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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 08, 2014

Dilma, enfim, quer Ley de Medios

Por Paulo Henrique Amorim, no blogConversa Afiada:

No comício da Convenção do PT, o Lula e o presidente do PT, Rui Falcão, defenderam enfaticamente uma Ley de Meios.

Aos gritos da plateia: “o povo não é bobo”, “a verdade é dura…” e “é o PiG!”.

A Dilma, ali, nada.

Ela sempre defendeu o “controle remoto”.

Agora, mudou.

Num encontro com jornalistas mulheres, ela disse, segundo o PiG cheiroso, o Valor, na pagina A11 desta quinta-feira:

“A imprensa não é do mal. (Há controvérsias – PHA) Sempre defendi a liberdade de imprensa. Não quero regular o conteúdo. (Nem ninguém – PHA). Porém, para a presidente, a mídia é passível de controle econômico, técnico. É possível regular sem interferir no conteúdo”.
Bingo!

Basta seguir a linha do Ministro Franklin Martins: uma Ley de Medios que respeite a letra e o espírito da Constituição de 1988.

E nada mais!

Bem, para fazer isso, a Presidenta tem que mandar o Bernardo Plim-Plim embora, na mesma carruagem em que for o zé da Justiça.

Como se sabe, em histórica entrevista ao detrito sólido de maré baixa, o Plim-Plim (ou será Trim-Trim, como sugere o Mino?) criticou asperamente o PT por querer uma Ley de Medios.

Se a PF do zé um dia vai derrubar a Dilma, o Ministério das Comunicações da Dilma ficou a cara – e o perfil – o Ministério das Comunicações do Sarney.

Ou o Bernardo de perfil não se parece com o ACM ?

Em tempo: cabe lembrar que, das oitocentas mulheres jornalistas do PiG (*) no jantar, nenhuma deu destaque a essa irrelevante declaração. Como diz o Mino, sempre lembrado: no Brasil, os jornalistas são piores que os patrões.
*altaniro borges

O que há por trás da cortina de silêncio que envolve a conexão sexo, namoro e deficiência



