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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 02, 2014

Até a Folha joga
Barbosa ao mar

Barbosa tem condições de ainda presidir julgamentos imparciais ?


Editorial da Folha (*) que se preocupa muito com a forma de o Dirceu empregar a vassoura na prisão:

Jogo de suspeitas



Quando cada ministro do STF desconfia de intenções e motivos ocultos de seus colegas, é a instituição inteira que se desmoraliza

Quem acompanhou o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal conhece a vocação de seu presidente, Joaquim Barbosa, para o destempero, a invectiva e o desrespeito. De novo inconformado com a opinião divergente –desta vez, na absolvição dos mensaleiros no caso da formação de quadrilha–, o ministro foi além.

(…)

Barbosa …  Deixou sob suspeita a própria composição do tribunal.

Pode-se perguntar que condições terá, a partir de agora, para conduzir julgamentos que, no seu raciocínio, pouco diferem das cenas de um teatro de marionetes.

(…)



Clique aqui para ler “Barbosa chama ministros de fantoches”.

E aqui para ler sobre a aritmética pigal da chamada “dosimetria” de Barbosa.


Paulo Henrique Amorim



O Helicoptero de 50 Milhões de Reais


 do Diario do Centro do Mundo

A história da apreensão de quase meia tonelada de pasta pura de coca, numa fazenda em Afonso Cláudio, no Espírito Santo, ainda não foi devidamente contada pela mídia, embora os fatos já tenham ocorrido há mais de três meses. A droga, vendida no varejo, pode render mais de R$ 50 milhões.
À Polícia Federal, cabe apurar a origem e a destinação da cocaína e,
principalmente, quem são essas pessoas envolvidas, mas até aqui a PF se destacou pelo anúncio do não envolvimento do deputado Gustavo Perrella e de seu pai, o senador Zezé Perrella, proprietários do helicóptero que transportava toda a droga.
É claro que os Perrellas também podem ter sido vítimas do tráfico internacional de drogas, mas descartar o envolvimento antes de descobrir a quem pertence a droga é incomum e inadequado para autoridades que têm o dever de investigar, ainda mais quando os inocentados previamente são pessoas detentoras de poder político e empresarial.
O DCM quer investigar o caso para dar as respostas à sociedade.
Como o dinheiro será investido:
Ele será utilizado exclusivamente para cobrir custos de produção. Pagará o jornalista Joaquim de Carvalho, experiente profissional com passagem pelos principais veículos de comunicação do Brasil, e seus gastos em passagens aéreas e deslocamentos de carro em Minas Gerais e no Espírito Santo, onde a cocaína foi apreendida.
Temas que serão abordados:
A droga – de onde e para onde ia a cocaína apreendida, como foi seu
preparo, grau de pureza, quadrilhas envolvidas. Entrevista com especialistas no estudo e na investigação de tráfico internacional, bem como pessoas que já estiveram envolvida no tráfico.
A fazenda – como e quando foi comprada a fazenda usada de entreposto para o transporte da droga. É um elemento-chave nessa história, pois sua compra, aparentemente por preço superfaturado, pode revelar os reais proprietários da cocaína. Nessa reportagem, falamos também sobre o esquema de lavagem de dinheiro.
A investigação – como a PM do Espírito Santo, que iniciou a investigação, e a PF, que assumiu o caso, atuaram e atuam nessa operação.
As mulas – quem são, o que pensam e o que revelaram os quatro presos na operação que resultou na apreensão da droga. Entrevistas com eles, parentes, amigos e advogados.
A família Perrella – a reportagem dirá quem são os Perrellas. É importante em razão de ser proprietária do helicóptero e também pelo poder político e econômico. O pai, senador, é do PDT, base de apoio do governo federal, liderado pelo PT. Contaremos como e por que a família Perrella passou a ser investigada por lavagem de dinheiro, muito antes da apreensão da droga.
Falaremos também sobre os indícios que ligam a família ao caso dessa apreensão.
Dúvidas Comuns:
Pergunta: O repórter vai sozinho?
Resposta: Não, será acompanhado de um cinegrafista num momento.
Pergunta: O que acontece com meu dinheiro se a meta não for atingida?
Resposta: Segundo o Catarse, ele volta na íntegra para você.
Pergunta: Como recebo minha recompensa?
Resposta: Links e listas, por e-mail, e produtos físicos por correio.
Pergunta: Onde serão publicados vídeo-reportagem e as matérias?
Resposta: No Diário do Centro do Mundo (www.dcm.com.br)
Pergunta: Só os apoiadores terão acesso ao material?
Resposta: Não. Será aberto, embora os apoiadores assistam antes da estréia oficial.
*GilsonSampaio

