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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 29, 2011

Come frango e arrota faizão! ...

 O DISCURSO ANACRÔNICO


O clube contrarrevolucionário



É um cozidão[1] de monarquias hereditárias, emirados e completas teocracias. Muitos repousam sobre oceanos de petróleo (45% das reservas mundiais). Todos são viciados dependentes do glamour & purpurina do ocidente – de Londres a Monte Carlo, das deli Paris às armas deli da OTAN. Detestam democracia, como detestam pobreza. Muitos adorariam derrubar o próprio povo – ainda mais depressa do que já fazem, de fato. E, para todos eles, o Irã xiita é pior que o anti-Cristo.

Bem-vindos ao Conselho de Cooperação do Golfo [Gulf Cooperation Council (GCC)], formado em 1981 pela Arábia Saudita cão-alfa, mais os Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Bahrain e Omã. Denominação mais apropriada seria Conselho Contrarrevolucionário do Golfo – ou Clube. Um clube do Golfo para matar todos os clubes de golfos do mundo. No que tenha a ver com os membros do Conselho de Cooperação do Golfo, a grande revolta árabe de 2011 só triunfará se passar por cima dos cadáveres (riquíssimos) deles.

E por que eles têm tanta certeza? Porque dinastias republicanas, como na Tunísia ou no Egito, podem ser derrubadas; a Líbia pode ser bombardeada até ser devolvida à Idade da Pedra; a Síria pode ser ameaçada. Mas nada acontecerá ao GCC, porque o ocidente ilustrado – não Alá – é seu supremo guardião.

Campanha para novos sócios

É instrutivo observar que os mais de 3.000 ataques-bombardeios contra a Líbia desde que a OTAN assumiu a guerra dia 31 de março foram todos comandados por governos monárquicos (Grã-Bretanha, Dinamarca, Países Baixos, Noruega, Qatar e Emirados Árabes Unidos), além da França republicana e dos EUA (via AFRICOM).

Apenas poucas horas depois de o presidente dos EUA Barack Obama e o primeiro-ministro britânico David Cameron terem muito se divertido, em churrasco de festejar a relação essa semana, a OTAN já convertia 19 civis líbios em (francamente, lamento) churrasco, e entregava mal passados outros, no mínimo, 130. O Conselho de Cooperação do Golfo aplaudiu alegremente.

A União Europeia (UE) e o Conselho de Cooperação do Golfo divulgaram declaração conjunta para obrigar o coronel Muammar Gaddafi a ir-se, não antes de entregar o poder ao Conselho Nacional Líbio de Transição – o qual, como se sabe, é financiado e armado, precisamente, pela OTAN e pelo Conselho de Cooperação do Golfo.

Agora, o Conselho de Cooperação do Golfo declarou que adoraria que a Jordânia se reunisse ao Clube – e o convite vale também para o Marrocos. Quanto ao Iêmen, que anseia por tornar-se membro do Clube desde 1999... Nem pensar! O Iêmen não é monarquia, e se torna “instável” quando oprimido, toda aquela gente desobediente nas ruas, protestando. O melhor que o Conselho de Cooperação do Golfo pode fazer é fingir que opera a “mediação” até a consumação do que, de fato, é mudança de regime – com pleno apoio dos EUA e da União Europeia.

Exceto o minúsculo Omã, cujo sultão Qabus segue a escola ibadi, todos os membros do Conselho de Cooperação do Golfo são sunitas linha-dura. Há vários “conselheiros” jordanianos dentro da máquina de repressão saudita-bahraini.

Jordânia e Marrocos podem vir a tornar-se membros do Conselho de Cooperação do Golfo, não porque são monarquias – mas, sobretudo, porque odeiam o Irã mais que qualquer praga (apesar de não estarem localizados exatamente no Golfo Persa).

O rei de Playstation da Jordânia, digo, Abdullah II, inventou o tortuoso conceito de “crescente xiita”, faz tempo, em 2004: seria uma conspiração-golpe segundo a qual os xiitas do Irã e Iraque, até o Líbano e Síria, trabalhariam para dominar pela violência todo o Oriente Médio. O rei do Marrocos, Muhammad VI, por sua vez, rompeu relações diplomáticas com Teerã em 2009.