É mais fácil para os deficientes falar sobre discriminação no emprego e educação do que sobre sexualidade
(Não) Vamos Falar sobre Sexo
Foram menos de 30 segundos para o encontro passar de promissor a muito ruim. Depois de algumas conversas on-line, Steve* estava animado para encontrar Kayla, de 24 anos, uma assistente de juiz com quem ele se conectou no site de relacionamento Plentyoffish. Eles decidiram se ver no pub Bull and Firkin, em Toronto, em um começo de noite de agosto de 2012. Ele a viu primeiro: cabelo loiro acobreado, lábios carnudos – ainda mais atraente pessoalmente. Steve, um assessor de imprensa, de 27 anos, tem paralisia cerebral, usa muletas ou uma cadeira de rodas para se movimentar. Naquela noite ele foi de cadeira de rodas. Ele sorriu para ela e foi em direção à mesa. Ao se aproximar, ele viu a calma expressão de Kayla mudar. Ela pareceu confusa, diz ele, como uma criança perdida. Os olhos dela foram direto para a cadeira de rodas.
Steve ficou imaginando por que ela estava tão confusa: seu perfil no site de encontros o mostrava claramente sentado em uma cadeira de rodas. De mais a mais, foi Kayla quem mandou a mensagem primeiro. Talvez ela não tivesse visto a foto dele? Talvez ela tivesse pensado que Steve estava vestindo uma fantasia de Halloween? Com dois minutos de conversa, Steve sabia que “talvez” não importava – estava claro, ele diz agora, que Kayla não estava mais interessada. O encontro durou 45 desconfortáveis minutos, antes que eles decidissem rachar a conta. Nem ela nem ele mencionaram, na conversa, a cadeira de rodas. Foi isso o que mais o desapontou: ele entendeu por que ela estava desinteressada, sem que ela tivesse dito alguma coisa.
Quanto aos encontros para namoro, para Steve são um campo minado por desafios: antes de se preocupar com o que dizer ou vestir em um encontro, ele – como muitas pessoas com deficiência – sente que tem de convencer a mulher de que ele também é um ser humano. Ele deve convencê-las, diz, de que sua deficiência física não anula sua capacidade ou desejo de namorar e fazer sexo – considerando os desafios, não é uma tarefa fácil.
A sociedade tem um estereótipo e trata deficientes físicos como indesejáveis ou parceiros sexuais incapazes.
sociedade tem um estereótipo e trata deficientes físicos como indesejáveis ou parceiros sexuais incapazes.
Foco positivo
Aqui, uma revelação espantosa: muitas pessoas acreditam que aquelas com deficiência não podem, não vão e não devem contribuir com o futuro da raça humana, escreve Tobin Siebers, professor da Universidade de Michigan, num ensaio publicado no livro “Sex and Disability” (sexo e deficiência). Essas pessoas acreditam que aquelas com deficiências não são capazes da reprodução, mas se conseguirem, os resultados serão ruins.
Assim, não é difícil imaginar que uma cultura do silêncio tenha enclausurado a comunidade de deficientes. “A sexualidade é, com frequência, a fonte de nossas mais profundas opressões e dores”, diz Anne Fringer, ativista e escritora norte- americana focada em questões de deficiência, que se tornou deficiente após contrair poliomielite quando bebê. Ela diz que é mais fácil para as pessoas com deficiência falar – e traçar estratégias para mudanças – sobre discriminação no emprego, educação e habitação do que entrar a fundo na questão da exclusão da sexualidade e reprodução. Os direitos sexuais não são prioridade para o movimento dos direitos dos deficientes, diz Anne, mas, sim, criar uma imagem de “deficiente apto”.
Em 2011, Tim Rose e sua mulher, Natalie Sanborn, fundaram o Rose Centre para jovens adultos com deficiências. Em parte, a missão do centro é promover discussões e conscientização sobre deficiência e sexualidade (a meta secundária é promover o foco positivo no público em geral nas questões como deficiência, relacionamentos e sexualidade). Tim, de 28 anos, tem paralisia cerebral, enquanto Natalie tem o corpo fisicamente capaz. Eles se conheceram por meio de um amigo comum. Recém-casados, Tim diz que com frequência eles recebem olhares estranhos e perguntas. “Perguntam a ela se é minha mãe ou minha enfermeira”, diz ele. Ainda assim, o casal prefere se manter alegre. Essa atitude positiva levou à criação do Rose Centre: sem recursos para ajudar os deficientes a se encontrarem, os dois decidiram criar um espaço próprio em que isso fosse possível. O centro não tem um local permanente (ainda), mas realiza noites mensais de discussões e eventos sociais na Universidade Ryerson, uma das maiores do Canadá, em Toronto.
Tim diz que pessoas de todas as origens e deficiências participam dos encontros promovidos pelo centro. “Muitas pessoas que vêm dizem que nunca tiveram ninguém com quem falar sobre isso”, diz. “Elas sempre guardam essas coisas para si.” Muitos dos que participam não têm experiência ou não sabem como é um encontro amoroso. Quando se chega ao que se sabe sobre encontros e relações românticas e sexuais, ele diz, muitos participantes estão bem atrasados em seus conhecimentos. E, talvez, sem graça de falar sobre o assunto. Em situações como essas, Tim e mais seis voluntários podem começar a conversa falando das próprias lutas – como Tim não gostava de fazer sexo até que ele “redefiniu” sexo e o tornou confortável para ele – e formas de superá-las.
