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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 29, 2011

Charge do Dia

Manifestantes ocupam editora Abril para protestar contra jornalismo de esgoto da revista Veja

Ativistas do Anonymous entram no prédio da editora Abril e protestam contra a "Veja"

Cerca de 50 manifestantes dos movimentos Anonymous e Ocupa Sampa entraram por volta de 18h desta sexta-feira (28) no prédio da Editora Abril, na zona oeste de São Paulo, para protestar contra a revista “Veja”, que na edição do último sábado (22) estampou na capa a máscara símbolo do Anonymous para ilustrar uma reportagem sobre combate à corrupção.

Segundo Rafael Vilanova, 25, que participa do protesto, os Anonymous não querem ver a imagem do grupo ligada à revista. “Repudiamos a capa da 'Veja', que usurpou a verdade e manipulou nossa mensagem, nossa ideia". A imagem usada pela revista é a máscara branca, com cavanhaque preto, que representa o soldado inglês Guy Fawkes e foi usada na série em quadrinhos "V de Vingança", de Alan Moore.

No protesto, os ativistas --entre eles malabaristas e artistas circenses-- exibiram cartazes contra a revista, com os dizeres “A Veja não me representa” e “Chega de mentiras”. Eles exigiram que a revista publique, na próxima edição, uma carta do grupo.

A reportagem está tentando localizar representantes da revista. (Faz-me rir...)

*esquerdopata

Eu Não Vou me Mover - Curta Metragem - Uma obra prima


*GrupoBeatrice

O Enem, sua metodologia e os vazamentos

Os itens que compõem a prova do ENEM são todos testados previamente. A metodologia da Teoria de Resposta ao Item se baseia num pré-teste, a fim de estabelecer parâmetros sobre cada item, como por exemplo dificuldade, interdisciplinaridade, capacidade de discriminar.
Um item com boa capacidade de discriminação o é porque a maior parte dos estudantes que vão bem no teste (nota agregada) o respondem corretamente, e a maior parte dos estudantes que vão mal o respondem incorretamente.
Calibrar uma prova, levando em conta os parâmetros citados, e outros mais, só é possível através de simulados de ENEM aplicados ao longo do ano em colégios do país afora. Admira que isto ainda seja surpresa, mas é impossível aplicar a metodologia da TRI e também o sigilo absoluto dos itens.
Contraponto 1: não estava previsto que professores pudessem fotocopiar cadernos de questões dos simulados. Tem que fiscalizar quem menos se desconfia.
Contraponto 2: na escolha de questões para a prova, é recomendável uma distribuição geográfica uniforme dos itens que a comporão. Com todas as letras, se há um erro do INEP, foi o de tirar 14 itens de um simulado aplicado em uma escola. Espera-se que, abolido o sigilo absoluto, não seja dado a conhecer a um grupo de potenciais candidatos, por pequeno que seja, o conhecimento sobre parte significativa da prova.
Se algum leitor aqui achou difícil estas explicações, fica fácil entender porque ainda não li em nenhum jornal sobre a impossibidade do sigilo absoluto no ENEM.
O que querem o procurador cearense e seus aliados do sul? Querem a continuação do vestibular como etapa da educação, porque não há escândalo... Mas escândalos podem ser fabricados. A ameaça maior do ENEM foram as palavras do ministro Haddad: em 10 anos, acaba o vestibular no Brasil. O que farão os colégios particulares, os cursinhos e as próprias divisões de concursos dentro das universidades?
Túlio Carvalho
*comtextolivre

Como seria um Brasil sem Lula?