sábado, março 01, 2014


Publicado em 01/03/2014

Bomba ! A prova da
manipulação do Barbosa

Repórter não se chafurda na lama e revela a gênese da dosimetria pigal.
Esta reportagem de Felipe Recondo, do Estadão, é o suficiente para a bancada do PT no Senado – clique aqui para votar “além da Gleisi, quem são os senadores do PT?” – pedir o impeachment de Barbosa.

Pedido esse que já corre a internet.

Recondo mostra, primeiro, que Barbosa sabia que não havia provas contra Dirceu e que o prevaricador Gurgel – segundo Collor, da tribunal do Senado -  tinha feito um trabalho “deficiente”…

(Para dizer pouco.)

Segundo, para assegurar que Dirceu morresse nas masmorras, como tenta, agora, em parceira com Bruno Ribeiro, esse nobre exemplar da imparcialidade na Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, Barbosa  inflacionou as penas de Dirceu, como explicou este ansioso blog.

Isso é o que se deduzia da simples análise da dosimetria, como fizeram, pela ordem, os ministros Lewandowski, Barroso e Zavascki.

A “dosimetria” do Barbosa era uma manipulação vulgar da aritmética.

Agora, Recondo conta como foi que Barbosa construiu uma aritmética pigal.

Oh !, Euclides, pisaram no teu túmulo:

Análise: As operações aritméticas do ministro Joaquim Barbosa


Felipe Recondo – O Estado de S. Paulo

Barbosa acabava de admitir abertamente o que o ministro Luís Roberto Barroso dizia com certos pudores. A pena para os condenados pelo crime de formação de quadrilha no julgamento do mensalão foi calculada, por ele, Barbosa, para evitar a prescrição. Por tabela, disse Barroso, o artifício matemático fez com que réus que cumpririam pena em regime semiaberto passassem para o regime fechado.

(…)

Três anos antes, em março de 2011, Joaquim Barbosa estava de pé em seu gabinete. Não se sentava por conta do problema que ainda supunha atacar suas costas. Foi saber depois, que suas dores tinham origem no quadril.

A porta mal abrira e ele iniciava um desabafo. Dizia estar muito preocupado com o julgamento do mensalão. A instrução criminal, com depoimentos e coleta de provas e perícias, tinha acabado. E, disse o ministro, não havia provas contra o principal dos envolvidos, o ministro José Dirceu. O então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fizera um trabalho deficiente, nas palavras do ministro.

Piorava a situação a passagem do tempo. Disse então o ministro: em setembro daquele ano, o crime de formação de quadrilha estaria prescrito. Afinal, transcorreram quatro anos desde o recebimento da denúncia contra o mensalão, em 2007. Barbosa levava em conta, ao dizer isso, que a pena de quadrilha não passaria de dois anos. Com a pena nesse patamar, a prescrição estaria dada. Traçou, naquele dia em seu gabinete, um cenário catastrófico.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou, no dia 26 de março de 2011, uma matéria que expunha as preocupações que vinham de dentro do Supremo. O título era: “Prescrição do crime de formação de quadrilha esvazia processo do mensalão”.

Dias depois, o assunto provocava debates na televisão. Novamente, Joaquim Barbosa, de pé em seu gabinete, pergunta de onde saiu aquela informação. A pergunta era surpreendente. Afinal, a informação tinha saído de sua boca. Ele então questiona com certa ironia: “E se eu der (como pena) 2 anos e 1 semana?”.

Barroso não sabia dessa conversa ao atribuir ao tribunal uma manobra para punir José Dirceu e companhia e manter vivo um dos símbolos do escândalo: a quadrilha montada no centro do governo Lula para a compra de apoio político no Congresso Nacional. Barbosa, por sua vez, nunca admitira o que falava em reserva. Na quarta-feira, para a crítica de muitos, falou com a sinceridade que lhe é peculiar. Sim, ele calculara as penas para evitar a prescrição. “Ora!”

