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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 28, 2014

     O avanço cultural e eleitoral da direita




Por Theófilo Rodrigues, no jornalCorreio do Brasil:

Neste domingo o povo europeu foi para as urnas. Diversos países realizaram eleições para escolher seus representantes para o Parlamento Europeu. Além disso a Ucrânia elegeu seu novo presidente. O resultado foi um verdadeiro balde de água fria para os cosmopolitas e internacionalistas de todo o mundo. A vitória da direita anti-imigrantes foi generalizada no Parlamento Europeu enquanto um bilionário assumiu a presidência da Ucrânia. Também no domingo ocorreram eleições municipais na Venezuela onde candidatas anti-chavistas venceram. Mas o que tudo isso significa para o Brasil?

Na França o partido da extrema-direita, Frente Nacional, foi o maior vitorioso da eleição para o Parlamento Europeu que ocorreu neste domingo. O partido de Jean Marie Le Pen e de sua filha Marine Le Pen alcançou 25% dos votos dos franceses ampliando a voz da xenofobia e do racismo no país. Para os desavisados, Le Pen é aquele que disse em recente comício que a solução para o fim da imigração na Europa seria o mortal vírus africano Ebola. “O ‘Sr. Ébola’ é capaz de resolver tudo isso em três meses”, afirmou um sombrio Le Pen. Gente finíssima. O partido conservador UMP ficou em segundo lugar com 20% dos votos, enquanto o Partido Socialista, do presidente François Hollande, em terceiro com 14%. O que mais impressionou foi o alto nível de abstenção que passou de 57%.

Na Alemanha, o partido conservador CDU, de Angela Merkel, venceu a eleição para o Parlamento Europeu mais uma vez. Contudo, o dado mais relevante está no fato de pela primeira vez, o partido neonazista alemão NPD ter eleito um representante para o Parlamento Europeu.

Na Inglaterra o Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), de extrema direita, liderado por Nigel Farage e que se posiciona abertamente contra a imigração também foi o vitorioso na eleição para o Parlamento Europeu. Isso num país que já é dirigido pelo Partido Conservador do primeiro-ministro David Cameron. Já na Dinamarca foi o anti-imigrantes Partido do Povo Dinamarques o grande vitorioso.

Na Ucrânia o magnata Petro Poroshenko, conhecido como o “rei do chocolate”, acabou de vencer a eleição presidencial do país. Em sua primeira declaração pública disse que irá governar o país como se fosse sua empresa, a Roshen. O que isso quer dizer ainda não se sabe.

Do lado de cá do Atlântico a Venezuela realizou também neste domingo eleições em dois municípios. Candidatas da oposição antichavista, Patricia de Ceballos e Rosa de Scarano conquistaram as prefeituras de San Cristóbal, capital do estado de Táchira, e de San Diego, em Carabobo, respectivamente. Patricia de Ceballos ganhou a prefeitura de San Cristóbal com 73,4% dos votos, enquanto Rosa de Scarano conquistou 87,8% dos votos em San Diego.

O Brasil não parece ser um caso diferente do que vem ocorrendo no resto do mundo. Não que a direita esteja ganhando eleições por aqui nos últimos anos. Todavia, suas ideias vem ocupando certo espaço no imaginário social e político.

O principal candidato do campo conservador para as eleições que ocorrerão em outubro deste ano, Aécio Neves, do PSDB, afirma publicamente que está “preparado para medidas impopulares”. Seu principal consultor econômico, Armínio Fraga, em entrevista para o jornal Estado de São Paulo mencionou quais serão as balizas do programa econômico do PSDB: (1) para reduzir os custos do governo será necessário baixar o salário mínimo que está muito alto; (2) para baixar a inflação terá que aumentar a taxa de desemprego. Tudo isso sob a elegante insígnia de “choque de gestão”.

No entanto, não é apenas na dimensão eleitoral que a direita vem arregaçando suas mangas. No espectro simbólico e cultural o preconceito truculento e reacionário também vem crescendo. Após alguns comentários recheados de ódio feitos pela comentarista do Jornal do SBT, Rachel Sheherazade, uma série de crimes de vingança e linchamento começaram a ocorrer por todo o país, como o caso da jovem que foi agredida até a morte no interior de São Paulo. Papel tenebroso televisionado absurdamente por uma concessão pública e que encontra sócios em grande parte dos meios de comunicação.