O principal momento de glória contrarrevolucionária do Conselho de Cooperação do Golfo, até agora, aconteceu menos de dois dias depois de o secretário de Defesa dos EUA ter deixado o Bahrain – quando a Arábia saudita, com pequena contribuição dos Emirados Árabes Unidos, invadiu o Bahrain para apoiar seus primos da dinastia sunita al-Khalifa, e contra a imensa maioria da população do Bahrain que protestava pacificamente. O secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo, Abdullatif al-Zayani, quem diria?, é bahraini aliado de al-Khalifa.

Não houve sanções nem dos EUA, nem da ONU, nem da União Europeia, muito menos foram ampliados os bombardeios pela OTAN, para “celebrar” essa invasão. Em vez disso, no início dessa semana, ministros das Relações Exteriores dos países da União Europeia lançaram novas sanções contra Belarus, Irã, Líbia e Síria. Não por acaso, todos esses países foram alvos de golpes para mudança de regime orquestrados por Washington desde os tempos dos neoconservadores.

Queremos jogar no campo de vocês

A OTAN neocolonial e o Conselho de Cooperação do Golfo monárquico/teocrático são casamento perfeito, celebrado no paraíso dos exércitos mercenários e fabricantes de armas. Os países do Conselho de Cooperação do Golfo serão incorporados no sistema global do escudo antimísseis dos EUA. Logo chegará a hora de assinar aquele sumarento negócio de 60 bilhões de dólares com a Arábia Saudita – o maior em toda a história dos EUA.

Praticantes da idolatria pró-ocidente, os membros do Conselho de Cooperação do Golfo também querem divertir-se e ter parte ativa na agitação pós-moderna: a guerra neocolonial. Afinal a própria OTAN pode ser interpretada como exército mercenário profissional neocolonial, pronto a intervir em qualquer lugar, da Ásia Central à África do Norte.

Vejam o Qatar. O Qatar foi o primeiro país que reconheceu aquela gangue, os “rebeldes” líbios; foi o primeiro membro do Conselho de Cooperação do Golfo a fornecer à OTAN jatos de combate Mirage, franceses, e os norte-americanos C-17 Globemasters; o Qatar instalou e pôs em operação a TV Ahrar por satélite, para o Conselho Nacional de Transição; o Qatar entregou-lhes dúzias de lança-mísseis MILAN; e, acima de tudo, o Qatar imediatamente passou a “supervisionar” o petróleo exportado da Cyrenaica.

A recompensa não demorou. Dia 14 de abril, Obama recebeu o emir do Qatar Sheikh Hamad bin Khalifa al-Thani na Casa Branca, e elogiou-o demoradamente pela “liderança” na promoção da “democracia no Oriente Médio” – referência ao papel do Qatar na Líbia.

Quanto a Salman al-Khalifa, o príncipe coroado do Bahrain, dia 19 de maio posou em toda sua glória para fotografias nos degraus de 10 Downing Street em Londres, ao lado do primeiro-ministro Cameron, provando assim que massacrar civis desarmados que protestem pacificamente e dar luz verde para que a Casa de Saud invada seu país são, definitivamente, ações muito boas para os negócios.

Mas em matéria de jogos mortais, ninguém bate os Emirados Árabes Unidos. O presidente Nicolas Sarkozy abriu a primeira base militar da França no Oriente Médio, em Abu Dhabi. Os Emirados Árabes Unidos forneceram jatos de combate à OTAN na Líbia. É nação que “fornece tropas” para a OTAN no Afeganistão. E os Emirados Árabes Unidos serão o primeiro, dentre os membros do Conselho de Cooperação do Golfo, e a primeira nação árabe, a enviar embaixador à OTAN, em Bruxelas.

Ao lado de Qatar, Kuwait e Bahrain, os Emirados Árabes Unidos são membro de uma das miríades de “parcerias” da OTAN – a parceria militar conhecida como Istanbul Cooperation Initiative. Tradução: a OTAN firma suas garras no Golfo Persa, posicionando-se para criar todo o inferno que se faça necessário, contra o Irã.