*PHA

Ditado russo: Os russos demoram para selar o cavalo. Mas depois que montam, andam depressa.

Aos poucos, a resposta do Kremlin vai-se tornando mais visível


Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
The Saker
Русские долго запрягают, но быстро едут
Ditado russo:  Os russos demoram para selar o cavalo. Mas depois que montam, andam depressa.
Mapa linguístico da Ucrânia
Ao longo dos últimos dias, os eventos na Ucrânia entraram em fantástica aceleração e houve vários eventos simultâneos. Vou tentar apontá-los um a um.
  • Em Kiev, os líderes da insurgência assumiram controle total do Parlamento e imediatamente aprovaram leis que revogam o status de língua oficial para o idioma russo.
  • Os líderes políticos foram à Praça Maidan para obter a aprovação dos membros propostos para o novo governo.
  • Exatamente como a sra. Nuland ordenou, Iatseniuk ficou com o cargo de primeiro-ministro.
  • Na própria Praça Maidan, aparecem profundas diferenças entre partes, que agora se opõem entre elas, da multidão.
  • O neonazista líder das “forças de segurança Maidan” e um dos fundadores do Partido Liberdade, Andrei Parubii, tornou-se chefe do Conselho de Segurança.
  • O líder do Setor Direita (Pravy Sektor) neonazista, Dmitri Iarosh, é agora Delegado-chefe do Conselho de Segurança.
  • O resto do novo governo é, a maioria, de apoiadores do ex-presidente Yushchenko, em outras palavras: leais agentes dos EUA.
  • O novo regime dissolveu a polícia antitumultos e, assim, liquidou a última força que restava ainda capaz de manter a lei e a ordem nas regiões controladas pelos insurgentes. Agora reina a lei das gangues, nua e crua.
  • A moeda está em queda livre. Iatseniuk diz que são necessários $35 bilhões imediatamente, para evitar um calote. A dívida total é de $170 bilhões.
  • Nas áreas controladas pelo novo regime, estão acontecendo “expropriações” (roubos e assaltos) por toda a parte; a rua é governada pelos bandidos.
  • Yanukovich foi retirado da Ucrânia por forças da segurança russas (mais sobre isso, adiante).
  • O Parlamento do Tartaristão e o Congresso Mundial dos Tártaros apelou aos tártaros da Crimeia, basicamente para parar a merda toda (disseram em termos mais polidos). Honra e glória, à sabedoria dessas duas organizações!
  • Homens armados, não identificados, tomaram o prédio do Parlamento da Crimeia às 4h da madrugada, só para assegurar que, dessa vez, os membros eleitos daquele Parlamento pudessem entrar e reunir-se. Uma bandeira russa foi hasteada no topo do prédio do Parlamento.
  • O governador de Carcóvia, Mikhail Dobkin, renunciou ao cargo, para concorrer à presidência da Ucrânia, nas eleições de 25 de maio.
  • O Parlamento da Crimeia assumiu as funções do governo central e anunciou um referendo sobre o futuro da Crimeia, marcado para 25 de maio.
  • O recém-eleito prefeito de Sebastopol reuniu-se com o Comandante-em-chefe da Frota do Mar Negro. Os dois declararam que não será tolerada nenhuma violência, seja de que tipo for.
  • Novas milícias populares de defesa formaram-se na Crimeia, com número estimado entre 5 mil e 15 mil membros, organizados em brigadas. Estão controlando todas as principais estradas e no momento estão filtrando o tráfego de quaisquer “visitantes” provenientes das áreas controladas pela insurgência.
  • ·Membros importantes do Parlamento russo visitaram a Crimeia para manifestar apoio à população local e reunir-se com parlamentares da Crimeia.
  • Na Rússia, as opiniões estão divididas sobre o que fazer: Vladimir Zhirinovksy e seu partido LDPR dizem que a Rússia deve ficar de fora e não dar um único rublo aos ucranianos. Os comunistas querem que a Rússia leve a questão ao Conselho de Segurança da ONU. O Partido “Só Rússia” (mais “moderado”) está manifestando pleno apoio ao povo da Crimeia e diz que a Rússia tem de intervir e ajudá-lo. Feitas as contas, a tomada do governo por neonazistas em Kiev parece estar despertando uma mistura de desgosto e fúria, que pressionará o Kremlin para que faça alguma coisa.
Assim sendo... E o Kremlin? De fato, acho que começo a discernir o que me parece ser uma estratégia de resposta em várias camadas, que o Kremlin porá em andamento, todas as camadas simultaneamente:
1) No plano da legislação vigente:
Yanuk
Ao retirar Yanuk do país e permitir que se refugiasse na Rússia, o Kremlin deixou claro que o presidente legitimamente eleito da Ucrânia estará fisicamente disponível para desafiar qualquer e todas as decisões do novo governo, do Parlamento controlado pelos insurgentes e do governo nacionalista fascista. É evidente que Yanuk está politicamente morto, mas, em termos da legislação vigente, continua a ser extremamente poderoso e ator importante que tem de ser mantido vivo.
2) No plano ucraniano:

Mikhail Dobkin
O (agora ex-) governador da Carcóvia, Mikhail Dobkin, fez “discreta” viagem à Rússia e voltou com a decisão de renunciar ao cargo de governador, para concorrer à presidência.
À primeira vista, a ideia de participar de eleições controladas pelos fascistas pode parecer estúpida, mas repense: em primeiro lugar, no caso totalmente improvável de uma eleição que seja pelo menos 50% decente, ele quase com certeza será eleito (a maioria dos ucranianos não apoia os fascistas).
Segundo, se a eleição for “manejada”, Dobkin, candidato, poderá questioná-la.
Terceiro, pelo simples fato de concorrer, ele pode forçar a imprensa controlada pelos fascistas (sobretudo a TV) a dar-lhe tempo de televisão no ar para responder à propaganda nacionalista fascista. Assim, tudo considerado, é movimento astuto.
3) Na Crimeia – nível político:
Mapa geofísico da Crimeia
Para a Crimeia, eu diria que é assunto resolvido: em maio, se tornará estado independente. Esse estado terá alternativas abertas para ele. Se, por algum milagre inesperado e basicamente impossível, Dobkin for eleito presidente, a Crimeia pode aceitar um statu quo ante [lat. “estado em que as coisas estavam antes”], mas com o claro entendimento de que aquele será arranjo federativo do qual a Crimeia poderá separar-se a qualquer momento. Se algum dos doidos nacionalistas for “eleito”, nesse caso a Crimeia romperá todos seus laços com a Ucrânia e se unirá à União Econômica com Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão e Armênia, como estado independente.
4) Na Crimeia – nível de segurança:
A Rússia usará a força para defender a Crimeia se for necessário. A solução preferível é ajudar as autoridades locais a defenderem-se, elas mesmas, fornecendo fundos, armas (se necessárias), expertise (se necessária), inteligência (se necessária), etc.. Mas em praticamente todos os casos, nada disso será necessário, simplesmente porque tudo isso pode ser fornecido pela Frota do Mar Negro, com base ali mesmo. No máximo, os ucranianos nacionalistas podem mandar para lá as gangues de bandidos que já usaram em Kiev.
102º Destacamento independente Spetsnaz da Marinha da Rússia
Por outro lado, a Frota do Mar Negro pode mobilizar a 810ª Brigada Independente de Infantaria Naval, o 382º Batalhão Independente de Infantaria Naval e, até, o 102º Destacamento independente Spetsnaz da Marinha [emblema, na imagem], o que significa algo entre 1.300-1.400 soldados de elite, todos eles oficiais super treinados, com longa experiência de combates, apoiados por artilharia, força aérea, blindados, etc.. De fato, minha expectativa é que as autoridades locais e as forças policiais (inclusive os Berkut da polícia antitumulto local e as milícias populares de defesa) serão suficientes para conter qualquer “visitante” da insurgência que apareça por lá, sem precisar de qualquer ajuda da Frota do Mar Negro. Em resumo: a insurgência ucraniana jamais controlará a Crimeia.
5) Leste da Ucrânia:
É onde as coisas ficam muito mais nebulosas. Meu palpite é que o Kremlin está adotando uma atitude de “esperar para ver” em relação ao leste da Ucrânia, esperando pelo que aconteça num nível local. O princípio básico por trás da política do Kremlin é “só ajudamos os que se ajudem eles mesmos e façam por merecer nossa ajuda”. A Crimeia é exemplo perfeito dessa abordagem. Fato é que os nacionalistas têm forte presença em Carcóvia, Dniepropetrovsk ou Poltava. Assim sendo, o desenlace aí é muito mais difícil e delicado de antever.