Agora que as notícias dão conta da boa perspectiva de restabelecimento do Lula, é curioso debruçar nas análises apressadas sobre uma era pós-Lula.
Aliás, chocante a maneira como algumas comentaristas celebraram a doença de Lula. Até nos ambientes mais selvagens - das guerras, por exemplo - há a ética do guerreiro, de embainhar as armas quando vê o inimigo caído, por doença, tragédia ou mesmo na derrota. Por aqui, não: é selvageria em estado puro.
A analista-torcedora supos que, com a doença de Lula, haveria uma mudança radical no quadro político. Sem voz, Lula seria como um Sansão sem cabelos. Sem Lula, não haveria Fernando Haddad. Sem contar os diagnósticos médico-políticos-morais, de que Lula foi castigado por sua vida desregrada. Zerado o jogo político, concluiu triunfante.
Num de seus discursos mais conhecidos, Lula bradava para a multidão: "Se cortarem um braço meu, vocês serão meu braço; se calarem a minha voz, vocês serão minha voz...".
Qualquer tragédia com Lula o alçaria à condição de semideus, como foi com Vargas. O suicídio de Vargas pavimentou por dez anos as eleições de seus seguidores. É só imaginar o que seriam os comícios com a reprodução dos discursos de Lula. Haveria comoção geral.
A falta de Lula seria visível em outra ponta: é ele quem segura a peteca da radicalização. Quem seguraria suas hostes, em caso da sua falta? Seu grande feito político foi promover um pacto que envolveu os mais diversos setores do país, dos movimentos sociais e sindicais aos grandes grupos empresariais. E em nenhum momento ter cedido a esbirros autoritários, a represálias contra seus adversários - a não ser no campo do voto -, mesmo sofrendo ataques implacáveis.
Ouvindo os analistas radicais, lembrando-se da campanha passada, como seria o país caso Serra tivesse sido eleito? É um bom exercício. Não sobraria inteiro um adversário. Na fase Lula, há dois poderes se contrapondo: o do Estado e o da mídia e um presidente que nunca exorbitou de suas funções. No caso de Serra, haveria a junção desses dois poderes, em mãos absolutamente raivosas, vingativas.
Ao fechar todos os canais de participação, Serra sentaria em cima de uma panela de pressão. Sem canais de expressão, muitos dos adversários ganhariam as ruas. Sem a mediação de Lula, não haveria como não resultar em confrontos. Seria uma longa noite de São Bartolomeu.
Essa teria sido a grande tragédia nacional, que provavelmente comprometeria 27 anos de luta pela consolidação democrática.
*Luís Nassif

Força, Lula

 

A fatalidade não se abate igualmente sobre todos os homens. O destino, com seus mistérios, reserva a alguns deles um papel que, embora continuem seres humanos comuns, como nós, os tornam especiais para as coletividades.
Lula é um deles.
Estes homens são capazes de catalisar a força das aspirações de um povo que, de outra forma, ficaria dispersa. Como no magnetismo, têm o poder de orientar todas as partículas humanas que integram uma sociedade e, com isso, criar e fazer agir a imensa força das coletividades que empurra a roda da História.
A estes homens e mulheres, chamamos líderes.
E os líderes, como já disse alguém sobre os príncipes, também se alimentam da força que são capazes de despertar em seus povos.
Agora, neste momento difícil, Lula precisa e terá esta força do seu povo.
Os insondáveis mistérios da natureza das coletividades têm este poder. Não é religião, não é  misticismo. É apenas a sensação humana, comum a todos os seres humanos, de sermos, assim como finitos, infinitos nos nossos desejos e pensamentos.
Veremos e viveremos.
*Tijolaço

Em nota, presidenta Dilma Rousseff deseja rápida recuperação ao ex-presidente Lula

Nota OficialA presidenta Dilma Rousseff divulgou hoje (29) nota à imprensa em que deseja a “rápida recuperação do presidente Lula”. No texto, ela diz que como “Presidenta da República e ex-ministra do presidente Lula, mas, sobretudo, como sua amiga, companheira, irmã e admiradora” estará ao lado dele com apoio e amizade para acompanhar a superação de mais esse obstáculo.
Leia abaixo a nota oficial.
Em meu nome e de todos os integrantes do governo, junto-me neste momento ao carinho e à torcida de todo o povo brasileiro pela rápida recuperação do presidente Lula.
Graças aos exames preventivos, a descoberta do tumor foi feita em estágio que permite seu tratamento e cura. Como todos sabem, passei pelo mesmo tipo de tratamento, com a competente equipe médica do Hospital Sírio Libanês, que me levou à recuperação total. Tenho certeza de que acontecerá o mesmo com o presidente Lula.
O presidente Lula é um líder, um símbolo e um exemplo para todos nós. Tenho certeza de que, com sua força, determinação e capacidade de superação de adversidades de todo o tipo, vai vencer mais esse desafio. Contará também, para isso, com o apoio e a força de D.Mariza.
Como Presidenta da República e ex-ministra do presidente Lula, mas, sobretudo, como sua amiga, companheira, irmã e admiradora, estarei a seu lado com meu apoio e amizade para acompanhar a superação de mais esse obstáculo.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
*grupobeatrice

