Som Muito Loko do Neguinho de Ontem, Foda Mesmo!!!
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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, maio 26, 2015
HOSPITAL "FURA FILA" PARA ATENDER HUCK E ANGÉLICA
URGENTE: HOSPITAL "FURA FILA" PARA ATENDER HUCK E ANGÉLICA E NEGA LEITOS A PACIENTES REALMENTE NECESSITADOS
"De acordo com o coordenador do Samu, a Santa Casa teria negado leito a seis pacientes. 'Fiquei muito decepcionado de ver que de repente a Santa Casa fecha uma UTI cardíaca para receber o Luciano Huck e Angélica. Estamos com pacientes entubados e ventilados a mão a mais de 12 horas esperando atendimento. Porque que eles passaram na frente dos outros?', indaga.
O coordenador do Samu acusou o hospital de esconder leitos. 'Não tinha leito a semana toda e de repente fazem essa ação toda. Então estão guardando leito, escondendo para quando precisar atender alguém importante'.
Fila do SUS
O coordenador do Samu ainda destacou que o casal foi atendido pelo SUS. 'É um absurdo.Não tenho nada contra eles, mas eles não precisam disso. E se foram atendidos pelo SUS tinham que ter sido regulados pelo Samu. Temos muitos pacientes humildes que estão aguardando também. Não sou contra, só queria que todos tivessem direitos iguais'."
Leia o artigo completo:
segunda-feira, maio 25, 2015
O MUNDO AINDA DIGERE A MAGNITUDE DO SUPER-ACORDO ENTRE A CHINA E O BRASIL
Brasil-China é plano Marshall sem ideologia |
"Não há, na história diplomática brasileira, o registro de qualquer evento desta envergadura, envolvendo um espectro tão amplo e variado de atividades estratégicas", comenta Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília, sobre os 35 acordos bilaterais firmados entre os dois países essa semana, cujo alcance real é de US$ 53 bilhões em investimentos no Brasil; "É um Plano Marshall sem contrapartidas políticas nem ideológicas", opina o embaixador José Alfredo Graça Lima, que coordenou as negociações pelo lado brasileiro, lembrando do programa de investimentos criado pelos EUA após a Segunda Guerra; anunciado numa conjuntura em que a oposição faz o possível para criar um grande pessimismo em torno do futuro do país, diz PML, o acordo levou o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães a ironizar: "ou os chineses são desinformados e totalmente equivocados, ou quem imagina que o Brasil enfrenta uma situação catastrófica precisa aprender prestar atenção à realidade"
A principal dificuldade para se compreender o alcance real do conjunto de acordo de US$ 53 bilhões para investimentos da China no Brasil reside em sua dimensão. Embora possam ser resumidos, hoje, a um simples calhamaço com algumas centenas de folhas de papel, autografadas pelas autoridades dos dois países, os 35 acordos bilaterais entre os dois governos envolvem um conjunto gigantesco de decisões, possibilidades e perspectivas, formando um bloco de medidas capaz de produzir um impacto tão grande em nosso futuro que é difícil encontrar um parâmetro de comparação.
Não há, na história diplomática brasileira, o registro de qualquer evento desta envergadura, envolvendo um espectro tão amplo e variado de atividades estratégicas como mineração, petróleo, defesa, aeronáutica, ferrovias, exportação de carne — e ainda um curioso programa de cooperação esportiva para aperfeiçoamento de atletas de ping-pong e ainda de badminton, aquele esporte que é uma mistura de vôlei de praia e jogo de peteca, muito popular na China e quase desconhecido no Brasil.
Anunciado numa conjuntura em que a oposição faz o possível para criar um grande pessimismo em torno do futuro do país, o acordo levou o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães — secretário-geral do Itamaraty na gestão de Celso Amorim, ministro nos dois mandatos de Lula — a fazer uma ironia em entrevista ao 247: "ou os chineses são desinformados e totalmente equivocados, ou quem imagina que o Brasil enfrenta uma situação catastrófica precisa aprender prestar atenção à realidade." Crítico do programa de ajuste econômico que marca o segundo mandato de Dilma, Samuel também afirma: "ninguém investe 50 bilhões de dólares num país à beira do abismo. Muito menos quem tem as maiores reservas do mundo e pode escolher aonde coloca cada centavo."
