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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, fevereiro 12, 2011

Pra quem achou que foi fácil



*beatrice

Obama : No país nos dias 19 e 20 de março, ele pretende replicar os grandes eventos realizados no Cairo e em Berlim








GOVERNO DOS EUA:"SEREI SEU AMIGO SE VOCÊ FOR MEU ESCRAVO". É TRISTE !

O GOVERNO DOS EUA TEM ESSA VISÃO DISTORCIDA QUE O AMIGO É AQUELE QUE CONCORDA EM TUDO. POR ISSO,OS EUA NÃO TÊM AMIGOS

 

Obama quer discurso histórico no Rio

Em sua visita ao Brasil, presidente americano gostaria de fazer um pronunciamento para milhares de pessoas


No país nos dias 19 e 20 de março, ele pretende replicar os grandes eventos realizados no Cairo e em Berlim

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

O presidente americano, Barack Obama, quer fazer no Rio de Janeiro um "grande discurso" para o povo brasileiro, semelhante aos pronunciamentos históricos que fez em Berlim e no Cairo.
Segundo a Folha apurou, funcionários americanos estão buscando um local que possa abrigar alguns milhares de pessoas e que tenha uma logística adequada.
O tema do discurso ainda não está fechado, mas Obama deve abordar "a importância de Brasil e EUA atuarem juntos no cenário global". Obama deve vir ao país em 19 e 20 de março e passar apenas por Brasília e Rio.
A ideia do governo americano é fazer um grande evento semelhante ao discurso do Cairo em junho de 2009 -em que Obama comunicou um recomeço das relações dos EUA com o mundo islâmico- e ao de Berlim.
Na capital alemã, Obama discursou para 200 mil pessoas em julho de 2008, antes de ser eleito, no Tiergarten, o principal parque da cidade.
No Brasil, o principal complicador para o evento é a língua. Uma das possibilidades em estudo é usar telões com legendas no palco onde Obama irá falar.
Também foi aventada a hipótese de distribuir fones de ouvido para os participantes, como foi feito no Egito. Mas, lá, o discurso foi na Universidade do Cairo, e era mais fácil controlar o fluxo de pessoas e fones de ouvido.
O governo americano gostaria de fazer o evento em algum lugar emblemático do Rio, e até uma praia está sendo cogitada.
Ainda durante sua estadia no Rio, Obama irá visitar uma favela pacificada -agentes americanos visitaram Cidade de Deus, Dona Marta, Babilônia, Cantagalo e Providência para verificar as condições.
Em Brasília, ele vai participar de um jantar oficial, e deve haver algum evento envolvendo empresários -muitos de São Paulo ficaram frustrados porque a comitiva não irá passar pela cidade.

SEM APOIO NO CS
No discurso, além da relação Brasil-EUA, Obama pode abordar o relacionamento entre seu país e a América Latina e a situação dos povos indígenas na região.
Ele poderia falar também sobre a questão racial, sublinhando a diversidade que une o Brasil e os EUA e o fato de ser o primeiro presidente americano negro.
Segundo fontes do governo americano, é bastante improvável que Obama declare apoio às ambições brasileiras a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
A Casa Branca comemorou gestos da presidente Dilma Rousseff -entre eles, o repúdio às violações aos direitos humanos no Irã e as críticas ao tratamento dado a dissidentes cubanos.
Mas, para os americanos, o Brasil ainda não demonstrou de forma inequívoca liderança regional e global. E, com seu comportamento durante a negociação de sanções contra o Irã, "minou os fundamentos" do CS.
Por esses motivos, ainda não é a hora de declarar apoio, dizem os americanos. A Índia recebeu apoio de Obama em sua visita a Nova Déli, em novembro.
Outro presente que Obama não deve trazer aos anfitriões é algum sinal de que a tarifa americana sobre o etanol brasileiro pode ser derrubada em breve. A tarifa foi renovada em dezembro.
"A tarifa é determinada pelo Congresso", disse ontem José Fernandez, secretário de Estado assistente, em evento na Câmara Americana. "Não há planos de mudá-la."

Relações explosivas do homem-bomba de José Serra

Folha rouba créditos: Inquérito sobre empresa de genro de Paulo Preto teve origem em nosso blog

A Folha de São Paulo, pegou nosso "furo" (notícia em primeira mão) sobre a empresa do genro de Paulo Preto em sociedade com a mãe, e agora "rouba" créditos da notícia que pertence ao nosso blog "Os amigos do presidente Lula".

O jornalão demo-tucano diz que o inquérito civil foi instaurado na terça-feira e "tem como origem reportagem da Folha" de outubro passado.



Não é essa a verdade.

Quem primeiro percebeu a existência da empresa do genro e da mãe, relacionada ao Dersa, e noticiou foi nosso blog na nota "Relações explosivas do homem-bomba de José Serra" do dia 25 de outubro de 2010.

