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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 08, 2011

A Igreja precisa de uma nova reforma protestante


Por Levon Nascimento


A igreja necessita hoje de uma reforma protestante
Por Eduardo Hoonaert, padre casado, belga, com mais de 5O anos de Brasil, historiador e teólogo, mais de 20 livros publicados. Mora em Salvador. Dedica-se agora ao estudo das origens do cristianismo. Agência Adital
A igreja católica hoje tem necessidade urgente de ‘protestantes’, ou seja, de pessoas que - na linha de personalidades dos séculos XV-XVI como Hus, Wycliff, Lutero, Zwingli, Calvino, Karlstadt, Münzer, Erasmo e Morus - protestam contra a condução da igreja católica pelos seus mais altos representantes em Roma. Está na hora de se resgatar o genuíno espírito protestante, exemplarmente representado por Martinho Lutero. Teço aqui algumas considerações em torno de seu trabalho de reforma da igreja católica em seu tempo.
1. De início, Lutero pensava em aproveitar de uma viagem a Roma para alertar o papa diante dos abusos cometidos por pregadores de indulgências. Portanto, sua primeira intenção não era formar uma igreja separada de Roma, mas reformar a igreja existente. Mas ele se decepcionou. Os burocratas do Vaticano não queriam ouvir falar de eliminar ou mesmo diminuir os lucros provenientes da venda de indulgências. Lutero resolveu então passar por cima de Roma e ir direto ao cristianismo bíblico.
2. Ele se mete imediatamente a trabalhar. Ao longo de 14 anos empreende a tarefa gigantesca de traduzir a bíblia em língua alemã. Refugiado no castelo de um príncipe amigo, ele manda de vez em quando alguém à cidade a fim de anotar, na feira, palavras utilizadas por vendedores de produtos agrícolas e que, em sua opinião, são adequadas a traduzir em alemão as palavras que ele encontra em hebraico, grego ou latim nos textos bíblicos. Pois Deus tem de falar a língua do povo. A paixão de Lutero pela tradução da bíblia em língua alemã faz dele um dos principais formadores dessa língua, tal qual ainda é falada hoje. Esse árduo trabalho intelectual é a melhor resposta de Lutero aos que dizem que ele é sonhador, idealista, e que seu projeto não tem futuro. É como se ele argumentasse: ‘Eu não sonho, trabalho. Faço o que posso para mudar as coisas, por mínima que seja minha contribuição’. Eis o que ele entende por ‘viver da fé’ (o justo vive da fé). Como Abraão, o primeiro homem (pelo menos na tradição bíblica) a viver da fé, Lutero vive da convicção de que as coisas podem mudar.
3. O filósofo Ernst Bloch escreveu um livro (‘Thomas Münzer, um teólogo da revolução’, 1921) em que ele critica Lutero por não ter participado da guerra dos camponeses. Em sua opinião, foi uma lamentável omissão. Mas há uma frente de combate em que Lutero se meteu e que talvez escape à atenção do filósofo materialista: o combate em terreno religioso. Lutero combate de forma destemida uma opressão menos patente que a opressão econômica, mas que penetra mais fundo na alma humana, perpetuando-se por sucessivas gerações. É o combate contra o que o historiador Jean Delumeau chama de ‘pastoral do medo’. O clero introduz na alma do povo o medo do diabo, do inferno, da condenação eterna, do pecado, e assim conquista respeito e autoridade. Fortalecido pela leitura do evangelho, Lutero levanta-se contra essa prática perversa em seu texto ‘Do cativeiro babilônico da igreja’ (publicado no Brasil pela editora sinodal, São Leopoldo, 1982). No entender das pessoas comuns, a vida cristã consiste em assistir à missa e às novenas, rezar muito, mandar celebrar missas pelos defuntos, participar de romarias, tudo isso para salvar sua alma e as almas de entes queridos. Lutero escreve: são exatamente essas práticas, criadas e encorajadas pela igreja, que mantêm o povo num cativeiro ‘babilônico’, do qual Jesus vem nos libertar. O mesmo raciocínio está na base do opúsculo ‘Da liberdade do homem cristão’ (igualmente publicado pela editora sinodal de São Leopoldo). O homem cristão liberta-se de cultos e práticas devocionais que não levam a nada e passa corajosamente a ‘viver da fé’, ou seja, a fazer algo em benefício dos outros, aqui e agora.
4. Eis o espírito de Lutero. O que importa hoje é captá-lo e traduzi-lo em práticas adaptadas ao nosso tempo, sejam elas de cunho religioso ou não. Lutero pertence à humanidade, não pode ser privatizado por alguma igreja ou confissão religiosa. Sempre existe uma diferença entre a inspiração de um inovador e o modo como seus seguidores ou admiradores conseguem captar e viver sua mensagem. Há diferença entre Lutero e luteranismo assim como há diferença entre Calvino e calvinismo, Agostinho e agostianismo, Marx e marxismo e, principalmente, entre Cristo e cristianismo. A constatação já foi feita por Marcião, um mestre cristão particularmente lúcido do século II, que dizia que nem todos os apóstolos conseguiram captar o espírito de Jesus. Não basta conviver com alguém para captar sua inspiração profunda. É possível que pessoas fisicamente distantes de alguém particularmente iluminado captem melhor seu espírito que os que convivem com ele. É o que aconteceu com os familiares de Jesus e os vizinhos da aldeia de Nazaré: não captaram seu espírito, como testemunha o evangelho de Marcos.
5. A cena do século XVI repete-se atualmente em Roma. Os(as) que trabalham pela reforma da igreja católica são considerados(as) ‘personae non gratae’. Reina um espírito de prepotência, fechamento e mesmo cinismo, como afirmou recentemente o escritor Saramago. Todos e todas que ousam apresentar uma sugestão que não é do agrado das autoridades do Vaticano sentem isso na pele. Como nos tempos de Lutero, necessitamos atualmente de uma reforma protestante a sacudir a igreja católica pela força do espírito evangélico. Temos de protestar, fazer ouvir nossa discordância dos desmandos praticados pelo papa e pelas autoridades do Vaticano.
*nassif