Em busca de uma referência histórica para o acordo com a China, diplomatas ouvidos pelo 247 admitem alguma semelhança entre os acordos assinados no início da semana e o Plano Marshall, programa de investimentos criado pelo governo dos Estados Unidos logo depois da Segunda Guerra Mundial, que permitiu a reconstrução da economia européia nas décadas seguintes.
"Mas é um Plano Marshall sem contrapartidas políticas nem ideológicas", adverte o embaixador José Alfredo Graça Lima, que coordenou as negociações pelo lado brasileiro. Assim batizado em homenagem ao então secretário de Estado George Marshall, a partir de 1947 o plano que leva seu nome mobilizou US$13 bilhões na época — cerca de US$ 130 bilhões em dinheiro de hoje — para produzir uma dupla mudança no Velho Mundo, que teve impacto em todo planeta. Se, de um lado, contribuiu para modernizar uma economia destruída pelos bombardeios dos próprios aliados, que carregava marcas duradouras da sociedade aristocrática do século XIX, também jogou um papel decisivo para atrair os países da chamada Europa Ocidental para a áerea de influência política dos Estados Unidos. Foi assim que França, Italia, Inglaterra e outros países se consolidaram como aliados incondicionais de Washington durante a Guerra Fria, condição assegurada por laços econômicos, diplomáticos — e também militares, através da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Os acordos Brasil-China têm como finalidade as metas de cada país neste século XXI: crescimento da economia, distribuição de renda, inclusão dos mais pobres — e assim por diante.
Com uma postura que a maioria dos observadores concorda em definir como 100% pragmática, a diplomacia chinesa convive com indiferença absoluta pelo mais diversos regimes políticos. Não debate assuntos internos dos países-anfitriões e não gosta de ser forçada a tratar de seus próprios tabus, onde a área de direitos humanos é sempre uma questão delicada. Suas reais finalidades externas começam e terminam na economia. Até pelo tamanho de seu país e a dimensão de sua população de 1,3 bilhão de almas, os chineses são caçadores de fontes de matérias primas de todo tipo e tem uma preocupação permanente em encontrar mercado para suas mercadorias — o país, hoje, tem a maior produção industrial do planeta.
Como ocorre com boa parte dos episódios relevantes da evolução humana, a aproximação entre brasileiros e chineses não foi feita por uma sucessão de atos de pura vontade política, mas pela capacidade das partes em dar respostas racionais diante de circunstâncias definidas.
Os dois países começaram a aproximar de verdade quando o Brasil consumava a transição da ditadura militar para a democracia, num processo simultâneo à consolidação do programa de reformas — na época chamado de "economia socialista de mercado" — realizado por Deng Xiao Ping. Foi naquele período que José Sarney fez uma viagem a Pequim, foi recebido pelo próprio Deng e debateu tratados de natureza diversa, inclusive espacial.
No governo Luiz Inácio Lula da Silva, onde a diplomacia brasileira consumou uma guinada definitiva em direção aos países que começavam a ser chamados de emergentes, o Itamaraty deu um voto de imenso valor diplomático quando, nos debates da Organização Mundial de Comércio, aceitou incluir a China na categoria dos países que possuem uma "economia de mercado." O nascimento dos BRICS ajudou a pavimentar o processo construção de um pólo diplomático alternativo ao lado de Índia e África do Sul, também, mas os 35 acordos da semana passada têm natureza bilateral.
Reúnem interesses complementares de brasileiros — cuja economia pede novos investimentos — e de chineses, que não podem cumprir um planejamento econômico destinado a modernizar o país e oferecer novas oportunidades a sua população sem abrir mercados externos para investimentos produtivos, que lhe permitam empregar centenas de milhões de pessoas.
Num mundo em prolongada crise econômica desde o colapso dos derivativos, em 2008, Pequim movimenta uma máquina em outro percurso, que não enfrenta concorrentes nem mesmo rivais.
