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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 20, 2015

Imagine

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AE PM! "VOCÊS ESTÃO INVADINDO O NOSSO ESPAÇO"

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Não fechem minha escola
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"VOCÊS ESTÃO INVADINDO O NOSSO ESPAÇO"
Estudante manda a real para a PM de São Paulo na E.E. Raul Fonseca!

Assista ao trailer do filme que estreia em 26 de novembro nos cinemas.CHICO


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Chico - Artista Brasileiro
Seu pai era paulista, seu avô pernambucano, seu bisavô mineiro, seu tataravô baiano. Ele está na estrada há muitos anos. Ele é CHICO – ARTISTA BRASILEIRO.
Assista ao trailer do filme que estreia em 26 de novembro nos cinemas.

ESCOLA OCUPADAEm uma reunião de conciliação que ocorreu hoje entre o governo do Estado de São Paulo e representantes do movimento de escolas ocupadas, o secretário de educação Herman Voorwald deu demonstrações de que o governo tem sentido a pressão da força do movimento. Tentando desmobilizar as ocupações, Herman afirmou que algumas escolas poderiam ter seu fechamento rediscutido caso a comunidade desocupe o prédio.
Em uma manobra combinada com a Folha de São Paulo, chegou a ser divulgado durante a tarde que o governo recuaria no plano de fechar as escolas. Mas a própria imprensa foi obrigada a desmentir a notícia no fim do dia.
A verdade é que o movimento de ocupações de escolas ganha a cada dia mais força e apoio na sociedade. Diante da atitude ditatorial do governo Alckmin de fechar equipamentos públicos sem consulta à comunidade, a ocupação dos prédios é uma atitude justa e democrática.
No momento em que o todo poderoso governador do estado já começa a sentir a força dos estudantes, professores, mães e pais organizados é necessário aumentar ainda mais a determinação de ocupar e resistir, aumentando a solidariedade e a divulgação do movimento de ocupações de escolas.
Redação, São Paulo
*AVerdade

quarta-feira, novembro 18, 2015

A religiosidade pode ser reduzida a uma única coisa, a não-identificação."

" Faça disso a sua chave, na próxima vez que a sua raiva vier, apenas observe-a. Não diga: "Eu estou com raiva". Diga: "A raiva está aqui e eu a estou vendo". E veja a diferença! A diferença é muito grande. De repente, você está fora do controle da raiva. E você pode dizer: "Eu sou apenas um observador, não tenho raiva", você está fora. Quando a tristeza vem, sente-se ao lado, olhe para ela e diga: "Eu sou o observador, não tenho tristeza", e veja a diferença. Imediatamente você corta a própria raiz da tristeza. Ela não se alimenta mais, ela vai morrer de fome. Nós alimentamos as emoções quando nos identificamos com elas.
A religiosidade pode ser reduzida a uma única coisa, a não-identificação."

(Osho)

Clinton: “Há poucos lugares para ser tão otimista como no Brasil.”