SP: Vai-Vai ganhou, mas o melhor samba é da Tucuruvi






SOU CABRA DA PESTE, VIM LÁ DO NORDESTE
SÃO PAULO É MINHA CAPITAL
LEVANDO ALEGRIA, EU VOU POR AÍ
EU SOU VALENTE, SOU TUCURUVI
VOU EMBARCAR NESSA AVENTURA
EM BUSCA DE UM LUGAR AO SOL
TRAGO NO PEITO DESAFIO E ESPERANÇA
A BAGAGEM A LEMBRANÇA,
SONHO OU REALIDADE.
VOU CONSTRUINDO ILUSÃO,
ERGUENDO OS PILARES DA CIDADE,
DEIXANDO MARCAS DA MINHA TRADIÇÃO:
AO SOM DO TAMBOR, A FÉ EM LOUVOR, RELIGIÃO
“OXENTE” FESTEIRA, ACENDE A FOGUEIRA, É SÃO JOÃO
VEM, VEM PROVAR
O SABOR QUE VEM DE LÁ
ESSE GOSTO, ESSE TEMPERO
É DE FATO BRASILEIRO.
DA SANFONA UM ACORDE TOCOU FORTE O CORAÇÃO
OLHA O POVO DANÇANDO PRA LÁ,
ARRASTANDO A SANDÁLIA PRA CÁ,
O FORRÓ TA DANADO DE BOM
UM SORRISO É A MOLDURA DO MEU TRAÇO CULTURAL
QUANDO A GENTE SE ENCONTRA, A MISTURA É NATURAL.
CARREGO NA ALMA A BRAVURA
E O ORGULHO DE SER QUEM EU SOU
VAI MEU SAMBA, VAI! RECONHEÇA O MEU VALOR!
ENREDO: OXENTE, O QUE SERIA DA GENTE SEM ESSA GENTE? SÃO PAULO: A CAPITAL DO NORDESTE!
COMPOSITORES: VAGUINHO, EDU LEÃO, DOUTOR, RIGOLON e ANDRÉ UNIÃO.
INTÉRPRETE: FREDY VIANNA
VICE-CAMPEÃ: ESCOLA DE SAMBA UNIDOS DO TUCURUVI