Afundada em seus programas de austeridade, a Europa não consegue sair do próprio atoleiro e tem sido incapaz de responder ao drama — modesto sob todos os pontos de vista — até de uma economia como a da Grécia, que pede um pouco, só um pouco, de oxigênio para respirar. O desempenho dos Estados Unidos tem sido um pouco melhor. Nem de longe, contudo, os bancos que governam a economia norte-americana têm demonstrado apetite para levantar o mercado interno de forma regular, e muito menos para estimular o crescimento fora dos EUA. Preferem alimentar-se no tradicional cassino e acumular ganhos espetaculativos. O resultado é que a esperada recuperação mundial se mostra lenta, sem um sinal visível nem convincente.
Neste ambiente em geral pouco promissor, a China, com o segundo PIB do planeta, é a economia que faz o contra-ciclo. Crescendo 7,5% ao ano — já cresceu 10% por um longo período — atua como uma locomativa na contra-corrente de uma tendencia mundial ao crescimento baixo e mesmo a recessão.
Vem daí o papel crescente que a China passa a desempenhar fora de suas fronteiras, ocupando espaço — sempre pacificamente, sem estimular atritos políticos — que até há pouco pareciam reservados aos Estados Unidos. O desembarque no Brasil, na semana passada, consumou uma vitória indiscutível do Dilma Rousseff, também. "Demonstra a credibilidade do país", afirma Graça Lima.
Experimentado arquiteto da diplomacia comercial brasileira, a estrela de Graça Lima iluminou-se no governo Fernando Henrique Cardoso, perdeu força durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e, de uns tempos para cá, recuperou o brilho durante o governo Dilma Rousseff. Na condição de Subsecretário de Assuntos Políticos 2, área responsável pelas relações com os países da Ásia e com os BRICS, Graça Lima conduziu negociações acompanhadas, de perto, pela própria presidenta da República — que sempre devotou gosto e atenção especial às negociações com a potência asiática. Semana sim, semana não, nos últimos meses Graça Lima recebia missões diplomáticas de Pequim no gabinete no Itamaraty, em conversas destinadas a acertar detalhes dos acordos. Os pontos mais complicados, como se pode imaginar, eram os urgentes e importantes, envolvendo a venda de aviões e as ultimas barreiras para a exportação da carne brasileira — e só foram resolvidos poucos dias antes da chegada da comitiva chinesa ao país.
Como se sabe, tão importante quanto a assinatura dos 35 acordos bilaterais, será o esforço para garantir sua execução em prazos compatíveis. A convivência econômica entre povos e países está recheada de iniciativas bem sucedidas e também de idéias que deram errado. Os anos iniciais do Plano Marshall foram muito menos animadores do que se podia imaginar no futuro. A Aliança para o Progresso, de 1960, que seria um esforço de John Kennedy para estimular o crescimento da América Latina em bases democráticas para fazer frente ao apelo da revolução cubana encerrou-se sem progressos visíveis e o apoio a golpes militares contra governos progressistas. O futuro dos países não se encontra numa bola de cristal e sempre será um horizonte formado por surpresas e movimentos inesperado. Mas é difícil negar que, por sua história recente, Brasil e China, tão diferentes, tão distantes, têm um conjunto de interesses diferentes mas complementares que podem ser atendidos de forma proveitosa pelas partes. Esta é a racionalidade do acordo.
O ESTRELISMO DE MORO: O PAVÃO ABRE SEU ARCO DE PENAS
Receber tratamento de celebridade vicia
Juízes de Auditórios: O perigoso deslumbramento de Moro.
Moro tem um problema.Ele virou prisioneiro, como tantas outras pessoas que ele mandou para a cadeia na Lava Jato.
A única diferença é que ele é prisioneiro de si mesmo.
É o que podemos chamar de MJB, Maldição de Joaquim Barbosa.
JB construiu uma reputação de Batman e logo se tornou ídolo do que há de mais obscuro, reacionário
e primitivo na sociedade brasileira.
Desde o começo, os progressistas viram com desconfiança, e depois com franca antipatia, a
transformação de JB num justiceiro.