O Brasil que na luz do dia vem retirando milhares de pessoas da condição da pobreza, desenvolvendo suas forças produtivas, redistribuindo renda e avançando nas relações sociais de produção não pode perder para o Brasil da minoria obscura que quer o ódio elitista e a volta do passado. O Brasil não merece tal retrocesso. Mas isso depende da nossa capacidade criativa de construir e vocalizar um projeto coletivo de futuro, feito de baixo para cima e alicerçado na solidariedade. Como diria Martin Luther King, “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons”.

Porque tudo lembra a globo

    Vergonha



Olhar 49, parece dizer 


"Vem Mulher Berinjela, vem que eu guento tudo, até o 

talo!"






Pra ilustrar o comentário do Nilton,então segue


jabor a sutil prega;cao do ;odio plim plim

  O 'CINEASTA'' MEDÍOCRE E 'BABA OVO' MAIS FERRENHO DA FAMIGLIA MARINHO TENTA NOVAMENTE DESQUALIFICAR O BRASIL


247 - Arnaldo Jabor, em campanha aberta pelo insucesso da Copa de 2014 e pela derrota do PT nas eleições de outubro, agora se coloca como uma espécie de anti-Nelson Rodrigues. Se o dramaturgo via o Brasil como a "pátria de chuteiras", Jabor enxerga "chuteiras sem pátria". Se Jabor criticava o "complexo de vira-latas" do brasileiro, Jabor nos vê como um bando de fracassados. "Somos hoje uma nação de humilhados e ofendidos, debaixo da chuva de mentiras políticas, violência e crimes sem punição. Descobrimos que o País é dominado por ladrões de galinha, por batedores de carteira e traficantes", diz ele.
Para ele, não teremos uma Copa do Mundo, mas sim a "Copa do medo", sobre a qual paira o risco de um vexame planetário. "O mais claro sinal de que vivemos uma mutação histórica é esta Copa do Medo. Há o suspense de saber se haverá um vexame internacional que já nos ameaça. Será péssimo para tudo, para economia, transações políticas, se ficar visível com clareza sinistra nossa incompetência endêmica, secular", diz Jabor.
Na verdade, para as pretensões de Jabor, não será tão ruim assim. Ele torce por esse vexame. Leia, abaixo, seu artigo:
A Copa da esperança e a Copa do medo
Arnaldo Jabor
Meu avô chegou em casa chorando. As ruas estavam desertas e o silêncio era total. Isso, no dia 16 de julho de 1950, quando o Brasil perdeu para o Uruguai. Lembro de meu avô dizendo que só se ouviam os sapatos. Os chinelos, até pés descalços desciam as rampas do Maracanã e, vez por outra, alguém soluçava. Eu era pequeno e não entendia bem aquele desespero que excitava a criançada - ver adultos chorando! Muitos anos depois o Nelson Rodrigues me disse a mesma coisa: só os sapatos falavam. Mas por que isso aconteceu?
A guerra tinha acabado, a Fifa nos escolhera para a sede da Copa porque a Europa estava ainda muito combalida pela guerra. Tivemos de construir o Maracanã, que o prefeito Mendes de Morais inaugurou como se fosse o símbolo de um Brasil novo - o maior estádio do mundo. Getúlio Vargas já era candidato a presidente democraticamente eleito e tínhamos a sensação que deixaríamos de ser um país de vira-latas para um presente que nos apontava o futuro. O governo Dutra tinha gasto a maior parte de nossas altas reservas do pós-guerra em importações americanas. Inteiramente submisso ao desejo dos gringos, nos enchemos de produtos inúteis: meias de nylon, chicletes de bola, bolinhas de gude coloridas com que jogávamos, ioiôs, carros importados, o novo clima do cinema americano, dos musicais da Metro, o sonho de alegria e orgulho que pedimos emprestado aos Estados Unidos. Com ingênua esperança de modernidade, achávamos que nossa vez tinha chegado. E fomos ao jogo para ver nossa independência. Tínhamos certeza absoluta da vitória. Os jornais já fotografavam os jogadores do "scratch" como campeões invencíveis. Tínhamos ganho tudo. Apenas um empate com a Suíça, sete a um contra a Suécia, seis a um contra a "fúria" espanhola. O estádio estava cheio de ex-vira-latas, de ex-perdedores; como diria Nelson Rodrigues, todos éramos patrióticos granadeiros bigodudos e dragões da independência, Napoleões antes de Waterloo. Não queríamos apena uma vitória, mas a salvação. Só a taça aplacaria nossa impotência diante da eterna zona brasileira. Queríamos berrar ao mundo: "Viram? Nós somos maravilhosos!".
