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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
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sábado, maio 24, 2014

 UM PETARDO - MADE USA - PARA DESINTEGRAR O BRASIL


O escritor Hans Christian Andersen, que entendia do assunto, dizia que “os contos de fadas são escritos para que as crianças durmam, e os adultos despertem.”



A RAPOSA E O GALINHEIRO


Em uma das fábulas que envolvem canídeos e galináceos, ambas da tradição lusitana, aprende-se porque não se deve deixar a segurança do galinheiro a cargo desses predadores.

A lembrança vem à tona com a notícia, publicada pelo Valor Econômico, de que a Boeing, norte-americana, está trazendo, para o Brasil, sua divisão de Defesa, Espaço e Segurança, para tentar prestar serviços de segurança cibernética a órgãos como o Ministério da Defesa, o da Ciência e Tecnologia, grandes estatais, bancos e companhias do setor privado.
É O estratégico tesouro negro do pré-sal  o alvo preferencial da espionagem do império (Mviva) 

Justamente algumas das áreas que foram mais visadas, e que, com certeza, continuam a ser  espionadas, por agências norte-americanas de informação, como a NSA, no âmbito do vasto “galinheiro cibernético” da rede mundial de computadores.

Embora no site oficial da BDSS – o braço de defesa da Boeing – o link relativo à “defesa nacional” não leve mais a parte alguma, na seção Government Operations fica clara, como não poderia deixar de ser, a estreita ligação da empresa com o seu país de origem, onde tem fábricas e instalações em mais de 50 estados, e conta com 58 mil funcionários, e um faturamento de 33 bilhões de dólares.

No Brasil – mesmo que contem com fortes concorrentes de outras regiões do mundo -  basta que empresas sejam norte-americanas, e tenham certa reputação estabelecida, ao longo dos anos, por meio de ações de marketing, para que as portas se abram como em um passe de mágica, muitas vezes, sem que sequer seja obedecida a legislação, do ponto de vista de licitação e contratação de serviços.

Esse está sendo agora o caso da joint- venture assinada pela CEF com a IBM, em 2012, para prestar serviços no montante de mais de 1 bilhão de reais, que está sendo contestada e avaliada pelo TCU – o Tribunal de Contas da União.

Na administração pública, é preciso tomar cuidado com quem se coloca dentro de casa, e  se assinam certos convênios, como foi o caso da contratação da Academi, ex-Blackwater -uma empresa privada de mercenários, acusada de crimes em várias regiões do globo -  para o treinamento de policiais brasileiros responsáveis pela segurança da Copa do Mundo.     

No lugar de contratar empresas estrangeiras, o Governo Federal – e os estaduais – por meio do SERPRO, da TELEBRÁS, de nossas universidades e institutos de pesquisa, precisa investir em software nacional e livre, servidores próprios, e criptografia. E  estabelecer parâmetros que proíbam ou desestimulem a compra de soluções externas – principalmente de países que já nos espionaram –  nas quais, eventualmente, como a raposa dentro do galinheiro, possam vir “portas” ocultas  para dar acesso a empresas e governos de outros países a nossas informações nacionais estratégicas. 


Postado por Mauro Santayana
*militanciaviva

domingo, abril 27, 2014

A ILUSÃO MEXICANA.

A AFIADA DOUTRINA DO TIO SAM




COMÉRCIO EXTERIOR - A ILUSÃO MEXICANA.

A cada dia surgem novas evidencias e informações que desmontam o mito do México como paradigma de progresso e modernidade na América Latina, e de um exemplo e modelo de corte neoliberal para o desenvolvimento de outros países da região.


Não bastasse a revelação de que quatro em cada dez mexicanos estão passando fome,  de que não existe sequer seguro desemprego no país, e de que cerca de 60% da população sobrevive na informalidade, sem direito a vale alimentação ou aposentadoria, por exemplo, cai agora por terra a posição do país como grande potência exportadora.
Um estudo recente, publicado na Revista  Paradigmas, editada por um conjunto de universidades mexicanas, com o título de “quão mexicanas são as exportações mexicanas”, mostra que, de 1987 a 2011, as exportações cresceram até chegar a quase um terço do PIB, mas ao mesmo tempo, a produção per capita, segundo o Banco  Mundial, ficou em apenas 2% ao ano.
A causa dessa dicotomia, que faz com que as exportações tenham crescido muito mais do que a produção - e com que persista a pobreza - seria, justamente, o baixíssimo nível de conteúdo nacional nas exportações mexicanas.