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Daniel Rittner e Eduardo Campos, via Valor Econômico em 12/11/2015
O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton disse na quinta-feira, dia 12/11, que existem “poucos lugares no mundo” para ser tão otimista como no Brasil. “É natural que eventos negativos dominem as manchetes, mas o futuro é forjado pelas perspectivas de longo prazo”, afirmou Clinton, em discurso de encerramento do Encontro Nacional da Indústria (Enai), em Brasília.
Como preâmbulo, o ex-presidente norte-americano reconheceu que o momento político e econômico brasileiro pode soar “desafiador”. Ele lembrou que, depois da crise de 2008, muitas pessoas acreditavam que o centro das decisões mundiais estaria migrando para os países do Brics – o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A China tem enfrentado desafios para substituir o comércio exterior pela demanda interna como motor do crescimento, a Rússia foi atingida pela queda dos preços do petróleo e pelas sanções econômicas, as reformas liberalizantes propostas pelo governo da Índia não conseguem avançar no Parlamento. “Tudo isso teve impacto para o Brasil, porque uma parte significativa do PIB está relacionada às exportações e boa parte das exportações é de commodities”.
“Sucesso dramático”Clinton fez uma pausa, no entanto, antes de lançar uma mensagem de otimismo. “Eu conclamo vocês a refletir sobre as notáveis mudanças que ocorreram no país durante os últimos 20 anos”, disse o democrata. Ele mencionou o “sucesso dramático” do Brasil em diversificar sua economia e conter a devastação das florestas tropicais.
“Há mais notas positivas do que negativas sobre o Brasil. Está perfeitamenteclaro que os nossos destinos [do Brasil e dos Estados Unidos] estão interligados”.
Clinton observou que esta é a 11ª vez que vem ao Brasil em 15 anos. “Falo hoje como um amigo. Um amigo que adverte: apesar das dificuldades, há poucos lugares para ser tão otimista como no Brasil”.
CooperaçãoA capacidade de cooperação foi exaltada por Clinton como uma das características positivas dos brasileiros e enalteceu as condições “privilegiadas” do Brasil para “extrair benefícios” no século 21.
O ex-presidente norte-americano voltou a mencionar os progressos sociais advindos do Bolsa Escola e do Bolsa Família, além de destacar a preservação das florestas tropicais e a matriz energética com forte presença de fontes renováveis como credenciais para o país ter uma posição “proeminente” nas discussões globais. Mais uma vez enfatizou que os brasileiros “deveriam estar profundamente otimistas sobre as perspectivas de longo prazo”.
Otimismo“Minha recomendação é que toda manhã, quando lerem uma manchete negativa, pensem nas coisas boas que aconteceram, nas forças positivas que o Brasil tem para lembrar que o país não é imune, mas que tem mais forças positivas do que negativas”, disse.
Ele acrescentou que, dentro de cinco anos, estaremos nos perguntando porque estávamos tão preocupados com o quadro atual. Observou ser muito importante não fugir do otimismo com o futuro e uma forma de fazer isso é lembrar das conquistas do país nos últimos 25 anos.
*Limpinhocheiroso

