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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 14, 2015

Dilma: Não há como o Brasil não voltar a crescer

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Em entrevista ao canal de TV RussiaToday (RT), Dilma foi chamada de presidenta-ídolo e super-heroína. Questionada sobre quais conquistas falta alcançar para o Brasil depois de levar o País à posição de sétima economia mundial, ela foi pontual: “Muito. Nunca, num país, você consegue cumprir tudo o que você tem de fazer. Todo dia você tem de lutar para fazer mais”. Confira a íntegra, em que ela faz balanço sobre a VII Cúpula do ‪#‎BRICS‬ e fala dos cenários econômicos mundial e nacional: goo.gl/CkMfki

"...ELES MATAVAM OS PACIENTES POBRES E VENDIAM OS ÓRGÃOS AOS PACIENTES RICOS..... E protestavam contra o Mais Médicos..."

, chamada de 'Máfia dos Órgãos', que agia no Sul de Minas Gerais.
Os profissionais Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes receberam as sentenças junto com os outros dois médicos, João Alberto Góes Brandão e Alexandre Crispino Zincone. Eles receberam penas que variam de oito a 11 anos e seis meses de prisão em regime fechado por homicídio doloso, compra e venda de órgãos humanos, violação de cadáver e realização de transplante irregular.
"...ELES MATAVAM OS PACIENTES POBRES E VENDIAM OS ÓRGÃOS AOS PACIENTES RICOS..... E protestavam contra o Mais Médicos..."
*ZildaPavao

Latuff greciaPassaram-se menos de 10 dias desde que milhões de gregos disseram ‘OXI’ (não) ao imperialismo alemão e decidiram seguir o caminho de um desenvolvimento soberano para o país, sem as imposições da troica, do FMI ou de outras instituições que, nos últimos anos, trataram de fazer definhar sua economia.
O governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras e do partido Syriza, no entanto, não teve coragem para defender a decisão popular e vergonhosamente capitulou ante as redobradas chantagens do imperialismo alemão e de seu ministro da fazenda, Wolfgang Schäuble. A verdade é que Tsipras usou o apoio que recebeu no referendo para voltar à mesa de negociação, onde esperava encontrar condições mais favoráveis. Ao invés disso, encontrou uma Alemanha disposta a humillhar a Grécia tanto quanto fosse necessário.
O novo acordo imposto sobre a Grécia inclui regras tão reacionárias quanto a revisão das leis trabalhistas do país, facilitando as demissões imotivadas; a privatização de quase todo o patrimônio nacional, com a criação de um fundo privado de mais de 50 bilhões de euros; e a obrigação do parlamento grego de aprovar todas as cláusulas em 48 horas, de maneira sumária.
Paul Krugman, economista keynesiano e prêmio nobel de economia, afirmou: “o que aprendemos nas últimas semanas é que ser um membro da zona do euro significa que os credores podem destruir a economia de um país caso este saia da linha… É mais evidente do que nunca que impor duras medidas de austeridade e sem alívio da dívida é uma política condenada ao fracasso, não importa o quanto o país esteja disposto a aceitar o sofrimento. E isso, por sua vez, significa que mesmo uma capitulação completa da Grécia seria um beco sem saída”. 
Já Yanis Varoufakis, ex-ministro das finanças da Grécia demitido logo após o plebiscito para facilitar as negociações, declarou: “Nós fizemos a nossa dívida ainda menos sustentável em uma condição que prolongou ainda mais a austeridade e afundou a economia, transferindo essa carga para os pobres e criando uma crise humanitária”.
Na votação preliminar realizada no parlamento grego na última quarta-feira, 17 deputados do Syriza se abstiveram ou votaram contra o governo, fazendo com que Alexis Tsipras perdesse a maioria absoluta. As negociações com a Alemanha só prosperaram por contar com o apoio dos velhos partidos que levaram a Grécia à bancarrota, o PASOK (Social-democrata) e o Nova Democracia (Direita). A própria presidente do parlamento, Zoi Konstandopulu, se absteve da votação e outros quatro ministro do governo têm criticado o acordo.
Nas votações que devem ocorrer entre hoje e amanhã no parlamento grego, está claro que Alexis Tsipras não poderá aprovar este vergonhoso plano acordado com a Alemanha se não contar com o apoio do PASOK e do Nova Democracia, o que por si só demonstra o caráter reacionário e antidemocrático da proposta. Ao povo grego, não resta outra alternativa se não retomar um caminho há muito conhecido desde que este ajuste começou a ser aplicado: realizar greves e massivas manifestações para conquistar nas ruas a soberania popular.
Sandino Patriota, São Paulo.
*AVerdade

