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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 25, 2015

O ESTRELISMO DE MORO: O PAVÃO ABRE SEU ARCO DE PENAS

Receber tratamento de celebridade vicia

por : Paulo Nogueira

Juízes de Auditórios: O perigoso deslumbramento de Moro.

Moro tem um problema.
Ele virou prisioneiro, como tantas outras pessoas que ele mandou para a cadeia na Lava Jato.
A única diferença é que ele é prisioneiro de si mesmo.
É o que podemos chamar de MJB, Maldição de Joaquim Barbosa.
JB construiu uma reputação de Batman e logo se tornou ídolo do que há de mais obscuro, reacionário 
e primitivo na sociedade brasileira.
 
Desde o começo, os progressistas viram com desconfiança, e depois com franca antipatia, a 
transformação de JB num justiceiro.
Hoje, merecidamente, ele é abominado e desprezado por todas as correntes de esquerda. Não é um 
sentimento limitado aos petistas, ao contrário do que JB gostaria.
Moro é o novo JB.
Quem realmente está com ele? Basta ver a triunfal recepção que integrantes do ultradireitista MBL 
lhe ofereceu numa recente passagem por São Paulo.
Flores, gritos histéricos, pedidos de selfies, nada faltou.
Pausa para registrar o objetivo da visita a SP. Era para prestigiar o lançamento de um livro do qual 
ele escreveu, com a mulher, o prefácio.
É um livro sobre o médico tarado que se aproveitou de tantas mulheres que buscavam engravidar. O 
autor é, ele mesmo, um representante do atraso do atraso mental, Claudio Tognolli, pena de aluguel 
de Lobão, Tuma Jr e outros dinossauros.
Não poderia haver causa menos nobre para pisar em solo paulistano.
Mas está claro que ele se viciou na adulação, no espaço interesseiro que a mídia lhe dá, exatamente 
como JB.
Agora repare nos efeitos da MJB.
O que acontecerá com Moro caso ele passe a agir racionalmente, sem promover o tipo de justiça 
partidária antipetista que tem sido sua marca?
A festa vai acabar.
Aconteceu com Aécio. Bastou a ele dizer que impeachment não é coisa para tratar agora para a 
ultradireita pular em seu pescoço.
O MBL postou uma mensagem agressiva no Facebook quase no tom com que se refere ao PT.
Até o Batman do Leblon se sentiu animado a deixar sua Gotham City imaginária para gravar um 
vídeo em que Aécio é reduzido a nada.
E Aécio não fez mais que engavetar o impeachment.
Moro, caso aja como juiz de verdade, vai enfrentar a mesma situação. Será imolado em praça pública 
pelos mesmos que hoje querem erguer estátuas para ele.
Sua vaidade extrema – que outra coisa poderia fazê-lo aceitar um prêmio da Globo num evidente 
deslize ético para um magistrado? – fará tudo para manter o tratamento de celebridade recebido por 
alguns e intensamente repercutido pela imprensa.
Era um personagem desconhecido, de alcance local, e agora ele está se empanturrando com a glória 
nacional.
Não é fácil lidar com isso, e muito menos renunciar aos holofotes, que fatalmente se transformarão 
em pedras caso Moro saia da linha, a exemplo do que ocorreu com Aécio, o “Arregão”.
É a Maldição de Joaquim Barbosa.

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