Usando dados sobre a relação insumo-produto desenvolvida pelo economista Marcel Timmer, os autores - mexicanos - do estudo, separaram os cinco setores de maior vocação exportadora do México, Brasil, Coréia do Sul e China, e se debruçaram sobre o conteúdo nacional da produção enviada por eles enviados para o exterior.
A conclusão, ao final do trabalho, foi a de que, excluídas as atividades de extração de recursos naturais ou o processamento básico desses recursos, o maiores setores exportadores da economia mexicana são justamente aqueles que apresentam menor conteúdo nacional.
Enquanto no Brasil e na China o conteúdo nacional dos cinco maiores setores exportadores é de aproximadamente 90%, e na Coréia do Sul é de 80%, no México ele não passa de 60%.
Por essa razão, quando as exportações  crescem, no México, seu impacto na utilização de insumos nacionais e no salário da população é mínimo e muito menor do que ocorre no Brasil e na China.
No México, existe um divórcio, um forte desacoplamento entre o setor exportador e o resto da economia, o que faz com que nem os empresários, nem os trabalhadores locais se beneficiem da “abertura” do país para o exterior.

Isso confirma o que qualquer observador com um pouco de bom senso já sabia. O setor exportador mexicano funciona como  um enclave dentro da economia local. E se beneficia de seus baixos salários e da localização geográfica das “maquiladoras”, para fazer uma breve parada, a caminho do mercado dos Estados Unidos.
O dinheiro não fica no México, já que, ao contrário do Brasil, a maioria dos setores de maior potencial exportador são de capital estrangeiro, e os lucros, assim como o suor dos trabalhadores, vão, em sua quase totalidade, para o exterior.

por Mauro Santayana no Jornal do Brasil

sexta-feira, abril 18, 2014

O G-20, os BRICS e a reforma do FMI



 




A reforma do Fundo Monetário internacional pretende dar maior peso aos países emergentes na instituição, diminuindo a importância, as cotas e o poder de decisão de nações europeias cuja economia perdeu importância relativa nos últimos anos.

A reforma, nos moldes em que está, precisa ser aprovada pelo legislativo dos países membros, e se encontra  travada no Congresso dos Estados Unidos, há quatro anos, embora já tenha recebido o aval de 144 países, ou 76% do total de votos da organização.
Por causa disso, autoridades como o Presidente do G-20 financeiro, o ministro australiano do Tesouro, Joe Hockey, e o próprio ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, disseram que, se nos próximos meses, não se superar o impasse, “alternativas” seriam buscadas, juridicamente, para superar o bloqueio do Congresso dos EUA.

Não é apenas a paciência do G-20 que se está esgotando com a posição norte-americana quanto ao FMI, mas, principalmente a do BRICS, cujos países serão beneficiados com um aumento em seu poder de voto equivalente a 6% das cotas da instituição, fazendo com que chegue a 14,1%, se aproximando do peso dos próprios EUA.

Nos dias 15 e 16 de junho, logo após a Copa, os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se reunirão, no Brasil, em Fortaleza, no Ceará, para sua cúpula presidencial de 2014.

No encontro devem ser discutidos dois temas: a criação de um Banco de Desenvolvimento para o BRICS, com um capital inicial de 50 bilhões de dólares; e de um fundo de reservas, que, na verdade, funcionaria como um embrião de um futuro FMI comandado pelos países emergentes, com capital também inicial de 100 bilhões de dólares.

Embora o fim dos BRICS esteja sendo cantado, há anos, em verso e prosa, pela imprensa ocidental - e por países que não tem nenhuma condição de  entrar para o grupo, como o México - o fato é que Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, crescem na média, mais que os EUA e a Europa; têm, juntos, um PIB de 16,2 trilhões de dólares, superior ao da Zona do Euro; e até 2018, segundo o próprio FMI, a renda per capita de seus 3 bilhões de habitantes deve crescer 37%.    
    