Infância entre grades: crianças palestinas são alvo de tortura e detenções ilegais em Israel


imagemCrédito: Operamundi
 Arturo Hartmann
Centenas de crianças palestinas são presas e julgadas em Israel quase sempre sob uma acusação: atirar pedras
Apesar de a legislação de Israel proibir a prisão de crianças e adolescentes, o país é alvo de constantes denúncias de organizações – palestinas e israelenses –, que acusam o exército de deter centenas de jovens. Em agosto de 2011, havia aproximadamente 201 crianças palestinas presas, incluindo 40 com menos de 16 anos nas prisões de Ofer, Meggido e Rimonim, de acordo com a Addameer (Organização de Apoio a Prisioneiros Palestinos).
A maior parte dessas crianças é julgada nas Cortes Juvenis Israelenses nos Territórios Ocupados da Palestina, principalmente pelo crime de arremesso de pedras, forma de resistência comum entre os palestinos. As cortes, que completam dois anos em novembro, foram criadas por uma Ordem Militar pelo Comandante Militar dos Territórios Palestinos Ocupados (tPo). Elas surgiram após criticas de movimentos israelenses com o tratamento dado a menores de idade pela Justiça Militar de Israel. Antes, os jovens eram tratados como adultos.
Organizações que analisam questões legais nos tPo publicaram nos meses de julho e agosto relatórios de balanço dos quase dois anos de atuação dessas Cortes. As conclusões são as piores possíveis. Relatório do DCI-Palestine (Defende for Children International) informa que, por ano, cerca de 700 crianças da Cisjordânia são processadas nas cortes militares israelenses depois de presas, interrogadas e detidas. “A estimativa de 2000 para cá é que cerca de 7.500 crianças foram detidas e processadas”, concluiu a entidade.
O crime mais comum é o arremesso de pedras. “Não vamos fingir que não é nada. Se uma pessoa estiver dirigindo a 80 quilômetros por hora em uma estrada e receber uma pedra no vidro dianteiro, pode sofrer um acidente e machucar-se. Mas é um crime político, não no sentido criminal civil. Uma das coisas que fazemos no relatório é diferenciar as pedras e os coquetéis molotov em soldados e colonos, pois isso não é feito em Tel Aviv ou em Haifa, é feito em ruas da Cisjordânia”, disse a advogada Neomi Lalo, do No Legal Frontiers (NLF), organização de advogados criada em 2009 para analisar o trabalho das cortes.
A ONG israelense B´tselem foi atrás de dados do distrito policial da Samaria e da Judeia (como o governo define a Cisjordânia). De 2005 a 2010, foram registrados entre 2,1 mil e três mil casos de lançamento de pedras. O Escritório Oficial do Exército de Israel registrou entre 3,6 mil e 4,3 mil episódios de violência contra civis (colonos), forças de segurança (presença militar nos tPo) e contra o muro que isola os palestinos na Cisjordânoa.
“O B´tselem tentou determinar o número de pessoas feridas pelo lançamento de pedras nestes anos. Todas as agências do governo israelense contatadas responderam que não tinham os dados pedidos”, informou a ONG. Os números fornecidos pelo exército incluem 835 menores processados na Justiça Militar por atirar pedras. Destes, 34 tinham 12 ou 13 anos; 255, 14 ou 15 e 546 tinham 16 ou 17 – a ONG ignorou um antiga lei que definia a maioridade acima dos 16 e incluiu dados de crianças com 16 e 17.
Laila Alawawde, dona de loja de roupas, ligada à Cooperativa das Mulheres de Hebron, contou que o filho passou pela corte. “Os israelenses o acusaram de atirar pedras. Ele ficou dois meses e dois dias preso, quando tinha apenas 15 anos. Ele saiu para comprar pão e estava no lugar errado na hora errada”, lamentou. “Na última sessão da corte, por haver tantos jornalistas, eles disseram ao meu filho: ‘Como responsável pela prisão, tenho o direito de matar três palestinos. Se abrir a boca, você será um desses três’”, denunciou.
O relatório do B´tselem entrevistou 50 menores. Destes jovens, 30 disseram que foram retirados de suas casas no meio da noite e que seus pais não puderam acompanhá-los. Mais de 20 disseram que não puderam dormir, ir ao banheiro ou comer enquanto esperavam pelo interrogatório. Dezenove reclamaram de violências verbais e físicas durante o interrogatório na estação de polícia. Mais especificamente, cinco reclamaram de violência verbal, citando ameaças de ferimentos físicos, prisão prolongada e cancelamento da permissão de trabalho do pai em Israel – uma eficiente forma de controle, também utilizada para inibir manifestações políticas de adultos. Aqueles que foram submetidos a violência física “forneceram descrições sérias de tapas, surras, chutes e aplicações de pressão em várias partes do corpo”.
O jornal britânico The Independent publicou uma matéria no final de agosto em que revela cenas do interrogatório de uma criança. Leia a descrição da repórter: “o menino, pequeno e frágil, está lutando para manter-se acordado. Sua cabeça pende para o lado, até que toca seu peito. ‘Levante a cabeça! Levante!’, grita um de seus interrogadores, dando-lhe um tapa. (...) Durante as quase seis horas de vídeo, Islam Tamimi, de 14 anos, cansado e com medo, é gradualmente quebrado até o ponto em que incrimina homens de sua vila e lhes oferece contos fantásticos que sabe que querem ouvir”.
Sahar Francis é diretora da Addameer, uma ONG palestina de Apoio a Prisioneiros dentro da Cisjordânia. Ela enxerga a prática de usar crianças como uma forma de perseguição política. “Com tortura e ameaças de torturas, os soldados facilmente conseguem confissões contra líderes ou ativistas da resistência ao Muro, à demolição de casas e à expansão dos assentamentos. E, no sistema legal israelense, conseguir uma confissão depois de tortura ou outros expedientes não a anula automaticamente. Esta é uma forma fácil de acusar ativistas e mandá-los para a cadeia”, explicou.
Neomi Lalo tem uma opinião pessoal a respeito dos motivos que levaram, após 42 anos desde 1967, à criação de cortes para crianças: “Depois da Operação Chumbo Fundido (bombardeio israelense sobre Gaza em 2009 que matou mais de 1,3 mil palestinos), houve muita pressão para levar Israel às Cortes Internacionais. Assim, Israel pode dizer: ‘mas, veja, nós fizemos as Cortes Juvenis’. O problema é que há uma Corte Juvenil, mas não há uma lei juvenil que possa ser aplicada.”
Terrorismo de Estado utlizado por miltiares israelenses
Uma força militar que ameça crianças é uma força militar covarde
Crianças sendo utilizada como escudo humano por militares israelenses