Precisando de somente um empate, a seleção brasileira abriu o marcador com Friaça aos dois minutos do segundo tempo, mas o Uruguai conseguiu a virada com gols de Schiaffino e Ghiggia. Claro que foi um terrível lance de azar, mas, para nós, o mundo acabou. No estádio mudo, sentia-se a respiração custosa de 200 mil pessoas. Ouvia-se a dor. Foi uma mutação no País.
Não estávamos preparados para perder! Essa era a verdade. E a certeza onipotente leva à desgraça. Traz a morte súbita, a guilhotina. Sem medo, ninguém ganha. Só o pavor ancestral cria uma tropa de javalis profissionais para o triunfo, só o pânico nos faz rezar e vencer, só Deus explica as vitórias esmagadoras, pois nenhum time vence sem a medalhinha no pescoço e sem ave-marias. Isso é o óbvio, mas foi ignorado. E quando o óbvio é desprezado, ficamos expostos ao sobrenatural, ao mistério do destino. Um amigo meu, já falecido, Paulo Perdigão, escreveu um livro essencial para entender o País naquela época - A Anatomia de Uma Derrota, em que ele cria uma frase que nos explicava em 50 e que nos explica até hoje: o Brasil seria outro país se tivéssemos ganho "aquela" Copa, "naquele" ano. "Talvez não tivesse havido a morte de Getúlio nem a ditadura militar. Foi uma derrota atribuída ao atraso do País e que reavivou o tradicional pessimismo da ideologia nacional: éramos inferiores por um destino ingrato. Tal certeza acarretou nos brasileiros a angústia de sentir que a nação tinha morrido no gramado do Maracanã..." E aí ele escreveu a frase rasgada de dor: "Nunca mais seremos campeões do mundo de 1950!".
Esta sentença nos persegue até hoje. Talvez nunca mais tenhamos o peito cheio de fé como naquele ano remoto.
Lá, sonhávamos com um futuro para o País. Agora, tentávamos limpar nosso presente. Somos hoje uma nação de humilhados e ofendidos, debaixo da chuva de mentiras políticas, violência e crimes sem punição. Descobrimos que o País é dominado por ladrões de galinha, por batedores de carteira e traficantes. E mais grave: a solidariedade natural, quase 'instintiva', das pessoas está acabando. Já há uma grande violência do povo contra si mesmo. Garotos decapitam outros numa prisão, ônibus são queimados por nada, meninas em fogo, presos massacrados, crianças assassinadas por pais e mães, uma revolta sem rumo, um rancor geral contra tudo. Repito: estamos vivendo uma mutação histórica.
Há uma africanização de nossa desgraça, com o perigo de ser irreversível. E não era assim - sempre vivemos o suspense e a esperança de que algo ia mudar para melhor.
Isso parece ter acabado. É possível que tenhamos caído de um 'terceiro mundo' para um "quarto mundo". O quarto mundo é a paralisação das possibilidades. Quem vai resolver o drama brasileiro? As informações criam apenas perplexidade e medo, mas como agir? Não há uma ideologia que dê conta do recado.
O mais claro sinal de que vivemos uma mutação histórica é esta Copa do Medo. Há o suspense de saber se haverá um vexame internacional que já nos ameaça. Será péssimo para tudo, para economia, transações políticas, se ficar visível com clareza sinistra nossa incompetência endêmica, secular. Nunca pensei em ver isso. O amor pelo futebol parecia-me indestrutível. O governo pensava assim também, com o luxo dos gastos para o grande circo. E as placas nas ruas se sucedem: "Abaixo a Copa!". "Queremos uma vida padrão Fifa!"
Como vão jogar nossos craques? Com que cabeça? Será possível ganharmos com este baixo astral, com a gritaria de manifestantes invadindo os estádios? Haverá espírito esportivo que apague essa tristeza?
Antes, nas copas do mundo, éramos a pátria de chuteiras. Hoje, somos chuteiras sem pátria.
*militanciaviva