E há também a Cidade Militar de Zayed: é um campo de treinamento completamente murado, no deserto, onde treina um exército secreto de mercenários, a ser usado não só nos Emirados Árabes Unidos, mas em todo o Oriente Médio e Norte da África.

Cortem a cabeça deles!

Alimentar o ardente desejo do Conselho de Cooperação do Golfo de terceirizar a guerra – esse é o serviço que está sendo fornecido a altos preços por Erik Prince, ex-SEAL da Marinha dos EUA e ex-presidente das empresas Blackwater (em 2009, o nome da empresa foi mudado, de Blackwater, para Xe Services.)

Foi em Abu Dhabi que Prince – através de uma empresa de joint venture chamada Reflex Responses – assinou um primeiro contrato de $529 milhões, dia 13/7/2010, para fornecer seus serviços ao Xeique Mohamed bin Zayed al-Nahyan, “o progressista”. A ideia foi de Zayed.

O New York Times mostrou, em matéria publicada dia 14/5 [na Internet e dia 15/5, p. 1, na edição impressa, em
http://www.nytimes.com/2011/05/15/world/middleeast/15prince.html], que colombianos entram nos Emirados Árabes Unidos como se fossem operários da construção civil, com vistos especiais emitidos pelos serviços de inteligência dos Emirados Árabes Unidos, de modo que não tenham dificuldades com os agentes da imigração e aduana. Sim, sim, Prince quer batalhões de mercenários colombianos e de outros países da América Central. Não quer recrutar muçulmanos para matar os próprios primos e, depois, ter de lidar com unidades ‘pouco produtivas’.

O jornal, pelo menos, disse que Prince “espera construir um império no deserto, longe de tribunais, advogados, comissões de investigação do Congresso e agentes do Departamento de Justiça”. A agenda do exército mercenário informa tudo que é preciso saber: atuarão em operações especiais dentro e fora dos Emirados Árabes Unidos; em “combate urbano”; para defender e preservar “reservas de materiais nucleares e radiativos”; em “missões humanitárias” (?); na defesa de oleodutos e torres-prédios de vidro, contra “ataques terroristas”; e, a mais importante de todas as missões: em “operações de controle de multidões”, em casos em que a multidão “não porta armas de fogo, mas gera riscos, porque porta armas improvisadas (bastões e pedras)”.

Aí está, todo o plano: repressão interna em todos os países do Golfo Persa e, também, contra os campos de trabalho sempre crescentes, onde vivem dezenas de milhares de trabalhadores do sul da Ásia; ou, também, no caso de os cidadãos dos Emirados Árabes Unidos serem contagiados pela febre pró-democracia dos bahrainis. A desculpa para todas essas operações não poderia ser menos original: o bicho-papão, digo, a “agressão” iraniana.

Prince sempre quis fazer da Blackwater um exército mercenário, a ser alugado para atuar em qualquer lugar da África, Ásia e Oriente Médio. Queria até que a CIA-EUA o contratasse para operações especiais globais – antes de a CIA preferir entregar o trabalho duro aos aviões-robôs tripulados à distância, que são método mais economicamente efetivo. Agora, Prince encontrou um xeique rico – fã do Pentágono e favorável a bombardear o Irã – para bancar sua “visão”.

O primeiro batalhão reúne 580 mercenários. Os homens de Zayed prometeram que, se os mercenários passarem pelo exame final em “missão no mundo real”, o Emirado pagará a Prince para que organize brigada de vários milhares de mercenários, coisa de bilhões de dólares. Prince então poderá realizar o sonho de ter um campo de treinamento de mercenários no deserto, modelado segundo o complexo que a Blackwater mantinha em Moyock, North Carolina.

Assim sendo, devem-se esperar outros eventos do tipo “A Casa de Saud detona o Bahrain”. Com mercenários para matar paquistaneses, nepalenses, bangladeshianos e filipinos que queiram melhores condições de trabalho nos Emirados Árabes Unidos.

Ou esperem-se operações clandestinas no Egito e Tunísia, para garantir que os próximos governos a serem eleitos mantenham-se firmemente aliados aos EUA e à União Europeia. Ou haverá coturnos no solo na Líbia, para “oferecer ajuda humanitária aos civis” (epa! Isso foi há dois meses. Agora, até Obama já fala abertamente sobre “mudança de regime”).

