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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sábado, julho 11, 2015
Uma nova guerra imperialista parece cada vez mais perto
Uma nova guerra imperialista parece cada vez mais perto
A contenda na Ucrânia entre a Rússia e as potências capitalistas ocidentais, USA à frente, parece perto de transbordar para um conflito interimperialista que já há tempos se anuncia. Conflito este que, historicamente, se prenuncia como o desaguadouro natural das insanáveis contradições que apertam o nó no pescoço do grande capital monopolista em profunda crise. No limite do tensionamento, estas contradições atiçam, atiram e compelem os blocos de poder globais ao choque retumbante da guerra.
Tropas ianques desembarcam em base militar polonesa
O USA intenta mover tropas e equipamento militar pesado para a Polônia, Romênia, Letônia, Lituânia, Bulgária e Estônia, justamente os países que o ex-secretário de defesa ianque Donald Rumsfeld chamou uma vez cinicamente de "Nova Europa", ou seja, nações do Leste Europeu que outrora integraram o “bloco soviético”, e que, agora, Washington vai, pouco a pouco, integrando à Otan justamente para montar um cerco à Rússia, potência militar que representa o obstáculo de porte à estratégia de dominação planetária do USA e de seus monopólios — único caminho vislumbrando pela grande burguesia ianque para tentar mitigar a crise que lhe corrói as estruturas desde a década de 1970.
São pelo menos cinco mil soldados, peças de artilharia e tanques a serem posicionados de frente para a Rússia e prontos para o combate. No último dia 14 de junho, os ministros da defesa da Lituânia e da Polônia confirmaram publicamente o aval à chegada de tropas do USA, sendo que aquele último esteve pessoalmente em Washington dias antes para discutir o assunto.
Quem hoje ocupa o cargo que já foi de Rumsfeld, Ash Carter, falou, em discurso feito no último 22 de junho em Berlim, que o governo russo está tentando recriar a Guerra Fria, e que o USA e seus sócios (“aliados” é a palavra que se usa) não vão deixar Moscou “nos arrastar de volta ao passado”. Ele estava em Berlim para acompanhar a formação de uma força militar de intervenção rápida da Otan, criada em meio a todo este rufar de tambores. Um dia antes, 21 de junho, o mesmo Carter dissera que o USA está se preparando militarmente para o caso de o rompimento com a Rússia “ir além do rompimento com Putin”. Nos dias subsequentes, o secretário de defesa ianque subiria a bordo de um navio de guerra do USA estacionado em águas territoriais estonianas para “supervisionar” exercícios militares da Otan no mar Báltico, uma ostensiva provocação à Rússia que contou com nada menos que 50 navios de guerra e 5.600 militares de 17 países da Otan.
No mesmo dia em que Ash Carter falava da iminência da guerra em Berlim, a União Europeia anunciava o prolongamento das sanções à Rússia até 2016, enquanto a Rússia se preparava, em “reciprocidade”, a estender até igual data a proibição à compra de alimentos de países da Europa.
A Rússia reagiu ao anúncio de movimento de tropas e equipamento militar pesado da Otan no Leste Europeu dizendo que este é “o mais agressivo passo do Pentágono e da Otan desde a Guerra Fria”, que vai mover tropas e aparato bélico para reforçar sua fronteira ocidental e que pretende fechar o ano de 2015 com seu arsenal reforçado por 40 novos mísseis balísticos intercontinentais e com sua estrutura de defesa incrementada por um novo radar de detecção de alvos aéreos.
Antes disso, em discurso proferido em meados de junho durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Putin afirmou que a saída do USA do Tratado de Mísseis Antibalísticos entre os dois países (abandonado por Washington há quase 15 anos, em 2001, quando a nova estratégia de dominação global pelo imperialismo foi posta em marcha, na sequência dos “atentados” do 11 de setembro), empurra a Rússia para uma “nova rodada de corrida armamentista”.
O USA abandonou este tratado porque ele impunha aos seus signatários a contenção do uso de sistemas BMD, sigla em inglês para Defesa de Mísseis Balísticos. São precisamente os sistemas BMD que compõem grande parte da chamada “Abordagem Adaptativa” para a Europa, cuja segunda fase será concluída ainda em 2015 com a instalação de um sistema desse tipo na Romênia.