“A política de drogas criou esse pesadelo em que hoje vivemos” LEGALIZE-JÁ

“A política de drogas criou esse pesadelo em que hoje vivemos”


Gilberta Acselrad (Foto: Gianne Carvalho/Estadão)
Gilberta Acselrad diz ser preciso relembrar antigos costumes para quebrar tabus. “No passado, conviver com drogas não foi tão problemático. Elas são parte da experiência humana.”
Perguntas não faltaram. Entre 1990 e 2012, em escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro, jovens de 14 a 17 anos não tiveram medo de falar sobre drogas. Foi neste período que Gilberta Acselrad, mestre em Educação e coordenadora de Saúde Pública e Direitos Humanos da Flacso-Brasil (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), reuniu 156 questões ouvidas de estudantes do ensino fundamental e médio para o livro Quem tem medo de falar sobre drogas? Saber mais para se proteger, recém-lançado pela Editora FGV.
Convidada, a toda hora, a discutir o tema nas escolas, decidiu “subverter a prática usual da palestra centrada nas drogas proibidas por lei”, optando, segundo contou em entrevista por e-mail, “por acolher as perguntas dos adolescentes, estabelecendo um diálogo com eles”. Ao longo dos anos colecionou centenas de questionamentos que surgiram “da necessidade de ouvir os que mais sofrem com a política de drogas atual”.
E mais do que dúvidas, disse ela, as perguntas “revelam o compromisso dos adolescentes com uma questão que é de interesse público e evidencia que, em nosso País, a política de drogas pouco tem avançado”. “A maioria das pessoas evita falar sobre drogas. Mas os jovens não têm medo dessa conversa. Nós, adultos, precisamos dialogar com eles, sem medo de fazer apologia, porque informar, afirmar a importância de estar atento e de se proteger é também um modo de reduzir danos.” A seguir, os principais trechos da conversa.
O STF se prepara para julgar se o porte de droga para consumo próprio deve deixar de ser considerado crime. Qual é a sua expectativa?
Pode haver avanços no sentido de mudanças na lei e na política de drogas vigente. Resta saber se serão aprovadas, paralelamente, medidas práticas que garantam a aplicação da descriminalização do uso, de forma democrática, alterando a aplicação desigual da legislação que tem vigorado até hoje. Descriminalizar o uso e manter produção e comércio na ilegalidade cria impasses.
De que forma?
Para evitar contato com o mercado ilegal e violento, alguns usuários podem trazer consigo quantidades maiores de drogas; outros, de alguma forma, encontram no pequeno tráfico um meio de sustentar seu uso. A legislação sobre drogas, nos últimos cem anos, tem se pautado pela repressão. O Brasil precisa de uma política de drogas democrática.
Há alguns dias, Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, defendeu a descriminalização do uso de drogas. Qual é o pesodessa manifestação?
Mesmo com a descriminalização, o problema jurídico continua. Nossa lei ainda criminaliza a posse de drogas ilícitas para uso pessoal. As penas previstas são descritas no capítulo sobre os crimes – advertência, prestação de serviços à comunidade, comparecimento a programa educativo, admoestação, multa. Embora tenha sido abolida a pena privativa de liberdade, vivemos numa sociedade com muitas desigualdades econômicas, sociais e, na hora do flagrante, os direitos de cidadania nem sempre são respeitados. Penas alternativas beneficiam os que pertencem às classes média e alta. Quando não são brancos, usuários pobres e que moram nas periferias ou em favelas flagrados pela polícia com droga ilegal – com pequena quantidade, sugerindo uso pessoal – são autuados sistematicamente como traficantes – mesmo quando sozinhos e desarmados. E são muitos os prejuízos decorrentes dessa prisão. Eles perdem emprego, têm de abandonar a família…
Então, a guerra às drogas é uma batalha perdida?