Seja como for, todas as “instalações de petróleo” têm de continuar em mãos confiáveis (das multinacionais dos EUA e países da União Europeia, nunca em mãos de multinacionais russas, nem indianas nem chinesas). E o círculo interno das relações de Gaddafi tem de ser “neutralizado”. E a Líbia tem de ser contida, segundo a velha sabedoria imperial que manda dividir para governar.

E quando a coisa ficar realmente feia, você telefonará para quem? Ora! Para a Xe Services, sem dúvida, em busca de “soluções inovadoras”, trazidas até vocês sob o alto patrocínio do Xeique Zayed. Não surpreende que o Clube do Conselho de Cooperação do Golfo seja o assunto da hora (contrarrevolucionária).



[1] No original “shish kebab”: cozido de várias carnes, típico na Pérsia, mas conhecido, com variações em todo o Oriente Médio e, hoje em todo o mundo. O kebab tradicional é feito com diferentes carnes de carneiro, cozidas em pedaços e servidas com molho, ou no pão [NTs, com informações de http://en.wikipedia.org/wiki/Kebab].
*grupobeatrice 

Bobo


*umpoucodetudodetudoumpouco

Pela Palestina livre, acabar com bloqueios nas fronteiras

O mundo tem que derrubar o muro da faixa de Gaza
O Egito abriu neste sabado a passagem de Rafah, que liga seu território à Faixa de Gaza, cancelando o bloqueio que impôs ao território palestino nos últimos quatro anos, desde que o Hamas tomou o controle da região.
Logo depois da abertura da passagem de Rafah, centenas de palestinos da Faixa de Gaza cruzaram a fronteira em direção ao Egito.
A medida do governo egípcio, que foi fortemente criticada por Israel, ocorre cerca de três meses depois que Hosni Murabak deixou a Presidência do Egito, depois de quase 30 anos no poder.
O governo israelense ainda acredita que armas possam ser levadas para dentro de Gaza por meio da fronteira egípcia, mas o Egito insiste que irá revistar todas as pessoas que passarem pela divisa.
O correspondente da BBC em Gaza Jon Donnison afirma que a decisão de reabrir a passagem de Rafah é simbolicamente importante, representando mais um sinal de que a nova liderança egípcia está mudando a dinâmica do Oriente Médio.
Mesmo com as preocupações de Israel quanto à segurança, Donnison diz que, com eleições presidenciais previstas para o Egito, a mudança de postura provavelmente será popular junto ao público simpático à causa palestina.
Emissão de visto
A passagem de Gaza para o Egito será livre para mulheres de todas as idades e para homens de até 18 anos e acima de 40. Homens de idades entre 18 e 40 anos terão que obter um visto que será emitido pelo consulado egípcio em Ramallah, na Cisjordânia.
Segundo as autoridades egípcias, a fronteira permanecerá aberta todos os dias a partir deste sábado, das 9h às 17h, exceto nas sextas-feiras e em feriados religiosos.
O morador de Gaza Ali Nahallah, que não havia deixado o local por quatro anos, disse à BBC que as mudanças são benvindas.
"Claro que este é o nosso único ponto de entrada para o mundo externo", disse. "Nós nos sentimos como que vivendo em uma grande jaula em Gaza, então agora nos sentimos um pouco mais confortáveis, e a vida está mais fácil agora", afirmou.
"Meus filhos estão dispostos a viajar para ver outros lugares diferentes de Gaza."
O diretor do Centro de Saúde Mental da Faixa de Gaza, Hussan El Nounou, disse à BBC Brasil que hoje os moradores de Gaza estão "muito contentes".
"Todos falam só disso e sentem uma sensação de alivio, a abertura de Rafah é sem dúvida um passo positivo e teremos mais liberdade de ir e vir", disse El Nounou.
Mas, segundo ele, a abertura de Rafah representa só uma pequena parte da solução do problema do bloqueio à região. "Queremos ter liberdade de visitar nossos parentes na Cisjordânia", disse.
Porém, para que um palestino da Faixa de Gaza possa se deslocar até a Cisjordânia, teria de passar por Israel, e as autoridades israelenses não permitem esta passagem, exceto em "casos humanitários extraordinários".
