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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 29, 2013

Brics criam um novo sistema financeiro mundiaç

El bloque BRICS crea un nuevo sistema financiero mundial

El mundo necesita un nuevo consenso. La nueva era exige nuevas instituciones que sustituyan al Banco Mundial, al FMI y a la OMC, y los países BRICS van a asumir la responsabilidad de materializarlas, opina el economista y escritor Laurence Brahm.
En su artículo publicado en el diario ruso 'RBC Daily' el experto destaca que la crisis de las antiguas instituciones financieras creadas en el marco del sistema de Bretton Woods después de la Segunda Guerra Mundial ha permitido que se intensifique el protagonismo de los países BRICS, que van a cambiar la arquitectura financiera global. 

"Se suponía que [el Banco Mundial, el FMI y la OMC] iban a garantizar la estabilidad de la económica mundial, pero desde la década de 1970 estas instituciones se han inclinado ideológicamente hacia la política del extremismo de mercado y el orden neocolonial. En cierta manera fueron sus políticas fundamentalistas lo que propició la crisis de 2008", destaca Brahm. 

"En este sentido, a nivel supranacional la tarea de reconfigurar la arquitectura financiera global recae en manos de los países BRICS. Su influencia va a crecer. También hacen uso de la economía integrada en lugar de seguir las políticas del Consenso de Washington del fundamentalismo de mercado", explicó. 

El bloque BRICS se distancia del dólar

Y para conseguirlo el bloque BRICS cumple con todos los requisitos. Los países alcanzaron acuerdos comerciales bilaterales fuera de la OMC, estableciendo los precios de los bienes dentro de los límites de los cestos de monedas mixtas, lo que cambia radicalmente la precepción de la economía mundial. Ahora los países BRICS están preparando una 'hoja de ruta' para crear un nuevo banco de desarrollo, un fondo de estabilización y un mecanismo para la resolución de disputas comerciales que puedan hacerse cargo de las funciones que antes correspondían al Banco Mundial, el FMI y la OMC, en un intento de trabajar en paralelo

Para tener la posibilidad de influir en los asuntos económicos globales, China y otros países BRICS han decidido que es hora de crear un nuevo consenso global. En marzo de 2012 los líderes de los países BRICS emitieron la Declaración de Nueva Delhi, que aboga por un nuevo sistema financiero. 

En marzo de 2013, en Sudáfrica los líderes de los países BRICS, además de una 'hoja de ruta' para la creación de un banco del BRICS como alternativa al Banco Mundial, acordaron establecer un consejo de negocios de los BRICS que actuará como órgano de administración de la zona de libre comercio, un órgano que crearán los BRICS para trabajar en paralelo con la OMC. 

"Se puede esperar que como alternativa el banco de los BRICS ofrecerá préstamos no limitados por condiciones, pero a tasas de interés más altas, es decir, utilizará un enfoque más empresarial. Además, podrá financiar proyectos en sectores en los que el Banco Mundial no trabaja, por ejemplo en el campo de los biocombustibles o la energía nuclear. El siguiente paso lógico sería la creación de un fondo de estabilización de los BRICS como una alternativa al FMI, lo que puede requerir la creación de una nueva moneda de reserva global. Es posible que se incluya en la cesta el real, el rublo, la rupia, el yuan y el rand. Está claro que los países BRICS se esfuerzan por ser menos dependiente del dólar de EE.UU.", explica el economista. 

"Al convertirse en una alternativa viable al FMI, el fondo de 'emergencia' será capaz de cambiar las placas tectónicas del sistema financiero global. El fondo de estabilización de los BRICS podría alcanzar 240.000 millones de dólares en moneda extranjera, que es más que el PIB combinado de 150 países. Esto aumentará el prestigio de los países BRICS no solo como centros de poder regional, sino también como una fuerza con la que sus vecinos podrían distanciarse del subdesarrollo", concluyó. 


Texto completo en: http://actualidad.rt.com/economia/view/109564-brics-nuevo-sistema-financiero-mundial

Israel é uma ditadura tão brutal quanto a dos Estados Unidos, graças ao controle da mídia e da indústria de entretenimento


          Ministro palestino, anuncia o plantio de  700 mil oliveiras. Israel vai deixar?