terça-feira, maio 27, 2014


Juca Ferreira Secretário Municipal de Cultura no “Sambaquis” do Entorno Tombado do Teat(r)o Oficina

by Zé Celso
Imagem
Dia 26 de maio d  2014 , numa tarde com o Sol se pondo ,
Juca Ferreira atual Secretario Municipal d Cultura písa
o Terreno do Entorno Tombado do Teat(r)o Oficina pelo IPHAN dia 24 de junho de 2010,
durante sua brilhante gestão como Ministro da Cultura no Governo Lula.
Na foto Juca está no q chamamos SAMBAQUÍS : o TOTEM do TERRENO  TEKOHÁ Sagrado  que amplia o Oficina pro Universo  .
Os entulhos da demolição de todos os prédios do Grupo Silvo Santos acumularam-se nesta Montanha.
Com o Publico das peças semeamos girassóis, milhos ...agora está parecendo as Represas da Sêca atual
mas continua belo e pleno de sentido arqueológico desta Odisséia .
O SAMBAQUÍS traz toda memoria do Lugar e da Luta
Fizemos nós, alguns artistas do Oficina Uzyna Uzona e a equipe de Juca ,um passeio q começou
numa Aléia deixada pelo Grupo Silvio Santos depois de demolir todo Terreno.
Um Pomar de Frutos, Flores, Legumes e Perfumes
Iamos pisando um chão coberto de folhas do Outono
nesta maravilha :uma das muitas maravilhas ocultas em nossa Metropole .
Durante a Bienal de Arquitetura do ano passado os Arquitetos Carila Matzenbacher e Marília Oliveira Cavalheiro Gallmeister q trabalham nas peças q montamos , a Arquitetura Cênica do   Teat(r)o Oficina,
criaram com arquitetos Belgas e da America Latina inspirados nesta Aléia
um primeiro desenho de uma explosão do Entorno do Oficina abrindo-se para o Cosmos
e daí materializaram em desenhos precisos a continuação desta Aléia Maravilha ,
extendendo-se pelas ruas do Bixiga em Calçadas Pomar.
A Ministra Marta Suplicy tinha já visualisado uma praça q unisse o entorno Tombado do Oficina ao TBC e  á Casa de Dona Yayá.
Subimos até uma dos Portais do Terreno da Rua Santo Amaro .
De lá tivemos a visão do alto de todo Terreno num Por de Sol onde visualizamos a ligação destas calçadas pomares com a Vila Itororó,com a Praça Roosevelt ...etc...
constituindo Corredores Culturais abrindo-se por toda Cidade.
Uma Cobra sinuosa multicolorida perfurando, penetrando as Torres de Cimento da Especulação Imobiliária Financeira dando passagem para o presente anseio hoje,
de uma Vida sonhada não para o amanhã ,mas pra já.
Uma Cidade de Cimento,Carros ,Ruídos penetrada por Zonas de Silêncio Musical da Arte de Viver bem .
Delirei tanto q vi o Brasil todo com uma Cartografia Cultural num continuum que aos poucos iria trazendo
o Retorno da Terra ás suas Origens em Futuro Presente: respirável, até perfumado, silenciosamente musical .
O Sonho q ficou
até Enfadonho 
de mais de 33 anos aproxima-se a virar matéria Acordada
No Proximo Capitulo: as Imagens criadas com exatidão pelos Arquitetos
Até amanhã- no hoje eterno

O Supremo perdeu o juízo?!