UM NOVO PARAÍSO MISTERIOSO E TENEBROSO CHAMADO RONDÔNIA

O cenário de destruição das florestas rondonienses antes em pé e de extração de cassiterita até os anos 80 se mantinham, praticamente, intocáveis.
ESPIGÃO DO OESTE [Rondônia, Brasil] – Na questão ambiental e mineral Rondônia se tornou um Estado misterioso, foi o que afirmou o ambientalista Carlos Augusto da Silva, 67, em trânsito por esta região recheada de exploradores de madeira em extinção e minérios em terras indígenas.
Com raro índice entre os “bons” envolvidos em crimes com o agronegócio voraz, os municípios de Espigão do Oeste, Costa Marques e Guajará-Mirim começam a dar sinais de intenso desmatamento, este último tornou-se um verdadeiro paraíso de madeireiros, uma vez que deveria estar protegido e isso não ocorre há décadas.
Dentro desse contexto, madeireiros considerados ilegais historicamente pelo IBAMA [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] transitam com desenvoltura pelas gerências municipais da SEDAM, em que pese à atuação da Polícia Federal, Ministério Público Federal [MPF] e suas variáveis de contenção, afirmam nativos das reservas locais.
Em Ariquemes, Cacoal, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Vilhena, Rolim de Moura, Espigão, Alta Floresta, São Francisco, São Felipe, Chupinguaia, Costa Marques e Guajará-Mirim conhecidos grupos madeireiros insistem nas operações de corte, serragem e comercialização de madeiras oriundas sem certificação, sobretudo de áreas de reservas sob o olhar complacente das gerências municipais da SEDAM e do ICM-Bio, respectivamente.
Como prova de que tudo pode no atual “Governo da Cooperação” é a não divulgação dos nomes, autuações e relatórios financeiros das operações de combate ao desmatamento e extração ilegal de madeiras em terras indígenas e de proteção pela Coordenadoria de Fiscalização Ambiental [COFAM] da SEDAM.
Além do represamento de dados sobre o verdadeiro quadro de desmatamento no Estado que, inclusive valeu vários pitos dados pela ministra Isabela Teixeira, do Meio Ambiente, a secretária Maria Nanci Rodrigues da Silva, “a SEDAM é acusada de fazer terrorismo e incitar garimpeiros ilegais a usurparem áreas outorgadas pelo DNPM nos garimpos do Mutum-Paraná, Belmont à divisa de Calama com a cidade de Humaitá, no Amazonas”.
O cenário de destruição das florestas rondonienses antes em pé e de extração de cassiterita até os anos 80 se mantinham, praticamente, intocáveis. Atualmente, “há muito se reconhece como natureza singular dos ecossistemas naturais das florestas, até que a assinatura de termo de compromisso entre o IBAMA e a SEDAM.
Por esse documento, parte das áreas de proteção e da república estanífera do Estado ficou à mercê de polêmicas licenças ambientais concedidas pela SEDAM. O órgão, com essas competências, cobra, autoriza operações de manejo [ambiental, animal, vegetal e mineral], mas ao longo da história “tem afrouxado na fiscalização, comprometendo empresas e cooperativas de pequenos mineradores”, denunciam garimpeiros adimplentes com o DNPM.
Na gestão Nanci Rodrigues já houve de tudo. Entre supostos delitos, há denúncias de corrupção, corporativismo e perseguição política a frágeis opositores do atual Governo. Não escapou nem mesmo indígenas lotados no gabinete da secretária Nanci. Sobre, “empresários foram atraídos a pagar para garimpar diamante na Terra Indígena [T.I] Cinta Larga”.
Entre os desmandos registrados no órgão ambiental figuram recebimento de valores para renovação automática de licenças de operações [LO], concessões ao dragueiro Arão Mendes Rodrigues [vulgo Cigano], reuniões com ilegais no gabinete e cessão de documentos sigilosos da COLMAM, COFAM e da Casa Civil, além de licitações fraudulentas a grupos econômicos e políticos aliados do Governo.
Nessa linha, consta ainda, que, o “Governo da Cooperação”, depois de ter revolucionado em promessas não cumpridas, Rondônia se transformou no mais novo paraíso da imunidade nos quesitos crime ambiental, mineral e do serviço público.
Os personagens vão do tronco familiar do governador a aliados encorpados por servidores, deputados, vereadores, prefeitos, empresários [Operação Termópilas da PF e Apocalipse, da Polícia Civil], dragueiros [Operação Eldorado da PF], passando ainda pelo alto clero da magistratura nativa, inclusive com prisões históricas pela Polícia Federal a partir do Mato Grosso e Brasília.
Com parcas áreas de natureza singular, o Estado detém o maior índice de desmatamento de florestas em pé das áreas de reservas habitadas por populações tradicionais. Atualmente, o epicentro dessas operações ilegais situa-se em Cujubim, Machadinho do Oeste, Costa Marques, Guajará-Mirim, Jacy-Paraná [e distritos da Ponta do Abunã] e da Calha do rio Madeira.
Desde a Conferência de Estocolmo [1972], que reconheceu que as florestas em pé são o maior, o mais complexo e mais durável bem de todos os ecossistemas, que “Rondônia sofre com o desmatamento ilegal por falta de políticas racionais de uso da terra e das florestas depredadas por madeireiros e fazendeiros financiadores de campanhas eleitorais”, ele atesta.
Sobre, por final, um ex-assessor da geógrafa Maria Nanci Rodrigues da Silva, ungida pelo clã Marinha e Valdir Raupp [PMDB], esteve reunida em Ariquemes com grupos do agronegócio pecuário, madeireiro e da indústria da mineração. Porém, ele não revelou o conteúdo das incursões da titular da SEDAM traçadas por ela até ás eleições do dia 5 de outubro.
*http://www.newsrondonia.com.br/mobile/noticia.php?id=48793

Fonte: X

Só há um jeito de escapar da loucura disfarçada de racionalidade: tirar a economia do altar sagrado da ortodoxia e expô-la ao debate democrático

A Vale e a lama cuspida da Privataria de FHC


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Conversa Afiada reproduz editorial de Saul Leblon, retirado da Carta Maior:

'Somos todos idiotas?'