“Não queremos ser os Estados dos Business Unidos” 5/3/2011, Michael Moore,




Ao contrário do que diz o poder, que quer que vocês desistam das pensões e aposentadorias, que aceitem salários de fome, e voltem para casa em nome do futuro dos netos de vocês, os EUA não estão falidos. Longe disso. Os EUA nadam em dinheiro. O problema é que o dinheiro não chega até vocês, porque foi transferido, no maior assalto da história, dos trabalhadores e consumidores, para os bancos e portfólios dos hiper mega super ricos.


Hoje, 400 norte-americanos têm a mesma quantidade de dinheiro que metade da população dos EUA, somando-se o dinheiro de todos.


Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.


Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer.


Nunca freqüentei universidades. Só estudei até o fim do segundo grau. Mas, quando eu estava na escola, todos tínhamos de estudar um semestre de Economia, para concluir o segundo grau. E ali, naquele semestre, aprendi uma coisa: dinheiro não dá em árvores. O dinheiro aparece quando se produzem coisas e quando temos emprego e salário para comprar coisas de que precisamos. E quanto mais compramos, mais empregos se criam. O dinheiro aparece quando há sistema que oferece boa educação, porque assim aparecem inventores, empresários, artistas, cientistas, pensadores que têm as ideias que ajudam o planeta. E cada nova ideia cria novos empregos, e todos pagam impostos, e o Estado também tem dinheiro. Mas se os mais ricos não pagam os impostos que teriam de pagar por justiça, a coisa toda começa a emperrar e o Estado não funciona. E as escolas não ensinam, nem aparecem os mais brilhantes capazes de criar mais e mais empregos. Se os ricos só usam seu dinheiro para produzir mais dinheiro, se de fato só o usam para eles mesmos, já vimos o que eles fazem: põem-se a jogar feito doidos, apostam, trapaceiam, nos mais alucinados esquemas inventados em Wall Street, e destroem a economia.


A loucura que fizeram em Wall Street custou-nos milhões de empregos. O Estado está arrecadando menos. Todos estamos sofrendo, como efeito do que os ricos fizeram.


Mas os EUA não estão falidos, amigos. Wisconsin não está falido. Repetir que o país está falido é repetir uma Enorme Mentira. As três maiores mentiras da década são: 1) os EUA estão falidos, 2) há armas de destruição em massa no Iraque; e 3) os Packers não ganharão o Super Bowl sem Brett Favre.


A verdade é que há muito dinheiro por aí. MUITO. O caso é que os homens do poder enterraram a riqueza num poço profundo, bem guardado dentro dos muros de suas mansões. Sabem que cometeram crimes para conseguir o que conseguiram e sabem que, mais dia menos dias, vocês vão querer recuperar a parte daquele dinheiro que é de vocês. Então, compraram e pagaram centenas de políticos em todo o país, para conduzirem a jogatina em nome deles. Mas, p’ro caso de o golpe micar, já cercaram seus condomínios de luxo e mantêm abastecidos, prontos para decolar, os jatos particulares, motor ligado, à espera do dia que, sonham eles, jamais virá. Para ajudar a garantir que aquele dia nunca cheguasse, o dia em que os norte-americanos exigiriam  que seu país lhes fosse devolvido, os ricos tomaram duas providências bem espertas:


1. Controlam todas as comunicações. Como são donos de praticamente todos os jornais e redes de televisão, espertamente conseguiram convencer muitos norte-americanos mais pobres a comprar a versão deles do Sonho Americano e a eleger os candidatos deles, dos ricos. O Sonho Americano, na versão dos ricos, diz que vocês também, algum dia, poderão ser ricos – aqui é a América, onde tudo pode acontecer, se você insistir e nunca desistir de tentar! Convenientemente para eles, encheram vocês com exemplos convincentes, que mostram como um menino pobre pode enriquecer, como um filho criado sem pai, no Havaí, pode ser presidente, como um rapaz que mal concluiu o ginásio pode virar cineasta de sucesso. E repetirão essas histórias mais e mais, o dia inteiro, até que vocês passem a viver como se nunca, nunca, nunca, precisassem agitar a ‘realidade’ – porque, sim, você – você, você mesmo! – pode ser rico/presidente/ganhar o Oscar, algum dia!


A mensagem é clara: continuar a viver de cabeça baixa, nariz virado p’ro trilho, não sacuda o barco, e vote no partido que protege hoje o rico que você algum dia será.


2. Inventaram um veneno que sabem que vocês jamais quererão provar. É a versão deles da mútua destruição garantida. E quando ameaçaram detonar essa arma de destruição econômica em massa, em setembro de 2008, nós nos assustamos,

Quando a economia e a bolsa de valores entraram em espiral rumo ao poço, e os bancos foram apanhados numa “pirâmide Ponzi” global, Wall Street lançou sua ameaça-chantagem: Ou entregam trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes dos EUA, ou quebramos tudo, a economia toda, até os cacos. Entreguem a grana, ou adeus poupanças. Adeus aposentadorias. Adeus Tesouro dos EUA. Adeus empregos e casas e futuro. Foi de apavorar, mesmo, e nos borramos de medo. “Aqui, aqui! Levem tudo, todo o nosso dinheiro. Não ligamos. Até, se quiserem, imprimimos mais dinheiro, só pra vocês. Levem, levem. Mas, por favor, não nos matem. POR FAVOR!”


Os economistas executivos, nas salas de reunião e nos fundos rolavam de rir. De júbilo. E em três meses lá estavam entregando, eles, uns aos outros, os cheques dos ricos bônus obscenos, maravilhados com o quão perfeita e absolutamente haviam conseguido roubar uma nação de otários. Milhões perderam os empregos: pagaram pela chantagem e, mesmo assim, perderam os empregos, e milhões pagaram pela chantagem e perderam as casas. Mas ninguém saiu às ruas. Não houve revolta.


Até que… COMEÇOU! Em Wisconsin!


Jamais um filho de Michigan teve mais orgulho de dividir um mesmo lago com Wisconsin!


Vocês acordaram o gigante adormecido – a grande multidão de trabalhadores dos EUA. Agora, a terra treme sob os pés dos que caminham e estão avançando!


A mensagem de Wisconsin inspirou gente em todos os 50 estados dos EUA. A mensagem é “Basta! Chega! Basta!” Rejeitamos todos os que nos digam que os EUA estão falidos e falindo. É exatamente o contrário. Somos ricos! Temos talento e ideias e sempre trabalhamos muito e, sim, sim, temos amor. Amor e compaixão por todos os que – e não por culpa deles – são hoje os mais pobres dos pobres. Eles ainda querem o mesmo que nós queremos: Queremos nosso país de volta! Queremos, devolvida a nós, a nossa democracia! Nosso nome limpo. Queremos de volta os Estados Unidos da América.


Não somos, não queremos continuar a ser, os Estados dos Business Unidos da América!


Como fazer acontecer? Ora, estamos fazendo aqui, um pouco, o que o Egito está fazendo lá. E o Egito faz, lá, um pouco do que Madison está fazendo aqui.


E paremos um instante, para lembrar que, na Tunísia, um homem desesperado, que tentava vender frutas na rua, deu a vida, para chamar a atenção do mundo, para que todos vissem como e o quanto um governo de bilionários lá estava, afrontando a liberdade e a moral de toda a humanidade.