Cada sabujo tem seu preço



Curioso é que grande parte dos jornalistas paladino da ética e do bom costume já se viu envolvido com algum tipo de maracutaia.Noblat recebeu "mensalinho" do Senado.Cláudio Humberto, pilhado na Operação Avalanche da Polícia Federal, foi acusado de ter recebido R$ 10 mil para escrever uma nota contra os fiscais que autuaram a Cervejaria Petrópolis.Josias de Sousa já foi acusado de receber dinheiro do governo de FHC para "plantar" matéria contra o MST.Fernando Rodrigues, William Waca são acusados de informantes dos EUA. REINALDO AZEVEDO foi acusado de ter recebido dinheiro da banco Nossa Caixa para ficar puxando o saco de Geraldo Alckmin.É esse tipo de gente que consegue derrubar ministro.
 

O poder da mídia

Por Osvaldo Bertolino
O episódio envolvendo o agora ex-ministro Orlando Silva revela que em um momento de volume inédito de informações à disposição do público é possível que nunca o cidadão brasileiro tenha estado tão mal informado. É um paradoxo dos nossos dias. E um problema para todo mundo.
Os grandes meios de comunicação têm desempenhado com competência o papel de desinformar. Para quem tem a necessidade de decidir, basear-se em informação errada, distorcida, viciada ou simplesmente falsa significa, freqüentemente, tomar decisões equivocadas ou deixar de tomar decisões certas.

A conseqüência, na vida real, é, para muitos, a perda de rumo, de oportunidades e eventualmente da própria perspectiva. Há algum tempo, a Folha de S. Paulo publicou uma sugestiva carta de um leitor. "Desculpe, mas acabou a minha capacidade de absorver só notícias negativas. A Folha há muito deixou de praticar um jornalismo investigativo e entrou firme no jornalismo denunciativo, que não leva a nada", disse ele.