Hoje, merecidamente, ele é abominado e desprezado por todas as correntes de esquerda. Não é um
Hoje, merecidamente, ele é abominado e desprezado por todas as correntes de esquerda. Não é um
sentimento limitado aos petistas, ao contrário do que JB gostaria.
Moro é o novo JB.
Quem realmente está com ele? Basta ver a triunfal recepção que integrantes do ultradireitista MBL
Moro é o novo JB.
Quem realmente está com ele? Basta ver a triunfal recepção que integrantes do ultradireitista MBL
lhe ofereceu numa recente passagem por São Paulo.
Flores, gritos histéricos, pedidos de selfies, nada faltou.
Pausa para registrar o objetivo da visita a SP. Era para prestigiar o lançamento de um livro do qual
Flores, gritos histéricos, pedidos de selfies, nada faltou.
Pausa para registrar o objetivo da visita a SP. Era para prestigiar o lançamento de um livro do qual
ele escreveu, com a mulher, o prefácio.
É um livro sobre o médico tarado que se aproveitou de tantas mulheres que buscavamengravidar . O
É um livro sobre o médico tarado que se aproveitou de tantas mulheres que buscavam
autor é, ele mesmo, um representante do atraso do atraso mental, Claudio Tognolli, pena de aluguel
de Lobão, Tuma Jr e outros dinossauros.
Não poderia haver causa menos nobre para pisar em solo paulistano.
Mas está claro que ele se viciou na adulação, no espaço interesseiro que a mídia lhe dá, exatamente
Não poderia haver causa menos nobre para pisar em solo paulistano.
Mas está claro que ele se viciou na adulação, no espaço interesseiro que a mídia lhe dá, exatamente
como JB.
Agora repare nos efeitos da MJB.
O que acontecerá com Moro caso ele passe a agir racionalmente, sem promover o tipo de justiça
Agora repare nos efeitos da MJB.
O que acontecerá com Moro caso ele passe a agir racionalmente, sem promover o tipo de justiça
partidária antipetista que tem sido sua marca?
A festa vai acabar.
Aconteceu com Aécio. Bastou a ele dizer que impeachment não é coisa para tratar agora para a
A festa vai acabar.
Aconteceu com Aécio. Bastou a ele dizer que impeachment não é coisa para tratar agora para a
ultradireita pular em seu pescoço.
O MBL postou uma mensagem agressiva no Facebook quase no tom com que se refere ao PT.
Até o Batman do Leblon se sentiu animado a deixar sua Gotham City imaginária para gravar um
O MBL postou uma mensagem agressiva no Facebook quase no tom com que se refere ao PT.
Até o Batman do Leblon se sentiu animado a deixar sua Gotham City imaginária para gravar um
vídeo em que Aécio é reduzido a nada.
E Aécio não fez mais que engavetar o impeachment.
Moro, caso aja como juiz de verdade, vai enfrentar a mesma situação. Será imolado em praça pública
E Aécio não fez mais que engavetar o impeachment.
Moro, caso aja como juiz de verdade, vai enfrentar a mesma situação. Será imolado em praça pública
pelos mesmos que hoje querem erguer estátuas para ele.
Sua vaidade extrema – que outra coisa poderia fazê-lo aceitar um prêmio da Globo num evidente
Sua vaidade extrema – que outra coisa poderia fazê-lo aceitar um prêmio da Globo num evidente
deslize ético para um magistrado? – fará tudo para manter o tratamento de celebridade recebido por
alguns e intensamente repercutido pela imprensa.
Era um personagem desconhecido, de alcance local, e agora ele está se empanturrando com a glória
Era um personagem desconhecido, de alcance local, e agora ele está se empanturrando com a glória
nacional.
Não é fácil lidar com isso, e muito menos renunciar aos holofotes, que fatalmente se transformarão
Não é fácil lidar com isso, e muito menos renunciar aos holofotes, que fatalmente se transformarão
em pedras caso Moro saia da linha, a exemplo do que ocorreu com Aécio, o “Arregão”.
É a Maldição de Joaquim Barbosa.
É a Maldição de Joaquim Barbosa.