Obrigado, Wisconsin. Vocês estão fazendo as pessoas ver que temos agora a última chance de vencer uma ameaça mortal e salvar o que nos resta do que somos.


Vocês estão aqui há três semanas, no frio, dormindo no chão – por mais que custe, vocês fizeram. E não tenham dúvidas: Madison é só o começo. Os escandalosamente ricos, dessa vez, pisaram na bola. Bem poderiam ter ficado satisfeitos só com o dinheiro que roubaram do Tesouro. Bem se poderiam ter saciado só com os empregos que nos roubaram, aos milhões, que exportaram para outros pontos do mundo, onde conseguiam explorar ainda mais, gente mais pobre. Mas não bastou. Tiveram de fazer mais, queriam ganhar mais – mais que todos os ricos do mundo. Tentaram matar a nossa alma. Roubaram a dignidade dos trabalhadores dos EUA. Tentaram nos calar pela humilhação. Nos tiraram a mesa de negociações!


Recusam-se até a discutir coisas simples como o tamanho das salas de aula, ou o direito de os policiais usarem coletes à prova de balas, ou o direito de os pilotos e comissários de bordo terem algumas poucas horas a mais de descanso, para que trabalhem com mais segurança para todos e possam fazer melhor o próprio trabalho –, trabalho que eles compram por apenas 19 mil dólares anuais.


Isso é o que ganham os pilotos de linhas curtas, talvez até o piloto que me trouxe hoje a Madison. Contou-me que parou de esperar algum aumento. Que, agora, só pede que lhe deem folgas um pouco maiores, para não ter de dormir no carro entre os turnos de voo no aeroporto O’Hare. A que fundo do poço chegamos!


Os ricos já não se satisfazem com pagar salário de miséria aos pilotos: agora, querem roubar até o sono dos pilotos. Querem humilhar os pilotos, desumanizá-los e esfregar a cara dos pilotos na própria vergonha. Afinal, piloto ou não, ele não passa de mais um sem-teto…


Esse, meus amigos, foi o erro fatal dos Estados dos Business Unidos da América. Ao tentar nos destruir, fizeram nascer um movimento – uma revolta massiva, não violenta, que se alastra pelo país. Sabíamos que, um dia, aquilo teria de acabar. E acabou agora, já começou a acabar.


A mídia não entende o que está acontecendo, muita gente na mídia não entende. Dizem que foram apanhados desprevenidos no Egito, que não previram o que estava por acontecer. Agora, se surpreendem e nada entendem, porque tantas centenas de milhares de pessoas viajam até Madison nas últimas semanas, enfrentando inverno brutal. “O que fazem lá, parados na rua, com vento, com neve?” Afinal… houve eleições em novembro, todos votaram… O que mais podem desejar?!” “Está acontecendo algo em Madison. Que diabo está acontecendo lá? Quem sabe?”


O que está acontecendo é que os EUA não estão falidos. A única coisa que faliu nos EUA foi a bússola moral dos governantes. Viemos para consertar a bússola e assumir o timão para levar o barco, agora, nós mesmos.


Nunca esqueçam: enquanto existir a Constituição, todos são iguais: cada pessoa vale um voto. Isso, aliás, é o que os ricos mais detestam por aqui. Porque, apesar de eles serem os donos do dinheiro e do baralho e da mesa da jogatina, um detalhe eles não conseguem mudar: nós somos muitos e eles são poucos!


Coragem, Madison, força! Não desistam!


Estamos com vocês. O povo, unido, jamais será vencido.

*PHA

8 de Março : Mulheres

José Saramago:

Sinto que as mulheres são, em regra, melhores do que os homens. É como se o homem tivesse renunciado ao ponto de vista viril, marialva, e depois não soubesse muito bem como é que havia de ser. A mulher, ao mesmo tempo que já está a ser, está sempre para ser.