O leitor estava comunicando a perda da paciência com um determinado tipo de jornalismo. Ele não é o único nem a Folha de S. Paulo a única publicação a colocar como prioridade de sua estratégia editorial a busca do pior em tudo. A má informação na mídia brasileira se manifesta de diversas maneiras, mas seu foco mais visível está na obsessão de apresentar um quadro de catástrofe terminal para o governo.

A mídia raramente consegue ver uma nuvem sem logo anunciar uma inundação. A overdose de denúncias, acusações e condenações sumárias resultantes disso acaba por provocar sérias distorções na qualidade de informação que o público recebe. Não que a realidade brasileira seja maravilhosa — e ninguém diz isso. Ela é apenas diferente da realidade traçada pela mídia.

Hoje, para a mídia, a realidade é só aquilo que aparece em seu noticiário — o que está lá existe; o que não está não existe. Isso é claramente percebido em certas entrevistas. Responder às perguntas de determinados jornalistas, hoje, vai se tornando um exercício cada vez mais parecido com uma partida de xadrez, onde é necessário antecipar os três ou quatro lances seguintes do adversário.

Soldado
A pergunta não é simplesmente uma pergunta: muitas vezes é uma armadilha destinada a extrair alguma declaração que será usada contra o entrevistado nas perguntas à frente. A pessoa que está sendo inquirida precisa, assim, calcular cuidadosamente tudo o que diz. Se disser A, será perguntada adiante a respeito de B ou C; se disser Y, abrirá espaço para que lhe perguntem sobre X ou Z, e assim por diante. Entrevistas supostamente jornalísticas se transformam em interrogatórios.

O fato é que muitos jornalistas, quando se dirigem a alguém, não querem realmente obter uma informação. Querem apenas obter alguma forma de confirmação ou justificativa para aquilo que já decidiram divulgar — por já terem decidido, seguindo a lógica da mídia, que sua visão pessoal das coisas equivale à realidade.

Declarações, fatos ou números que se contraponham a ela são ignorados; só é levado ao público o que combina com aquilo que esse tipo de jornalista quer dizer. As acusações, convenientemente, baseiam-se em fontes anônimas. E, quando a mídia tenta apresentar testemunhas capazes de provar alguma coisa, tudo o que aparece são obscuros personagens que não testemunham nada e dizem, no fundo, apenas ter ouvido falar da história — como faz esse soldado banda podre e astro da mídia, João Dias. Mas isso não é suficiente para coibir o frêmito acusatório.

Desafio
O controle da liberdade de imprensa no Brasil pelo poder econômico está alicerçado nos princípios do golpe de 1964 — promovido pelos grupos privados para assaltar o Estado e moldá-lo à sua imagem e semelhança. Os grupos que controlam com poderes ditatoriais a liberdade de expressão no Brasil pretendem controlar, ao mesmo tempo, as verbas publicitárias, o trabalho dos jornalistas, os meios audiovisuais de comunicação, a produção cultural, as informações prestadas por funcionários federais, os sigilos bancário e fiscal dos cidadãos e as ações do Ministério Público. A conclusão é inescapável: os grupos que controlam a mídia brasileira fogem da democracia como o Diabo da água benta.

Esse episódio fez ressaltar no panorama brasileiro uma séria distorção na democracia. Liberdade de expressão não é um direito hierarquicamente superior aos demais direitos e garantias individuais e coletivas. Na Constituição está no mesmo patamar o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. Todos igualmente invioláveis e indispensáveis.

É preciso haver um equilíbrio entre eles. A defesa da liberdade de expressão exige protegê-la contra abusos como estes. Na democracia, são tarefas conciliáveis. O desafio é enfrentar essa distorção. Esse debate pode ganhar densidade se começar a abordar com ênfase a importância de democratização da comunicação, com meios públicos e veículos de massa dos partidos progressistas e das entidades populares.

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Editor do Grabois.org.br
 

TSE chancela o uso do poder econômico

TSE livra de cassação Rosalba Ciarlini, governadora do RN

 


Débora Santos Do G1, em Brasília
 

A governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, em setembro, no Senado (Foto: Lia de Paula / Agência Senado)
 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu nesta quinta-feira (27), por 6 votos a 1, a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), em processo que pedia a cassação de seu mandato e do vice-governador, Robinson de Faria. Os dois foram acusados de abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e propaganda eleitoral irregular. A defesa negou todas as acusações.
 