Começando como uma sigla econômica, imaginada por um economista da Goldman Sachs, Jim O´Neill, o BRICS é, hoje, por mais que isso não agrade a alguns, uma aliança estratégica de alcance global, que mudará a história do mundo nos próximos anos."
*Saraiva

quinta-feira, abril 10, 2014

 

 A VEZ DE DONETSK - RESPEITEM AS VOZES QUE VEM DAS RUAS!




Por Mauro Santayana
Manifestantes que ocupam, há 48 horas, instalações públicas em Donetsk, na Ucrânia, proclamaram, unilateralmente, ontem, uma República Popular, na província em que se fala russo. E querem convocar um referendo para sua anexação à Rússia, para o próximo dia 11 de maio, nos moldes do que foi feito na Crimeia no mês passado.
As autoridades policiais não resistiram nem tentaram conter os manifestantes.

Em outra cidade, Lugansk, manifestantes favoráveis à Rússia ocuparam a sede dos órgãos de segurança, e fizeram o chefe de polícia — que também não resistiu — libertar dezenas de prisioneiros favoráveis a Moscou que estavam detidos há alguns dias.
Em Kharkov, segunda maior cidade ucraniana e centro industrial do país, houve enfrentamento entre habitantes de língua russa, que ocuparam a sede do governo local, e manifestantes fiéis ao golpe desfechado contra o presidente Yanukovitch em março.

Embora as novas “autoridades” ucranianas estejam acusando o serviço secreto russo pelos tumultos, a verdade é que o apoio ao governo golpista é cada vez menor, e boa parte do território ucraniano é ocupado por habitantes de origem russa, que se recusam a se aproximar do Ocidente e se sentem ameaçados pelos golpistas de extrema direita que estão no poder em Kiev.
Eles viram que, ao contrário do que ocorreu na “libertação” do Iraque, do Egito, da Líbia, do Afeganistão, pela Otan, onde morreram — e continuam perdendo a vida — centenas de milhares de pessoas, a “russianização” da Crimeia foi feita em poucos dias, e quase sem violência.
O fato é que, assim como fez, em muitos outros lugares, supostamente em nome da “democracia”, o Ocidente desestruturou completamente uma nação que se encontrava institucionalmente unificada, funcionava razoavelmente dentro da lei, com um presidente eleito diretamente pela população, e aguardava pacificamente as próximas eleições, porque não queria que a Ucrânia “caísse” sob a influência de Moscou.

Como demonstra a situação em Donestk e em Kharkov, a influência russa na Ucrânia, do ponto de vista político, econômico, cultural, já existia, é muito maior do que se pensa na Europa e nos EUA, e permeia vastas regiões e milhões de habitantes, que se sentem russos.
A Rússia está em seus corações e mentes. Eles vivem como russos há séculos. E é mais fácil que a Ucrânia se divida a partir da fragmentação irresponsavelmente iniciada em Maidan, do que eles virem a se inclinar para o lado contrário, o dos golpistas neofascistas, que tomaram o poder de assalto em Kiev há poucas semanas.
Postado por  institucionalmente unificada, funcionava razoavelmente dentro da lei, com um presidente eleito diretamente pela população, e aguardava pacificamente as próximas eleições, porque não queria que a Ucrânia “caísse” sob a influência de Moscou.

Como demonstra a situação em Donestk e em Kharkov, a influência russa na Ucrânia, do ponto de vista político, econômico, cultural, já existia, é muito maior do que se pensa na Europa e nos EUA, e permeia vastas regiões e milhões de habitantes, que se sentem russos.
A Rússia está em seus corações e mentes. Eles vivem como russos há séculos. E é mais fácil que a Ucrânia se divida a partir da fragmentação irresponsavelmente iniciada em Maidan, do que eles virem a se inclinar para o lado contrário, o dos golpistas neofascistas, que tomaram o poder de assalto em Kiev há poucas semanas.

quinta-feira, abril 03, 2014

O G-8, que agora volta a ser G-7, “expulsou” na semana passada, a Rússia,

 O MUNDO PÓS-CRIMEIA




O G-8, que agora volta a ser G-7, “expulsou” na semana passada, a Rússia, depois de suspender a reunião que haveria em Sochi. A reação do chanceler Serguei Lavrov foi a de declarar que, como grupo informal, o G-8 não pode expulsar ninguém, além de lembrar que, para Moscou, comparecer ou não a essas reuniões não muda absolutamente nada.