Mulher teu desejo é vida
tua vida gera outras vidas
outras vidas a seguir teus passos
teus passos a se perderem no horizonte
no horizonte do amor ao infinito
tu és bendita
mulher 

infinitamente mulher
de lábios vermelhos
de todas as peles
de várias culturas
mulher deusa
mulher cio
mulher 

Tânia Marques


Dilma:mulheres fazem Bolsa Família funcionar



A presidente Dilma Roussef fez nesta segunda-feira uma homenagem antecipada ao Dia Internacional das Mulheres, que será comemorado amanhã. Em seu programa semanal Café com a Presidenta, ela comentou o aumento médio de 19,4% no benefício do programa Bolsa Família e afirmou que, sem a participação ativa das mulheres, a iniciativa não seria capaz de reduzir a pobreza no País.

Dilma destacou que dos 13 milhões de benefícios distribuídos anualmente, 93% são destinados a mães de família. "Com esse dinheiro, a mãe de família compra alimentos, compra os produtos de higiene e compra todos os produtos de primeira necessidade, inclusive material escolar. E aí gera renda também para o dono do mercadinho, da lojinha, da farmácia, fazendo então a roda da economia girar, gerando emprego e aumentando a riqueza de todos", explicou.

De acordo com a presidente, os resultados do programa na área da sáude incluem a queda da desnutrição infantil. Para ela, esse talvez seja o maior benefício do Bolsa Família. "Imagino como é difícil para uma mãe ouvir um filho pedir comida e não ter para dar", disse.

Dilma afirmou que, na educação, os avanços incluem o aumento de crianças na escola, já que o abandono escolar seria menor entre benefíciários. Manter os filhos na escola é uma das condições do programa para que a família receba a transferência de renda.

Agencia Brasil
*terrordonordeste

Budapeste o filme

Chico Buarque de Holanda

 

Download Filme Budapeste Baixar

Via Outros Cadernos de Saramago
José Saramago
Haverá universos paralelos? Perante as variadas “provas” apresentadas ao tribunal da opinião pública pelos autores que se dedicam à ficção científica, não é difícil acreditar que sim, ou, pelo menos, estar de acordo em conceder à temerária hipótese aquilo que não se nega a ninguém, isto é, o benefício da dúvida. Ora, supondo que realmente existam esses tais universos paralelos, será lógico e creio que inevitável ter de admitir igualmente a existência de literaturas paralelas, de escritores paralelos, de livros paralelos. Um espírito sarcástico não deixaria de recordar-nos que não se necessita ir tão longe para encontrar escritores paralelos, mais conhecidos por plagiários, os quais, no entanto, nunca chegam a ser plagiários de todo porque alguma coisa da lavra própria se sentem na obrigação de pôr na obra que assinarão com o seu nome. Plagiário absoluto foi aquele Pierre Menard que, no dizer de Borges, copiou o Quixote palavra por palavra, e mesmo assim o mesmo Borges nos advertiu que escrever o termo justiça no século XX não significa a mesma coisa (nem é a mesma justiça) que tê-la escrito no século XVII… Outro tipo de escritor paralelo (também chamado nègre ou, mais modernamente, ghost) é aquele que escreve para que outros gozem a suposta ou autêntica glória de ver o seu nome escrito na capa de um livro. Disto trata, aparentemente, o romance – Budapeste – de Chico Buarque de Holanda, e se digo  “aparentemente” é porque o escritor “fantasma” cujas grotescas aventuras vamos acompanhando divertidos, se bem que ao mesmo tempo apiedados, é tão-somente a causa inconsciente de um processo de repetições sucessivas que, se não chegam a ser de universos nem de literaturas, sem dúvida o serão, inquietantemente, de autores e de livros. O mais desassosegador, porém, é a sensação de vertigem contínua que se apoderará do leitor, que em cada momento saberá onde estava, mas que em cada momento não sabe onde está. Sem parecer pretendê-lo, cada página do romance expressa uma interpelação “filosófica” e uma provocação “ontológica”: que é, afinal, a realidade? o que e quem sou eu, afinal, nisso que me ensinaram a chamar realidade? Um livro existe, deixará de existir, existirá outra vez. Uma pessoa escreveu, outra assinou, se o livro desapareceu, também desapareceram ambas? E se desapareceram, desapareceram de todo, ou em parte? Se alguém sobreviveu, sobreviveu neste, ou noutro universo? Quem serei eu, se tendo sobrevivido, não sou já quem era? Chico Buarque ousou muito, escreveu cruzando um abismo sobre um arame, e chegou ao outro lado. Ao lado onde se encontram os trabalhos executados com mestria, a da linguagem, a da construção narrativa, a do simples fazer. Não creio enganar-me dizendo que algo novo aconteceu no Brasil com este livro. 
*gilsonsampaio