No final daquela nossa nota tem até uma ironia sobre o descaso da Folha com as notícias sobre Paulo Preto, concluindo com a frase:

"Por que a Folha, Globo, Estadão e Veja não tem o mesmo interesse que tiveram com os parentes de Erenice?"

Depois que publicamos, a notícia se alastrou pela blogosfera, a bancada do PT na Assembléia Legislativa foi apurar o caso no sistema de pagamentos do Estado de São Paulo. Só depois disso a Folha publicou, quando não tinha mais como os jornalões demo-tucanos abafar a notícia.

Será que, se a Folha tivesse essa informação exclusiva em mãos, teria noticiado, se não tivéssemos espalhado?

Outras notícias, o jornalão abafou durante a campanha eleitoral.

Por exemplo, os documentos públicos que comprovam a sociedade da filha de José Serra com a irmã de Daniel Dantas: a Folha não publicou, mesmo a gente fazendo um "tutorial" para eles de como obter as provas oficialmente em arquivos públicos do governo da Flórida (EUA).

Republicamos nosso furo (que a Folha surrupiou os créditos):

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Relações explosivas do homem-bomba de José Serra


O homem-bomba de José Serra, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, era o diretor do DERSA, no governo Serra.

Ele é pai de Tatiana Arana Souza Cremonini, funcionária do Palácio dos Bandeirantes, contratada no governo Serra.

Ela é casada com Fernando Cremonini...

... Que é dono da empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda.

Consulta na Jucesp - Junta Comercial do Estado de São Paulo

Tem como sócia Maria Orminda Vieira de Souza (reparem no sobrenome). Uma senhora de 85 anos, com raízes em Taubaté, as mesmas de Paulo Vieira de Souza, e que tornou-se empresária do ramo de construção pesada aos 78 anos de idade (em 2003).

A empresa Peso Positivo aluga guindastes para empreiteiras que constroem o Rodoanel, e outras obras da DERSA, onde Paulo Preto era diretor.


A empresa Peso Positivo tem como sede um endereço (Rua Abaúna, 187 - São Paulo) onde aparenta haver um galpão sem atividade, e de tamanho pequeno para o tipo de equipamento que aluga.


Simplesmente ser parente e ser empresário não é crime, mas tem uma combinação explosiva aí de genro, com uma suposta parente de 85 anos, com fornecedora de empreiteiras que atendem o DERSA, onde Paulo Preto era diretor.

Por que a Folha, Globo, Estadão e Veja não tem o mesmo interesse que tiveram com os parentes de Erenice?
*OsamigosdopresidenteLula

Dono da RBS indiciado por crime do colarinho branco

O dono da RBS, canal que retransmite o sinal da TV Globo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, foi indiciado na “Lei do Colarinho Branco – Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986″:
O indiciado é o da direita. Direita!
CARTA PRECATÓRIA Nº 5027955-60.2010.404.7100/
AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉU : NELSON PACHECO SIROTSKY
: CARLOS EDUARDO SCHNEIDER MELZER
DESPACHO/DECISÃO
- Compulsando os autos, verifico que a presente deprecata foi expedida em Ação Penal na qual os réus foram denunciados como incursos no artigo 21, § único, da Lei 7492/86. Considerando que a Resolução n.º 20, de 26.05.03, do Presidente do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região, especializa a 1ª Vara Federal Criminal para processar e julgar, na Justiça Federal, na Seção Judiciário do Rio Grande do Sul, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, caso no qual incide a denúncia constante desta Carta, reputo a 1ª Vara Federal Criminal desta Subseção Judiciária, como competente, portanto, para processar o feito. Conseqüentemente, remetam-se os presentes autos à SRIP para que os redistribua ao Juízo acima mencionado.
Porto Alegre, 16 de novembro de 2010.
Salise Monteiro Sanchotene
Juíza Federal

Dono da RBS foi indiciado por crime do colarinho branco

Sirotsky assina documento diante do Ministro Hélio Costa
O Conversa Afiada reproduz e-mail do infatigável Stanley Burburinho, o reparador de iniquidades, a partir de informação do implacável Cloaca News:

O dono da RBS, canal que retransmite o sinal da TV Globo no sul, foi indiciado na “Lei do Colarinho Branco – Lei 7492/86 | Lei no 7.492, de 16 de junho de 1986″:

CARTA PRECATÓRIA Nº 5027955-60.2010.404.7100/

AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU : NELSON PACHECO SIROTSKY

: CARLOS EDUARDO SCHNEIDER MELZER

DESPACHO/DECISÃO

- Compulsando os autos, verifico que a presente deprecata foi expedida em Ação Penal na qual os réus foram denunciados como incursos no artigo 21, § único, da Lei 7492/86. Considerando que a Resolução n.º 20, de 26.05.03, do Presidente do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região, especializa a 1ª Vara Federal Criminal para processar e julgar, na Justiça Federal, na Seção Judiciário do Rio Grande do Sul, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, caso no qual incide a denúncia constante desta Carta, reputo a 1ª Vara Federal Criminal desta Subseção Judiciária, como competente, portanto, para processar o feito. Conseqüentemente, remetam-se os presentes autos à SRIP para que os redistribua ao Juízo acima mencionado.