*MilitanciaViva
domingo, maio 24, 2015
Palha não entra: o seleto (e secreto) clube dos cannabiers ou maconheliers
Toda vez que perguntam ao presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o porquê de sua defesa da legalização da maconha, ele dá duas razões principais: o combate à violência resultante do narcotráfico e a necessidade de garantir ao usuário segurança sobre a erva que irá fumar. No Brasil, a realidade dos fumadores de maconha é se submeter ao risco de adquirir o produto das mãos de um traficante sem saber exatamente o que está comprando ou… burlar a lei e plantar alguns pés de maconha em casa para consumo próprio.
Embora proibido, o autocultivo tem não só encontrado cada vez mais adeptos entre nós como começam a surgir verdadeiros connoisseurs da planta, capazes de identificar a qualidade ou não de um baseado apenas pela aparência da erva. Depois dos baristas (especialistas em café), sommeliers (vinho ou cerveja) e chocolatiers, eis que surgem os cannabiers ou maconheliers: os especialistas em maconha, uma elite de usuários preocupada com o sabor, o cheiro e o tipo de “onda” que a maconha vai dar.
O termo cannabier já foi utilizado em um artigo científico pelo antropólogo Marcos Verissimo, que apresentou, em 2013, sua tese de doutorado em Cultura Canábica na UFF (Universidade Federal Fluminense). O neologismo, escreveu Verissimo, “foi cunhado em função da aproximação significativa entre os círculos de apreciadores de cannabis oriundas de autocultivos domésticos e os círculos de apreciadores de vinhos (sommeliers). Quando as flores da maconha atingem o ponto de maturação, as plantas são cortadas, tratadas (processo denominado manicura), passando então à fase do secado (que pode durar algumas semanas). Portanto, da semeadura à degustação do resultado, o importante é ter sabedoria e paciência para se saber admirar o processo, como ocorre no caso dos vinhos mais consagrados”.
Assim como os vinhos, as floradas também ganham nomes –Moby Dick, Critical Mass, Destroyer, Blueberry– e são resultado da assemblage, digamos assim, entre plantas famosas no desconhecido mundo dos plantadores de maconha. Os cultivadores assinam suas criações sob pseudônimo e compartilham experiências pela internet, sobretudo através do site Growroom.
Quem é o cannabier? Em geral é jovem, profissional liberal e homem. Como me disse um deles, “um bando de machões que cultivam flores”. Há garotas, claro, que desfrutam dos blends especiais fornecidos por esta galera, mas as cultivadoras ainda são minoria. São os meninos que mais mergulham a fundo nas técnicas e macetes para produzir plantas dignas de campeonato. Verdadeiros nerds da maconha, os caras sabem absolutamente tudo sobre o assunto. Como seus congêneres especializados em cafés, chocolates, cervejas ou vinhos, é uma atividade que envolve muito orgulho e vaidade. Se chegarmos algum dia à legalização do uso e plantio, seguramente figurarão, ao lado dos enochatos, os maconhochatos.
Alberto* é advogado e cultiva meia dúzia de pés de maconha em um quarto, em sua casa, no Rio, sob luz artificial. Sua produção costuma causar sensação entre os amigos. O segredo, conta, é “frustrar sexualmente” a planta. Como a maconha que dá barato é apenas a planta fêmea, cultivadores experientes como ele sabem que, quanto mais a planta estiver pronta para a polinização e ela for impedida de acontecer, mais produzirá tricomas (os “cristais”, parte da planta rica em canabinoides). Ou seja, ficará mais potente. Daí a expressão “sin semilla” (sem semente) para designar a erva que é um must entre os maconhólatras. Para maximizar a produção de tricomas pela planta, são usadas técnicas como pequenas “massagens” para quebrar os galhos, e a água e a luz é milimetricamente controlada –na última semana antes da colheita, água e luz são cortadas, potencializando ainda mais a maconha.