*http://www.anovademocracia.com.br/no-153/5982-uma-nova-gu
sexta-feira, julho 10, 2015
O governo grego afirmou, nesta terça-feira (7), que a Alemanha deve ao país quase 279 bilhões de euros (sai chupim)
É a primeira vez que o país divulga oficialmente um cálculo baseado nas atrocidades e saques cometidos pelos nazistas
O governo grego afirmou, nesta terça-feira (7), que a Alemanha deve ao país quase 279 bilhões de euros (R$ 945 bilhões) em reparações pela ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
É a primeira vez que a Grécia calcula oficialmente o quanto acredita que a Alemanha lhe deve por conta das atrocidades e saques cometidos pelos nazistas nos anos 1940. A Alemanha, por sua vez, alega que a reparação monetária já foi resolvida anos atrás.
O governo grego – hoje comandado pelo partido radical esquerdista Syriza – faz a reivindicação num momento em que tem dificuldades em pagar e cumprir os termos de um pacote de resgate da União Europeia, em grande parte financiado pela Alemanha.
O ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que a demanda é uma "idiotice" por ligar o pacote de resgate a questões de reparação de guerra. "Acho que isso não nos faz avançar um milímetro na questão da estabilidade da Grécia", afirmou.
Mas, o que a Alemanha deve à Grécia e, mais importante, a Grécia pode realmente cobrar algo dos alemães?
No que a Grécia se baseou para reivindicar a compensação?
A ocupação da Alemanha na Grécia ocorreu durante a 2ª Guerra Mundial, entre os anos de 1940 e 1944, e foi uma das piores da história do conflito. Cerca de 250 mil gregos morreram durante a ocupação na Segunda Guerra Mundial, a maioria de inanição.
A ocupação da Alemanha na Grécia ocorreu durante a 2ª Guerra Mundial, entre os anos de 1940 e 1944, e foi uma das piores da história do conflito. Cerca de 250 mil gregos morreram durante a ocupação na Segunda Guerra Mundial, a maioria de inanição.
Também ocorreram massacres, como o de Kalavryta, no qual 500 pessoas foram mortas. Um dos pontos que a Grécia tem discutido no momento é a compensação pela morte de 218 civis em Distomo, em 1944.
No ano 2000, a Suprema Corte grega decidiu que a Alemanha deveria pagar 28 milhões de euros (mais de R$ 92 milhões em valores atuais) aos familiares dos mortos de Distomo, apesar de a decisão não ter sido aplicada e a disputa ter chegado a um impasse nas cortes internacionals nos anos seguintes.
Nesta terça-feira, o vice-ministro das Finanças grego, Dimitris Mardas, incluiu na dúvida supostos 10 bilhões de euros por um empréstimo que os nazistas forçaram o Banco a Grécia a pagar.
Por que a questão foi levantada agora?
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse ao Parlamento recentemente que era seu dever buscar as indenizações. Logo no começo de seu mandato, ele levou uma coroa de flores a um monumento para as vítimas dos massacres de gregos por soldados alemães, em Atenas.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse ao Parlamento recentemente que era seu dever buscar as indenizações. Logo no começo de seu mandato, ele levou uma coroa de flores a um monumento para as vítimas dos massacres de gregos por soldados alemães, em Atenas.
Mas a Alemanha agora é um dos grandes credores da Grécia. E as entre os dois países pioraram nos últimos anos devido à crise financeira. A Alemanha é uma das principais financiadoras dos pacotes de resgate, que desde 2010 tentam evitar o colapso financeiro da Grécia.
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O novo governo de esquerda grego afirma que o pacote – que exige que Atenas adote, como compensão, duras medidas de austeridade e cortes de gastos–-, deve ser relaxado, algo que a Alemanha rejeita.
Em fevereiro, o governo da Grécia conseguiu uma extensão de quatro meses para o pacote de 240 bilhões de euros (cerca de R$ 794 bilhões) depois de uma negociação tensa com os credores. E agora Tsipras tenta renegociar o pagamento.