6) Restante da Ucrânia:
Aqui, entendo que a política correta é autoevidente: primeiro, deixar que os doidos lutem entre eles até aplacarem o coração. Eles que comandem a já arruinada economia real; eles que descubram até onde conseguem sobreviver movidos só a hinos nacionalistas e gritos de “Бий жидів та москалів - Україна для українців” (Fora, judeus e russos, Ucrânia para os ucranianos). A União Europeia e os EUA que compareçam com os $35 bilhões para pagar por mais essa “revolução colorida” e evitar um calote; e, depois, eles que deem jeito de administrar esse novo regime “popular pró-ocidente”.
Então, quando o dinheiro deles acabar, é esperar que recorram ao Kremlin e peçam ajuda. Aí, basicamente, se tratará de “comprar a parte deles para tirá-los do negócio”, item a item, fábrica a fábrica, político a político, oligarca a oligarca, região por região.
Brigada neonazista do Pravy Sektor na Praça Maidan em 13/2/2014
A Rússia NADA deve a esses nazistas odiadores de russos. E nada lhes dará gratuitamente. Os nacionalistas ucranianos tentarão retaliar, sobretudo com ataques aos gasodutos russos que atravessam a Ucrânia, mas essa é estratégia inviável: ferirá, em primeiro lugar e mais fundo, a Europa; e, afinal, a Rússia construirá dois gasodutos que não passam pela Ucrânia. Eventualmente, a Ucrânia acabaria por romper com o ocidente.
Quanto à China, já está processando judicialmente o novo regime por quebra de contratos comerciais (ou, pelo menos, já há notícias disso, em algum dos noticiários que ouvi). A China seguirá a Rússia, neste caso.
7) Violência previsível no leste da Ucrânia:
A menos que ocorra um milagre, haverá muita violência nas províncias do leste da Ucrânia. No ponto em que estão as coisas hoje, não vejo qualquer intervenção militar russa para proteger a população falante de russo, que terá de defender-se, ela mesma. A Rússia garantirá:
(a) apoio político,
(b) financeiro e, possivelmente, quantidade limitada de
(c) apoio secreto.
Por hora, pelo menos, é isso. É possível que eu tenha de corrigir/refinar essa análise.
Bandeira do Partido Svoboda
neonazista
Quanto a EUA/OTAN, não acredito que intervirão militarmente. Haverá MUITA propaganda anti-Rússia, muita propaganda pró-nacionalistas fascistas, milhões de dólares norte-americanos continuarão a encher as burras dos líderes do golpe, mas, mais cedo ou mais tarde, os EUA e seus fantoches europeus terão de se conformar ante a evidência de que fracassaram: não expulsaram da Crimeia a Frota do Mar Negro; e a Crimeia se encaminhará na direção da Rússia: será o tiro pela culatra, da “revolução colorida” que EUA e União Europeia inventaram em Kiev.
Mas em nenhum caso EUA/EU reconhecerão qualquer tipo de autoridade pró-Rússia em nenhuma parte da Ucrânia. Por isso é possível que o país rache, como a Geórgia ou as duas Coreias. OK. Absolutamente não tirará o sono, nem da Crimeia, nem da Rússia – EUA/EU que tenham sua própria versão do Kosovo, só para variar :-)
O que lhes parece? O que escrevi faz sentido?
Muito obrigado e saudações.
The Saker
*GilsonSampaio