Rosalba é a única governadora do DEM em exercício do mandato e foi denunciada pelo ex-governador do estado Iberê Ferreira. De acordo com ele, Ciarlini teria se beneficiado em relação aos concorrentes com 104 aparições em uma emissora de TV no estado durante o primeiro semestre de 2010, enquanto ainda era senadora.
Além disso, a governadora é acusada de ter usado a verba indenizatória dada pelo Senado para pagar despesas da campanha de 2010. Segundo o processo, haveria suposta coincidência entre prestadores de serviços pagos pelo Senado com aqueles que prestaram serviços eleitorais para a ex-senadora. Funcionários do gabinete no Senado também teriam sido usados para fazer campanha para Rosalba.

A defesa da governadora negou o uso de meios para desequilibrar a disputa eleitoral do ano passado. Com base em depoimentos, os advogados alegaram que nenhuma empresa paga com verba indenizatória do Senado prestou serviços para a campanha de Rosalba.

O advogado Fernando Neves argumentou também que as aparições da governadora na televisão aconteceram porque, antes de se eleger, ela era presidente da Comissão de Assuntos Sociais do Senado.

"Em todas as aparições ela tratou de coisas exclusivas da sua atuação como senadora e presidente da Comissão de Assuntos Sociais. Falta de qualquer favorecimento ou registro de desequilíbrio", argumentou o advogado.

Julgamento


A relatora do caso no TSE, ministra Nancy Andrighi, votou contra a cassação da governadora. Para ela, os 49 minutos de entrevistas que Rosalba deu à emissora de TV, no período de 6 meses, não foram suficientes para desequilibrar a disputa pelo governo do estado.

"As aparições da governadora, em sua maioria, referem-se a projetos de lei, audiências públicas ou questões debatidas no Congresso. Todas, naturalmente, de interesse público. Em nenhuma oportunidade houve pedido de votos ou exaltação da senadora", disse a ministra.

A relatora também afastou a acusação de uso indevido da verba indenizatória do Senado pela governadora, durante a campanha. "Não houve sequer a demonstração da ocorrência do ilícito e, ainda que houvesse o pagamento, não teria a potencialidade suficiente para desconstituir o diploma outorgado a governador de estado", afirmou Nancy Andrighi.
 
Apesar de não acreditarem que as acusações sejam suficientes para cassar o mandato, alguns ministros criticaram o comportamento da governadora durante a campanha.

"Qual é a mensagem que o tribunal dá? Sabemos que no Brasil há inúmeras emissoras de TV e radio que são controladas direta e indiretamente por políticos", disse o ministro Marcelo Ribeiro, citando julgamento de 2006 em que Rosalba Ciarlini, então candidata ao Senado, também respondeu na Justiça Eleitoral por abuso dos meios de comunicação.
 
"Não se configura potencialidade para cassação, mas é preocupante que a jurisdição, que é sinalização para sociedade, parece que não atinge algumas práticas", afirmou a ministra Cármém Lúcia.
 
Único a votar pela cassação da governadora, o ministro Marco Aurélio Mello condenou a postura da então candidata que apareceu mais de 100 vezes na televisão no ano eleitoral. "O conjunto da obra para mim é muito pesado. Que busquemos novos rumos principalmente considerando aqueles que dirigem as unidades da federação", disse o ministro.

A icônica foto de John Lennon vestindo uma camiseta com os dizeres "New York City"

© Foto de Bob Gruen. John Lennon vestindo uma camiseta com os dizeres "New York City". NYC, 1974.

Esta icônica imagem de John Lennon de óculos escuros vestindo uma camiseta com os dizeres "New York City" foi feita em 29 de agosto de 1974, pelo fotógrafo Bob Gruen, que trabalhou como fotógrafo pessoal de John Lennon. Naquela época John precisava de uma imagem para a capa do novo álbum e de fotos para a imprensa. "Foi um dia bonito, e ensolarado", diz May Pang, companheira de Lennon na ocasião. Lennon pediu para colocar a camiseta que ele tinha comprado na calçada por cinco dólares, com o escrito New York City em negrito, com as mangas cortadas com uma faca. A imagem se tornou conhecida no mundo inteiro. 
*Images&Visions