Tópico controverso
O que, com certeza, não ajuda é o sexo ser um assunto tabu. Quando se trata do mundo dos encontros amorosos, o sentido de tabu pode se traduzir de maneiras esquisitas e humilhantes. Helena*, 33 anos, com atrofia muscular, é aluna de mestrado na Universidade de Toronto e tem um parceiro há dois anos, de quem ficou noiva. Ela está feliz. Mas nem sempre foi assim. Na casa dos 20 anos, ela lembra, muitos caras a viam “somente” como uma amiga ou parceira sexual – mas não como alguém com quem pudesse ter um relacionamento.
Helena sentiu que tinha de decidir se queria ficar sozinha e não experimentar intimidade – ou se deveria se dar a chance, conhecer homens on-line e explorar sua sexualidade. Escolheu abraçar sua sexualidade. Ela e quaisquer pessoas com as quais trocasse mensagens expressavam francamente o interesse em ter sexo. Mas ela também procurou parceiros românticos. Helena acha que o sexo é uma parte natural e bonita da experiência, que deve ser celebrada.
Muitas pessoas têm atração sexual por pessoas com deficiência física – justamente por causa da deficiência. São os chamados “devotos”. Sem surpresa, os devotos são um tópico muito controverso. Entre as muitas preocupações estão: se o tipo de relacionamento explora pessoas com deficiência; se transforma as pessoas em objeto de fetiche; e que tipo de mensagem está sendo enviada quando a deficiência é colocada pela primeira vez. Raymond J. Aguilera é deficiente, escritor, mora na Califórnia e escreve sobre questões de LGBT e deficiência. Ele diz que embora alguns devotos entrem na categoria de “preocupantes”, há homens e mulheres deficientes que escolhem ter relacionamento com um devoto.
Página do Rose Centre: missão prioritária é promover discussões e conscientização sobre deficiência e sexualidade
Página do Rose Centre: missão prioritária é promover discussões e conscientização sobre deficiência e sexualidade
Assistentes sexuais
Com muita frequência, a cultura do silêncio tem sido alimentada pela aparentemente inabalável concepção de que pessoas deficientes são assexuadas. Elas não podem e não querem ter sexo. A sociedade tem um estereótipo e trata deficientes físicos como indesejáveis ou parceiros sexuais incapazes.
No entanto, às vezes os problemas com mobilidade podem trazer dificuldade – e o sexo pode ser fisicamente impossível sem a ajuda de alguém. No Canadá, a profissão de cuidador (PSW, na sigla em inglês de Personal Support Workers) não é regulamentada. Os cuidadores (de deficientes, idosos ou doentes) são contratados diretamente pelos clientes e trabalham em suas casas, ou são arregimentados por agências, hospitais e edifícios voltados para serviços a deficientes ou idosos. Muitas agências têm políticas segundo as quais os cuidadores não devem dar nenhuma assistência relacionada ao sexo. Mas devido à não regulamentação da profissão no Canadá e à flexibilidade para criar as próprias políticas, algumas agências e cuidadores optam por dar assistência sexual.
Isso é mais frequente nos casos em que o cuidador e o cliente desenvolvem um relacionamento forte o suficiente, no qual o cuidador se sente à vontade em assisti-lo em atividades relacionadas ao sexo, como colocar o cliente em posições sexuais, conforme querem seus parceiros.
Tim consultou cuidadores para dar assistência a ele e a uma antiga namorada, também com deficiência, durante os encontros sexuais. “Pode parecer estranho”, diz ele, “mas é parte do relacionamento”. É uma atitude saudável de se ter, especialmente considerando-se que, como ele diz, o assunto assistência ao sexo é raramente discutido.
Steve desativou seu perfil no Plentyoffish em fevereiro de 2013. Por razões médicas, ele diz que não saía muito por causa de dor nas costas e nas juntas. Encontros amorosos ficaram bem embaixo na sua lista de prioridades. De mais a mais, ele não acha que a maioria das mulheres seja capaz de lidar com sua dor crônica e “outras coisas malucas” que muitas pessoas não compreendem. Na época, parecia mais fácil simplesmente evitar relacionamentos.
Então, ele encontrou Crystal*, uma morena mignon, pouco tempo depois, na The House of Moments, galeria de arte e restaurante. Três semanas depois, Crystal convidou Steve para sair. Em junho, eles se tornaram um casal monogâmico. Como muitos casais novos, eles têm muito a aprender um sobre o outro. Steve ficou sabendo que Crystal tem uma leve paralisia cerebral. Ele também notou as particularidades dela, como a forma com que ela morde seu lábio inferior quando pensativa ou como mexe a cabeça quando ouve suas músicas favoritas. O relacionamento está ficando sério, mas eles estão indo devagar. Estão saboreando o tempo que passam juntos. E o sexo, Steve diz que é fantástico e pleno.
* Nomes fictícios
Tradução Teresa Sousa
Texto originalmente publicado em This Magazine, revista canadense nas versões impressa e eletrônica de perfil alternativo com foco em política e cultura.
*deficientecient