É o que teria interrogado, de modo exaltado, um dos chamados "donos do Brasil", num de seus convescotes semanais nos nobres salões do bairro de Higienópolis em SP (ou no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro) repletos de garotas de programa, entre uma generosa fileira de cocaína e um trago no charuto cubano e no conhaque de US$600,00 a dose – aquele que vem embalado numa caixinha almofadada de madeira lustrosa, que mais parece um relicário.
Esta é uma cena que, sejamos justos, respeita a tradição atávica das nossas elites conservadoras: na época dos senhores de engenho, ou dos barões do café, bebia-se cachaça e as mulheres "usadas" [esse é um termo de época, mas que parece transcender épocas] eram jovens escravas escolhidas a dedo por zelosos capatazes nas senzalas. Mas o "espírito", que mescla soberba com lascívia, ao que parece permanece o mesmo.
E por que o STF teria "perdido o juízo", segundo evidencia a queixa exasperada do nosso atemporal "senhorzinho" em epígrafe? – pode estar a indagar o prezado leitor.
Ora, a suprema corte teria "escapado ao controle" – prudente repetir/ressalvar: segundo o pensamento das nossas elites conservadoras – porque, após ter cometido a "temeridade" de colocar em votação a proibição do financiamento privado de campanhas, está, por eloquente maioria, sinalizando que irá proibir esse tipo de financiamento nas próximas campanhas políticas.
– Eles pretendem eternizar o PT no poder?! – teria ainda indagado indignado o jovem coronel cordato da megalópole cosmopolita.
Como o diabo faz morada nos detalhes, façamos-lhe, pois, uma visita.
A história nos ensina que o voto no Brasil, na época da monarquia, não era universal; era censitário. Ou seja, só votavam as pessoas que tinham certa posse ou riqueza. E por que era assim? Simples: para que os pobres não votassem. Para que só as elites tivessem o poder de escolher os seus representantes e assim se perpetuassem ao seu bel prazer no leme da história.
Com o fim do voto oficialmente censitário, já no finalzinho do séc. XIX, o voto continuou, por muitas décadas ainda, até os dias atuais, sendo, de modo disfarçado, censitário. Pois só os candidatos indicados e financiados pelos ricos conseguiam se eleger para o parlamento ou para o executivo. Posto que as campanhas tornaram-se cada vez mais disputadas, dispendiosas e complexas. A política virou coisa de "profissionais".
Observando nossa história recente, note que não à toa o Partido dos Trabalhadores só passou a efetivamente conseguir eleger seus representantes quando começou a contar com o financiamento, a princípio envergonhado, constrangido, de parte da elite econômica do país – uma parte que estava, diga-se, deveras descontente com o último desgoverno FHC.
Daí a famosa Carta ao Povo Brasileiro. Daí a denúncia do esquema chamado de "mensalão" – refiro-me aqui ao petista, decerto, mas teve antes o tucano, o demista, o peemedebista etc. Deixemos, ao menos por ora, a hipocrisia de lado. O esquema, apelidado à guisa de pilhéria de "mensalão", existe, que eu me recorde, desde o governo Collor, passando por FHC e todos os outros governos (também, não esqueçamos, no âmbito dos governos estaduais e municipais).
O PT, finalmente, perdera os modos e pudores e entrava no jogo para ganhar, agora se utilizando, também ele, das regras, digamos, "marginais" ou "não declaradas" do jogo político. Regras estas conhecidas sobejamente por todos os políticos, promotores, juízes e demais autoridades do judiciário, jornalistas etc. – enfim do conhecimento de todos os integrantes silentes desse pacto hipócrita e servil com as elites conservadoras, que prosperou à sombra de uma mídia, de um Congresso e de um Judiciário de conivência, ou melhor, "de conveniência" (com a conveniência daquelas providenciais lojas em postos de gasolina ou à margem das estradas). A margem das estradas, note bem a metáfora acidental.
O PT, gostemos ou não, agora não mais participa do jogo político apenas para legitimá-lo – como se fora a encarnada cereja do bolo de uma democracia mofada, estragada.
O fim do financiamento privado de campanhas, grosso modo, cortaria, até certo ponto, o cordão com o qual as elites manietam os títeres poderes no parlamento e nos governos – uma vez que o poder de fato, o econômico, elas ainda mantém. Ao menos por enquanto.
Não à toa, os temas da ocasião [oxalá venham a ser "da moda"] e da pauta dos candidatos progressistas hoje são a reforma política e a "nova" política. Para nossa fortuna – e, assim espero, em contraposição à nossa ruína. Pois, insisto na tecla, não se faz política sem partidos nem sindicalismo sem sindicato.
É prudente mesmo, e oportuno, que os políticos pensem numa reforma política como um meio para se chegar a uma nova política e a uma nova democracia. Para que os fins voltem a justificar os meios.
Senão, diante da constrangedora omissão da classe política e, diga-se, do restante da sociedade, corremos o perigo de assistirmos, impávidos, uma Corte Constitucional ditando os passos de um processo civilizatório do qual deveríamos ser, em verdade, os principais e ativos agentes.
E acima de tudo, que não esqueçamos a frase do nosso "senhorzinho", que serve como título a este texto, mas que deveria também nos servir de alerta: o Supremo perdeu o juízo?!
Pois, pense comigo, se ao juízo desse indivíduo conservador teria o Supremo agora [e só agora] "perdido o juízo" é porque, segundo o seu juízo (ou seu metro), o STF só tinha "juízo" antes.
Antes, quando permitia, sem se imiscuir, o financiamento privado e a "mercantilização" da política.
Antes, quando fornecia habeas corpus, com impressionante celeridade, "de conveniência" (tal qual as lojas, insisto), aos ricos e julgava pobres por crimes famélicos.
Antes, quando se omitiu diante do arbítrio de uma ditadura, dentre outros graves equívocos já esquecidos nos efêmeros rastros da história contemporânea.
Teria o Supremo perdido o juízo?

Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

O Complexo de Vira-latas - Documentário

    Brasileiros entram no espírito da Copa. E mídia torce por tragédia



Quase 400 mil brasileiros já fizeram filas – às vezes, de horas até – para ver, tocar e tirar fotos e selfie com a taça da Copa do Mundo que viaja pelo país. Mas a mídia, Rede Globo a frente, só tem olhos e só destaca os 3 mil que saíram as ruas para protestar contra a Copa em 12 cidades do país há pouco mais de uma semana.

No último sábado, toda a mídia falou de um protesto semelhante, também noticiado como sendo contra a Copa, realizado na Zona Oeste paulistana, no bairro de Pinheiros. Só que neste, os três mil de uma semana antes no Brasil inteiro, evaporaram-se. Reduziram-se a participantes nesta manifestação no fim de semana em São Paulo, o que nem assim arrefeceu o ânimo pró-tragédia da imprensa.

Alguns comentaristas, uma praga cada vez mais presente nos noticiários de TV, que falam mais do que dão notícia, mantiveram o tom que seguem há duas semanas e misturaram os protestos contra a Copa com as greves e passeatas por melhores salários de professores e motoristas (em São Paulo) e de rodoviários (no Rio, como são chamados lá motoristas e cobradores de ônibus).

Todos, mídia, comentaristas, sem exceção, minimizaram a violência das manifestações contra a Copa, a violência de mascarados, de gente com o rosto coberto, de outros que compareceram às manifestações sem saber contra o que protestavam. Estão todos loucos por uma tragédia que macule o Mundial de futebol que começa daqui a 17 dias no nosso país (no próximo dia 12), com a partida entre Brasil e Croácia, no estádio do Corínthians, o Itaquerão, em São Paulo.

A propósito, não deixem de ler o primoroso artigo que o jornalista Ricardo Melo publica hoje na Folha de S.Paulo sob o título “A Copa, o X-Tudo e a lista da Forbes”. Ele explica bem o que há, no fundo, em torno disso tudo, dos protestos aos rebeldes sem causa que vão às ruas, à cobertura da mídia. Acessem aqui: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ricardomelo/2014/05/1459896-a-copa-o-x-tudo-e-a-lista-da-forbes.shtml

Lula ganha estátua em Bronze ao lado da Casa Branca


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Estátua em bronze de Lula foi instalada no National Mall, parque ao lado da Casa Branca, em Washington. Junto ao ex-presidente estão figuras ilustres como Abraham Lincoln, Simon Bolívar o recém-falecido Gabriel García Márquez

Uma estátua em bronze de Lula foi instalada no National Mall, parque ao lado da Casa Branca, em Washington. Junto ao ex-presidente estão figuras ilustres como Abraham Lincoln, o general Simon Bolívar e até o recém-falecido Gabriel García Márquez.
O escultor chinês Yuan Xikun diz que suas criações “homenageiam quem extraordinariamente contribuiu para os povos das Américas”. Lula é o primeiro presidente brasileiro a ter uma estátua na capital dos EUA.
Lula é o primeiro presidente brasileiro a ter uma estátua na capital dos EUA.
*http://www.geledes.org.br/lula-ganha-estatua-em-bronze-ao-lado-da-casa-branca/