Em 2009, a reunião da ONU em Viena reconheceu o fracasso dessa guerra. A política antidrogas se manteve, mas abriram-se novas frentes. Criou-se a Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia formada por ex-presidentes (a iniciativa partiu de Fernando Henrique Cardoso do Brasil, César Gaviria da Colômbia e Ernesto Zedillo do México) que discutem ações alternativas; documentários foram produzidos divulgando experiências democráticas de gestão das drogas; houve manifestações públicas de apoio à descriminalização e legalização do uso medicinal e recreativo da maconha. As notícias sobre drogas, antes restritas às páginas policiais e de saúde, ganharam amplos espaços na mídia, fortalecendo programas sociais que já vinham sendo realizados na óptica de redução de danos, discutindo a legalização, com regulamentação e controle do Estado.
Qual é o caminho?
Percebe-se que a política antidrogas, que se tornou um problema com graves repercussões políticas, jurídicas e educacionais, precisa ser substituída pela legalização e regulamentação de todas as drogas. É a educação, o projeto de futuro de cada indivíduo que pode ajudar cada um em suas decisões. Caberá ao Estado informar de forma mais completa e científica sobre cada uma das substâncias, controlar sua elaboração e sua qualidade e cuidar daqueles que necessitem de ajuda.
Como vê, por exemplo, o programa De Braços Abertos da Prefeitura de São Paulo que, desde janeiro de 2014, oferece aos usuários de crack a oportunidade de trabalhar na zeladoria da cidade, ganhando R$ 15 por dia?
Programas que associam tratamento e inclusão social têm chances de reverter os usos problemáticos de drogas, sejam elas quais forem. Com esses R$ 15 por dia, a inclusão pretendida, a permanecer nesse patamar, será bem precária. Tais programas funcionam, mas precisam assegurar possibilidades variadas de formação profissional de acordo com o mercado atual de empregos, fortalecendo alguma formação prévia que o usuário já tenha, possibilitando uma real inclusão social.
Os contrários ao programa dizem que a Prefeitura estaria ajudando a alimentar o tráfico.
Eles expressam o preconceito criado pelo proibicionismo, que fortalece a impressão de que algumas pessoas nada têm a ver com os males do nosso tempo que, no entanto, são de fato produzidos social e historicamente.
Durante a Flip, houve uma cena curiosa durante um dos debates. Em reação à pergunta sobre quem na plateia concordava com a legalização da maconha, a maioria levantou a mão. Já sobre a cocaína a adesão não foi tão unânime. Isso quer dizer que, mesmo aqueles que estão dispostos a falar sobre drogas, estão rodeados por tabus?
Tabus e falta de informação caminham perigosamente juntos e não facilitam o esclarecimento. Precisamos recuperar a memória de outros usos e costumes, de modo a poder, assim, tomar decisões mais adequadas. As drogas fazem parte da experiência humana, da cultura. É preciso falar sobre elas, saber mais para poder se proteger. A produção, o comércio e o uso de quaisquer drogas implicam em riscos cuja percepção mudou ao longo da história. O que ontem se usava, até mesmo para curar doenças – a heroína para as afecções respiratórias, a cocaína para minorar a dor de dentes –, hoje virou um bicho de sete cabeças. O que já foi proibido – o álcool, o tabaco – hoje é consumido, tantas vezes sem o controle devido. O problema da droga em geral não existe em si, mas é o resultado do encontro de um produto, uma personalidade e um modelo sociocultural.
Como assim?
Isso quer dizer que qualquer pessoa, a qualquer momento da vida, poderá encontrar em seu caminho alguma substância psicoativa – mas a maioria não ficará doente por isso, não terá maiores problemas, o que significa dizer que, diante da droga, não existe um destino igual para todos. No passado, a convivência com as drogas não foi tão problemática mas o proibicionismo, a partir do século 20, tornou ilícitas algumas drogas até então consumidas legalmente. A partir daí, a política de drogas sonhou com uma sociedade sem drogas que, de fato, nunca existiu e criou esse pesadelo em que vivemos. Recuperar a memória de outros usos e costumes e pensar coletivamente mecanismos de controle que possam nos proteger de usos problemáticos me parece um bom caminho.
