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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 31, 2011

Percepções


 Paulo Delgado

Correio Braziliense - 31/07/2011 

A China chegou lá. Ou se não chegou de fato, na cabeça do mundo não tarda em chegar. Será mesmo uma riqueza confiável ou aquela maré cheia, que aparentemente levanta todos os barcos? É o que pode se inferir da opinião apresentada em recente relatório do Centro de Pesquisas Pew, baseado em Washington. Quinze dos 22 países mais ricos acreditam que a China ou tomará ou já tomou a posição dos EUA como a principal potência entre as nações.


Opiniões difusas muitas vezes não trazem consigo sólido amparo na realidade, mas quando projeta Poder, a percepção simbólica é um valor fundamental de confiança.


Não se surpreenda se essa não for a sua opinião. Na pesquisa, o Brasil é um dos países com maior porcentagem de céticos em relação à capacidade da China de suplantar os EUA. Já os maiores entusiastas estão entre as potências da União Europeia. Na França, são 72%. Para se ter uma ideia, na própria China são 63% os que creem em tal façanha. Por sua vez, dentro dos EUA temos um resultado equilibrado, em que 46% apostam na China, contra 45%, que continuam crendo no próprio país.


Os preparativos da China para a liderança, com seu capitalismo planejado e centralizado, mostram a tônica de um país que sabe que precisa reinventar seu autointeresse a cada dia para fazer seu povo vislumbrar o futuro sem explodir.


Seu atual plano quinquenal fala em busca de felicidade. Assim, começa a dar sinais de que um desenvolvimento superacelerado traz também altos custos sociais e humanos. Três décadas de supercrescimento bastaram para chegar aos cumes do poder econômico mundial. Todavia, o povo chinês ainda é, em média, mais pobre do que o brasileiro, por exemplo. E é essa discrepância entre a pujança da nação e as agruras individuais que os mandarins vermelhos sabem que precisam começar a aplacar.


Crescimento e desenvolvimento são irmãos, mas não são gêmeos. Aliás, ainda que um necessite e possa ser explicado pelo outro, ocorre muitas vezes que na intensidade que se favorece um, prejudica-se o outro. Existe um custo social embutido no crescimento. Um custo qualitativo. Na China, ele foi e ainda é altíssimo. O curso de seu crescimento iniciado pelo cada vez mais herói Deng Xiaoping escorou-se em uma produção voltada para a exportação e as altíssimas taxas de poupança. A tática de sucesso, tornada possível por fatores históricos, culturais e institucionais daquele país, entregou para o sacrifício o consumo e o desenvolvimento do mercado interno. A transição que o país busca fazer mexerá justamente com esses alicerces. Os traços do plano de ação de 2011 a 2015 sinalizam um modelo mais ligado ao consumo doméstico. Com isso, o país cresce menos, mas o faz de maneira mais justa, sem risco de erosão política.


A crise econômica mundial desestabilizou os principais mercados da China, e as nuvens de tempestade andam carregadas demais, diminuindo a boa vontade com a ousadia dos chineses. Assim, o país sinaliza um recuo no seu voluntarismo comercial, diante do desejo ocidental de conter seu desbragado avanço. Um mundo em crise é um mundo mais conservador. E o sucesso do vizinho tende a ser enxergado como portador da causa do próprio fracasso. Nesse momento, o Ocidente tende a esquecer como se beneficiou da produção chinesa para baratear e expandir seu ímpeto consumista. Há no ar confusos sinais políticos da moratória americana e seu cenário turbulento de quebra de confiança e... cada um por si. Ali estão mais de US$ 1 trilhão que a China tem a receber como principal credora.


Internamente, é crescente a pressão pela expansão de sua precária rede de amparo social. Como é de se esperar, além de esforço e sacrifício, a população quer também compartilhar da prosperidade da nação. Mesmo entre os chineses, com sua proverbial paciência e senso de hierarquia, não há autoridade que se sustente sem manter a percepção de que serve aos interesses do povo.


Por isso, pensar na complexa nação do Rio Amarelo mais do que na política do Estado é decisiva mudança de rumo. Em quantidade de ações, a China mostrou-se forte e decidida diante do mundo. Mas sem fazer-se pródiga internamente, a boa percepção favorável não se sustentará.
Paulo Delgado, sociólogo, foi deputado federal por seis mandatos.

Loja paulistana faz apologia do crime

Camiseta de esquadrão da morte é vendida nos Jardins 
ANDRÉ CARAMANTE 

A camiseta preta, com a caveira sinistra, de olhos vermelhos e sobreposta acima de duas tíbias cruzadas, traz a abreviação "E.M.", de esquadrão da morte.

À venda por R$ 45 na (atenção para o nome!) U.S Army, loja da Galeria Ouro Fino, um dos pontos mais badalados da moda em São Paulo, na rua Augusta (Jardins), a peça exalta a Scuderie Detetive Le Cocq, mais famoso grupo de extermínio do Brasil, criado nos anos 1960.

A loja é especialista em réplicas de produtos militares de vários países. Na U.S Army, uma jaqueta preta com o símbolo da Polícia Civil de São Paulo custa cerca de R$ 390. Também é possível comprar soco inglês e um tipo de caneta com o corpo de ferro que, recentemente, foi apreendida por ter sido usada como arma por skinheads acusados de espancamentos perto da avenida Paulista.

Os donos da U.S.Army foram procurados na sexta-feira, mas não retornaram aos pedidos de entrevista da Folha.

*esquerdopata

Apagões em São Paulo: As promessas enganosas da privatização

Passados quase 20 anos desde o inicio das privatizações das distribuidoras de energia elétrica, já se pode fazer um balanço do que foi prometido; e realmente do que esta ocorrendo no país, com um primeiro semestre batendo recorde em falhas no fornecimento de energia elétrica em diversas regiões metropolitanas.
Desde então a distribuição elétrica é operada pela iniciativa privada. As distribuidoras gerenciam as áreas de concessão com deveres de manutenção, expansão e provimento de infraestrutura adequada, tendo sua receita advinda da cobrança de tarifas dos seus clientes.
A tão propalada privatização do setor elétrico nos anos 90, foi justificada como necessária para a modernização e eficientização deste setor estratégico. As promessas de que o setor privado traria a melhoria da qualidade dos serviços e a modicidade tarifaria, foram promessas enganosas. Os exemplos estão ai para mostrar que não necessariamente a gestão do setor privado é sempre superior ao do setor público.
Desde 2006 é verificado na maioria das empresas do setor uma tendencia declinante dos indicadores de qualidade dos serviços com sua deterioração, refletindo negativamente para o consumidor. A parcimônia da Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ante a decadência da prestação dos serviços é evidente. Criada no âmbito da reestruturação do setor elétrico para intermediar conflitos, acabou virando parte deles. A Aneel é cada vez mais questionada na justiça tanto por causa dos blecautes que ocorrem, já que não fiscalizam direito as prestadoras de serviço que acabam fazendo o que querem, como é questionada pelos reajustes tarifários.
Esta falta de fiscalização ilustra a constrangedora promiscuidade entre interesses públicos e privados dando o tom da vida republicana no Brasil. Os gestores da Aneel falam mais do que fazem.
O exemplo mais recente e emblemático no setor elétrico é a da empresa AES Eletropaulo, com 6,1 milhões de clientes, que acaba de receber uma multa recorde de R$ 31,8 milhões (não significa que pagará devido a expectativa de que recorra da punição, como acontece em quase todas as multas), por irregularidades detectadas como o de não ressarcimento a empresas e cidadãos por apagões, obstrução da fiscalização e falhas generalizadas de manutenção. A companhia de energia foi punida por problemas em 2009 e 2010, e devido aos desligamentos ocorridos no inicio do mês de junho, quando deixou as famílias da capital paulista e região metropolitana ficarem três dias no escuro.
O que aconteceu na capital paulista, não é exclusivo. Outras distribuidoras colecionam queixas de consumidores em todo o Brasil. Vejam o caso da Light, com 4 milhões de clientes, presidida por um ex-diretor geral da Aneel, com os famosos “bueiros voadores”, cuja falta de manutenção cronica tem colocado em risco a vida dos moradores da cidade do Rio de Janeiro.
A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), com 3,1 milhões de clientes, controlada pela Neoenergia, uma das maiores empresas do setor elétrico do país, também é outra das distribuidoras que tem feito o consumidor sofrer pela baixa qualidade da energia elétrica entregue, e pelas altas tarifas cobradas.
Infelizmente a cada apagão e a cada aumento nas contas de energia elétrica, as explicações são descabidas, e os consumidores continuam a serem enganados pelas falsas promessas de melhoria na qualidade dos serviços, de redução de tarifas e de punição as distribuidores. O que se verifica de fato, somente são palavras ao léu, sem correção dos rumos do que esta realmente malfeito. A lei não pode mais ser para inglês ver, tem de ser real, e assim proteger os consumidores.
Mostrar firmeza e compromisso público com a honestidade e com a eficiência é o mínimo que se espera dos gestores do setor elétrico brasileiro.
PS do Viomundo: Inacreditáveis mesmo são os contínuos apagões na “locomotiva do Brasil”. 
*OCarcará

Processo judicial pode condenar Coronel Ustra

Amigos e parentes pedem condenação de Ustra pela morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino
 

 
Colegas e parentes de Luiz Eduardo Merlino lembraram hoje (30), na capital paulista, os 40 anos de seu assassinato. Durante um debate, que discutiu o legado de Merlino para a política brasileira, os que homenagearam o militante de esquerda também pediram a condenação do acusado por sua morte, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Merlino foi jornalista e membro do Partido Operário Comunista (POC) e da Quarta Internacional. Ele foi preso em 15 de julho de 1971 e levado para a sede do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), no centro de São Paulo. Naquela época, o DOI-Codi era comandado por Ustra.
Preso no DOI-Codi, Merlino foi torturado e morreu. A família dele recebeu a notícia da morte no dia 19 de julho. Mais de 40 anos depois, eles reivindicam em um processo judicial que o coronel Ustra seja declarado assassino de Merlino.
“A Lei de Anistia não permite que ele seja acusado criminalmente. Então, nós queremos que Ustra seja, pelo menos, oficialmente reconhecido como um assassino”, afirmou Angela Mendes de Almeida, historiadora e ex-companheira de Merlino.
Na última quarta-feira (27), seis testemunhas de acusação contra Ustra foram ouvidas pela juíza Claudia Lima, da 20ª Vara Cível de São Paulo. Todas ratificaram que Ustra agiu para que Merlino morresse.
Eles disseram que a tortura pela qual o militante foi submetido causou ferimentos graves e gangrena nas pernas. Disseram que, mesmo após a tortura, ele ainda poderia ter sobrevivido caso tivesse as pernas amputadas. Entretanto, segundo eles, Ustra determinou que nada fosse feito já visando à morte de Merlino.
Testemunhas de defesa de Ustra ainda serão ouvidas pela Justiça. Só depois disso, a decisão sobre a responsabilidade do coronel pela morte será anunciada.
Para o militante da Quarta Internacional João Machado, contudo, o evento de hoje pressiona a Justiça para que a sentença saia o quanto antes. “É um sinal de pressão”, afirmou Machado. “Agora, vamos ver o que a Justiça dirá. Nem sempre a Justiça é justa.”
 
Com Agência Brasil

A Arte dos livres pensadores

As ideias inovadoras não acontecem porque..."pessoas avaliadas como especiais"...simplesmente as atraem para si...
As mudanças acontecem quando a inteligência vigilante e sagaz... absorve um conteúdo de valor...
como a areia absorve a água...
impregna-se da sua essência...
e através dela...
migra as suas noções sumárias para o culto do trabalho espiritual...

Para quem não "pressente" a semelhança sutil entre um teor que já floriu... e outro que está sendo semeado...
as ideias inovadoras...são energias "novas"...

Para aqueles que penetram na origem do fenômeno da "floração"...
as criações são sucessivas e cooperativas...
construindo perenidades...
Nrc

Lula na inauguração da embaixada Argentina em Brasilia


*Brasilmostraatuacara

A sublimação de Hugo Chávez

Uma das coisas mais interessantes nos seres humanos é a sua limitação e finitude.
Alguns não a percebem. Outros, descobrem que a vida- um valor tão negligenciado, sobretudo quando se vive em meio a relações de poder – é algo inestimável e o ponto inicial e final de tudo o que fazemos.
Notaram algo na foto que ilustra este post?
Sim, Chávez apareceu de camisa amarela dada por suas filhas,  em lugar da vermelha que costuma revezar com seu uniforme militar, numa celebração que reuniu uma multidão em frente ao Palácio de Miraflores, sede do governo do país.
E ele próprio, no discurso, explicou o porque.
“”Por que temos sempre que usar uma camisa vermelha? O mesmo vale para a palavra ‘socialismo”.
E lamentou que a classe média venezuelana e os pequenos empresários do país não se sintam incluída no projeto socialista que lidera no país.
A BBC diz que eleafirmou lamentar que haja, por parte deles, a percepção de que pequenos negócios serão dominados pelo estado.
“Temos que garantir que ninguém acredite nisso. Temos que convencê-los do nosso projeto real, do fato de que precisamos desse setor e reconhecemos sua contribuição”, disse.
O presidente venezuelano pediu aos seus seguidores que mudem o grito de guerra “patria livre ou morte”, e o substituam por “pátria socialista e victoria. Viveremos e venceremos”
“Peço que pensemos essa palavra, morte (…) Aqui não há morte, aqui há vida”.
Claro que a direita dirá que é tudo marketing do chavismo, face às eleições do ano que vem.
Ela costuma pensar Chávez como um homem pequeno, de cérebro miúdo e aparência tosca, morena e grosseira.
E, por isso, ele a vence, há mais de uma década, em sucessivas disputas eleitorais.

A “cartilha” neoliberal na cabeça da mídia

O Ministro Guido Mantega não é das pessoas mais exuberantes do falar.
Mas os entrevistadores do Estadão foram tão radicalmente “mercadistas” que ele deu um banho na matéria publicada ontem.
Este diálogo, se não tivesse sido preproduzido pelo próprio jornal, seria inacreditável:
Estadão: O Banco Central vem seguindo essa cautela com juros com esses aumentos bem baixinhos da Selic, de 0,25%?
Mantega: Bem baixinho? É a mais alta do mundo! Aumentou 1,5 ponto porcentual. Qual foi o país que aumentou isso?Não tem nada de baixinho.
Impressionante que quatro jornalistas de um dos maiores jornais do país se refiram como “baixinhos” aos aumentos de juros no Brasil.
A cabeça do jornalismo econômico brasileiro “está feita”.  Eles só ouvem e crêem no “mercado”.
Apesar disso, a entrevista é muito boa por revelar a segurança que o Ministro da Fazenda transmite, neste momento de ameaças.
Afinal, ele tem mais informações do que qualquer um de nós sobre a situação  de nossas contas e revela ter muitas das opiniões que aqui tem sido debatidas.
E não demonstra, hora alguma, ter o pulso alterado pela ameaça de crise.

Não tentem pegar a Dilma por aí

A reportagem exibida ontem pelo Jornal Nacional é um primor de “urubologia”.
Com uma edição digna de programa eleitoral do PSDB, com números negativos exibidos em computação gráfica e imagens de obras supostamente paradas.
Numa tentativa de transformar o sucesso em fracasso, não há uma palavra sobre 89% das obras monitoradas  estarem em ritmo adequado, enquanto 8% estão em estado de atenção, 2% têm execução preocupante e 1% já foi concluído, até porque são obras pesadas, que não se fazem com um estalar de dedos. Esse é o número em valor, o critério mais adequado, porque não distorce o quadro, misturando pequenas obras com grandes projetos.
Em resumo: 90% está dentro do planejado e 10% apresenta problemas. Mas a Globo faz matéria apenas sobre os 10%.
Nem uma palavra sobre já estarem contratados R$ 25 bilhões para obras de saneamento, 87%  deles em obras cuja execução está em torno de 50% realizada.
Nem um segundinho para a informação de já entraram no sistema elétrico brasileiro 2 mil megawatts gerados por obras do PAC 2. Ou que 83% dos projetos de urbanização em áreas precárias estão em andamento, satisfatoriamente.
Mas muito tempo para o senador Alvaro Dias – aquele vice “viúva Porcina” de Serra, o que foi sem nunca ter sido – e para um economista da “Contas Abertas” (aquela mesmo cujos fundadores estiveram às voltas com os problemas panetônicos do Governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal.
A gente posta aí em cima o vídeo da apresentação feita pela Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para você ver, em detalhes, o que a emissora não deu. Quem quiser ter acesso ao balanço completo, pode acessá-lo aqui.
A Globo, por aí, vai sangrar na veia da saúde do Governo Dilma.
Porque ela pode ter defeitos, mas um deles certamente não é o de ser incapaz ou tolerante com atrasos e incompetência na gestão de projetos.
Mas isso tem dois aspectos bons.
O primeiro, que a Globo pode distorcer a realidade, mas não é capaz de revogá-la.
O segundo, o de que está se encarregando de mostrar que a comunicação do governo não pode ser baseada no que a grande mídia chama de “liberdade de expressão”, que é ela falar sozinha.
Quem sabe assim o pessoal de lá se convence de que precisa falar claro, mostrar os fatos e dar à imensa rede de solidariedade ao projeto que Dilma os meios para combater a “urubologia” global?

*Tijolaço


No Rio, Dilma adere ao #ForaTeixeira



Teixeira e Globo tudo a ver (Foto: Marcelo Jesus/UOL)


Saiu no UOL:

Dilma ganha sala reservada em sorteio da Copa e planeja não receber Ricardo Teixeira


Bruno Freitas, Ricardo Perrone e Thales Calipo

A presidente Dilma Rousseff vai esperar ser chamada para o sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 em uma sala em que a Fifa não terá poder. Será o único ponto fora do controle da federação internacional na Marina da Gloria, no Rio de Janeiro, onde acontece a cerimônia.


Por força de um decreto de lei, os locais reservados para a presidência da República, em qualquer evento no país, ficam sob responsabilidade da segurança presidencial. É ela quem controla quem entra e sai, ao contrário do que acontece no restante do local do evento.


Em seu QG, Dilma, que acompanhará todo o sorteio, estará “protegida” de Ricardo Teixeira. E, segundo o UOL Esporte apurou, ela não planeja receber reservadamente o cartola, que por pelo menos duas vezes teve pedidos de audiência com a presidente recusados.


(…)


Clique aqui para ler “Cariocas inauguram a temporada de manifestações para afastar Ricardo Teixeira do cofre da Copa”.

E aqui para ler: “Dilma exalta Pelé e apenas menciona ’senhor Ricardo Teixeira’”.

E aqui para ler: “Discurso de Dilma oficializa divórcio entre Governo e Fifa”.
NavalhaEste ansioso blogueiro orgulha-se de ter percebido que a nomeação de Pelé para embaixador da Dilma na Copa foi um Golpe de Estado contra Teixeira.

A face da Copa no Brasil passou a ser o Pelé e não o #ForaTeixeira.

Quem quer ficar trancado na sala com o Teixeira ?, deve ter se perguntado a Presidenta ao ir para o sorteio da Copa.

Quem quer ser fotografado ao lado do Teixeira ?

Você gostaria, amigo navegante ?

As manifestações contra Teixeira que no Rio se iniciaram o Ali Kamel não vai exibir no jornal nacional.

Porque o Teixeira é o Murdoch da Globo.

Clique aqui para ler: “PiG + Murdoch. Só você, navegante, nos salva”.

Em tempo: este ansioso blogueiro acredita que o ministro Orlando Silva tenha sido o inspirador e articulador da nomeação de Pelé.


Paulo Henrique Amorim

Enquanto Globo faz piada, aumentam os ataques a mulheres no metrô

 

Na quarta feira, 27 de julho, uma estudante Direito de 18 anos (identificada apenas pelas siglas L.S.), sofreu um ultrajante ataque sexual no interior de um vagão do metrô na estação Barra Funda, na região oeste de São Paulo. O ataque à jovem, que ocorreu às 8h, foi o 43° episódio de agressão sexual ocorrido no interior do sistema metropolitano apenas este ano.
Um número que, com certeza, está muito abaixo da realidade, como lembra Marisa dos Santos Mendes, da Secretaria de Assuntos da Mulher do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e militante do PSTU: "Na verdade, os casos de assédio dentro do transporte público e no metrô, em particular, são incontáveis, têm aumentado e se tornado mais audaciosos e violentos em função de dois problemas seríssimos: a impunidade que cerca os casos e, também, o constrangimento sofrido pelas mulheres ao denunciar esse tipo de agressão".
Exemplo disto é o fato de que, além do ataque do dia 27, outros três já haviam sido registrados entre os dias 19 e 21 de julho. E, como lembra Marisa, "se isto não bastasse, ainda temos que conviver com posturas inaceitáveis, como a da Rede Globo, que, como foi denunciado no site do PSTU, exibe, todos os sábados, um asqueroso quadro chamado Metrô Zorra Total, em que personagens tratam a violência sexual como piada, o que, evidentemente, só contribui para a banalização deste tipo de violência".
Sufoco e impunidade, as raízes da violência
Qualquer um que circula pelo metrô de São Paulo, que recentemente ganhou o prêmio de "o metrô mais lotado do mundo", sabe exatamente o que significa sufoco. Contudo, somente as mulheres podem dizer o quanto esta situação se torna ainda mais insuportável em função do machismo e da degeneração das relações humanas.
Um sufoco que, como também destacou a diretora do sindicato, está na raiz dos ataques em dois sentidos. "Primeiro, porque estamos pra lá do limite da capacidade do sistema, operando, principalmente nos horários de pico, quando ocorrem a maioria dos ataques, com uma superlotação absurda. Segundo, porque o mesmo sufoco é sentindo pelos funcionários, já que, por mais que os trabalhadores da segurança tentem garantir a integridade das usuárias, isto é muito difícil, pura e simplesmente porque não há trabalhadores suficientes".
Por isso mesmo, para além do desconforto e do empurra-empurra, mulheres, de todas idades, são obrigadas a conviver com homens se esfregando em seus corpos e as apalpando das formas mais nojentas, não sendo raro, inclusive, o relato de mulheres que saem dos vagões com esperma escorrendo em suas roupas.
Uma situação bastante próxima do que ocorreu com a estudante de Direito, que foi atacada no interior de um vagão lotado, às 7h45 da manhã: "Percebi que ele estava com a mão na minha virilha. Comecei a gritar (...) Foi horrível, vai ser difícil esquecer". A situação só não foi pior porque a jovem, demonstrando coragem invejável, partiu para cima do sujeito (um bancário de 23 anos), aos tapas e gritos, o que chamou a atenção dos seguranças.
Apesar disto, e fiel à lamentável regra que vigora nestas situações, o criminoso machista saiu praticamente impune da história. Detido pela Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom), ele foi autuado apenas por "importunação ofensiva ao pudor", que não configura crime.
Uma impunidade, como disse Marisa, que está na raiz da reincidência dos casos que, este ano, já atingiram a média de seis ataques por mês.
Cenas de terror
No dia anterior ao ataque à estudante de Direito, houve outra ocorrência exemplar da combinação entre sufoco, impunidade e ataques machistas: um analista de sistemas tentou forçar sua entrada num vagão com socos e cotoveladas desferidos contra duas passageiras que, ao reagirem, foram ameaçadas com um canivete.
Novamente, o agressor foi detido e liberado na sequência, indiciado por agressão, porte de arma branca e lesão corporal. O episódio ocorreu às 7h45 da manhã na estação Tatuapé, conhecida por sua hiperlotação.
Já o episódio anterior, em 19 de julho, evidencia o problema relacionado à falta de funcionários e segurança. Na terça, 19 de julho, às 9h20 da manhã, um homem agarrou a autônoma Ana Claúdia, de 34 anos, abaixou as calças e, ameaçando-a com uma faca, tentou estuprá-la numa escadaria localizada em um ponto ermo (sem câmeras ou seguranças) da estação Sacomã. Apesar de ferida, Ana conseguiu se livrar do agressor, que também fugiu local.
Dois dias depois, desta vez no final da tarde, na estação Anhangabaú, outro sujeito foi preso enquanto, "importunava de forma libidinosa" uma passageira.
Um dos casos mais graves dos que se tem notícia aconteceu em 19 de abril, quando uma vendedora foi violentada no interior de um vagão entre as estações Paraíso e Brigadeiro. Aproveitando-se da enorme quantidade de pessoas no trem, o estuprador aproximou um objeto cortante do rosto da mulher, e colocando a mão por baixo de sua saia, rasgou sua calcinha e a violentou.
Contudo, o número certamente é muitíssimo maior. Por exemplo, outros sete casos foram registrados como "ato obsceno". Além disso, também são vários os casos em que os estupradores se aproveitam do tumulto que predomina no interior e redondezas das estações para fazer vítimas. Nos últimos doze meses, pelo menos duas mulheres foram retiradas das estações (sob ameaça de armas) e conduzidas para locais próximos, onde foram violentadas. No último caso, no dia 5 de abril, o criminoso chegou a gravar seus atos.
Muita propaganda, pouca segurança
Enquanto isto, além das intragáveis piadas do Zorra Total, a Companhia Metropolitana e o governo do Estado de São Paulo também tratam o problema com uma escandalosa falta de seriedade.
Ao mesmo tempo em que gastam milhões para fazer propaganda sobre as supostas modernidade e eficiência do sistema, estes senhores têm dado declarações à imprensa que soam como verdadeiros insultos para as mulheres que têm passado por estas experiências traumatizantes.
No dia 20, depois do penúltimo ataque, o chefe do Departamento de Segurança do Metrô, Rubens Menezes, tentou minimizar, de forma vergonhosa, o ultraje ao qual as mulheres têm sido submetidas no interior das estações: "Transportamos mais de nove milhões de pessoas no primeiro semestre nas Estações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente e tivemos um ato obsceno. (...) Em relação ao volume de passageiros transportados, o ato obsceno não é comum nas estações".
Diante de afirmação tão absurda, caberia lembrar ao representante do Metrô que nem mesmo um único caso poderia ser tolerado. Não há nada de normal ou aceitável nesta história. Algo devidamente lembrado, em entrevista ao G1, por Ana Claudia, que conseguiu escapar do ataque na estação Sacomã: "Eu não aceito esta situação de passar uma propaganda na televisão de que a estação Sacomã é uma das mais novas, mais modernas, totalmente segura, e acontecer um negócio desses".
Chega de sufoco, basta de violência!
Exemplo lamentável da violência machista que, neste país, faz com que uma mulher seja violentada a cada 12 segundos e uma assassinada a cada duas horas, o que está se passando no metrô (ou nos ônibus, trens e todo tipo de transporte público) é algo que tem de ser combatido veementemente.
Um combate que tem muitas frentes, como lembra a dirigente da Secretaria de Assuntos da Mulher do Sindicato dos Metroviários: "Diante desta situação, uma das principais reivindicações do sindicato é a contratação imediata de mais funcionários, o primeiro passo para deter as agressões. Além disso, estamos com o movimento feminista combatente, na luta pela punição imediata e exemplar de todo e qualquer agressor machista".
Além disso, continua Marisa, "diante dos obstáculos e dificuldades que todas nós, mulheres, conhecemos quando se trata da denúncia deste tipo de agressão, queremos promover uma campanha de conscientização das usuárias, para que elas não deixem estas lamentáveis histórias passar em branco, utilizando todos os canais possíveis, inclusive o Sindicato".
Medidas que, segundo ela, "são fundamentais, neste momento, mas sabemos que isso só vai parar quando mudarmos complemente a lógica deste sistema e tivermos um transporte público realmente a serviço dos trabalhadores, que garanta condições dignas e segurança para todos, particularmente às mulheres".
*comtextolivre