É a verdadeira face de Israel.

É o único país do mundo que tripudia sobre as convenções internacionais.

 É o único país do mundo que pratica  racismo deslavado sem que seja incomodado.

É o único pais do mundo que promove castigos coletivos, coisa rara na história da humanidade.

Tudo isso em nome do judaísmo e o que é dramático, com a aquiescência da população.

Um estado que faz de sua população cúmplice.

Claro com as honrosas exceções.

Mas as exceções não governam.

É o único pais do mundo que  não respeita diplomatas.

E não é preciso divagar para encontrar algum exemplo.

Aconteceu com o diplomata brasileiro que foi enviado ao aeroporto de Tel Aviv para falar com a cineasta brasileira Iara Lee, uma das passageiras da Flotilha da Liberdade.

O diplomata brasileiro foi impedido de falar com ela pelos israelenses, numa atitude de arrogância sem igual.

Caso único na diplomacia.

É claro que não se podia esperar outra coisa de um estado que faz do sangue de inocentes  a razão de sua existência.

Só não acredita nisso quem não conhece História.

Ou acredita nessa mídia cujo propósito maior é insultar a inteligência.



EUA,1964: dono de hotel derrama ácido na piscina enquanto pessoas negras nadam 
*Bourdokan

Como FHC vendeu a Segurança Nacional


Só um bobo dá a telefonia a estrangeiros. Ele deu.
Amigo navegante carnavalesco enviou o seguinte e-mail:


PH,

Muito, mas muito boa mesmo a matéria sobre o livro branco da defesa.

Cedo ou tarde a questão do poder militar brasileiro como política econômica e garantia defensiva das próprias políticas sociais (que vão depender muito do pré-sal, do xisto do Amapá e por aí vai) tem que ser recuperada pelos progressistas.

A matéria foi estigmatizada pela associação de capacidade atômica e nuclear ao imperialismo americano (década de 50, campanha pelo desarmamento mundial etc).

O FHC assinou o Tratado de Não—Proliferação Atômica.

Para mim, traição nacional, traição mesmo, convicta, essa foi, seguramente.

O resto foi entreguismo barato.

Quero ver como os socialistas históricos do PSB vão se ver com o Atlântico às escuras da Marina que o Miguel do Rosário sublinhou.

A leitura do CAf pela manhã foi um banho de leite de cabra enquanto aguardo realizar uns exames médicos. Sem preocupação, sairei no carnaval fantasiado de Pré-Sal.

Grande abraço
Navalha
O Príncipe da Privataria cometeu alguns atos de traição.
Pode-se dizer que ele vendeu, deliberadamente, a Segurança Nacional.
Em junho de 1993, ele vendeu à estrangeira Bunge a Ultrafértil, que produzia 42% dos fertilizantes do país.
Junto foi a Petrofértil, que produzia – e só ela – o combustível pesado para acionar os foguetes que saem de Alcântara.
Foguetes demandam combustíveis líquidos e sólidos.
Os sólidos são os mais complicados, porque, altamente poluentes, exigem um transporte complexo.
A Petrofértil foi fechada e o Brasil perdeu o fornecedor doméstico – e estatal – de combustível para foguetes.
(Depois a Petrobras recomprou a Ultrafértil.)
Outra traição à Segurança Nacional se deu em 1º de julho de 1998, no fim do primeiro mandato – para que não houvesse o risco de não conseguir fazê-lo mais tarde.
Foi quando ele assinou o Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares.
E jogou no lixo décadas de luta da diplomacia brasileira, de JK aos militares, que resistiu à furiosa pressão dos americanos, que, claro, querem o monopólio da energia nuclear.
Assinar o TNP foi a traição MAIOR, na opinião do amigo navegante.
Tem mais traição.
No dia 29 de julho, ele vendeu a Embratel à americana MCI.
Depois comprada pelo mexicano Slim.
Com a Embratel ele vendeu um satélite de comunicações com banda militar e a base terrestre para operá-la.
O Brasil tem que alugá-los ao Slim.
Enquanto não chega, ano que vem, o mega-satélite geoestacionário que a Dilma mandou comprar.
Como diria o então tucano Bresser Pereira, “só um bobo dá a telefonia para estrangeiros”.
O FHC deu.
Mas, de bobo não tem nada.
A outra traição à Segurança Nacional foi deixar de herança ao Lula uma licitação quase pronta de compra de caças.
A pedido dos americanos, ele tirou da licitação os Sukhoi-35 russos.
E deixou os americanos, os suecos – um clone dos americanos e da preferência da Tacanhêde -, e os franceses.
Agora, provavelmente, a Dilma vai ter que incluir os Sukhoi-35 de volta à competição.
O Príncipe da Privataria entregou a mercadoria.
Como lhe encomendaram.
Ele se elegeu para vender e entregar o Brasil aos americanos.
E foi o que ele fez.
Tirou o sapato !
Porque sempre acreditou em tirar o sapato.
Sua famosa “teoria da dependência” não passa disso: o Brasil não tem futuro, mesmo, então, é melhor ser dependente dos americanos.
Qual a surpresa, amigo navegante ?
*PHA