Referência de sucesso da privatização tucana, a Vale distribuiu em 2011 US$ 4 bilhões a seus acionistas, mas não instalou buzinas que salvariam pessoas da lama.
 
A ilusão de que a barbárie é um processo incremental que se desenvolve em algum ponto remoto do planeta, ou do calendário, ofusca uma rotina de convívio com a sua plena vigência nos dias que correm.
 
A matança em Paris na última sexta-feira, o avanço de um mar de lama assassina no interior brasileiro, são ilustrações de uma transição de ciclo histórico, cuja raiz é sonegada ao discernimento social pela semi-informação emitida do aparelho midiático conservador. 
 
A cada soluço do inaceitável ergue-se, assim, a boa vontade dos que farejam algo estranho arranhando a porta do lado de fora. 
 
Em janeiro, dizíamos ‘Somos todos Charlie’.
 
Em setembro dissemos ‘Somos todos Aylan Kurdi’ ( o menino curdo de três anos, morto em uma praia na Turquia).
 
Em novembro estamos dizendo ‘Somos todos franceses’, pranteando a centena e meia de jovens assassinados em uma única noite em Paris. 
 
Por que estamos sendo jogados periodicamente a nos identificarmos com vítimas de uma tragédia que se abate sem que se possa detê-la, nem explicar de onde se origina e por que se repete em formas diversas com a mesma gravidade?
 
A lista é interminável.
 
Se a mídia desse a ênfase adequada a outros  dramas equivalentes, por certo teríamos dito também  ‘somos todos gregos’, ‘somos todos sírios’,  ‘somos todos africanos’, ’somos todos desempregados europeus’, somos todos despejados espanhóis, somos todos líbios, iraquianos, iranianos, pretos americanos pobres...
 
Se desse hoje o alarme suficiente à lamacenta catástrofe promovida pela Vale, em Minas Gerais, estaríamos dizendo ‘Somos todos rio Doce’....
 
A solidariedade exclamativa é importante ao evidenciar a nossa inquietação.
 
Mas é insuficiente. 
 
Quando o que está em jogo é a incompatibilidade entre a ganância estrutural dos mercados e a dos impérios, de um lado; e a sobrevivência do interesse público, de outro, a boa intenção exclamativa, a exemplo da caridade cristã, não é capaz de afrontar os perigos que acossam as bases da sociedade e o seu futuro.
 
A desordem mundial, movida a incertezas, brutalidades psicopatas, insegurança social permanente e colapsos recorrentes movidos a forças intangiveis, não retrocederá se não for afrontada com anteparos do interesse público dotado de ferramentas à altura do desafio: Estados nacionais democraticamente fortalecidos.
 
A ausência de coordenação global entre economias, a subordinação da democracia a interesses financeiros que se dedicam a esvaziá-la, a incompatibilidade entre a acumulação irracional e a sobrevivência dos recursos que formam as bases da vida na terra, não serão superados com boas intenções de organismos não governamentais.
 
A crise de 2008 foi o sintoma desse corredor estreito da história para onde estão sendo tangidas referências e conquistas acumuladas pelas lutas democráticas e populares desde os primórdios do século 20 e antes dele.
 
Ao contrário do que recitam colunistas agendados pelos departamentos de economia dos bancos, ela não acabou.
 
O cerco em marcha se estreita, como evidenciam os acontecimentos de Paris, ou seus equivalentes na Síria.
 
A emergência do ciclo neoliberal nos anos 70 deu carta branca à ganância rentista, confiante na expertise do dinheiro para alocar recursos com maior eficiência ao menor custo, tendo o globo como tabuleiro cativo.
 
