTIÇA PARA LEVAR MÉDICO AOS POBRES?

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médicos cubanosO Brasil não é muito diferente de outros países e nem a sua extrema direita é muito diferente. As ações dos Conselhos Regionais de Medicina(CRMs) contra o plano Mais Médico, do governo federal, beiram ao corporativismo insano. As justificativas contra o programa Mais Médicos são bárbaras e o histórico dos CRMs não dão credibilidade para tais ações.

Os CRMs não têm um único histórico de defesa da população, de preocupação com o atendimento à população, de brigas pela melhoria do SUS, etc etc. Pelo contrário, é uma entidade classista, mas não deveria ser. Os CRMs estão fazendo o papel que deveria ser das associações e sindicatos dos médicos, que são os reais representantes da categoria. Agem na verdade como marionetes de uma oposição ao governo que não consegue estabelecer um discurso convincente.

Já não se pode esperar muito do governo, mas o que esperar de um país em que o governo precisa entrar na justiça para levar médico aos pobres?  É plausível que o governo entre na justiça para desapropriar terrenos particulares, cobrar impostos, etc, mas também precisa entrar na justiça para levar médicos aos pobres? Que espécie de Estado de direito é esse?

Os CRMs expõem a regulamentação e a normatização para a perversidade humana.

Pode-se discordar dos métodos e ações do governo, pode-se criticar a postura e a forma como foi feito o programa, mas isso tudo parece acontecer tarde demais.

Tarde demais porque nunca irá acontecer de outra forma. Ou se tem um governo que enfrenta ações como essas ou o país continua como sempre esteve: uma parcela incluída e uma multidão excluída. Infelizmente, esse parece ser o papel que os CRMs prestam ao país.

*Educaçãopolitica

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