Kirchnerismo perde Buenos Aires, mas conquista maioria no Congresso


Na principal província argentina, vitória ficou com Frente Renovadora; Frente de Esquerda conquista resultado histórico em Mendoza

Apoiadores da oposição comemoram resultado das urnas: Kirchner perdeu em distritos-chave, mas mantém maioria do Congresso Agência Efe

Há exatos três anos da morte do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), os argentinos foram às urnas neste domingo (27/10) para renovar 127 cadeiras – a metade - da Câmara de Deputados e 24 - um terço - do Senado.

Com quase 100% das seções eleitorais apuradas em todo o país, os números mostram que o kirchnerismo foi derrotado nos principais distritos eleitorais. No entanto, a base governista FpV (Frente para a Vitória) e seus aliados se mantiveram como maior bloco em ambas casas do Congresso.

Na Câmara de Deputados, a legenda da presidente Cristina Kirchner manteve o mesmo número de bancas e, com 132 assentos, é a única força que supera os 129 deputados necessários para conformar quórum nas votações da casa. No Senado, a situação da FpV é parecida. Mesmo depois de perder duas bancas, seus 39 representantes superam em dois o mínimo de 37 presentes para conformar quórum.

A aliança governista tem 33,15% do total de votos para deputados nacionais e 32,13% para senadores. Na Argentina, para a Câmara, o número de representantes eleitos por distrito é proporcional ao número de votantes. Já no Senado, cada província (estado) tem três bancas. Algumas províncias e municípios também renovaram parte de seus legislativos locais.

Província de Buenos Aires

A maior derrota kirchnerista foi na província de Buenos Aires, onde se concentra o maior número de eleitores do país, com 37,4% de votantes registrados. O ex-chefe de gabinete de Cristina Kirchner e atual prefeito do município de Tigre, Sergio Massa, liderou a vitória da FR (Frente Renovadora), principal oposição ao governo no distrito. A coalizão encabeçada pelo antigo correligionário da presidente obteve 16 bancas na Câmara de Deputados, com 43.92% dos votos e uma vantagem de cerca de dez pontos percentuais sobre a FpV, que elegeu 12 deputados.

Buenos Aires não elegeu senadores nacionais. No legislativo local, a Frente Renovadora conquistou 13 das 23 bancas para senador provincial, enquanto a FpV ganhou sete assentos. Com 95,66% das seções eleitorais apuradas, a FpV liderou a disputa por deputados provinciais com vantagem de menos de 1% e ganhou 18 bancas locais, enquanto a Frente Renovadora levou 16 dos 35 assentos em jogo na casa.

Capital Federal

Na capital argentina, o PRO (Proposta Republicana), do chefe de governo Mauricio Macri, se impôs como a legenda com o maior número de votos para ambas casas do Congresso Nacional e para a Lagislatura local. Pela primeira vez o PRO terá representação no Senado, dois deles pela Cidade Autônoma de Buenos Aires.