*Celsojardim
A maconha é o maior tabu criado no século XX. Após a era vitoriana (1837-1901), com forte predomínio dos tabus sexuais, a repressão social do prazer deslocou-se dos genitais para a mente. Drogas cujo uso havia sido permitido, ou ao menos tolerado durante a maior parte da história da humanidade, passaram a ser combatidas com veemência durante o século XX.
A primeira grande iniciativa de combate às drogas se deu com a Lei Seca estadunidense que, entre 1920 e 1933, proibiu a comercialização de bebidas alcoólicas. Nesta época, ainda se podia fumar maconha legalmente nos EUA, mas a cerveja e outras bebidas estavam proibidas. A medida não impediu que as pessoas continuassem bebendo, mas alterou seus hábitos de consumo. Os destilados eram mais fáceis de serem produzidos clandestinamente e eram consumidos na forma de coquetéis, pois dissimulavam a baixa qualidade das bebidas que, muitas vezes, continham alvejantes, solventes e formol na sua fórmula. Com isso, longe de resguardar a saúde dos estadunidenses, a Lei Seca acabou por agravar o problema, já que não havia qualquer controle estatal da qualidade das bebidas. A pior consequência da lei, porém, foi o advento dos gângsters que, tal como os traficantes de drogas de hoje em dia, matavam e praticavam inúmeros outros crimes graves para levar as bebidas alcoólicas à mesa dos consumidores da época.
A criminalização do álcool revelou-se um desastre. Não foi capaz de acabar com o alcoolismo, impediu o uso casual e responsável da bebida e, ainda por cima, fortaleceu como nunca a atuação dos criminosos. Quando, em 1933, a 21ª Emenda Constitucional dos EUA revogou a Lei Seca, os estadunidenses pareciam ter aprendido a lição de que criminalizar uma droga é a pior maneira de se tratar um problema de saúde pública. Não tardaria, porém, para que a maconha substituísse o álcool como o tabu número um daquele país.
Durante os anos da Lei Seca, a maconha cresceu em popularidade nos EUA. O uso da droga, até então restrito principalmente aos imigrantes mexicanos, tornou-se uma popular alternativa aos efeitos do álcool, que era então proibido. Com a sua popularização, surgiram os primeiros boatos de que a maconha instigava ao crime e à promiscuidade sexual, e o proibicionismo acabou ganhando força. Paralelamente ao interesse moralista de banir a maconha, havia também o interesse econômico da indústria de tecidos sintéticos, pois disputava o mercado com o cânhamo. Foi assim que, apenas quatro anos depois da revogação da Lei Seca, os  EUA aprovaram a Lei Fiscal da Maconha (Marijuana Tax Act of 1937) que, na prática, impedia o uso da cannabis no país.
No Brasil, a maconha já havia sido incluída no rol das substâncias proibidas pelo Decreto 20.930 de 11 de janeiro de 1932, estimulado por um preconceito racial contra seus principais usuários: os negros. Em 1961, a ONU aprovou a Convenção Única sobre Estupefacientes e, por influência dos EUA, a maconha foi incluída no rol das drogas proscritas. Em 1964, Castello Branco promulgou o tratado no Brasil e a maconha passou definitivamente a ser combatida pela ditadura militar.
Na década de 1970 a repressão à maconha ganhou mais força nos EUA, quando o então presidente Richard Nixon declarou “guerra às drogas” e criou o Drug Enforcement Administration (DEA), órgão da polícia federal estadunidense responsável pela repressão e controle das drogas. A política repressiva estadunidense impôs a cooperação internacional em sua “guerra às drogas” e serviu de pretexto também para uma ingerência nos assuntos internos dos países alinhados. A partir daí, a erva passou a ser usada rotineiramente como subterfúgio para a intervenção das grandes potências nos assuntos internos de países soberanos, a título de cooperação no combate ao crime.
A ciência sobre a maconha