Os brasileiros não têm, por exemplo, com relação ao álcool, o mesmo preconceito que têm em relação à maconha.
Os efeitos de qualquer droga dependem da relação que cada um estabelece com ela. Mas a política proibicionista termina gerando descontrole total da produção e do comércio daquelas que foram tornadas ilícitas. O preconceito em relação à maconha e a tolerância em relação ao álcool se explicam pela ilegalidade da primeira e pela legalidade da segunda.
O tabu em relação às drogas faz com que elas se tornem mais interessantes para os jovens?
A adolescência é a porta de entrada para a vida adulta, o momento em que os jovens se lançam no mundo, com particular poder de observação e ação diante do que se passa à sua volta. Correr riscos faz parte da construção da identidade e a experiência da droga é um desses riscos. Com a proibição de algumas drogas, a informação não circula. Ficam restritos ao domínio de especialistas os conhecimentos sobre diferentes usos, formas de se proteger de usos problemáticos, possibilidades de tratamento, qualidade duvidosa de substâncias produzidas e comercializadas ilegalmente. Desta forma, proliferam preconceitos, tabus. É curioso lembrar que, quando se é criança, ouvem-se as histórias infantis cheias de poções mágicas e heróis que recorrem a elas para superar seus problemas. Com elas, Alice, pelo menos no país das maravilhas, crescia, diminuía, aprendia a superar os obstáculos e a enfrentar a vida. Menos informadas, Branca de Neve e Bela Adormecidacomiam maçãs envenenadas, não sabiam lidar com o mundo, ficavam entorpecidas, até que um príncipe aparecia para salvá-las. Quando crescemos, aí a história é outra. As poções que antes ajudavam podem tornar-se perigosas e problemáticas. Desde sempre o uso de quaisquer drogas psicoativas implica em riscos mais ou menos graves, sendo importante criar mecanismos de proteção para que os jovens possam contorná-los.
Divulgado há um mês pelo governo federal, o Mapa do Encarceramento mostrou que crimes contra o patrimônio e de drogas correspondem a cerca de 70% das causas de prisão. Se não lidássemos com as drogas pelo terror, também resolveríamos a questão carcerária do País?
Acredito que a legalização e a consequente regulamentação de todas as drogas seja o melhor caminho. Se conseguirmos virar essa página de extrema violência, criada pelo proibicionismo, abolindo a pena de prisão para a produção, comércio e uso de todas elas, estaremos de fato optando por estender o que já foi feito em relação ao álcool, ao tabaco e a todos os medicamentos psicoativos – legalização, controle e fiscalização, que reduzem danos, sempre buscando aprimorar os mecanismos de controle.
A senhora também diz que pouco ou quase nada se fala do prazer relacionado às drogas. Elas, de fato, são vistas como uma espécie de fuga?
Todas as sociedades conheceram o uso de drogas como forma de ter prazer, conhecimento de si e do mundo ou para controlar a dor física ou psíquica. Drogas alteram a percepção da realidade, a quantidade e a qualidade da consciência. A história das drogas é tão longa quanto a da humanidade e paralela a esta. É próprio de quem tem consciência querer experimentar com a consciência. Droga nem sempre é fuga, pode ser encontro. O que dá prazer pode causar sofrimento, tudo depende da forma como conseguimos nos relacionar com elas e do contexto em que se dá esse uso. Prova disso é que para uns a droga é mera experiência que passa, se torna controlada; para outros pode trazer destruição e morte./THAIS ARBEX
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*http://blogs.estadao.com.br/sonia-racy/a-politica-de-drogas-criou-esse-pesadelo-em-que-hoje-vivemos/