Nome do arquivo: Budapeste.DVDRip.Xvid.MP3-BY FELIPEAM (www.thee..avi
Descrição do arquivo: By Felipeam (www.theevolution.biz)
Tamanho do arquivo: 697.19 MB
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Escola que homenageou Cuba é campeã do Carnaval de Floripa



A escola da comunidade da Lagoa da Conceição, União da Ilha da Magia, de Florianópolis (SC), trouxe para avenida um tema recheado de polêmica. O enredo "Cuba sim. Em nome da verdade", ousou retratar os EUA como "monstros" e os guerrilheiros de Che e Fidel como ícones da liberdade.
Política à parte, o desfile encantou os jurados e trouxe o primeiro título para a agremiação em apenas três anos de história. A União deixou para trás escolas tradicionais da cidade, como a Copa Lord, atual campeã, e a Protegidos da Princesa, fundada em 1948 e detentora de 24 campeonatos. Unidos da Coloninha e Consulado do Samba ficaram na quarta e quinta posição, respectivamente.
As três primeiras colocadas voltarão à passarela nesta terça-feira (8) para o desfile das campeãs. A filha de Che, Aleida Guevara,  permanece em Florianópolis para uma série de palestras na quarta e quinta-feira, mas ainda não confirmou presença no novo desfile.
Em uma proposta ousada, causando grande expectativa na sociedade, a escola conseguiu fazer um desfile impecável e conquistar boas notas em quase todos os quesitos. A escola ganhou com 264,8 pontos. Em segundo lugar ficou a Embaixada Copa Lord, com 261,5 pontos, e, em terceiro a Protegidos da Princesa com 261,3 pontos.
A médica e revolucionária cubana Aleida Guevara foi destaque na passarela e participou da apuração na arquibancada ao lado da comunidade da Lagoa da Conceição. A cada nota dez recebida a comunidade se levantava e comemorava a aproximação do título.
Aleida também comemorou a vitória e saudou a coragem da escola e a homenagem feita a seu povo e sua revolução. O enredo da União da Ilha da Magia (UIM) foi cantado por todos, e palavras de ordem como "Cuba sim, yankees não. Viva Fidel e a revolução" também foram ecoadas.
O destaque na pontuação foi também para a Comissão de Frente, que na Passarela Nego Quirido montou um mosaico com o rosto de Che Guevara, e para a bateria UIM, com todos os seus integrantes vestidos de guerrilheiros revolucionários.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWY3a-seDf7TwWu4UptNdl3MnEmCfajE81k1itC8Mnugm3i_gG7yUtlPQSYvB9J4sZ6bBF4MFAFnKm0Nh40WXV12kEJHjlmhS9YF1dZdoS3kJNj9XyKQVXIYJD1_yAFQqUJkMYIp-pckzC/s1600/uniao-da-ilha-da-magia-tio_sam.JPGDestaque em carro, filha de Che Guevara, ajuda escola a conquistar o Carnaval de Florianópolis. Foto: Fabricio Escandiuzzi/Especial para Terra
Fonte: da redação, com agências
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