A cannabis sativa é uma droga psicoativa que tem como princípio ativo o THC (Tetraidrocanabinol). Normalmente é fumada e sua absorção se dá pelos pulmões, mas também pode ser ingerida, o que se faz normalmente por meio de bolos e doces, já que a droga é lipossolúvel.
Antonio Escohotado, em seu livro Historia General de las Drogas, descreve os efeitos psicoativos da maconha como um aumento da percepção sensorial: muitos detalhes de imagens passam a ser percebidos, aumenta-se a sensibilidade musical, aguça-se o paladar e o olfato, e o tato torna-se mais sensível a variações sensoriais, como, por exemplo, entre calor e frio. Esta intensificação dos sentidos permite que pensamentos e emoções aflorem das formas mais variadas, desde risos espontâneos até tristezas profundas. A maconha também é utilizada nas relações sexuais para apurar as sensações, ainda que não se trate propriamente de um afrodisíaco.
Entre os efeitos secundários habituais estão a secura da boca, o aumento do apetite (larica), a dilatação dos brônquios, leve sonolência e moderada analgesia. Os efeitos começam poucos minutos depois de fumar e alcançam seu ápice após meia hora, cessando normalmente entre uma e duas horas depois.
A maconha é considerada pela maioria dos especialistas como uma droga menos tóxica e que provoca menos dependência que o álcool e o tabaco. Em uma das mais importantes pesquisas comparativas entre drogas psicotrópicas já realizadas, publicada na prestigiosa revista médica The Lancet em março de 2007, um grupo de destacados especialistas atribuiu notas de 1 a 3 aos malefícios provocados pelas drogas. A toxidade da maconha recebeu nota 0,99, inferior às do álcool (1,40) e do tabaco (1,24) e muito distante de drogas pesadas como heroína (2,78) e cocaína (2,33). Também em relação à dependência, a maconha se mostrou menos prejudicial que outras drogas, recebendo nota 1,51, abaixo das do álcool (1,93) e do tabaco (2,21) e bem menor que das drogas pesadas como heroína (3,00) e cocaína (2,39).
A toxidade aguda (aquela produzida por uma única dose) da maconha é desprezível e não há registros de pessoas que tenham morrido por overdose de maconha ou cuja saúde tenha sofrido algum dano devido ao uso esporádico da erva. A toxidade crônica (aquela proporcionada pela exposição contínua à droga) é significativa, mas inferior aos danos causados pelo tabaco e pelo álcool. Sabe-se que a diferença entre um cigarro de nicotina e o de maconha é basicamente o princípio ativo. Assim, é bastante provável que o uso contínuo de maconha aumente as chances de se desenvolver câncer, principalmente porque muitos dos usuários da cannabis não utilizam qualquer tipo de filtro. É sabido também que o uso da maconha prejudica a memória de curto prazo, mas estes efeitos normalmente desaparecem quando se cessa o uso.  Não há indícios de que a droga provoque danos cerebrais permanentes, e as pesquisas mais recentes já demonstraram ser falso o popular discurso de que “maconha queima neurônios”.
A dependência causada pela maconha também é inferior às provocadas pelo álcool e pelo cigarro. O usuário pode desenvolver tolerância à maconha e precisar utilizar cada vez maior quantidade da droga para produzir o mesmo efeito psicoativo, mas após uma interrupção do seu uso por alguns dias, a tolerância desaparece.
A erva possui também efeitos terapêuticos que vêm sendo descobertos por inúmeros pesquisadores, especialmente no tratamento das náuseas provocadas pela quimioterapia e no tratamento da dependência de crack e cocaína. Infelizmente, em virtude da proibição da droga, as pesquisas científicas são bastante dificultadas, o que inviabiliza o desenvolvimento de remédios à base de maconha.
A criminalização de um tabu