 
Pertencer ou não ao G-8 é uma questão irrelevante para os russos, que se sentem muito mais à vontade com os BRICS- justamente o grupo que fomentou a criação do G-20, em contraposição ao clubinho que tradicionalmente reunia as maiores – e agora não tão poderosas - economias do Ocidente.



Tanto isso é verdade que os BRICS, reunidos a margem da Cúpula de Desarmamento Nuclear, em Haia, declararam apoio à Rússia, com relação às sanções unilaterais impostas - sem aprovação da ONU - pelos países ocidentais.



Além disso, o Grupo também deixou claro, no comunicado conjunto emitido ao final da reunião, que não aceitará a suspensão – anunciada pela Ministra das Relações Exteriores da Austrália, Julie Bishop – da  participação russa na próxima Conferência do G-20, que será realizada no mês de novembro, em Brisbane.



Os BRICS controlam um quarto dos votos do G-20, no qual costumam votar juntos, assim como no Conselho de Segurança da ONU.



Com a “expulsão” da Rússia do G-8, o que muda no mundo pós-anexação da Crimeia?



Longe de isolar Moscou, os EUA e a UE estão conseguindo apenas reforçar os laços que a unem ao resto do mundo, começando por Pequim, Nova Delhi, Brasília e e Johannesburgo.



No dia 18 de março, Dimitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, já anunciou o que vem por aí, ao afirmar que, se a UE e os Estados Unidos insistirem nas sanções, a Rússia irá cortar as importações de produtos europeus e norte-americanos.



Com 177 bilhões de dólares em superávit no ano passado, e quase 600 bilhões de dólares em reservas internacionais, a Rússia é um dos maiores importadores de alimentos dos EUA e passaria a comprar os grãos, a carne e o frango de que necessita do Brasil.



Com relação à questão geopolítica, a reação do Ocidente à ocupação, pelos russos, de um território que historicamente lhes pertenceu até a década de 1950, e que só deixou de estar associado à URSS há coisa de 30 anos, alertou e está aproximando Pequim, Moscou e Nova Delhi.



Os três tem interesse em estabelecer uma zona de estabilidade no espaço euroasiático – Rússia e China já fazem parte do Acordo de Xangai – e em manter os países   que estão em suas fronteiras longe da interferência ocidental.



A Alemanha - que conhece melhor os russos que os norte-americanos - já entendeu isso.



Der Spiegel divulgou, na semana passada, que a Rússia e a China “se preparam para assinar um acordo de cooperação político-militar” que poderia estabelecer uma plataforma de defesa necessária à geração de um “novo reequilíbrio de forças no âmbito mundial”.



Os chineses se abstiveram oficialmente na votação a propósito da Resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o referendum da Crimeia. Mas o jornal do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, o Renmin Ribao – Diário do Povo, não deixou dúvidas sobre qual é a posição de Pequim, ao afirmar, em editorial, que: “o espírito da Guerra Fria está se debruçando sobre a Ucrânia”, o que transforma “a aproximação estratégica entre a China e a Rússia em um fator-âncora para a estabilidade global” – e que “a Rússia, conduzida por Vladimir Putin, deixou claro para o Ocidente, que em uma Guerra Fria, não há vencedores”. 



O que pode mudar nesse novo mundo pós- anexação da Crimeia, para o Brasil?



Segundo maior exportador de commodities agrícolas e o primeiro em carnes, o Brasil tem que aproveitar o momento para se posicionar como um sócio estratégico para o abastecimento dos russos, nesse quesito, mostrando também a chineses e indianos, grandes clientes do agronegócio brasileiro, que é um fornecedor confiável, que pode substituir os Estados Unidos no atendimento ao BRICS, enquanto estes não puderem alimentar seus cidadãos com produção própria.



