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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 27, 2015



Obras do Rodoanel Norte aterram nascentes em plena crise hídrica

Ambientalistas dizem que nascentes poderiam amenizar efeitos da crise hídrica na capital paulista e que apontam 'absurdo' da destruição de áreas de mananciais
por Redação da RBA 
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REPRODUÇÃO/TVT
Rodoanel
Obras do Rodoanel têm destruído nascentes e alterado cursos de rios, na Cantareira, alertam ambientalistas
São Paulo – As obras do trecho norte do Rodoanel, orçadas em quase R$ 7 bilhões, cruzam áreas de preservação na Serra da Cantareira, que circunda a zona norte da região metropolitana de São Paulo e está levando a destruição de rios e nascentes da região. Ambientalistas apontam que essas nascentes compõe parte do abastecimento natural de reservatórios do Sistema Cantareira e que sua extinção já e parte do quadro de crise hídria na capital, que tende a se agravar ainda mais este ano.
Num trecho da estrada em que construídos pinos de sustentação, por exemplo, há até bem pouco tempo, existia um riacho chamado Guaraú, que hoje virou apenas um fio de água."Elas (as nascentes) foram soterradas, elas foram implodidas, e muitas desviadas. O desvio da nascente seca o rio", alerta a ambientalista Elisa Puterman, em entrevista ao repórter Paulo Castilho, do Seu Jornal, da TVT.
O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bucohy, diz que "destruir regiões de mananciais, de nascentes, para passar uma estrada que poderia passar em outro local, é um absurdo" e informa que existe um processo do Ministério Público Ambiental de Guarullhos que tenta impedir a continuidade das obras do Rodoanel."Essas nascentes são de extrema importância para o abastecimento, não só agora, mas para o futuro da metrópole."
Segundo ele, as licenças ambientais para a obra são "suspeitas", pois, o Conselho Estadual de Meio Ambiente, sofre sucessivas ingerências políticas.
"Nós temos um conselho de 'faz-de-conta'. Quando o empreendimento é do governo, o governo tem  ascendência sobre o conselho. Ou seja, você não tem uma participação social efetiva", denuncia Bucohy.
Heitor Bastos, outro ambientalista que mora há 35 anos na região e fotografa a biodiversidade da Cantareira, tem registros, inclusive, de uma cachoeira que existia ali e qeu já secou.
Assista a reportagem completa do Seu Jornal, da TVT:

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