“Meu carma no reino vegetal está péssimo”, brinca Alberto. Além de garantir a frustração sexual da pobre plantinha para seu prazer, o advogado diz que também é fundamental oxidar a flor após a colheita, fechando-a em um recipiente hermético por semanas ou meses. Qual a diferença de uma maconha para outra? “Na verdade, tem um tipo de maconha para cada pessoa ou momento. Se a pessoa quer relaxar, pode fumar uma Indica. Se prefere algo mais estimulante, uma Sativa. Se fosse permitido o autocultivo, o ideal era ter pelo menos três tipos de planta em casa: uma Indica, uma híbrida e uma Sativa”. Em uma festa recente de cultivadores, ele conta, chegaram a aparecer 37 tipos de flores diferentes.
Se os vinhos possuem os taninos, a maconha possui terpenos, moléculas responsáveis pelo odor da planta. Os terpenos vão influenciar no cheiro e no sabor da erva ao ser fumada. Falam-me de “notas” de manga, madeira, limão… “Fumamos um beck que deixava retrogosto de queijo”, me garante o antropólogo Paulo. No quintal de sua casa em Brasília, meio oculto entre três pés de mandioca para confundir eventuais helicópteros, uma nova planta de maconha começa a florescer. Ele pratica o autocultivo há dez anos. Um único pé é o suficiente para o consumo dele e de sua mulher, Marina, e ainda sobra para apresentar aos amigos. Como o ciclo da planta pode chegar a um ano, enquanto a outra cresce, eles fumam a que colheram.
Paulo é um cultivador orgulhoso de sua produção, mas aponta o que vê como exageros de alguns colegas com suas plantinhas de estimação. “Tenho um amigo que comprou até uma máquina de moer coco para fazer uma palha que ele usa como terra. Outro, italiano, controlava pelo celular a milimetragem da água e os nutrientes da planta que estava cultivando lá em Roma”, ri. “O que eu faço é basicamente mijar na planta, que é um NPK (fertilizante) natural. Coloco uns nutrientes na terra, mas não muitos porque acho que interfere no gosto”.
O blasézismo de seu comentário contrasta com o ar triunfal que exibe ao mostrar, dentro de um vidro, os “camarôes” ou berlotas (flores já secas) da última safra, em que chegou a um resultado “excepcional” –diz isso como se estivesse falando de grãos de café ou das uvas de um hipotético vinhedo. “Consegui produzir uma cannabis com resina leitosa, que dá uma onda mais excitante, criativa. A resina marrom é down, baqueia. Não serve para fumar e trabalhar, deixa a pessoa sem energia, largadona no sofá”, explana.
No Colorado, nos Estados Unidos, onde o uso recreativo da maconha, além do medicinal, foi liberado, há inclusive uma profissão em alta, a de “budtender” (trocadilho com bartender, sendo que “bud” é “camarão”). Trata-se do cara ou da mina que atende os clientes das lojas de maconha, exatamente como os vendedores das cervejas artesanais agora em moda no Brasil –ou como os funcionários dos coffee shops holandeses que sempre fascinaram os brasileiros. Capazes de indicar qual o tipo de maconha que você “precisa”, os budtenders possuem formação profissional, fornecida por cursos especializados. Ocannabusiness anda tão turbinado por lá que não estranhem se surgir um MBA em Maconha nos próximos anos.
“Que tipo de sensação você quer ter?”, “você é usuário frequente ou vai experimentar pela primeira vez?”, “quer maconha para trabalhar ou para jogar videogame e depois chapar?” pergunta o budtender ao freguês. A depender da resposta, o vendedor irá indicar que tipo de maconha é a ideal para o usuário. Apenas no primeiro mês de legalização para uso recreativo, estima-se que a economia da cannabis movimentou cerca de 14 milhões de dólares no Colorado, e ser budtender virou uma possibilidade de emprego atraente para os jovens –a mais “hot” delas, segundo alguns (leia mais aqui).
No Brasil, até outro dia, o máximo que se distinguia sobre os tipos de maconha era entre a maconha “solta”, produzida no Nordeste, ou a “prensada”, que vem do Paraguai. Algumas maconhas nacionais chegaram a alcançar fama, como a mítica “manga rosa”, de Pernambuco, ou a “cabeça-de-nego”, da Bahia. Reza a lenda que algumas maconhas campeãs mundo afora vieram delas. Houve um verão, em 1987, em que milhares de latas de maconha chegaram à costa brasileira, atiradas ao mar pela tripulação de um navio australiano interceptado pela Marinha, e, a partir daí, baseados potentes passaram a ser chamados de “da lata”. O curioso e hilário episódio virou um documentário dirigido por Tocha Alves e Haná Vaisman em 2012.