Mauricio Macri será candidato pela oposição às eleições presidenciais de 2015  Agência Efe

Macri aproveitou a comemoração da vitória nas urnas para anunciar sua candidatura à presidência em 2015. O atual mandatário da capital argentina também rompeu sua aliança com Sergio Massa na província de Buenos Aires ao, de maneira informal, anunciar entre balões de ar e música de festa que em sua lista de 2015 “não vai haver nenhum ex-integrante de gabinete presidencial”, em alusão ao prefeito do município de Tigre.

O terceiro senador eleito pela cidade de Buenos Aires é o cineasta Fernando “Pino” Solanas. Sua coalizão, Unen, assim como o PRO, terá cinco deputados na Câmara, enquanto a FpV conquistou três bancas pela capital.

Unen, uma aliança entre distintos setores políticos - da centro-esquerda à centro-direita - e única legenda a disputar internas de candidatos durantes as primárias de agosto, se consolidou como segunda força nos três pleitos da Capital Federal. Daniel Filmus, que foi ministro de Educação de Néstor Kirchner, não conseguiu manter o cargo e a FpV ficou sem representação pela capital no Senado.

Cordoba, Santa Fe e Mendoza

Em Cordoba, estado que congrega 8,7% dos votantes e só elegeu deputados nacionais, a FpV ficou em terceiro lugar, com 15,25% dos votos e duas bancas. União por Cordoba, uma aliança integrada pelo peronista PJ (Partido Justicialista) conseguiu uma vitória com vantagem de 2% sobre a UCR. Ambas forças elegeram três deputados.

Em Santa Fe, província onde o governador pelo Partido Socialista Antonio Bonfatti sofreu atentado a tiros duas semanas antes das eleições, a vitória ficou com a FPCyS (Frente Progressista Cívica e Social), integrada pela legenda do executivo provincial. Assim como Cordoba, Santa Fe – onde se encontram 8,3% do eleitorado nacional - só votou por deputados nacionais. A FPCyS conquistou quatro bancas e segundo lugar ficou com a aliança integrada pelo PRO, que leva três assentos, enquanto a FpV, em terceiro, os dois restantes.

Em Mendoza, onde estão 4,3% dos eleitores argentinos e não houve eleição para o Senado, o primeiro lugar ficou com a UCR do ex-vice-presidente Julio Cobos, que rompeu com o governo que integrava em 2008 durante a crise entre Cristina Kirchner e produtores rurais. Das cinco bancas para deputados em disputa, três ficaram com os radicais, enquanto uma ficou com a FpV, segunda colocada na província.

Frente de Esquerda: resultado histórico

Com o terceiro lugar em Mendoza, a FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) conquistou também um lugar na Câmara de Deputados pela província. O resultado histórico da aliança trotskista conformada pelo PO (Partido Operário), PTS (Partido dos Trabalhadores Socialistas) e IS (Esquerda Socialista) se repetiu na província de Buenos Aires e em Salta.

A FIT e seus aliados chegam dessa maneira ao parlamento argentino e terão três assentos na Câmara de Deputados. Jorge Altamira, referente do PO e candidato pela Capital Federal, ficou de fora, mas festejou a entrada de seu bloco ao legislativo nacional. Em 2011, durante as eleições presidenciais, uma campanha iniciada como piada entre jornalistas pedia “um milagre para Altamira”, para que o então candidato a presidente pudesse superar o piso de 1,5% de votos nas primárias e concorrer ao Executivo nacional. O dirigente do PO chegou ao pleito, mas terminou em penúltimo lugar, com 2,3% dos votos.