Fora isso, é preciso também aproveitar a era pós-Criméia para renegociar as parcerias, do ponto de vista tecnológico e comercial, com relação a esse Grupo, que domina mais de 40% da população e da extensão territorial e um quarto do PIB mundial.



Ao contrário do que ocorre com a UE e os EUA, fortemente protecionistas e intervencionistas, que sobretaxam as importações e gastam, em áreas como a agricultura e a defesa, centenas de bilhões de dólares em subsídios, o Brasil tem conseguido aumentar seu superávit com os outros BRICS nos últimos anos, mesmo que ainda não tenha se inserido na cadeia de produção e consumo de bens de maior valor agregado desses grandes mercados.



Parte disso decorre, também, da falta de  estratégia e de sobrados preconceitos de parte ponderável de nosso empresariado.



Quantos shoppings centers brasileiros existem na China?  E em Moscou ou São Petersburgo? E em regiões de altíssimo poder aquisitivo dessas cidades? Quais são as marcas brasileiras de excelência, nos ramos  têxtil, de calçados, de perfumaria, que os chineses e os russos conhecem? Que restaurantes, que franquias?



Pródigo em emprestar bilhões de dólares a multinacionais que operam aqui dentro, o BNDES precisa reunir a APEX e o pessoal da área de varejo de luxo, para estabelecer uma estratégia de inserção do Brasil nos BRICS – e de resto na África e na América Latina - que vá além da realização de feiras e do café, do açúcar, do couro, do minério de ferro, da soja e do suco de laranja. 



Precisamos – e o momento é propício para isso - começar a incentivar e dar decidido apoio à internacionalização de empresas brasileiras, para que comecemos a receber algum dinheiro do exterior - ou em breve nos converteremos apenas em uma reserva de mercado para investidores estrangeiros, que sugaram do país, no ano passado, em remessas de lucro, quase 30 bilhões de dólares em reservas internacionais.



O fortalecimento da Rússia, da China e da Índia interessa ao Brasil, não apenas do ponto de vista econômico, mas, principalmente, do geopolítico.



Essas são as únicas nações que podem impedir, em um futuro próximo, a consolidação do projeto anglo-saxão de domínio que promoveu um verdadeiro assalto ao resto do mundo, nos últimos 200 anos.



Os BRICS – incluindo o Brasil – não podem derrotar os Estados Unidos e a União Europeia.




Mas os EUA e a UE também não podem derrotar os BRICS. E para o futuro do mundo, é isso o que importa.

quarta-feira, março 05, 2014

 UCRÂNIA - O OCIDENTE ESTA CUTUCANDO O URSO COM VARA CURTA



 

A arquitetura da balcanização




por Mauro Santayana

O mundo vive horas perigosas. A Rússia enviou tropas para a Península da Crimeia. O governo provisório que está no poder na Ucrânia convoca reservistas, enquanto oficiais e soldados se bandeiam para o lado russo, evidenciando a divisão do país. O G-8 suspende o encontro que estava programado para Sochi, na Rússia. 
 
A Alemanha e os Estados Unidos querem montar um “grupo de contato” para promover “negociações”, mas, em gesto  de aberta provocação, Washington envia o secretário de Estado John Kerry a Kiev, para manifestar o apoio dos EUA aos rebeldes que tomaram o poder na capital ucraniana.
Se houver combate entre as tropas que estão entrando na Crimeia para defender a população de origem russa que vive na região e se esses confrontos degenerarem em prolongada guerra civil, a responsabilidade por esse novo massacre será dos Estados Unidos e da União Europeia.
Seria inadmissível que Putin enviasse um senador para discursar diretamente aos manifestantes do movimento Occupy Wall Street, em Nova York,  como fez John Mcain (foto abaixo) no centro de Kiev...
 
ou que os russos promovessem em Porto Rico a prolongada campanha de desinformação e provocação que o “Ocidente” está desenvolvendo há meses na Ucrânia, empurrando a parte da população que não é de etnia russa para um conflito contra a segunda maior potência militar do planeta e a maior da região.



A Otan sabe muito bem que não poderá intervir militarmente — e atacar Moscou, que conta com milhares de ogivas atômicas, que podem atingir em minutos Berlim, Londres e Paris — para defender os manifestantes que ela jogou o tempo todo contra o governo ucraniano.

Sua intenção é levar o país ao caos, pressionando Yanukovitch a tentar recuperar o poder com apoio de Putin, para depois acusá-lo — junto com o líder russo — de déspota e de genocida, e posar de defensora dos direitos humanos, da liberdade e da “democracia”.  
 
Se conseguir alcançar seu objetivo de desestruturar o país, o “Ocidente” poderá somar os milhares de mortos, de estupros, de refugiados, e os bilhões de dólares de prejuízo da destruição da Ucrânia, a uma longa lista de crimes perpetrados nos últimos 12 anos, no contexto de sua Arquitetura da balcanização.


Inaugurada nos anos 90, essa tática foi testada, primeiro, na eliminação da Iugoslávia e na sangrenta guerra que se seguiu...
 
que acabou dividindo o país de Tito em Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia, Montenegro, Sérvia...
 
e em enclaves menores  como o Kosovo.
 
O mesmo processo de fragmentar, para dividir e dominar...

 
destroçando o destino de milhares, milhões de idosos, mulheres e crianças...
 
  IMAGENS QUE POSSUEM A 'MARCA REGISTRADA' DO UNIVERSO HITLERISTA
 
foi mais tarde repetido no Iraque e no Afeganistão- jogando etnia contra etnia, cultura contra cultura — no contexto da “Guerra contra o Terror” — montada a partir de mentiras como as “armas de destruição em massa” de Saddam Hussein, que nunca existiram.

O mesmo ocorreu, depois, na Tunísia, Líbia, Egito, Iêmen, Síria, a partir do macabro engodo da “Primavera Árabe” — também insuflada, de fora, em nome da “liberdade” - que, como maior resultado, colocou em poucos meses crianças que antes frequentavam, em condições normais, os bancos escolares, para comer — sob a pena de perecer de fome — a carne de cães putrefatos, recolhida nos escombros.
O objetivo da Arquitetura da balcanização no entorno russo é gerar condições para a derrubada de regimes simpáticos a Moscou na região,promovendo o caos, a destruição, o ódio entre culturas e famílias que convivem há décadas pacificamente para obter a sua divisão em pequenos países, que possam ser mais facilmente cooptados pela Otan, com sua definitiva sujeição ao “Ocidente”.

Sua esperança é a de que, levando Moscou a intervir em antigas repúblicas soviéticas  —para proteger seu status geopolítico e suas minorias étnicas — os russos se envolvam em várias guerras de desgaste, que venham  a enfraquecer a Federação Russa, ameaçando a união social e territorial do país.  
 
Ao se meter na área de influência de Moscou, insuflando protestos em países que já pertenceram à URSS, a Europa e os EUA estão — como antes  já fizeram Hitler e Napoleão - cutucando o Urso com vara curta,  e empurrando, insensatamente, o mundo para a beira do abismo.


A Rússia de hoje, com 177 bilhões de dólares de superávit comercial no último ano, e o segundo maior exportador de energia do mundo — o que lhe permitiria congelar virtualmente a Europa se cortasse o fornecimento de gás nos meses de inverno — não é a mesma nação  acuada que era no início da guerra de 1990, quando os norte-americanos acreditavam, arrogantes, na  fantasia do “Fim da História” e em sua vitória na Guerra Fria.
 
A Federação Russa tem gasto muito para manter e modernizar sua capacidade de defesa e de dissuasão nuclear nos últimos anos. Putin sabe muito bem o que está em jogo na Ucrânia. E já deu mostras de que, se preciso for, irá enfrentar, pela força, o cerco da Europa e dos Estados Unidos.
Ele já provou que está disposto a levar até o fim a decisão que tomou de não se deixar confundir, em nenhuma hipótese, com uma espécie de Gorbachev do Terceiro Milênio.

 Free ilustration by: militanciaviva!

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

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