Os alicerces da democracia social  (o pleno emprego, direitos universais, Estado, partidos e sindicatos forte) foram corroídos.
 
Sob explosões de bolhas, bombas, desemprego, náufragos,  governos e nações acuadas por defenderem a destinação social do desenvolvimento, o século 21 assiste agora aos efeitos colaterais dessa troca.
 
Um poder de chantagem ímpar, dotado de mobilidade sem igual na história do capitalismo ungiu o bunker financeiro em carrasco das nações.
 
O preço da mutação é o novo normal sistêmico.
 
A desigualdade cresce, o emprego definha, o endividamento asfixia famílias e Estados, a política se desmoraliza, fundos e acionistas enriquecem em uma sociedade que vegeta, e sobretudo, quando ela empobrece.
 
A barragem acumula rejeitos de todas as raças, cores e religiões.
 
Não há lugar para todos serem a mesma coisa em parte alguma nessa engrenagem seccionada por diques que separam vidas sólidas de massas líquidas  lamacentas.
 
Se o Estado é capturado integralmente pelos mercados, as pontes para a construção de laços devalores compartilhados entre as nações e dentro das nações ficam intransitáveis.
 
Os terroristas que mataram 127 jovens em uma só noite em Paris diziam exatamente isso enquanto disparavam: 
 
‘Vamos fazer com vocês o que vocês fazem na Síria’, em alusão ao intervencionismo aberto do governo Hollande que se estende da Síria ao Iraque, do Iraque a nações africanas.
 
Estamos falando de um governo socialista, ou melhor, de mais um sintoma da doença maligna que faz da política o novo idioma do caos. 
 
A chave religiosa apenas reforça esse hospício ordenado pela razão financeira, que instala uma guerra social aberta de abrangência global, em nosso tempo.
 
Frentes conflagradas espalham-se pelos mapas das nações e dentro de cada uma delas, nas periferias urbanas onde os rejeitos humanos dos embates se acumulam. 
 
Volta e meia ali também as barragens se rompem.
 
A UE tem hoje 8 milhões de imigrantes sem papéis; 120 milhões de pobres e 27 milhões de desempregados.
 
Após seis anos de arrocho neoliberal para curar a trombose de 2008, o desemprego, a desigualdade, o futuro obscuro, o esfarelamento do padrão de vida dos trabalhadores e da classe média –condensado em uma geração de jovens que dificilmente repetirá a faixa de renda dos pais--  turbinou a rejeição ao estrangeiro, criou o medo da  'islamização, alimentou a extrema direita e liberou a demência terrorista dos alijados.
 
Não necessariamente nessa ordem, mas com essa octanagem. 
 
A consciência dessa longa travessia é um dado fundamental para renovar a ação política num tempo de supremacia das finanças desreguladas, ungidas à condição de um templo sagrado, dotado de leis próprias, revestido de esférica coerência endógena, avesso ao ruído das ruas, das urnas e das aspirações por cidadania plena.
 
Corta. Feche o foco agora no Brasil dos dias que correm.
 
É nesse cenário de guerra aberta que o conservadorismo e seu jornalismo de propagação ‘acusam’ o governo de não ter jogado o país ao mar em 2008, como tantos ‘estadistas’ do ajuste fizeram.
 
O custo de não tê-lo afogado na hora certa –vertem boquirrotos economistas de bancos-- acarretou os custos insustentáveis que ora explodem em desequilíbrios fiscais e orçamentários
 
O ‘voluntarismo lulopopulista’ terá que ser pago a ferro e fogo, lambuza nossos ouvidos a voz pastosa do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, com seu conhecido domínio da macroeconomia.
 
Recomenda-se vivamente beber a cota do dilúvio desdenhada em 2008 de uma talagada só, como Joaquim Levy gostaria, encorajado pelo poleiro de tucanos da Casa das Garças.
 