*comtextolivre

domingo, outubro 27, 2013

Novos Hereges

NOVOS HEREGES (Por Renato Malcher - neurocientista) Em 1600, aos 52 anos, o filósofo, matemático e astrônomo Giordano Bruno foi acusado de heresia e queimado vivo. Não se sabe ao certo o que pesou mais para que os inquisidores de Roma decidissem silenciar seu cérebro de forma tão exemplar: se sua convicção de que o Sol era apenas mais uma estrela no céu, ou sua crença de que existiam incontáveis planetas habitados no universo, cada qual com seus respectivos e diversos Deuses. Na idade das trevas, a heresia era o pior dos crimes, mesmo sem afetar a integridade física ou subtrair qualquer bem de outra pessoa. Um crime que, em termos práticos, pode ser definido como o ato de compartilhar qualquer pensamento que fosse distinto da verdade inventada por uma elite dominadora. Portanto, hereges eram aqueles que ousavam alforriar seus próprios neurônios. O anseio pelo controle dos neurônios alheios sobreviveu aos séculos e, mais do que aquele pela paz, parece compor a base filosófica das leis que criaram a guerra às drogas. A proibição de uma substância psicoativa, sem base lógica e em detrimento de sua regulamentação por meio dos mesmos parâmetros usados para outros fármacos, impede que os indivíduos tenham acesso a opções mais seguras e adequadas aos seus organismos do que aquelas arbitrariamente permitidas pelos políticos. Não é uma questão “apenas” de direitos individuais, é importante regulamentar com base científica o uso de quaisquer fármacos para evitar que eles causem mal tanto aos indivíduos quanto à sociedade. Entretanto, pretender controlar pela força da lei o ato íntimo de alterar o próprio estado de consciência é tão razoável quanto delegar a legisladores que decidam pela pessoa o que fazer para satisfazer sua vida afetivo-sexual ou religiosa. A lei que criminaliza o uso da droga não convence pessoas adultas a dividir com o estado a soberania sobre si mesmas. Especialmente em casos como o da maconha, que é muito menos lesiva aos indivíduos e à sociedade do que outras drogas permitidas pela lei. A criminalização ofende, constrange, instiga preconceitos, prejudica o acesso à informação, à orientação médica, a tratamentos em casos de abuso e, no caso da maconha, ainda impede a pesquisa e a aplicação de suas propriedades medicinais. Porém, não acaba com a demanda, favorecendo a prosperidade de um mercado negro comandado pelo crime e regulado pela violência. Esta violência, somada à da própria guerra contra este mercado, gera desgraças pessoais e danos sociais absurdamente desproporcionais ao mal que qualquer droga possa causar. O estigma da ilegalidade afeta nossa cultura, manifestando-se em forma de intolerância semelhante àquelas que levavam famílias de bem ao êxtase diante do martírio de Giordano Bruno e de tantos outros espíritos visionários os quais, em sua sinceridade, compartilharam dessa extraordinária capacidade tão humana, que é a de multiplicar ideias e visões do mundo. Não é um problema restrito aos usuários de drogas ilegais, mas é emblemático perceber que famílias de bem, colunistas de jornais, apresentadores de TV e políticos, que outrora estariam na claque das fogueiras a gritar “Hereges Malditos!”, hoje gritam “Maconheiros Vagabundos!”. E o fazem com o mesmo ódio doloso com os quais também se usam expressões como “puta vadia”, “preto safado”, “mendigo nojento”, “bicha depravada” e assim por diante. Será que tanta agressão é melhor para a sociedade do que o trabalho daqueles que usam a maconha, por exemplo, para estimular sua criatividade e sensibilidade artística? O que seria, por exemplo, da música brasileira (e mundial) sem a maconha? Tudo isso parece irrelevante diante do poder entorpecente da intolerância, que afaga o próprio ego de quem a professa, como um recurso fácil para se sentir superior aos outros sem precisar fazer nada de útil ou belo pela humanidade ou pelo planeta. A intolerância é o ópio daqueles que ainda não aprenderam a contribuir generosa e criativamente para o aprimoramento e expansão do extraordinário potencial humano. Vício capaz de controlar rebanhos gordos de preconceitos e psicologicamente dependentes da desinformação. Massa de manobra para aqueles que lucram com as desgraças das guerras, inclusive as da guerra às drogas. Apesar de o obscurantismo permanecer uma força opressora da razão, o entendimento científico do mundo e das coisas vivas permanece avançando. Assim como avançam os recursos para acessarmos estas informações e para conhecermos um número cada vez maior de pessoas com suas diversas formas de entender e