e

Lula: O mundo se encontra no Brasil

Quando era presidente da República, trabalhei intensamente para que a Copa do Mundo de 2014 fosse realizada no Brasil. E não o fiz por razões econômicas ou políticas, mas pelo que o futebol representa para todos os povos e, particularmente, para o povo brasileiro. A nossa população apoiou com entusiasmo a ideia, rejeitando o preconceito elitista dos que dizem que um evento desse porte “é coisa de país rico”, e se esquecem de que o Uruguai, o Chile, o México, a Argentina, a África do Sul e o próprio Brasil já o sediaram com sucesso.
O futebol é o único esporte realmente universal, praticado e amado em todos os países, por pessoas das mais diferentes classes, etnias, culturas e religiões.
E talvez nenhum outro país do mundo tenha a sua identidade tão ligada ao futebol quanto o Brasil. Ele não foi  apenas assimilado, mas, de alguma forma, também transfigurado pela ginga  e pela mistura de raças brasileiras. Nos pés de descendentes de africanos ganhou um novo ritmo, beleza e arte. Durante muitos anos, foi um dos poucos espaços, junto com a música popular, em que os negros podiam mostrar o seu talento, enfrentando com alegria libertária a discriminação racial. Não é por outra razão que o futebol e a música são muitas vezes a primeira coisa que um estrangeiro lembra quando se fala do Brasil.
Para nós, o futebol é mais do que um esporte, é uma paixão nacional, que vai muito além dos clubes profissionais. Milhões de pessoas o praticam, amadoristicamente, no seu dia a dia, nos quintais, nos terrenos baldios, nas praias, nos parques, nas praças públicas, nas ruas da periferia, nos pátios das escolas e das fábricas. Onde houver uma área disponível, por menor que seja, ali se improvisa uma partida de futebol. Se não tem bola de couro, joga-se com bola de plástico, de borracha ou de pano. Em último caso, até com uma latinha vazia.
Em 1958, na Suécia, uma seleção espetacular encantou o planeta, ganhando nosso primeiro título mundial. Eu tinha doze anos, e juntei um grupo de amigos para ouvirmos a partida final num campinho de várzea com um pequeno rádio de pilha. Nossa fantasia compensava com sobras a falta de imagens, viajando na voz do locutor. Ela nos transportava como num tapete mágico para dentro do Estádio Rasunda de Estocolmo. E ali não éramos apenas espectadores, mas jogávamos… Eu sonhava em ser jogador de futebol, não presidente do Brasil.
O grande escritor Nelson Rodrigues, nosso maior dramaturgos, disse que com aquela vitória conquistada por gênios da bola como Pelé, Garrincha e Didi o Brasil tinha superado o seu “complexo de vira-lata”. E que complexo  seria esse? “É a inferioridade – dizia ele – em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do mundo”. Atrevendo-se a ser campeão, era como se o Brasil estivesse dizendo a si mesmo e aos demais países: “Sim, nós podemos ser tão bons quanto qualquer um”.
Naquela época, o Brasil estava começando a se industrializar, tinha criado a sua própria empresa de petróleo e o seu banco de desenvolvimento, as classes populares reivindicavam democraticamente melhores condições de vida e maior participação nas decisões do país – mas  os  setores privilegiados diziam que isso era um erro gravíssimo, fruto de “politicagem” ou “esquerdismo”, já que comprovadamente não existia petróleo em nosso território e não tínhamos necessidade alguma de inclusão social e muito menos de uma indústria nacional…
Alguns chegavam a afirmar que uma nação como a nossa, atrasada, mestiça – de povo “ignorante e preguiçoso”, segundo um estereótipo muito difundido dentro e fora do país – devia conformar-se com o seu destino subalterno, sem ficar alimentando sonhos irrealizáveis de progresso econômico e justiça social.
Na verdade, não é fácil superar o “complexo de vira-lata”. Fomos colônia por mais de 320 anos, e a pior herança dessa condição é a persistência da mentalidade colonizada de servidão voluntária…
Entre 1958 e 2010, ganhamos cinco campeonatos mundiais de futebol. Somos até agora a nação com maior número de títulos conquistados. Mas o melhor de tudo é que o saudável atrevimento do povo brasileiro não se limitou ao âmbito esportivo.
O Brasil que o mundo vai conhecer a partir de 12 de junho é um país muito diferente daquele que sediou a Copa de 1950, quando perdeu na final para o Uruguai. Ainda tem problemas e desafios,  alguns bastante complexos, como qualquer outra nação, mas já não é mais o eterno “país do futuro”. O país de hoje é mais próspero e equitativo do que era há seis décadas. Entre outras razões porque a nossa gente – principalmente a que vive no “andar de baixo” da sociedade” – libertou-se dos  preconceitos elitistas e colonialistas e passou a acreditar em si mesma e nas possibilidades do país. Descobriu que, além de vencer competições mundiais de futebol, podia também vencer a fome, a pobreza, o atraso produtivo e a desigualdade social. Que a mestiçagem, longe de ser um obstáculo – pior: um estigma –  é uma das maiores riquezas do nosso país.
É esse novo Brasil que vai sediar a Copa. Um país que já é a sétima economia do planeta e que, em pouco mais de dez anos, tirou 36 milhões  de pessoas da miséria e levou 42 milhões para a classe média. É o país com as taxas de desemprego mais baixas da sua história. Que, segundo a OCDE, entre todos os países do mundo, foi um dos que mais aumentou nos últimos anos o investimento em educação. Um país que se orgulha de todas essas conquistas, mas não esconde os seus problemas, e se empenha em resolvê-los.
Recentemente, a Copa do Mundo tornou-se objeto de feroz luta política e eleitoral no Brasil. Á medida que se aproxima a eleição presidencial de outubro, os ataques ao evento tornam-se cada vez mais sectários e irracionais. As críticas, naturalmente, são parte da vida democrática. Quando feitas com honestidade, ajudam a aperfeiçoar a preparação do país para esse grande acontecimento esportivo. Mas determinados setores parecem desejar o fracasso da Copa, como se disso dependessem as suas chances eleitorais. E não hesitam em disseminar informações falsas que às vezes são reproduzidas pela própria imprensa internacional sem o cuidado de checar a sua veracidade. O país, no entanto, está preparado, dentro e fora de campo, para realizar uma boa Copa do Mundo – e vai fazê-lo.
A nossa seleção foi a única a participar de as 19 edições da Copa do Mundo e sempre fomos muito bem recebidos nos outros países. Chegou a hora de retribuir com hospitalidade e alegria tipicamente brasileiras. A procura de bilhetes tem sido forte, com pedidos de mais de 200 países. Esta é uma oportunidade extraordinária para milhares de visitantes conhecerem mais profundamente o que o Brasil tem de melhor: o seu povo.
A importância da Copa do Mundo não é apenas econômica ou comercial. Na verdade, o mundo vai se encontrar no Brasil a convite do futebol. Vai demonstrar novamente que a ideia de uma comunidade internacional pacifica e fraterna não é uma utopia.
(Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil, que agora trabalha em iniciativas globais com Instituto Lula e pode ser seguido em facebook.com/lula).
--
José Chrispiniano/Gabriella Gualberto