Porto Alegre, 16 de novembro de 2010.

Salise Monteiro Sanchotene
Juíza Federal

 

Que a coragem e determinação do povo egípcio sirvam de inspiração a todos nós!


*cappacete


A lição que deram ao mundo jamais será esquecida!


Obrigado pelo exemplo!
Viva a revolução internacional!
Ontem a Tunísia, hoje o Egito. E amanhã?
  The Internationale - Arabic  نشيد 
*comtextolivreالأممية

E a fundação do Estado Palestino é uma questão de tempo.

Cerra larga o osso no Egito.
Nunca Dantes reconheceu Palestina

O Nunca Dantes viu antes

O Cerra do Egito largou o osso:

http://www.nytimes.com/

http://www.huffingtonpost.com/

E o Nunca Dantes, pouco antes de sair, reconheceu o Estado Palestino.

Como se sabe, o Oriente Médio Nunca será como Dantes.

Os Estados Unidos já mandaram mais.

Os Estados Unidos vão pagar a conta de subordinar o interesse nacional ao lobby israelense dentro dos Estados Unidos.

Os Porto Ricos cheios de petróleo – a Arábia Saudita é um bomba de gasolina dos Estados Unidos – verão que o Cala a Boca, Galvão tinha razão: depois de duas derrotas em seguida (Tunísia e Egito) há uma certa sensação de incômodo.

E a fundação do Estado Palestino é uma questão de tempo.

Esse pessoal do PiG (*) acha que o Celso Amorim estava lá para implicar com os Estados Unidos.

É que o Nunca Dantes e ele viam antes.

O Nunca Dantes é danado …

Paulo Henrique Amorim

Discurso do Presidente de Honra do PT


*comtextolivre

O PSDB é um partido de massa, mas massa cheirosa

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglT3XQ9pm1V49Wyg-Ns_4cDE2AvIOzlmQ6W1OaXbWdJYpMQUF8R6WE4RUnrbBUoYb67VWZ6RUCxJ_SSuHH5RjSAxNleF4C40VKynHLN6ZH2EKKtFp0xvHCVFajd9jzKzE_FaCsMidUPmU/s1600/tucano_ladrao.jpg


Justiça Eleitoral de RR cassa governador do PSDB por compra de votos
O governador reeleito de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), foi cassado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por usar a emissora de rádio do governo para se promover durante as eleições do ano passado.
A decisão foi por cinco votos a dois. O TRE determinou aplicação de multa de R$ 53.205 (50 mil Ufirs) e a diplomação de Neudo Campos (PP), o segundo colocado nas eleições. Ele deve assumir o governo de Roraima na segunda-feira.
De acordo com o TRE-RR, Anchieta poderá contestar a decisão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas terá que aguardar a decisão fora do cargo.
Anchieta Jr. perdeu o mandato por usar o programa de maior audiência da Rádio Roraima AM para se promover nas eleições. A emissora é vinculada ao governo.
A ação de cassação foi proposta por Neudo Campos. Ele embasou a acusação em áudios e transcrições de programas apresentados por Mário César Balduíno.
*celsojardim

O outro mundo possível chama-se Ecossocialismo

  