apreciar o mundo e a vida. Porém, o acesso ao conhecimento pode ser bloqueado em grande parte pelas próprias leis, por instituições governamentais, pelo preconceito cultural, e pela ação da mídia de comunicação de massa. Desta forma, a ciência também sofre censura e cerceamento quando as informações que ela traz contradizem as vontades, os interesses ou os preconceitos de quem cria e banca as leis. Por muitos anos, o vínculo de agências financiadoras de pesquisa com politicas de estado do governo norte-americano, por exemplo, comprometeu seriamente a pesquisa acerca dos reais efeitos da maconha sobre a saúde e facilitou a proliferação de artigos que, frequentemente de forma tendenciosa, apoiassem a política antidrogas do governo. O National Institute on Drug Abuse dos Estados Unidos (NIDA) prestou esse desserviço à humanidade por muitas décadas. No Brasil, devemos repudiar essas visões ultrapassadas que apoiam leis e posturas políticas as quais, por sua vez, sabotam a pesquisa e a utilização das inquestionáveis propriedades medicinais da maconha. Obstruindo, de forma anticientífica e, portanto, antiética, o alívio de sofrimentos severos em pessoas que, em plena sintonia com a ciência, fazem uso inteligente dessa obra-prima da natureza. Apesar de expressivas exceções, boa parte da grande mídia, dos políticos, do governo e até dos médicos, foge do conhecimento científico e histórico subjacentes a estas questões. Simplesmente se esquivam diante do tabu e, talvez, do receio em admitir que milhares de pessoas, incluindo crianças, trabalhadores honestos, criminosos e policiais honrados, são mortos em vão na guerra contra uma planta medicinal. A maconha não deve ser usada por jovens em crescimento e o abuso não é bom nem para adultos. Entretanto, a dependência psicológica de maconha é relativamente rara e seus efeitos danosos, para o indivíduo e para a sociedade, demandam cuidados, mas não justificam a ilegalidade. A maconha não mata, não causa esquizofrenia, não causa câncer, não danifica o cérebro, não causa dependência fisiológica, não tira a consciência do usuário e não torna a pessoa violenta. Ela pode atrapalhar o desempenho de jovens em idade escolar e ser prejudicial a um grupo minoritário de pessoas com distúrbios psiquiátricos não diagnosticados, por exemplo. Mas, para a grande maioria das pessoas, os efeitos da maconha não só são muito menos nocivos que os do álcool e os do cigarro, como são também, ao contrário destes, perfeitamente recomendáveis para diversas aplicações medicinais. Erra quem diz que usar maconha leva ao uso de outras drogas. Porém, seus efeitos ansiolíticos, antidepressivos, e inibidores de parte do sistema nervoso que ativa reação ao estresse, torna o uso da maconha uma alternativa como porta de saída para dependentes de drogas mais pesadas e viciantes como o álcool, o crack e a cocaína: a maconha pode aliviar a síndrome de abstinência dessas drogas. Séculos após o assassinato de Giordano Bruno, o astrofísico Carl Sagan, mundialmente famoso por seu brilhantismo científico, dedicou, como Bruno, sua vida à busca do conhecimento sobre o universo e nosso lugar dentro dele. Sagan também defendeu a possibilidade de vida em outros planetas e, em seu extensivo trabalho de divulgação cientifica, explicou de forma lindíssima a ciência que veio confirmar a astronomia de Bruno... Carl Sagan não escaparia se vivesse na mesma época: além de um convicto herege à moda antiga, ele também era maconheiro! Sim, e ainda cometeu a blasfêmia de escrever textos contando como a maconha o ajudou no desenvolvimento de muitos de seus preciosos insights intelectuais. Se havia algo que a inquisição abominava tanto quanto hereges, era o uso de plantas que, além de expandir os limites da consciência, pudessem mitigar sofrimentos do corpo e da mente - funções que eram como que propriedades intelectuais da Igreja. Celebramos, portanto, os bravos hereges responsáveis pelo lançamento desta revista que, embora seja semSemente, ajudará a semear a paz da qual todos colheremos frutos. [texto publicado na primeira edição da revista semSemente] Renato Malcher (neurocientista, membro do International Centre for Science in Drug Policy http://icsdp.org/) é Mestre em Biologia Molecular, doutor (Ph.D) em Neurociências. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Fisiologia da Universidade de Brasília e autor do livro "Maconha, Cérebro e Saúde" escrito em colaboração com o neurocientista Sidarta Ribeiro. http://www.facebook.com/photo.php?fbid=139654219510282&set=a.134992279976476.30639.134982639977440&type=1&theater — com Legaliza Rio Preto 