Há uma visível incongruência em se criminalizar a cannabis e permitir a comercialização de bebidas alcoólicas e cigarros de nicotina. A ciência tem provado a cada dia que a maconha é uma droga muito menos tóxica e que gera menor dependência que as drogas legalizadas. Não obstante tais constatações, permanece o tabu, na maioria das vezes por completa ignorância científica – ou pior – por falta de coragem política de quem legisla para desafiar o senso comum e iniciar um debate sério sobre a legalização da cannabis.
Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, em 2009, mais de 78 mil presos cumpriam pena no Brasil por conta de crimes envolvendo drogas ilícitas. O número equivale a 20% do total da nossa população carcerária. Como a maconha é a droga ilícita mais popular no Brasil, boa parte destes presos está condenada por comercializar uma droga que é menos danosa que o álcool e o tabaco. Enquanto isto, a Ambev e a Souza Cruz faturam fortunas e seus diretores são respeitados como empresários de sucesso. Um tratamento absolutamente desigual que agride qualquer senso de proporcionalidade.
Há um princípio fundamental do Direito Penal que impede que condutas sejam criminalizadas simplesmente por questões morais. Crimes só podem existir em um Estado Democrático de Direito para evitar condutas que lesem ou coloquem em risco interesses jurídicos de terceiros. Não se pode punir alguém por uma auto-lesão. O uso da maconha por pessoas maiores e capazes não lesa mais que a própria saúde. E o vendedor da maconha, assim como o vendedor de cigarros e de bebidas alcoólicas, nada mais é que um comerciante que atende à demanda pelo produto.
A legalização da maconha não é de interesse somente dos seus usuários e comerciantes, mas de todos aqueles que não veem sentido em investir dinheiro público em um aparato policial e judiciário para coibir uma droga menos danosa que outras legalizadas. A ilegalidade sustenta parcela significativa dos traficantes brasileiros e, por consequência, boa parte da corrupção policial decorrente da existência destas quadrilhas. A legalização da cannabis não acabará, decerto, com o tráfico das drogas pesadas, mas reduzirá em muito a força das quadrilhas de traficantes que perderão grande parte de sua arrecadação com a venda da maconha.
A repressão policial à maconha em menos de 80 anos já causou mais mortes e prejuízos do que o uso da erva jamais poderia ter causado em toda a história da humanidade. Desde a Inquisição e a caça às bruxas o Direito Penal não vinha sendo usado com tanta ignorância no combate a um inimigo tão imaginário. Já é hora de os moralistas admitirem que sua guerra contra a maconha é ainda mais tola do que foi sua guerra contra o álcool na década de 1920. A legalização da maconha é o único armistício possível nesta guerra que já derramou tanto sangue e lágrimas para sustentar um simples tabu.
PUBLICADO ORIGINALMENTE NA REVISTA FÓRUM DE MAIO DE 2011.
*tulio viana

Charge do Dia

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Serra vai presidir o Conselho Político de gente diferenciada

Desempregado, Serra ameaçou deixar PSDB se ficasse sem cargo no partido.Para evitar mais bate boca, PSDB criou conselho político para abrigar o ex- governador de São Paulo. Os meus queridos leitores, poderiam por favor análisar as imagens e comentar se, alguém dentro do PSDB está prestando atenção no que diz o Serra?
*Os Amigos do Presidente Lula