Mas sofisticação como se tem agora, nunca se viu. No site especializado Leafly, é possível descobrir que variedade de maconha “combina” mais com o temperamento ou necessidade do usuário, através de um teste online: se pretende ficar falante, relaxado, feliz, eufórico, sonolento… Ou por razões medicinais: as mais indicadas para insônia, fadiga, náusea (um efeito colateral comum a quem se submete à quimioterapia), pressão ocular, stress…
É tanto conhecimento que já começa a irritar. “Tem muita gente cuspindo no prato paraguaio que comeu”, provoca o psicanalista Pierre, de São Paulo. “Chegou-se a um nível de refinamento que outro dia fui numa festa e, quando souberam que o baseado que eu estava oferecendo era paraguaio disseram: ‘ah, não quero, não’. Que é isso? O fumo paraguaio tem seu valor, porque está sempre aí, nunca negou fogo. Qualquer dia acabará virando cult.”
O psicanalista admite, porém, que é muito difícil voltar para a maconha paraguaia, ou seja, para a erva vendida pelo narcotráfico, depois que se experimenta um baseado feito com cannabis autocultivada. “Quando se planta, além de fugir das redes de violência, se garante que a maconha não terá aditivos, porque o fumo paraguaio ninguém sabe o que contém. O nosso, não, é tóxico sem agrotóxico”, diz. Outra diferença é que, como em qualquer plantio em pequena escala, artesanal, todas as etapas são acompanhadas de perto pelo cultivador para que resulte numa erva “gourmet”, ao contrário do que ocorre com o narcotráfico, que utiliza grandes plantações e aproveita tudo da planta: galhos, folhas e até sementes. “O autocultivador, não, só aproveita as flores.”
Pierre cultivava um pezinho em casa, ao qual apelidara carinhosamente de “meu pé de maconha-lima”, e ter que causar a tal frustração sexual da planta lhe trouxe dilemas éticos. “Deixar a plantinha sem água na última semana mexia comigo, mas pensei em algo que me pacificou: adoro foie gras e não estou nem aí para o que fazem com o ganso. Então foda-se se a planta é torturada.” Acabou parando de plantar por achar trabalhoso demais e hoje fuma no “se-me-dão”, isto é, pede aos amigos maconheliers.
Rara mulher entre os cultivadores, a produtora musical Carla prefere não recorrer às “torturas”, fertilizantes e nutrientes em sua pequena plantação indoor em São Paulo. Sua maconha é inteiramente orgânica. Ela usa uma calda de fumo para combater os pulgões, estrume de composteira, casca de ovo, pó de café e… menstruação. Produz pouco, mas sua erva, diz, é perfumada e seu sabor pode ser frutado ou mais ácido. “Planto na lua nova e colho na lua cheia, e vou conversando com elas enquanto crescem.”
Ao contrário dos rapazes, Carla não usa seu talento como jardineira apenas para produzir maconha. Planta ainda maracujá, acerola e banana no quintal. Pergunto por que há mais meninos e meninas no clube dos cannabiers. “Acho que pela mesma razão pela qual há mais meninos na física e na matemática e mais meninas na pedagogia: o mundo é assim”, diz. “Mas eu vejo diferenças. Fui convidada para uma Cannabis Cup e me senti lisonjeada, mas percebi que era uma coisa de meninos, de competição. Acho que a gente vê diferente. Para mim plantar é uma forma de não depender dos homens para comprar ou fumar meu baseado.”