Só há um jeito de escapar da loucura disfarçada de racionalidade: tirar a economia do altar sagrado da ortodoxia e expô-la ao debate democrático do qual participem todas as forças sociais, unidas em uma frente de propósitos específicos.
 
Novo corte para um close na gosma em movimento no Brasil.
 
Pode-se identifica-la literalmente na massa de lama derramada de uma barragem da mineradora Vale, que já atingiu nove municípios de Minas e do Espírito Santo e avança para matar 880 kms de rios, riachos, ribeirões e fontes.
 
Referência de sucesso da privatização tucana, recordista em distribuir dividendos a seus acionistas, a Vale durante anos só deixou 1% do lucro obtido na mineração de Mariana/MG ao município.
 
Em compensação, despejou agora 60 bilhões de litros de lama tóxica no seu entorno, uma lava que  viaja  pelo Rio Doce para compartilhar com o Espírito Santo a maior catástrofe ambiental da história brasileira.
 
A devastação está apenas no começo.
 
A convalescença pode demorar séculos.
 
Esse é o tempo –advertem geólogos-- para que a lama cuspida pela incúria gananciosa se transforme em solo fértil outra vez.
 
A Vale não vai cuidar do interesse público nessa longa mutação. 
 
O governo Dilma já deveria ter montado um gabinete de crise para enfrenta-la e coagi-la a assumir custos, no limite com intervenção na empresa para saber a extensão das ameaças que esconde.
 
No vácuo, o prefeito Neto Barros (PCdoB-ES), de B.Guandu (ES), fez o que cabe diante das dimensões de um roteiro que começa com o colapso do abastecimento de água, avança para doenças, inclusive câncer, encerra a destruição de cadeias alimentares, representa a falência de agricultores e de cidades, e desemboca em desemprego, revolta e migrações para periferias conflagradas.
 
Neto Barros fechou a ferrovia da Vale com a patrulha de máquinas da prefeitura até que a presidência da empresa aceite negociar.
 
Pergunta: isso é terrorismo? É atentado? 
 
Não. 
 
Mutatis mutante isso é a reação desesperada à supremacia dos interesses de mercado sobre a segurança da sociedade, o bem-estar das populações, a preservação das fontes da vida e o direito ao futuro sonegados por um bombardeio de lama.
 
Numa entrevista famosa em 2009, ao portal da revista Veja, FHC justificou a venda da Vale do Rio Doce – que tinha em Serra o defensor mais entusiasmado, entregou o ex-presidente-- entre outras razões, ao fato de a 2ª maior empresa de minério do mundo ter se reduzido - na sua douta avaliação - a um cabide empregos estatal, 'que não pagava imposto, nem investia'. 
 
Filho dileto do ciclo tucano das grandes alienações públicas, Roger Agnelli -presidente da Vale do Rio Doce de 2001 a 2011 -- foi durante anos reportado ao país como a personificação da eficiência privada reconhecida nessa transação.
 
Com ele, graças a ele, e em decorrência da privatização-símbolo que ele encarnou, a Vale tornou-se uma campeã na distribuição de lucros a acionistas. 
 
Vedete das Bolsas, com faturamento turbinado pela demanda chinesa por minério bruto, que o Brasil depois reimportava, na forma de trilhos, por exemplo, --a única laminação para esse fim foi desativada pelo governo FHC-- a Vale tornou-se o paradigma de desempenho corporativo aos olhos dos mercados. 
 
Um banho de loja assegurado pelo colunismo econômico, ocultava a face de um negócio rudimentar, um raspa-tacho do patrimônio mineral alçado à condição de referência exemplar da narrativa privatista. 
 
Agora se vê o mar de lama acumulado por debaixo do veludo.
 
A 'eficiência à la Agnelli' lambuzou o noticiário pró-mercadista durante uma década de fastígio. 
 
Da cobertura econômica à eleitoral, era o argumento vivo a exorcizar ameaças à hegemonia dos 'livres mercados' pelo lulopopulismo. 
 
