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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Premiê português sugere que professores desempregados deixem o país

O primeiro-ministro de Portugal, o conservador Pedro Passos Coelho, sugeriu que os professores desempregados emigrem para países lusófonos. O chefe de governo ainda realçou as “necessidades” educacionais do Brasil.
Em uma entrevista publicada no último domingo (18) ao jornal Correio da Manhã, o líder do PSD (Partido Social-Democrata) foi questionado sobre se aconselharia os “professores desempregados a “abandonarem a zona de conforto” e a “procurarem emprego em outro país”.
Passos Coelho
O premiê, por sua vez, sugeriu que eles fossem para Angola. “E não só. O Brasil tem também uma grande necessidade ao nível do ensino básico e secundário”, disse.
Pedro Passos Coelho deu esta resposta depois de ter referido as capacidades de Angola para absorver mão-de-obra portuguesa em setores relacionados à tecnologia de informação e ainda em áreas relacionadas à saúde, educação, meio ambiente e comunicações”.
“Sabemos que há muitos professores em Portugal que não têm ocupação a esta altura. O próprio sistema privado não consegue ter oferta para todos”, afirmou, sem apontar qualquer outra saída.
“Estamos com uma demografia decrescente, como todos sabem. Portanto, nos próximos anos, haverá muita gente em Portugal que, das duas uma: ou consegue se formar como professor e estar disponível para outras áreas ou, querendo manter-se sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado da língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa”, explicou.
Portugal é um dos países da Europa com menor nível de escolarização da população, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2011, publicado em novembro pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
No país ibérico, a escolarização média da população com mais de 25 anos é de 7,7 anos. Em outros países europeus afetados pela crise, como na Grécia e na Itália, o índice chega a 10,1 anos. Na Espanha, é de 10,4 e, na Alemanha, de 12,2 anos. 
*comtextolivre

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