Se as plantas fêmeas cultivadas não germinam, onde essa turma consegue sementes? Trocando entre eles ou comprando pela internet em sites estrangeiros –o que, em tese, também é proibido por lei, mas decisões judiciais recentes têm dado certa segurança aos cultivadores. Em setembro, o juiz Fernando Américo de Souza, de São Paulo, livrou da cadeia um usuário que havia comprado, pela internet, 12 sementes de maconha na Bélgica e foi denunciado por “contrabando”. “O usuário que produz a própria droga deixa de financiar o tráfico, contribuindo para a diminuição da criminalidade”, disse o juiz (confira aqui).
Para os cultivadores, a prática da troca de sementes e da própria maconha para degustação entre os amigos é uma prova de que a idéia dos clubes de cannabis, como existem na Espanha e que estão previstos na lei uruguaia, pode ser a melhor saída para o problema, porque rompe o vínculo com o crime e tira do usuário a carga de “alimentar” o narcotráfico.
Enquanto isso não ocorre, a “elite” degusta iguarias e a enorme maioria dos usuários (estima-se que existam 1,5 milhão no Brasil) continua a consumir maconha malhada, palha e mofada. Será que até nisso quem nasceu para Sangue de Boi nunca chegará a Romanée Conti?
*Os nomes dos personagens desta reportagem foram trocados.
UPDATE: saiu no New York Times um perfil do primeiro crítico de maconha dos Estados Unidos (leia aqui). Profissão dos sonhos para muita gente…
UPDATE2: tenho que acrescentar ao post este vídeo sobre “os esnobes da maconha”. Hilário.
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De cada cinco nova-iorquinos, um depende de ajuda para comer
Morador de rua come uma sopa após distribuição de voluntários em um centro comunitário de Manhattan, em Nova York
Da EFE
Nova York - Quase um em cada cinco nova-iorquinos, cerca de 1,4 milhão de pessoas, depende diariamente das ajudas das autoridades e de ONGs para comer, em uma cidade onde se concentram algumas das maiores fortunas do mundo.
Nos últimos cinco anos se somaram à lista outras 200 mil pessoas que vão aos cerca de mil refeitórios populares e bancos de alimentos pela cidade, segundo dados publicados nesta segunda-feira pelo jornal "Daily News".
Desse 1,4 milhão de pessoas, 400 mil são menores de idade, 160 mil, maiores de 60 anos e, 95 mil, veteranos de guerra.
Embora a demanda nos bancos de alimentos e nos refeitórios populares tenha aumentado 10% no ano passado, sofreram um corte de 56% de fundos privados e públicos, o que lhes impede de chegar aos mais necessitados de forma adequada.
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Ao todo, "85% dos refeitórios populares reportaram um aumento drástico de pessoas em busca de ajuda, e quase metade ficou sem comida em novembro passado", advertiu a presidente do Banco de Alimentos de Nova York, Margarette Purvis.
A radiografia da fome e da pobreza na Big Apple exibe dados preocupantes, já que 60% dos beneficiados do auxílio são mulheres e quase a metade dos menores de idade vive em famílias sem dinheiro suficiente para comprar alimentos.
Além disso, uma em cada cinco pessoas que vão a esses refeitórios populares trabalham e ganham em média US$ 1.500 ao mês e, delas, 54% têm algum emprego em período integral.
Nos últimos meses várias organizações e o próprio prefeito, Bill de Blasio, pediram o aumento do salário mínimo, que não permite os trabalhadores que o recebem saírem da pobreza em uma cidade cara como Nova York.
O Banco de Alimentos de Nova York, uma das principais organizações que lutam contra a fome na cidade, oferece diariamente cerca de 400 mil porções de comida gratuita que são distribuídas nos cinco condados da cidade.
A organização recebe cerca de 8.600 toneladas de comida enlatada do governo federal, assim como US$ 3 milhões em ajudas do governo estadual e doações de empresas privadas.
Enquanto o banco concentra seus esforços na distribuição de comida enlatada ou empacotada, outros grupos, como a ONG City Harvest, distribuem alimentos frescos graças à colaboração de restaurantes e supermercados.
Por outro lado, dos mais de 47 milhões de pessoas que se beneficiam nos Estados Unidos do programa federal de cupons de alimentos ou da Assistência de Nutrição Suplementar (Snap), 1,8 milhão moram em Nova York.
*Exame
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