Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 03, 2015

Ativistas realizam ato em SP para homenagear Marighella, nesta quarta, 4

POLÍTICA
Manifestação ocorre no local onde ele foi executado pela ditadura 
Por Lúcia Rodrigues
Ativistas de direitos humanos, ex-presos políticos e parentes de vítimas da repressão militar participam de uma homenagem a Carlos Marighella, o comandante da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de resistência à ditadura, nesta quarta, 4, às 10h, em frente ao número 815 da alameda Casa Branca, nos Jardins, zona sul da capital paulista.
No local, há 46 anos, no dia 4 de novembro de 1969, forças da ditadura militar fuzilavam, em uma emboscada liderada pelo delegado-torturador Sérgio Paranhos Fleury, o comunista Carlos Marighella.
Considerado pelos militares o inimigo número um da ditadura, o baiano de Salvador, além do ativismo político também incomodava o regime com a caneta. Desde jovem escrevia poemas com denúncias sociais. Um deles lhe causaria sua primeira prisão no início da década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas.
Leia mais:
Filho de um operário italiano e neto de escravos por parte de mãe, uma baiana negra, Marighella enfrentou as adversidades com determinação. Tinha no sangue a indignação e a valentia para a luta.  Não hesitou em comandar a resistência armada quando houve o fechamento do regime. É de sua autoria o livro Mini Manual do Guerrilheiro Urbano, publicado pouco antes de sua morte, com orientações de como agir no combate à ditadura.
Reconhecimento
O governo Dilma oficializou sua anistia post mortem e o Estado brasileiro reconheceu sua responsabilidade na execução do dirigente da ALN. Todo ano, em 4 de novembro, também é realizada uma homenagem na calçada da alameda Casa Branca em frente ao monumento em pedra, erguido no local onde ele foi executado a tiros, para relembrar sua morte.
Esta semana, ativistas repetem a solenidade e reforçam a cobrança pela punição dos torturadores e assassinos que agiram sob a proteção do governo militar. Eles vão lembrar que no último dia 15, o comandante do DOI-Codi paulista, o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido torturador pela justiça e pela Comissão Nacional da Verdade, faleceu sem pagar pelos crimes que cometeu. Durante seu comando à frente do DOI-Codi foram mortos sob tortura pelo menos 45 presos políticos.
Os ativistas também vão rechaçar a homenagem feita pelo Exército ao coronel, no final de outubro, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Eles consideram o ato um insulto contra as vítimas de Ustra e seus familiares.
*caros amigos 
*FlaviaLeitao

Nenhum comentário:

Postar um comentário