    A mídia no divã


René Amaral

Passei por quase 8 anos de terapia analítica. Para conhecer a si mesmo é necessário um mergulho nas profundezas da psiquê, do eu e suas adjacências; para que as ilusões que formamos sobre oque somos sejam desvendadas e desmembradas. Só conseguimos conhecer a nós mesmos despedaçando o que achamos que somos, e depois montando tudo de novo, integrando todas as partes, mesmo aquelas que evitamos encarar.

A mídia precisa urgentemente passar por um processo similar, olhar o fundo de suas entranhas sujas e trazer à superfície, ao ar livre e à desinfetante luz do sol, todos os seus esqueletos, seus zumbis, lobisomens em vampiros.

Ontem 01/05/14 no programa Entre Raspas (e Restos) convocou-se mais uma vez o mesmo escrete de "especialistas" em nada pra falar besteria sobre tudo. O tópico da noite era o linchamento de uma dona de casa, uma grande oportunidade para uma auto análise e um mea culpa, mas nada parecido aconteceu.

Essa dona de casa foi linchada por que uma caricatura do jornalismo (não gente, não foi nenhum representante maior do PIG), uma fan page do Facebook, espalhou um boato velho (como as denuncias de veja e etc) e sensacionalista de uma mulher que estaria sequestrando crianças para rituais de magia, junto havia um retrato falado, coisa tosca que poderia retratar algumas centenas de moradoras da região.

Nas "analises" (Sued já dizia que analisar é alisar com o ânus) dos "especialistas" nem uma palavra, uma vírgula sequer, sobre a provável influência de nossa mídia, cínica, demagoga, mentirosa e enviesada; nem uma menção sequer à vituperância criminosa de meios de comunicação que incitam a violência e enaltecem os que fazem (in)justiça com as próprias mão. Nem uma menção sequer a Boechat incitando a depredação de bens públicos, ou a Sheherazade encorajando que se acorrente, humilhe e apedreje qualquer um que, de cor, aparência ou situação econômica inferior, pareça, mesmo que de longe, suspeito de qualquer ato. A caça às bruxas que se verifica desde as manifestações do ano passado parece não ter em seu DNA o gene corrupto de uma mídia que não se cansa de injustiçar e justificar sua injustiça latente.

