Templos consumistas
Falando de imponência arquitetônica, podemos com segurança comparar os shopping centers de hoje, templos modernos e arrojados do consumismo, com os templos religiosos suntuosos e imponentes originados na Contra-Reforma. Tanto um quanto outro exaltam o culto a seres superiores. O primeiro diviniza o “deus-lucro”, ou seja, o “deus-capital”, enquanto o segundo constitui-se na morada do Deus bíblico, segundo a Igreja Católica, o criador de todas as coisas. No entanto, olhando para os dois tipos de estruturas e considerando as condições de cada época, observamos, através do movimento de reação da Igreja Católica, a Contra-Reforma, acontecido como forma de resistência à Reforma Protestante, que era preciso resgatar fiéis e conquistar imediatamente outros tantos para que o Catolicismo não perdesse a força que tinha junto ao povo e ao aliado poder do Estado. Para tanto, a arquitetura das igrejas tinha de chamar a atenção para conquistar fiéis através da pompa, do requinte, do luxo, da suntuosidade e da riqueza extremada. Era preciso até causar um certo temor, por isso a grandiosidade das construções, a fim de convencê-los da existência de Deus como um ser supremo e que deveria ser respeitado. Então, a questão da fé religiosa estava para a época como os shoppings centers estão para a atualidade no sentido de arrecadar o maior número possível de compradores, ou seja, de consumidores para seus produtos,angariando muito lucro (trabalho não pago) É necessário impressionar por meio das requintadas decorações, do luxo das lojas, da arrojada arquitetura, das grifes dos produtos e dos seus altos preços. Não há, portanto, que se dissociar essa comparação da realidade atual, já que existe até hoje uma ligação muito forte entre o Estado e as instituições que o legitimam. Ambos consomem o nosso dinheiro, o nosso tempo para fazer o "bem" e as nossas ideias. Hoje quem impera é o capital, ou seja, o deus-capital, idolatrado pela maioria das pessoas e parece que valemos pelo que carregamos no carrinho do supermercado. Tanto a Igreja quanto o capital submetem o ser humano à escravidão e à submissão.
Tânia Marques 12 de outubro de 2010
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