Entrevista com Joel Kovel, que teve um destacado papel em várias edições do Fórum Social Mundial (FSM), que nesta semana acontece em Dacar, e que afirma que o movimento deve ter por base uma práctica e uma lógica anticapitalistas. Por Kanya D’Almeida, da IPS.
Artigo | 11 Fevereiro, 2011 - 20:35
Joel Kovel, considerado o pai do movimento Ecossocialista.
Joel Kovel, considerado o pai do movimento Ecossocialista.
Considerado o pai do movimento Ecossocialista, Joel analisa a história, trajectória e o futuro do movimento. Também é um dos autores do Manifesto Ecossocialista, que detalha um caminho alternativo ao actual de destruição ambiental. Joel disse à IPS que é preciso dar nome a este “outro mundo” e posicioná-lo firmemente contra a ameaça do capital global.
IPS: Qual foi seu papel nas edições anteriores do FSM?
JOEL KOVEL: Ecossocialismo é um conceito inerentemente global, não internacional, por isso o FSM é um lugar ideal para discutir as suas principais ideias. Apresentámos o manifesto em Nairobi em 2007, e discutimo-lo com um grupo de centenas de pessoas. O Ecossocialismo cresce magnificamente no terceiro mundo, mas é o quarto mundo, dos indígenas e dos povos sem Estado, o que realmente está à frente neste assunto. As pessoas do quarto mundo vivem em relações comunitárias e são vítimas directas das corporações mineiras e petrolíferas predadoras que se enfiam no coração da terra e destroem as comunidades que são parte do solo. Por isso, dependemos do espaço único do FSM para difundir as ideias do Ecossocialismo.
IPS: O que se discute no FSM sobre a crise ecológica é suficiente?
JK: O FSM tende a concentrar-se em áreas específicas dentro do assunto mais amplo do ecocídio, ou ecodestruição, como as sementes geneticamente modificadas ou a acidificação dos oceanos e o desmatamento. É preciso atender esses assuntos, mas não é suficiente para lidar com a magnitude da crise, que exige um diagnóstico muito mais amplo do que apenas das causas subjacentes do problema. Há pouquíssimo rigor teórico ou agudo sobre a crise ecológica em geral no FSM por muitas razões. As pessoas estão tão aterradas, há tantas causas válidas para se lutar, os problemas são difusos, com diferentes assuntos arraigados em localidades dispersas e ninguém pode decidir quais são os limites entre uma crise e outra. São tantas interrogações, como a de quando a crise dos oceanos passou para a atmosfera. É compreensível que as pessoas se mostrem reticentes em questões simples como a proliferação das garrafas de plástico.
IPS: O que o FSM pode dar de novo para avançar rumo a uma solução?
JK: Actualmente existe um problema de definição no FSM. Surgem diferentes questões que são transtornos ecossistémicos, como a dúvida de quando se destrói a floresta pela monocultura, por exemplo. Cada crise ecossistémica tem sua própria realidade concreta e localização específica, como o desastre de Bhopal, na Índia. A verdadeira crise ecológica é o conjunto de todas elas, que se agravam com rapidez, se propagam pelo mundo e aumentam de forma exponencial. Se quisermos encontrar a causa das diferentes crises sistémicas, devemos olhar todas elas em conjunto e encontrar o que têm em comum. Cada problema tem a sua própria causa, mas, virtualmente, cada uma está vinculada à expansão capitalista e pode seguir-se o seu rastro até à porta de um banco ou uma potência imperial. Se o FSM pretende atender o problema, deve identificar e articular a questão do capital global, que pode ser pensada de forma metafórica como um cancro que apresenta metástase. Sem importar a forma escolhida para tratar a doença, deve reconhecer-se que é uma realidade.
IPS: Em que o FSM mudou desde sua primeira participação em 2003?
JK: Infelizmente, o FSM tem tendência a girar em falso devido aos limites inerentes ao seu lema de “outro mundo é possível”, que é repetido até cansar e acaba sendo desanimador porque nunca chega a ser realmente desenhado. Porém, facto é que o FSM é o único lugar no qual se pode articular uma nova realidade, não apenas pensar na possibilidade de uma. Logicamente, deveríamos poder dizer que este “outro mundo” é o do Ecossocialismo. Entretanto, dada a natureza das organizações não-governamentais e a sua especialização em certas crises, o FSM não se refere o suficiente à causa da crise do capitalismo. O Fórum deve identificar o inimigo e responder-lhe.
IPS: Pensa que Dacar oferece uma oportunidade para consegui-lo?
JK: Totalmente. A África é um dos lugares mais vulneráveis da Terra, o que é tremendamente irónico, pois é o menos industrializado do planeta. O continente é saqueado pela desapiedada extracção de recursos como em nenhum outro lugar do mundo, em primeiro lugar porque é rico. E, em segundo, pela falta de protecção para deter a chegada das companhias. Há mais incentivos na África para começar a pensar de forma sistémica. Dacar também é um centro mundial de pesquisa em ecologia, muito mais do que Nairobi, e até mesmo do que Mumbai. O calibre geral dos intelectuais de esquerda presentes é extremamente alto no Senegal.
IPS: O que o FSM pode fazer para lidar com os desafios apresentados no Fórum Económico Mundial que acontece quase simultaneamente?
JK: É preciso basear-se firmemente numa prática e uma lógica anticapitalistas. É difícil, mas certamente possível. Creio que acima de tudo o FSM é um lugar onde a grande variedade de tendências se encontra, conscientes de que os seus diferentes problemas são sistemáticos e têm a ver com a penetração do império e do capital global em cada recanto da Terra. Para continuar com a analogia médica, se você tem um paciente com um tumor no pâncreas, só é possível tratá-lo se os médicos concordarem que se trata de cancro. Só a partir daí se pode reunir e pensar no remédio, e há muitíssimas formas de curar isto.
11/02/2011, Nova York, Estados Unidos, IPS/Envolverde.