Barbosa deu o sinal. E o coxismo golpista se solta no SBT, sob o silêncio do Ministério Público


Um cidadão chamado Paulo Martins, que tem todo o direito pessoal de ser adepto da ultra-direita, está usando desavergonhadamente um canal de TV, concedido pela União, para fazer propaganda golpista e para desmoralizar o Judiciário.

E o mote de suas falas vergonhosas é, como já se esperava (e ficará pior, com os desdobramentos políticos que, escrevam, virão logo), o senhor Joaquim Barbosa.

Diz que o PT “aparelhou” o Supremo Tribunal Federal.

Fala que Joaquim Barbosa está certo “quando diz que eles (o STF dominado pelo petismo) não vão parar” .

- A Corte, cada vez mais dominada pelo PT, tende a interpretar a lei de acordo com os interesses dos “bolcheviques do ABC”

Segue dizendo que “só o despertar das consciências” poderá “parar o PT”.

“As leis e os tribunais não poderão mais. É o presidente da Suprema Corte quem diz”.

Independente do papel de provocador assumido pelo presidente do STF, açulando os radicais desta maneira, o que este cidadão faz, é clara, aberta e completa propaganda (anti) partidária, o que é vedado por lei, exceto nos horários políticos.

Escreva num jornal, imprima panfletos, distribua-os na rua, faça um blog.

Mas não numa concessão pública, um bem estatal que não pode servir à propaganda político-partidária descarada, com sinal trocado.

Nem à propaganda contra as instituições judiciais, com os Ministros do Supremo sendo chamados de agentes do “bolchevismo petista”.

Não é a tal ou qual atitude ou voto deste ou daquele Ministro. É à instituição.

E monólogo, em solilóquio, porque não se apresentam outras visões ou se faz um debate, o que ainda seria compreensível.

É propaganda pura e simples.

Eu, que não sou e nunca fui petista, sinto-me ofendido em meus sentimentos democráticos e realmente não compreendo como o PT do Paraná, tão poderoso, com o ministro das Comunicações e uma senadora, não representou judicialmente contra este sujeito.

Mas isso é problema privado do PT, que pode ser medroso o quanto quiser.

O que está em jogo, porém, é a legalidade e a ordem pública.

Ministério Público Eleitoral tem a obrigação de agir, já que o Ministério das Comunicações, fiador da concessão pública onde isso é inadmissível, se queda inerte.


Fernando Brito
*comtextolivre

Garis enfrentam bombas de gás de pimenta em protesto no Rio



 


Cerca de mil garis e manifestantes ocupam parte da Avenida Presidente Vargas
Cerca de mil garis e manifestantes ocupam parte da Avenida Presidente Vargas
Um grupo com cerca de mil garis e simpatizantes que fazia caminhada em direção ao Sambódromo entrou em confronto com a Tropa de Choque da Política Militar na Avenida Presidente Vargas, a pouco metros da sede da prefeitura. O conflito começou depois que a passeata foi barrada pelos policiais. Pouco depois de breve negociação, quando a caminhada foi reiniciada, os policiais passaram a usar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Os garis ameaçam entrar em greve por melhores condições de trabalho, reajuste salarial, vale-refeição e pagamento de hora extra. Todos os policiais que participam da operação estão sem identificação e o major Brum, responsável pela ação, não justificou a medida. A manifestação partiu da sede do Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro, que chegou a decretar uma greve de um dia na noite desta sexta-feira. Nesta manhã, uma nova assembleia discutia uma possível contraproposta da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), mas os dirigentes não compareceram.
Um dos organizadores do protesto, Bruno Lima, que é gari, disse que a categoria está há três anos insatisfeita com as condições de trabalho e avalia que o carnaval é o momento ideal para mostrar a importância da categoria para a cidade.
– A gente não aguenta mais. São salários muito baixos, de cerca de R$ 900, o tíquete está defasado e as condições do trabalho são péssimas. Falta funcionário, a Comlurb virou cabideiro politico e quem trabalha de forma operacional, não tem valor – disse.
Em nota divulgada mais cedo à imprensa, o vice-presidente do sindicato, Anyonio Carlos da Silva, que informou sobre a paralisação, na véspera, voltou atrás e explicou que a categoria não estava em greve. As ruas da capital fluminense, no entanto, amanheceram cobertas de lixo esta manhã. A Lapa, tradicional bairro boêmio, permaneceu suja até as 9h, quando alguns garis apareceram para retirar o lixo que ficou das festas de carnaval da noite passada.
*correiodobrasil

Gleisi Hoffmann depena tucano Aloysio 300 mil

Gleisi Hoffmann depena tucano from Zcarlos on Vimeo.

*comtextolivre