Projetos soberanos de desenvolvimento, como o da área de petróleo, eram fuzilados com a munição generosa da menina dos olhos do neoliberalismo: a Vale de balancetes nas nuvens.
 
A política agressiva de distribuição de lucros aos acionistas --na verdade um rentismo ostensivo, apoiado na lixiviação de recursos existentes, sem agregar capacidade produtiva ao sistema econômico-- punha na Petrobrás o cabresto do mau exemplo. 
 
Era a resiliência estatista nacionalisteira, evidenciada em planos de investimento encharcados de preocupação industrializante e 'onerosas' regras de conteúdo local. 
 
A teia de acionistas da Vale, formada por carteiras gordas de endinheirados, bancos e fundos, com notável capilaridade midiática, nunca sonegou gratidão .
 
Enquanto o mundo mastigava avidamente o minério de teor de ferro mais elevado do planeta, a Vale era incensada a cada balanço, seguido de robustas rodadas de distribuição de lucros e champanhe. 
 
No primeiro soluço da crise mundial, em 2008, a empresa administrada pela lógica pró-cíclica dos rentistas reagiu como tal e inverteu o bote: foi a primeira grande empresa a cortar 1.300 trabalhadores em dezembro daquele ano, exatamente quando o governo Lula tomava medidas contracíclicas na frente do crédito, do consumo e do investimento. 
 
A Petrobrás não demitiu; reafirmou seus investimentos no pré-sal, da ordem de US$ 200 bilhões até 2014. 
 
Se a dirigisse um herói dos acionistas, teria rifado o pré-sal na mesma roleta da Vale: predação imediatista, fastígio dos acionistas e prejuízos para o país. 
 
Em seu último ano na empresa, Agnelli  --apoiador confesso da candidatura derrotada de Serra contra Dilma, em 2010--  distribuiu US$ 4 bi aos acionistas. 
 
Saiu carregado nos ombros da república dos dividendos.
 
Indiferente aos apelos de Lula, manteve-se até o fim fiel à lógica que o ungiu: recusou-se a investir US$ 1,5 bi numa laminadora de trilhos que agregasse valor a um naco das quase 300 milhões de toneladas de minério bruto exportadas anualmente pela empresa. 
 
Com a derrota de Serra, o conselho da Vale destituiu o camafeu ostensivo da coalizão tucanorentista, em abril de 2011. 
 
Agora se sabe que o centurião de alardeada proficiência administrativa, além de recolher apenas 2% de royalties ao país, nunca conseguiu reunir recursos para instalar uma simples buzina, que poderia ter salvo vidas levadas pelo mar de lama que legou ao país, enquanto brindava os acionistas com bilhões.
 
Estamos diante de um exemplo em ponto pequeno da desordem global, que à falta de melhor conceito, pode ser batizada de barbárie de mercado.
 
É rudimentar conceito. Porém é mais encorajador do que dizer apenas e tristemente ‘somos todos idiotas’.
*PHA

terça-feira, novembro 17, 2015

Por que esse nome... Cascão?

Mil Santos
Por que esse nome... Cascão?
Pegue visão!!!

Cascão é negro e essa discussão né de agora. Se Maurício de Sousa deu pra pintar ele de branco, em declarações bem anteriores, ele conta que Cascão é um personagem que representa um negro que ele conheceu na infância. O cabelo de Cascão é crespo, o do pai de cascão é crespo, o de cascuda, a menina também associada a sujeira, é crespo e se você pensar que a talhadeira e a marreta é por que o cabelo dele está sujo, observe o cabelo do pai que tem o mesmo formato do de Cascão e dispense essa ideia concluindo que eles são negros sim e que talhadeira e marreta não é pra cortar cabelo crespo mas sim pra quebrar paredes e estruturas de concreto de um modo geral. As vezes é preciso se aprofundar para entender a superfície e não propagar nem defender as laranjadas. Respeitosamente, pegando e passando visão!
Ô de Sousa Maurício...
Isso é ou não é racismo?