Estava na hora de voltar o olhar para dentro, das redações e das almas dos que dominam a comunicação para só beneficiar aos que a eles se rendem e a si mesmos!

Do jeito que está, nem Freud, Jung, Reich ou Lacan explicam, e se tentarem arrisca morrerem linchados!
*amoralnato

    Barbosa Não Pode se Aposentar e Fugir, Tem Muito Que Pagar

247 - Em post em seu blog, o pastor anglo-católico, professor e militante Dom Orvandil desfere uma longa lista de críticas contra o presidente do STF, Joaquim Barbosa e avalia que o que fica da Ação Penal 470 "é a desfaçatez de um malandro golpista que constrói um falso circo de condenações sem provas para prender inocentes". Leia seu texto:
Joaquim Barbosa é uma chaga social violenta e malcheirosa
Querida amiga Lohayne
Muitos autores, pensadores, jornalistas, cientistas políticos e sociais, juristas, partidários sérios da justiça, artistas e teólogos pensam e escrevem sobre as diatribes e falta de respeito de Joaquim Barbosa, acentuadamente desde que à frente do Supremo Tribunal Federal e principalmente quando o Ministro Barroso descascou toda a trama montada em torno das mentiras e desvios do chamado "mensalão do PT."
Vivemos a impressão de que um temporal ético se armava em forma de carnaval quando de repente a máscara cai e mostra que o reizinho veste-se de nudez e má fé.
O que fica é desfaçatez de um malandro golpista que constrói um falso circo de condenações sem provas para prender inocentes. O objetivo é atender a sede de golpe de uma elite e de uma mídia acostumadas a manter esse povo cego, calado e escravizado.
Depois que o arbitrário, violento batedor em mulher, em velho e socador da poltrona da sala de seções do STF quando viu sua falsa tese condenatória cair aos cacos e cair a máscara começam a aparecer as pontas dos cabos que o ligam aos golpistas. Quem acompanha os noticiários televisivos, lê os jornalões e revistas mentirosas sabe que todos os meios mediáticos foram utilizados para pressionar os ministros e para impressionar a chamada opinião pública a constrangê-los a fazer sujeira, a sujeira comandada pelo fracassado Joaquim Barbosa.
Mas não foi somente através da mídia que a elite domesticadora e dominante agiu. Como diz o meu amigo jornalista Altamiro Borges, essa elite é competente e inteligente. Eu não acho isso, em todo o caso vamos lá.
Organizações como o escritório Borges e Strübing Müller Advogados, de Adriano José Borges Silva - ex-genro de Ayres Britto, que saiu direto do STF para outra organização golpista - dono de imensa mansão em Brasília, frequentada por Joaquim Barbosa para tratar de "investimentos" no exterior, sempre cuidadosamente sem a presença dos funcionários da mansão e sem testemunhas. Adriano publicou documento de teor claramente golpista contra o que classificou de caos político no País [1]. Adriano é um dos mentores do mistificador e golpista da justiça.
O senhor Ayres Britto, com aquela voz mansa e com fama de poeta, "depois de sair do STF virou presidente do Instituto Innovare, um dos braços políticos da Rede Globo e que até pouco tempo atrás (sic) dava prêmios em dinheiro para magistrados e promotores"[2]. Essa ligação já é bastante promíscua e indicativa de orientação de dicas políticas a Joaquim Barbosa e a Gilmar Mendes. É fácil entender que as armações para condenar Dirceu, Delúbio, Pizollato, Genóino e João Paulo Cunha visavam desmoralizar os que a direita entendia como elaboradores da vitória eleitoral da esquerda e do governo de Lula. A decisão de caluniar o grupo da cúpula do governo e de enganar o povo se esclarece cada vez mais.
O jornalista Paulo Nogueira[3] conta que a Innovare é claramente uma empresa da Globo. Sua função é fazer a mente da justiça em todo o País. Essa empresa paga altos valores a palestrantes. Quem ganha muito dinheiro em palestras são exatamente Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. Este ministro é um dos mais suspeitos de ligações escusas desde que era advogado de Fernando Henrique Cardoso. O site de Nogueira mostra fotos desses ministros em encontros na Innovare juntamente com os donos da Globo.
Luiz Nassif identifica a conduta grosseira e o discurso de Joaquim Barbosa com o clima "de radicalização, de criminalização da política, do denuncismo desvairado que a oposição levantou a partir de 2006 e, especialmente, a partir da era José Serra.
