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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 18, 2015

UM NOVO PARAÍSO MISTERIOSO E TENEBROSO CHAMADO RONDÔNIA

O cenário de destruição das florestas rondonienses antes em pé e de extração de cassiterita até os anos 80 se mantinham, praticamente, intocáveis.
ESPIGÃO DO OESTE [Rondônia, Brasil] – Na questão ambiental e mineral Rondônia se tornou um Estado misterioso, foi o que afirmou o ambientalista Carlos Augusto da Silva, 67, em trânsito por esta região recheada de exploradores de madeira em extinção e minérios em terras indígenas.
Com raro índice entre os “bons” envolvidos em crimes com o agronegócio voraz, os municípios de Espigão do Oeste, Costa Marques e Guajará-Mirim começam a dar sinais de intenso desmatamento, este último tornou-se um verdadeiro paraíso de madeireiros, uma vez que deveria estar protegido e isso não ocorre há décadas.
Dentro desse contexto, madeireiros considerados ilegais historicamente pelo IBAMA [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] transitam com desenvoltura pelas gerências municipais da SEDAM, em que pese à atuação da Polícia Federal, Ministério Público Federal [MPF] e suas variáveis de contenção, afirmam nativos das reservas locais.
Em Ariquemes, Cacoal, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Vilhena, Rolim de Moura, Espigão, Alta Floresta, São Francisco, São Felipe, Chupinguaia, Costa Marques e Guajará-Mirim conhecidos grupos madeireiros insistem nas operações de corte, serragem e comercialização de madeiras oriundas sem certificação, sobretudo de áreas de reservas sob o olhar complacente das gerências municipais da SEDAM e do ICM-Bio, respectivamente.
Como prova de que tudo pode no atual “Governo da Cooperação” é a não divulgação dos nomes, autuações e relatórios financeiros das operações de combate ao desmatamento e extração ilegal de madeiras em terras indígenas e de proteção pela Coordenadoria de Fiscalização Ambiental [COFAM] da SEDAM.
Além do represamento de dados sobre o verdadeiro quadro de desmatamento no Estado que, inclusive valeu vários pitos dados pela ministra Isabela Teixeira, do Meio Ambiente, a secretária Maria Nanci Rodrigues da Silva, “a SEDAM é acusada de fazer terrorismo e incitar garimpeiros ilegais a usurparem áreas outorgadas pelo DNPM nos garimpos do Mutum-Paraná, Belmont à divisa de Calama com a cidade de Humaitá, no Amazonas”.
O cenário de destruição das florestas rondonienses antes em pé e de extração de cassiterita até os anos 80 se mantinham, praticamente, intocáveis. Atualmente, “há muito se reconhece como natureza singular dos ecossistemas naturais das florestas, até que a assinatura de termo de compromisso entre o IBAMA e a SEDAM.
Por esse documento, parte das áreas de proteção e da república estanífera do Estado ficou à mercê de polêmicas licenças ambientais concedidas pela SEDAM. O órgão, com essas competências, cobra, autoriza operações de manejo [ambiental, animal, vegetal e mineral], mas ao longo da história “tem afrouxado na fiscalização, comprometendo empresas e cooperativas de pequenos mineradores”, denunciam garimpeiros adimplentes com o DNPM.
Na gestão Nanci Rodrigues já houve de tudo. Entre supostos delitos, há denúncias de corrupção, corporativismo e perseguição política a frágeis opositores do atual Governo. Não escapou nem mesmo indígenas lotados no gabinete da secretária Nanci. Sobre, “empresários foram atraídos a pagar para garimpar diamante na Terra Indígena [T.I] Cinta Larga”.
Entre os desmandos registrados no órgão ambiental figuram recebimento de valores para renovação automática de licenças de operações [LO], concessões ao dragueiro Arão Mendes Rodrigues [vulgo Cigano], reuniões com ilegais no gabinete e cessão de documentos sigilosos da COLMAM, COFAM e da Casa Civil, além de licitações fraudulentas a grupos econômicos e políticos aliados do Governo.
Nessa linha, consta ainda, que, o “Governo da Cooperação”, depois de ter revolucionado em promessas não cumpridas, Rondônia se transformou no mais novo paraíso da imunidade nos quesitos crime ambiental, mineral e do serviço público.
Os personagens vão do tronco familiar do governador a aliados encorpados por servidores, deputados, vereadores, prefeitos, empresários [Operação Termópilas da PF e Apocalipse, da Polícia Civil], dragueiros [Operação Eldorado da PF], passando ainda pelo alto clero da magistratura nativa, inclusive com prisões históricas pela Polícia Federal a partir do Mato Grosso e Brasília.
Com parcas áreas de natureza singular, o Estado detém o maior índice de desmatamento de florestas em pé das áreas de reservas habitadas por populações tradicionais. Atualmente, o epicentro dessas operações ilegais situa-se em Cujubim, Machadinho do Oeste, Costa Marques, Guajará-Mirim, Jacy-Paraná [e distritos da Ponta do Abunã] e da Calha do rio Madeira.
Desde a Conferência de Estocolmo [1972], que reconheceu que as florestas em pé são o maior, o mais complexo e mais durável bem de todos os ecossistemas, que “Rondônia sofre com o desmatamento ilegal por falta de políticas racionais de uso da terra e das florestas depredadas por madeireiros e fazendeiros financiadores de campanhas eleitorais”, ele atesta.
Sobre, por final, um ex-assessor da geógrafa Maria Nanci Rodrigues da Silva, ungida pelo clã Marinha e Valdir Raupp [PMDB], esteve reunida em Ariquemes com grupos do agronegócio pecuário, madeireiro e da indústria da mineração. Porém, ele não revelou o conteúdo das incursões da titular da SEDAM traçadas por ela até ás eleições do dia 5 de outubro.
*http://www.newsrondonia.com.br/mobile/noticia.php?id=48793

Fonte: X

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