Homens Invisíveis e o preconceito

Por que o apoio de atores da Globo às manifestações é visto com desconfiança



*comtextolivre


Por que o apoio de atores da Globo às manifestações é visto com desconfiança

Mariana Ximenes

Atores da Globo, uns mais conhecidos que outros, fizeram um vídeo chamado “Grito da Liberdade”. Convocavam para uma manifestação no dia 31 de outubro no Rio de Janeiro. Wagner Moura, Leandra Leal, Marcos Palmeira, Mariana Ximenes, entre outros, falaram, de maneira difusa, da violência policial.

O vídeo foi postado aqui. Está em outros lugares. A reação não tem sido positiva. Por que duvidamos das intenções e do endosso desses artistas?

Primeiro porque existe um certo cheiro de oportunismo. O apoio de uma celebridade pode fazer bem ou mal a uma causa. Se ele, ou ela, é atuante e tem um histórico ligado a determinado assunto, não provoca estranhamento. Quando Mariana Ximenes fala para o pessoal aparecer num protesto porque ele vai ser lúdico (tipo tomar tiro de bala de borracha?) e terá intervenções artísticas, dá uma complicada.

Bono foi convidado a ser um dos rostos da campanha ONE, contra a miséria na África. A adequação era clara. Ele já era uma voz no combate à AIDS. Trouxe doações e ajudou a popularizar o tema. Madonna no Mali virou uma dor de cabeça para ela e para o país.

Globais gravaram, em 2011, um vídeo em protesto à construção da usina de Belo Monte. Virou piada. O que Bruno Mazzeo poderia contribuir ao debate? Depois foram as cinco atrizes da novela das 9 numa foto tétrica contra o voto do ministro Celso de Mello no mensalão. Um clássico.

No “Grito da Liberdade”, há dois nomes que têm alguma atuação na política. Marcos Palmeira, dono de uma fazenda de produtos orgânicos, teria sido sondado pelo PSB para concorrer ao governo no Rio. Wagner Moura militou a favor de Marcelo Freixo e se empenha em passar uma imagem contrária à do policial fascista que interpretou em “Tropa de Elite”.

Eu falei recentemente no humorista inglês Russell Brand. Brand foi receber um prêmio da revista de moda GQ. Subiu ao palco e lembrou que o patrocinador, Hugo Boss, produzia os uniformes dos nazistas. Foi expulso da festa. Tem insistido que haverá uma “revolução”. É bem informado, articulado e tem uma bandeira. Hoje é ouvido, respeitado e seguido.

Ninguém duvida das intenções dos globais. Mas ninguém esquece de onde eles são. Um trecho do “manifesto” diz o seguinte:

“Somos a rede social trazendo a contra-narrativa, já que a mídia comprada pelo poder atua como polícia para esvaziar as ruas e silenciar o clamor popular”.

Mídia comprada pelo poder é o Jornal Nacional?  Wagner Moura vai dizer isso? Camila Pitanga vai parar de dar entrevistas para o “Fantástico”?

Peraí, né? Aí já é querer demais.

Enquanto isso, os manifestantes continuarão confiando mais numa convocação feita por um anônimo no Facebook do que em celebridades que detonam o “sistema” na sexta-feira e, no domingo, estão no Faustão vendendo a nova novela das 7.

Kiko Nogueira No DCM
*comtextolivre