Trouxeram de volta para a cena política o macartismo, abusaram da religiosidade, despertaram os piores demônios existentes no tecido social brasileiro, aqueles que demonizam as leis e propõem o linchamento, transformaram a disputa política em um vale-tudo.
Não valia denunciar aparelhamento da máquina, a política econômica, apontar erros na gestão pública, como em qualquer disputa política civilizada.
Repetiram nos mínimos detalhes a radicalização da política norte-americana, o movimento da mídia e do Partido Republicano dos Estados Unidos adotando o discurso virulento de ultra-direita do Tea Party."[4].
Não tenho dúvidas de que Joaquim Barbosa, vestido de imensa hipocrisia e cara de pau, era porta voz de organizações políticas das mais perversas da direita golpista e fascista brasileira. Tanto suas ligações reais quanto seu discurso e comportamento toscos, intenso em desrespeito e falta de civilidade, sinalizam o uso do Supremo Tribunal Federal como aparelho para a prática de golpes contra o País e a democracia.
Já escrevi aqui sobre a traição que esse homem representa para os negros e para os pobres. Carrega a tintura de nossa origem africana em uma mente colonial embranquecida e imperialista na realização dos interesses dos escravocratas. Quando empossado no cargo de presidente do STF apresentou sua mãe sofrida pelos tempos de trabalho duro de trabalhadora doméstica e mencionou seu pai pobre. Porém, Joaquim os desonra ao trair os pobres no acercamento dos ricos e poderosos com o objetivo de obter vantagens financeiras e de ver o mundo a partir da ideologia dominante. Vergonhoso e mau exemplo para o povo.
Joaquim Barbosa ao servir aos interesses mesquinhos dos poderosos, que odeiam o povo e a revolução libertária, encarna o espírito de porco e se torna chaga social malcheirosa, carente de ser extirpada de onde indignamente está.
Poxa, Joaquim Barbosa causa estragos na consciência informe e ingênua de nosso povo. Na tarde em que saiu o resultado que condenou à prisão os tais "mensaleiros" fui a uma farmácia comprar refis para minha bombinha contra a asma. Relaciono-me bem com o balconista. Mas o mal joaquiniano atingiu o rapaz que disse achar muito "bão" prender aqueles "ladrões". Esse é o serviço de Joaquim Barbosa ao levar os cegos sociais a cegueira rancorosa e odiosa, imersas em tremendas injustiças. Um aluno meu de um curso de pós-graduação ao se encontrar comigo me perguntou o que achei da prisão dos mensaleiros.
O grave de tudo é que as pessoas a cabresto da dominação que insensibiliza e bestifica se sentem alimentadas pelo desserviço da besta fera. Repentinamente as pessoas se mostram armadas e prontas para a guerra, sem a menor criticidade e questionamento sobre as forças que movem pessoas tão degradadas como Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes.
Penso que a verdade começa a mostrar sua face em meio a toda a borrasca. Nosso desafio é suspeitar sempre do que a mídia "anuncia" e de suas calúnias. O poderio da classe dominante se traduz sempre em tentar influenciar os que comandam os poderes. Desgraçadamente o Supremo Tribunal Federal está nas mãos da pior orientação, a mais injusta possível.
Sinto enorme tristeza com o fato Joaquim Barbosa. Ele é uma amargura estúpida e egoísta, uma completa frustração da justiça. Sua origem negra e pobre lhe deu a grandiosa oportunidade e raízes robustas para escolher o caminho mais justo a seguir. Poderia inspirar-se em Marthin Luther King e somar-se aos que vivem sob condições desumanas e oprimidas. Poderia orientar-se por Nelson Mandela e lutar pela defesa e libertação do povo negro e pobre de nosso País e do mundo, como o grande líder sul africano fez virando um santo canonizado por seus irmãos de luta. Poderia exemplificar-se em Mahatma Gandhi na luta contra a violência e a opressão imperialista. Teve a oportunidade de entender Zumbi e Tiradentes na luta contra as brutais causas da opressão que desumaniza.
Mas não, que pena, Joaquim Barbosa optou pelas ilusões dos traidores e oportunistas ladrões da justiça e do povo. Preferiu virar de costas para o povo em busca do falso prestígio, próprio dos traidores. Deve pagar esse custo!
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz".