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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 02, 2013

Israel e as crianças dos outros

Declarou em Janeiro de 2012 Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro israelita Benyamin Netanyahu.
O teste de uma democracia reside no tratamento dos prisioneiros, das pessoas na prisão e, especialmente, das crianças
Obviamente tudo isso não conta quando o assunto for israel: o País está além de qualquer lei ou juízo moral. Por isso não espanta o relatório da Unicef, que analisa mais de 400 casos documentados de detenção e maus-tratos de jovens prisioneiros nas prisões de Rei David.
Afirma o mesmo relatório:
As crianças palestinianas que entram em contacto com o sistema de detenção militar de israel são submetidas a maus-tratos generalizados, sistemáticos e institucionalizados. Isto baseia-se nas repetidas queixas que ocorreram durante os últimos dez anos, na entidades das mesmas, fundamentação e persistência.
Esta conclusão é apoiada também pelo exame dos casos através de um sistema de monitorização das
graves violações dos direitos das crianças, bem como das entrevistas com advogados israelitas e palestinianos. E também com as crianças alvos de mau-tratos.
Durante a última década, cerca de 7.000 crianças palestinianas com idades entre os 12 e os 17 anos foram presas, interrogadas, processadas pelo sistema de justiça militar israelita, uma média de 700 crianças por ano, duas por dia. A análise dos casos monitorizados pela Unicef identificou exemplos de práticas que equivalem a tratamento cruel, desumano ou degradante no âmbito da Convenção sobre os Direitos da Criança e a Convenção contra a Tortura. O relatório da Unicef conclui recomendando uma série de medidas concretas para melhorar a protecção das crianças no interior do sistema judiciário israelita, em linha com os padrões internacionais.
O relatório, depois de uma breve introdução acerca do quadro jurídico e da estrutura do sistema penitenciário israelita, descreve com um arrepiante realismo a experiência de um adolescente palestiniano qualquer, acusado de atirar pedras contra um veículo militar israelita.
A detenção
Um esquadrão de soldados armados até os dentes invadem a casa no meio da noite e acorda os moradores: é o começo. Depois de uma rápida busca, muitas vezes acompanhada pela destruição de móveis e outros objectos, o jovem suspeito é amarrado pelos pulsos e os olhos são vendados. É muito jovem, entre os 14 e os 16 anos de idade. Às vezes, alguém é preso nas ruas perto de casa, não longe das casas dos colonos israelitas ou dos postos de controle do Exército na Cisjordânia.
Para algumas crianças, a cena é devastadora, entre gritos e ameaças verbais e familiares forçados a ficar de fora da casa em pijama, enquanto o jovem é levado com explicações vagas, tais como: "ele vem connosco, mais tarde é devolvido", ou, simplesmente, "é procurado".
Os presentes raramente são informados acerca da razão pela qual a pessoa é detida. Sem poder cumprimentar os pais, a criança é carregada num jipe, com os olhos vendados, forçadas a sentar-se no chão do veículo e muitas vezes atingida por socos e pontapés enquanto fica amarrada.
A viagem para o local do interrogatório pode durar uma hora ou até um dia inteiro e, geralmente, inclui paradas em bases militares onde o jovem prisioneiro pode ficar ao longo de horas, às vezes um dia inteiro, sem comer ou beber e sem acesso ao banheiro. Durante estas paragens, muitas crianças são levadas perante o pessoal médico que aborda algumas questões sobre a saúde do preso. No entanto, mesmo no caso em que sejam óbvios os sinais de abuso, é muito raro que possam receber atenção médica adequada. Por fim, as crianças são levadas para o local do interrogatório.
O interrogatório
Os lugares mais comuns para o interrogatório das crianças são as delegações da polícia da Cisjordânia, Gush Etzion, Ari'el, a prisão de Ofer e o Centro de Huwwara.
Nenhuma criança é acompanhada por um advogado ou um membro da família durante o interrogatório, não obstante o artigo 37 (d) da Convenção sobre os Direitos da Criança estabeleça que:
Qualquer criança privada da sua liberdade tem direito a um pronto acesso à assistência jurídica ou a qualquer assistência apropriada.
As crianças presas raramente são informadas dos direitos, incluindo o direito de não auto-incriminar-se. Não há nenhuma supervisão independente do interrogatório, que muitas vezes atinge a intimidação, as ameaças e a violência física, com a clara intenção de forçar o menino a confessar.
Os detidos durante o interrogatório muitas vezes são ligados a cadeira em que estão sentados. Esta posição pode ser mantida por longos períodos de tempo, o que resulta em dor nas mãos, nas costas e nas pernas. Algumas crianças são ameaçadas de morte, violência física, isolamento e abuso sexual: contra ele ou contra membros da sua família. No final do interrogatório, a maioria dos presos admite as culpas das quais é acusado (geralmente "ter atirado pedras") e assina a confissão em hebraico, na maioria dos casos sem a menor ideia do que estiver escrito no papel.
O relatório da Unicef afirma que algumas crianças foram colocadas numa cela solitária por um período entre dois dias e um mês antes do julgamento e da condenação. Nessas celas, de acordo com o documento, são tratados de forma "cruel" e "desumana". O impacto negativo da prática do isolamento no estado de saúde psicológico de uma criança convenceu o Comitê sobre os Direitos da Criança a impor a rigorosa proibição de tal prática.
A audiência e o julgamento
Depois do interrogatório, o pequeno preso é geralmente levado perante um tribunal militar. Entra no tribunal com algemas, correntes e veste a uniforme da prisão. O jovem encontra pela primeira vez o seu advogado no tribunal e a detenção provisória pode ser prolongada, ao contrário do que é prescrito pelas normas internacionais, até um período de 188 dias. Também em violação da Convenção sobre os Direitos da Criança, não há nenhuma possibilidade de libertação sob fiança.
Nem todos os advogados têm fácil acesso à documentação militar necessária e a legislação penal de israel nem sempre está disponível em árabe, como seria exigido pelo direito internacional. Por esta razão, os advogados da defesa palestinianos estão em clara desvantagem em comparação com o advogado da acusação (que é de israel), com o risco de comprometer a capacidade da criança acusada de receber um julgamento justo.
Finalmente, é altura da punição, geralmente muito grave. Duas das prisões onde a maioria das crianças palestinianas são fechadas, em violação da Convenção de Genebra, situa-me em israel, o País ocupante. Em termos práticos, isto torna muito difícil, e em alguns casos impossível, que a família possa visitar a criança devido às regulamentações que proíbem aos Palestinianos da Cisjordânia de viajar no interior de israel, isto sem contar o tempo necessário para obter a eventual permissão. De acordo com o artigo 37 (c) da Convenção sobre os Direitos da Criança, a criança "tem o direito de manter contactos com a sua família através de correspondência e visitas, salvo que em circunstâncias excepcionais".
A prisão das crianças tem óbvios efeitos deletérios no longo prazo. Afastada da família às vezes ao longo de meses, a detenção provoca um stress emocional profundo, além de violar o direito à educação dos jovens.
As crianças palestinianas acusadas de crimes seguem um percurso processual muito diferente das crianças israelitas: enquanto os primeiros são julgados em tribunais militares, ao abrigo da lei de ocupação militar, as crianças israelitas estão protegidas pelo direito penal e civil israelitas que, naturalmente, concede maiores garantias.
Conclusão
Esta não é a primeira vez que as organizações internacionais denunciam maus-tratos de crianças palestinianas detidas pelo exército israelita. Preocupações foram levantadas em Julho de 2012 pela Comissão Especial das Nações Unidas sobre as práticas israelitas nos territórios ocupados. Pode-se ler num comunicado de imprensa do Presidente da Comissão, o embaixador Palitha Kohona:
De acordo com as provas reunidas, israel pratica o isolamento em 12% das crianças palestinianas detidas.
A Comissão Especial também alertou para um modelo de detenção e de maus-tratos de maior alcance:
Testemunhas relataram à Comissão de que os maus-tratos das crianças palestinianas começam a partir do momento da detenção. Um grande número são normalmente presos. As casas das crianças são cercadas por soldados israelitas durante a noite, "bombas de som" são detonadas nas habitações, as portas são arrombadas, tiros são disparados, nenhuma ordem judicial é mostrada aos moradores. As crianças são presas, de olhos vendados, e forçadas a entrar nos veículos militares.
É quanto descrito pelo documento da Unicef.
Um relatório de Defence for Children International (DCI) de Abril de 2012, com o título "Amarrado, vendado e preso", analisou 311 depoimentos recolhidos entre 2008 e 2012: 75% dos prisioneiros palestinianos entre os 12 e os 17 anos foram espancados durante os interrogatórios, a detenção ou a prisão preventiva.
As provas apresentadas pela DCI mostram que as crianças chegam aos centros de interrogatórios israelitas vendadas, amarradas e privadas do sono. Ao contrário dos seus homólogos israelitas, as crianças palestinianas não têm o direito de ser acompanhadas pelos pais durante o interrogatório e raramente são informadas dos seus direitos, especialmente o direito de não auto-acusar-se.
As técnicas de interrogatório são muitas vezes mentalmente e fisicamente coercitivas, incluindo uma mistura de intimidação, ameaças e violência física, com o claro intuito de obter uma confissão.
Como recomendado por um editorial do Lancet:
As autoridades militares israelitas devem imediatamente adoptar e aplicar as recomendações da Unicef [...]. As crianças palestinianas prisioneiras devem ser tratadas de acordo com a lei e as normas internacionais, com proibição absoluta de tortura e de todas as formas de maus-tratos, sem excepção.
Afirma o jornalista israelita Gydeon Levy:
Tudo isto acontece num País onde as crianças são consideradas uma fonte de alegria, em que a preocupação com o bem-estar delas é uma prioridade. Tudo isto acontece no nosso País, a menos de uma hora de distância dos quartos dos nosso filhos.
Verdade: mas as crianças palestinianas não fazem parte do "povo escolhido".
Azar delas.

Ipse dixit.
*GilsonSampaio

Por Álvaro Cunhal

Ser comunista não consiste apenas em ter um objetivo político e lutar pela sua realização. Ser comunista não é apenas uma forma de agir politicamente. É uma forma de pensar, de sentir e de viver. E isto significa que os comunistas, não só têm objetivos políticos e sociais, não só têm uma ideologia e um ideal de transformação da sociedade, como têm também uma moral própria, diferente da moral da burguesia e superior a ela.

A moral comunista assenta numa base objetiva que determina a sua natureza de classe.

De fato, a base material da moral comunista são as condições de trabalho e de vida do proletariado, a sua luta contra o capital, e, depois da revolução socialista vitoriosa, a sociedade libertada da exploração do homem pelo homem. A moral comunista integra princípios herdados do patrimônio ético do passado. Mas o que a caracteriza e diferencia são os princípios que resultam da natureza, dos objetivos e da missão histórica do proletariado. A coesão, a solidariedade, a ajuda recíproca, a abnegação, a generosidade, a combatividade, a determinação, a capacidade de sacrifício, a disciplina, a confiança em si próprio e no futuro, são elementos éticos que resultam das próprias condições de trabalho e de vida da classe operária, dos seus objetivos e da sua luta. 

A moral proletária e comunista desenvolveu-se e continua a desenvolver-se com o avanço da luta de classes e a evolução social. Espontânea e instintiva — antes da criação do socialismo científico. Formulada, sistematizada, expurgada de elementos estranhos e contrários — pelo marxismo. Encarnada, institucionalizada em princípios de conduta e transformada num instrumento de influência na classe e nas massas — pelos partidos comunistas. Enriquecida com a nova realidade e como uma das bases da criação do homem novo — pela construção do socialismo. Ao longo de todas estas fases, a moral comunista conservou sempre a sua raiz e a sua natureza de classe — classe à qual cabe o papel determinante da transformação social na época histórica em que vivemos.

A moral comunista sofre o influxo criativo e formativo do ideal político e da prática revolucionária.

A missão histórica do proletariado, a luta contra a exploração e a opressão, contra o parasitismo e as injustiças sociais, pela igualdade dos seres humanos independentemente do sexo, da nacionalidade e da raça, as vitórias e realizações na construção do socialismo, as exigências e sacrifícios que aos militantes coloca a prática revolucionária, exercem poderosa influência na formação dos conceitos morais, acentuando os traços de generosidade, de dedicação, de isenção, de respeito pelos outros, de respeito pela verdade, de coragem, de sacrifício, de heroísmo. 

Enquanto o capitalismo, o imperialismo, o chauvinismo, o colonialismo, o neocolonialismo, o racismo, se traduzem no plano moral por conceitos e sentimentos de egoísmo, rapacidade, domínio ilegítimo, desprezo pelos outros seres — a causa operária inspira conceitos e sentimentos de generosidade, de fraternidade, de solidariedade, de amor pelo ser humano. O ideal político comunista é inspirador de uma moral superior. A prática revolucionária dos comunistas é uma escola de elevada educação moral e de formação do carácter.

* Álvaro Cunhal foi um político, escritor e teórico socialista de Portugal, que dedicou sua vida ao ideal comunista

Texto extraído da obra O Partido com paredes de vidro
*centro do socialismo

União Socialista: China aumenta presença militar na fronteira com a Coreia do Norte



China aumenta presença militar na fronteira com a Coreia do Norte

Informes revelam que o Exército Popular da Libertação enviou tropas, blindados e aviões de combate para a região


Do site Terra - PIG

A China reforçou a presença de militares na província de Jilin, que faz fronteira com a Coreia do Norte, com o envio de soldados, veículos blindados e aviões de combate, segundo divulgou nesta segunda-feira a agência de notícias russa RT. A Marinha chinesa também realizou um treinamento no mar Amarelo, que banha o leste da China e o oeste das Coreias.

Coreia do Norte volta a fazer ameaças e reforça armamentoClique no link para iniciar o vídeo
Coreia do Norte volta a fazer ameaças e reforça armamento

De acordo com a agência, a mobilização militar começou ainda no dia 19 de março e só foi revelada nesta segunda-feira por informes da inteligência. Essas informações também dão conta que o exército chinês está em nível 1 de alerta, o grau mais alto de preparação para combate.
Fontes da RT revelam um grande número de soldados nas ruas da cidade de Ji’na, assim como movimento de veículos blindados na zona do rio Yalu, que separa a China da Coreia do Norte. Soldados e veículos blindados também estão perto de Baishan. Aviões chineses, supostamente caças, foram vistos em vários locais da zona de fronteira com a Coreia do Norte, nas províncias de Jilin, Hebei e Liaoning.


Pequim e Pyongyang têm um pacto militar que a  China apoiaria Coreia em caso de agressão. As fontes da RT dizem que a movimentação militar detectada nas últimas semanas seriam precauções de Pequim para um eventual conflito armado entre as duas Coreias e os Estados Unidos.

ARNALDO JABOR - UM PERFEITO VIRA-LATAS




Fazia tempo que não lia nada escrito por Arnaldo Jabor. 
Hoje, o título de seu texto me fez vencer a resistência que desenvolvi pelo doentio e hipócrita, saudosismo e pessimismo do ícone do pensamento reacionário e elitizado no Brasil. 
"Por que nada acontece no país ?" - Eis o título.
Nada acontece (de bom no Brasil) ? - Então, o pleno emprego e crescimento do valor médio pago ao trabalhador não é uma coisa boa ? 
A tão sonhada...deixa pra lá, deixa pra lá. O pior cego é o que não quer ver, e esse é o caso do Jabor. 
Ele sofre do doentio COMPLEXO DE VIRA-LATA, aquele em que só se valoriza o "estrangeiro" e se está tomado por uma necessidade compulsiva de diminuir e desmerecer tudo o que o Brasil e os brasileiros fazem de bom e conquistam. 
COITADO LEIA + AQUI SOBRE O VIRA-LATAS JABOR 
PREGANDO GOLPE DE ESTADO  
UMA BANANA PARA JABOR 
COITADO DO JABOR 
Postado por 007BONDeblog 
*cutucandodeleve

FORA MARIN ! FILHO DE HERZOG VAI À SEDE DA CBF E GRITA - FORA MARIN !

PETIÇÃO REÚNE 54 MIL ASSINATURAS - ROMÁRIO FOI JUNTO

Jose Maria Marin presidindo a CBF só pode ser coisa de 1o. de ABRIL
O deputado federal Romário e o filho do jornalista Vladimir Herzog, Ivo, entregaram na tarde desta segunda-feira a petição "Fora Marin" na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 
O documento, assinado por 54 mil pessoas, pede a saída do presidente da entidade, José Maria Marin, acusado de envolvimento na morte de Herzog durante a ditadura. 
O documento foi entregue no dia que o Golpe de 1964 completa 49 anos. 
A ditadura militar no Brasil se prolongou até 1985, e Marin era deputado estadual por São Paulo na época em que Herzog foi preso. 
O presidente da CBF chegou a ocupar o cargo de governador de São Paulo entre 1982 e 1983. Mas não estava na sede da entidade, na Barra da Tijuca, para receber a petição. 
Romário gostaria que o presidente da CBF se manifestasse e Ivo mostrou intenção até de conversar com Marin. 
"Gostaria de estar aqui me candidatando a voluntário da Copa das Confederações ou da Copa do Mundo e não vir aqui para ser recebido por ninguém. Estou disposto a conversar com ele. 
Tenho cinco perguntas que vão ajudar a saber qual o papel de Marin naquele tempo. 
Pelas informações que a gente tem, foi o pior dos papéis", disse Herzog, que não quis dizer quais são as perguntas porque Marin poderia respondê-las pela imprensa. 
"A gente espera, no mínimo, uma manifestação do Marin. Esta petição, assim como dois discursos proferidos pelo Marin elogiando os métodos da ditadura, foram enviados para os presidentes dos principais clubes de futebol do país, assim como para as federações estaduais. É importante que haja uma decisão de quem tem poder de voto para definir o presidente da CBF. Se eles forem contra isso, estão demonstrando que são contra o futebol que o Brasil merece", afirmou Romário. 
JB / PORTAL TERRA - LEIA + 
Postado por 007BONDeblog
*cutucandodeleve

O Miojo no Enem




















Concordo que a complacência perante as liberalidades tomadas nas redações do Enem precisa ser discutida. A ruptura dos padrões formais socialmente aceitos (ou impostos) e da linguagem dita “culta” pressupõe um domínio prévio desses modelos. E também implica o discernimento das circunstâncias mais apropriadas para os diferentes tipos de manifestação escrita.

O nível da formação dos estudantes que ingressam na universidade é baixíssimo, e em muitos casos chega ao completo despreparo para qualquer atividade acadêmica. Professores de faculdades são obrigados cada vez mais a instruir seus alunos em rudimentos que deveriam ter sido assimilados já no colegial, senão antes. O problema, gravíssimo e subestimado, atinge alunos oriundos de todas as classes sociais. Boa parte da tolerância com os supostos gestos de rebeldia juvenil pretexta lutar contra os enquadramentos para não enfrentar essa questão.

Mas precisamos ter em conta que o fracasso educacional brasileiro inclui o sistema tradicional de vestibulares e toda a economia cínica e embrutecedora que se aproveita dele. É um esquema pesadíssimo de interesses financeiros que possui respaldos inclusive na mídia corporativa – e não é por acaso que a sanha desqualificadora aplicada contra o exame federal não se repete nos similares privados, igualmente repletos de estranhezas.

O Enem deve ser aprimorado, mas continua sendo a alternativa possível para um futuro menos trágico na formação da juventude.
*Guilhermescalzilli

Os índios e o Brasil: da história às redes sociais



As redes sociais devem ressignificar o conceito de espaço público, configurando-o, na medida em que o torna mais ativo em relação ao levantamento de opiniões, reflexões, diálogos, etc. E isto é o que deve ser mantido, não seu inverso, ou seja, um espaço do deslumbramento com a crítica esmaltada, a ideia de aprendizagem por “osmose”, compartilhamento de textos que não são lidos, etc. 

“Se não fosse o Facebook do homem branco todos já estariam mortos”
Líder Kaiowá Elizeu Lopes, falando sobre a situação da tribo, 
 em audiência pública realizada no dia 01 de novembro, 2012

Ana Monique Moura* no BRASILDEFATO

Estivemos à frente de uma grande manifestação a favor dos Guarani-Kaiowá, travada nas redes sociais, em especial no Facebook. E não se tratou de uma manifestação vã. Inspirada em Deleuze e Pierre Lévy eu diria que a potencialidade do virtual sobre as realizações na nossa realidade comum é inegável. Vivenciamos uma magnífica confluência da nossa extensão existencial nas redes sociais com algumas decisões importantes de nossa existência não virtual.
Mas o que me incomoda é como há ainda uma grandiosa ingenuidade permeando o que deveria ser senso crítico. Falam sobre as terras dos Guarani-Kaiowá com um tamanho frisson, que a crítica, ou, pra ser mais precisa, a luta, está em muitos aspectos mais próxima de uma agitação ou de uma folia da indignação do que de uma luta que faz a reflexão invadir aonde ela chegue.
As redes sociais devem ressignificar o conceito de espaço público, configurando-o, na medida em que o torna mais ativo em relação ao levantamento de opiniões, reflexões, diálogos, etc. E isto é o que deve ser mantido, não seu inverso, ou seja, um espaço do deslumbramento com a crítica esmaltada, a ideia de aprendizagem por “osmose”, compartilhamento de textos que não são lidos, etc. Esta ideia da urgência de um espaço público plenamente crítico não é, ademais, de nenhuma maneira algo recente, já que foi defendida, embora em outras condições, por filósofos como Hannah Arendt e, com mais força, por Jürgen Habermas. Então, a proposta aqui não se propõe inauguradora, mas contributiva ou reflexiva.
Desde 1500 os índios sofrem com o – assim chamam os índios - “homem branco”. A década de 80 foi marcada por uma série de atrocidades. E ainda hoje elas ocorrem. Contudo, agora temos o domínio de uma rede social com um poder comunicativo que vem superando as imprensas hegemônicas. Nós fazemos a matéria, a denúncia. Não esperamos mais por aquele jornalista poetizado e heroi que, de certa forma, era tutor da informação que nos chegava, e nos entregava uma informação de pouca expansão. Agora, com o uso incisivo do Facebook, uma situação como a dos Guarani-Kaiowá não passou batida. O compartilhamento de vídeos, informes e denúncias sobre o tema não nega isso. No entanto, há um problema: O discurso da indignação ou da comoção, que é, a meu ver, um pouco distante da crítica e a ela se confunde, ao mesmo tempo.
A indignação e a comoção movem as denúncias nas redes sociais. Foi isso o que moveu a luta virtual a favor dos Guaranis Kaiowás. Porém, acredito que isto não basta. É preciso uma ação não apenas comovida ou indignada, mas uma ação crítica. Embora a crítica muitas vezes instaure uma comoção ou indignação e vice-versa, quero dizer que a comoção ou indignação não precisa ser totalizante. Uma ação comovida no facebook, por exemplo, é passageira, porque os deslumbramentos e espantos com novas conjunturas chegam para substituir os antigos sentimentos e as antigas conjunturas. Já a crítica embasada, permanece.
Em relação à proposta de iniciativa virtual, não se trata de pensar que todos tem a obrigação de fazer de seus murais espaços para reivindicação de melhores condições aos índios. Nem todos querem usar seu facebook ou qualquer outra rede social com intenções de manifesto político. O ideal é apenas que a maioria, senão todos, partilhem a motivação para o reconhecimento, seja de modo ativo ou passivo, das possibilidades de contribuição do ciberespaço aos índios.
Agora esse é o momento pensarmos também sobre direitos em relação a outras situações tanto dos Guaranis, como dos outros indígenas. A própria Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que se propõe proteger os índios é um vilão para eles, com certas negligências, como, por exemplo, o desfalque da distribuição de cesta básica durante meses para os Guarani-Kaiowá. O Serviço de Proteção ao Índio (SPI) chegou a fechar acordos com fazendeiros a favor da subjugação de índios para trabalharem em suas próprias terras roubadas e, em caso de trabalho improdutivo, serem expulsos. Foi o caso dos Xavante que tiveram terras roubadas pela família Ometto e a fazenda Suiá-Missú, no Mato Grosso do Sul. Recentemente a polícia federal matou um indígena Muduruku e deixou vários índios feridos. E, outro caso particular, mas não menos impactante: uma índia Guarani-Kaiowá foi estuprada por quatro pistoleiros há um só tempo. Enquanto se revezavam, mantinham a faca no seu pescoço. Ainda mais recente é o caso do cacique da aldeia Remanso Gwasu que, na segunda quinzena de janeiro, foi atingido por pistoleiros. Na década de 80 os Xikrin do Catete tiveram suas terras invadidas para a extração de madeira. As terras Yanomami estão sendo invadidas por garimpeiros. Só entre 1987 e 1992 foram mortos em média 1500 Yanomami. Sem contar a invasão do garimpo na Reserva Raposa Serra do Sol, uma área com várias etnias indígenas (dentre elas Wapixána Eingaripó, Macuxí, Taurepang).
Poderia me demorar aqui comentando praticamente ad ifinitum as atrocidades de ontem e de hoje... E, acrescento, os casos atuais são vários e faz-me recordar parte do enredo da obra Macbeth de Shakespeare, na qual Malcolm, o filho do rei morto, pergunta a Ross: “Qual a última desgraça?”, e ele lhe responde: “Referir a de há uma hora faz quem a narra ser vaiado; a cada instante se procria alguma nova”.
Parece importante acrescentar que o Brasil “não existe” para os índios. E as terras também não existem para eles como existem para nós. A noção de país é nossa. E de terra como propriedade privada também. O Brasil dos Índios é uma vastidão de natureza sagrada. As terras são sagradas e são deles não por uma finalidade de capital financeiro, mas por um princípio do cuidar daquilo que é sagrado. Deus dá a terra para o “homem branco” explorar. Os deuses dão a terra ao índio para que ele cuide dela.
Como pensou o antropólogo Lévi Strauss, os índios são iguais ao “povo civilizado”. A única diferença cabal é que os índios procuram preservar, e nós procuramos destruir. Eu acrescentaria que os índios vivem para contemplar, e nós vivemos para criar. Parece um condicionamento fortemente cultural e quase indelével. A questão é: como fazer essas forças existirem sem grandes problemas? Com a abertura para a convivência. Sem isso, não há como. Não há nada mais unível que criação e contemplação. O criar do homem branco não pode amedrontar o contemplar do homem índio. E o contemplar do homem índio deve encorajar a criação do homem branco a ser mais criativa e menos decadentista, no meu ver, o mesmo que progressismo.
Muito sangue, muito trabalho foi retirado dos índios para agora estarmos na nossa zona de conforto, apreciando as maravilhas de uma “sonhada civilização” (ou seria civilização sonhadora?).
Nós não viemos para apenas trabalhar ou ganhar a vida no Brasil. Viemos armados, prontos pra escravizar e maltratar vidas e tornar o país brasileiro, outrora rico, um país “miserável”, cheio de horror e ódio floreado com poesias portuguesas e estéticas cristãs.
Sejamos sensatos para assumir que todo o Brasil é um grande roubo de terra indígena. O Brasil é o maior furto geográfico da América Latina. Nós somos os intrusos. 
Nunca deixaremos de ser intrusos, enquanto ferirmos a terra. A exploração da terra foi por nós confundida com a subjugação da terra. Para reverter o nosso caráter opressor, nós, intrusos, precisamos nos unir aos índios. E isto não significa se tornar um deles. É muito mais: É reconhecê-los dentro de nós, porque nos colocamos dentro deles. É ver que isto não impede de sermos parte do outro universo que não o indígena, assim como não impede que os índios façam parte de seu modus vivendi natural. É preciso trocarmos a intrusão pelo princípio de coabitação. Eles devem nos ser sagrados porque nos receberam com inocência em suas terras sagradas. A bondade indígena não foi uma arma para a destrutiva atividade do homem branco, ao contrário, foi um trampolim. Não deveríamos ter saído às ruas em favor apenas dos Guarani-Kaiowá, mas por todos os indígenas. Ao lado disso poderíamos e podemos reescrever a história a partir da ação e da disposição de criticar a já existente história mal feita, como afirmava Brecht, escrita pelos vencedores.
E por falar história, não poderia deixar de fora que o problema da demolição do Museu do Índio, localizado na região norte do Rio de Janeiro, não é nada que deva nos causar tanto frisson. A memória nacional do índio nem mesmo alçou o fôlego necessário para existir. Isso é o que deveria ter sido, originariamente, inadmissível. Se um museu chega a ganhar a possibilidade de ser demolido por motivos pouco sustentados, isso é o resultado de como vem seguindo a miséria do reconhecimento histórico nacional do índio. Portanto, a notícia da demolição, que parece ser início de um problema, é apenas um de seus vastos desdobramentos.
Por fim, o que precisa ficar claro são as seguintes propostas, ainda parcas: 1. Amolar a crítica nacional do público que não está necessariamente vinculado às instâncias superiores de decisão; 2. Refletir, a partir de uma dada conjuntura as diversas outras conjunturas históricas e anteriores, de modo a se pensar melhor o aspecto global do problema, ou seja, não se aprisionar ao discurso da polêmica pela polêmica de um dado caso, mas se calcar no sentido histórico e político dele. 3. Reconstruir a memória do índio em nossa nação, desde o modo como a pensamos nos livros escolares ao modo como se vê a preservação da cultura nativa por instituições.
O processo da aplicabilidade de tais propostas, e agora me inspiro no pensamento de Marx, começa de baixo para cima, ou seja, da ação para o ideal. A rede social tem sido e deve ser, com mais força e criticidade, uma das importantes ferramentas para realizarmos isso. As instituições ideais, as leis ideais, as decisões éticas ideais devem se curvar ao que em um espaço virtual estivemos discutindo, ativa ou passivamente, e deve também atinar para a força de um povo que quer reconstruir, no real e no virtual, uma identidade merecida para essa terra por nós chamada, não por acaso, Brasil.

*Ana Monique Moura é mestre em filosofia pela UFPB, e autora do livro “Entre Kant, Filosofias & Arte”, Sal da Terra, 2012.