Nesta quinta-feira (9) expira o prazo para que a Grécia pague 448 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, parte do pacote de resgate.
O quanto a Alemanha já pagou à Grécia pela ocupação?
Em 1960, o governo alemão pagou 115 milhões de marcos alemães para o governo grego como compensação pela ocupação na guerra. Foi apenas uma parte do que o governo exigiu, mas foram esses os termos de um acordo entre os países.
Em 1960, o governo alemão pagou 115 milhões de marcos alemães para o governo grego como compensação pela ocupação na guerra. Foi apenas uma parte do que o governo exigiu, mas foram esses os termos de um acordo entre os países.
O governo da Grécia afirma que o acordo de 1960 não cobre exigências importantes, como o pagamento pelos danos à infraestrutura durante a ocupação, crimes de guerra e o empréstimo que o país foi obrigado a pegar com a Alemanha durante o período em que os nazistas ocuparam seu território.
Obrigar um banco central de um país ocupado a tomar empréstimos com a Alemanha era um procedimento comum dos nazistas naquela época.
A Alemanha afirma que a questão da compensação já foi acertada politica e juridicamente em 1990 e questiona a razão de a Grécia não ter negociado tudo isso quando entrou na zona do euro.
Como a Grécia pretende obter o pagamento?
Uma decisão da Suprema Corte da Grécia permite que bens de propriedade de instituições alemãs sejam confiscados como indenização, mas essa decisão nunca foi aplicada pelo então ministro da Justiça grego, Michalis Stathopoulos.
Uma decisão da Suprema Corte da Grécia permite que bens de propriedade de instituições alemãs sejam confiscados como indenização, mas essa decisão nunca foi aplicada pelo então ministro da Justiça grego, Michalis Stathopoulos.
Entre os possíveis bens alemães que podem ser confiscados estão propriedades que pertencem a uma escola de arqueologia alemã e ao Instituto Cultural Goethe.
*BBC
Dilma diz que cúpula de Ufa consolida Brics e destaca parceria com a Rússia na área espacial
A presidenta Dilma Rousseff congratulou, nesta quarta-feira (8), o presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, pela organização da 7ª Cúpula dos Brics, afirmando que esse é um momento especial, quando Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul assinarão a conclusão do processo de ratificação do Tratado para o Estabelecimento de um Arranjo Contingente de Reservas dos Brics (CRA), que entrou em vigor na semana passada.
“Eu acho que esse é um momento especial nessa 7ª Cúpula, porque consolida-se o Grupo Brics”, disse a presidenta, durante reunião bilateral com Putin na cidade de Ufa, local do encontro e capital da República do Bascortostão.
Sobre a relação Brasil-Rússsia, Dilma destacou que a área de ciência e tecnologia, recordando que, em 2004, foi estabelecida uma parceria estratégica nesse setor entre o governo russo e o governo brasileiro, E que, desde então, esse tema tornou-se um dos elementos propulsores da parceria entre os dois países.
“Para nós, são prioridades importantes, na nossa relação bilateral, a adesão à missão Aster; a cooperação comercial e na área de parceria sobre lançamento de satélite”, enfatizou. A primeira Missão Brasileira de Espaço Profundo (Aster) é um projeto multi-institucional da Agência Espacial Brasileira (AEB). A presidenta acrescentou que o ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, está participando da visita à Rússia, buscando aproximar as áreas científicas brasileira e russa.
Dilma Rousseff acrescentou que Rússia e Brasil devem desenvolver o comércio bilateral, que tem potencial de crescimento. “Nós devemos continuar trabalhando para atingir a meta dos US$ 10 bilhões no fluxo do nosso comércio”.
E destacou que a área da infraestrutura brasileira representa uma grande oportunidade de investimento. “Nós temos também grande interesse em ampliar os nossos investimentos recíprocos. O Brasil tem agora uma oportunidade ímpar, com o seu plano de investimento em logística, de atrair empresas russas, que são grandes especialistas, tanto em portos como em ferrovias”.
A presidenta lamentou não ter ido à Rússia durante a comemoração dos 70 anos da vitória sobre os nazistas, celebrada em maio deste ano.
*blogplanalto
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