O DISCURSO ANACRÔNICO

Via Mauro Santayana

  
“Os países emergentes são hoje os maiores credores do mundo. A China, a Rússia, a Índia e o Brasil, em conjunto, retêm as maiores reservas mundiais, enquanto os Estados Unidos e a maioria dos países europeus são os grandes devedores internacionais.”
O discurso do presidente Barack Obama, em Londres, como quase todos os pronunciamentos políticos, não pode ser entendido em sua literalidade. As palavras, disso sabemos, servem para dizer e servem para ocultar, e quase sempre revelam, ao ocultar. Quando buscam esconder o verdadeiro sentimento dos que as pronunciam, revelam-no. Foi um speech fora do tempo, e lembra os pronunciados por Ted Roosevelt na passagem do século 19 para o século 20.
Obama foi a Londres a fim de dizer aos britânicos que os dois povos, vindos da mesma e presunçosa Albion, continuam a mandar no mundo. Começaram a mandar antes mesmo que as colônias da Nova Inglaterra existissem, ainda no fim do século 16, quando os espanhóis foram fragorosamente derrotados, com sua armada, que se pressupunha invencível, mais pelos ventos e ondas altas do Canal da Mancha do que pela ação dos navios britânicos. Essa supremacia foi confirmada, no século 19, em Waterloo. Mas o simples fato de que o presidente dos Estados Unidos tenha considerado ser importante essa reafirmação de domínio, revela que ele se encontra em erosão. O presidente cometeu um equívoco político importante, talvez porque tenha trocado de ghost-writer, ao desdenhar a posição da Europa. Ele não menciona diretamente países como a Alemanha e a França, e só se refere “aos nossos aliados”. Enfim, os donos do mundo são eles. Os outros, por mais poderosos sejam, são apenas “aliados”. O Brasil e os outros grandes países emergentes, reunidos no grupo Bric, são mencionados, como incapazes de ameaçar a supremacia mundial do eixo Washington-Londres. Não cremos que o Brasil venha a disputar a “liderança” do mundo. A melhor atitude de uma nação forte é a de não comprometer esse potencial em atos de conquista. Bons exércitos, economia sólida, instituições permanentes são condições necessárias para assegurar a liberdade interna e garantir os interesses nacionais na sociedade mundial. Mas se essa vantagem for usada em aventuras estultas, as conseqüências sempre serão, a prazo curto ou longo, desastrosas. Na vida de cada um de nós, e na vida das nações, a melhor escolha é a de não liderar, mas, tampouco, seguir a liderança alheia. Deixemos aos outros a sua autonomia e sejamos ferozes defensores da nossa independência.
Dentro da mesma ordem de idéias, estamos diante de outra manifestação de arrogância chocha, da candidata francesa, Christine Lagarde, à direção do FMI. Ela, em resposta à posição brasileira e de outros países emergentes, que reclamam o direito de indicar o substituto de Strauss-Kahn, declara que a instituição tem que continuar em mãos européias. Há dois anos, ela disse que, “no FMI, quem paga, manda”. Como se vê, a sua idéia é a de que a instituição não é mundial, mas de alguns países que se julgam os guardiães universais da moeda. Se é esse o critério da Sra. Lagarde, está na hora de o FMI trocar de mãos. Os países emergentes são hoje os maiores credores do mundo. A China, a Rússia, a Índia e o Brasil, em conjunto, retêm as maiores reservas mundiais, enquanto os Estados Unidos e a maioria dos países europeus são os grandes devedores internacionais. A dívida, pública e privada, dos Estados Unidos é nominalmente de 50.2 trilhões de dólares (3 vezes o seu PIB), isso sem contar com os trilhões e trilhões de dólares que, sem lastro metálico, circulam no mundo inteiro. Quem está pagando, direta ou indiretamente, são os países em desenvolvimento, como é o caso da China e dos outros integrantes do BRIC.
Com toda a sua arrogância, o discurso de Obama é vazio: o único poder de que dispõem Washington, Londres e seus aliados da OTAN, é o bélico – que se encontra encurralado no Iraque e no Afeganistão.
Se o critério é esse, o de quem paga, manda, os Bric podem abandonar o FMI – e criar uma nova instituição, que lhes sirva.

sábado, maio 28, 2011

Marcha pela Liberdade e a censura prévia em São Paulo 

 

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Sempre gostei do poema do dramaturgo alemão Bertold Brecht que tratava da indiferença. Andaram pela mesma linha Maiakovski e Niemöller, escrevendo sobre o não fazer nada diante da injustiça para com o outro, até que, enfim, o observador passivo se torna a vítima. Situação mais atual do que nunca, em um dia em que a Justiça do Estado de São Paulo decide impor censura prévia a uma manifestação pelo receio de que, talvez-sei lá-quem sabe-pode ser, venha a ocorrer apologia às drogas. Do alto de seu pedestal, de onde avistam de longe a sociedade, os excelentíssimos não perceberam que a discussão não é mais apenas sobre a maconha e sim sobre o direito de não apanhar por manifestar livremente as suas idéias.
Muitas das pessoas que estiveram no protesto da semana passada e estarão no de hoje em São Paulo não fumam maconha, bebem cerveja, tomam uísque, usam tabaco, ou seja, não consomem nenhum entorpecente. Mas vão às ruas pelo direito a ter direito à palavra. Tripudiam o “não é comigo, então que se danem os outros”, porque sabem que quando chegar o amanhã e vierem bater à sua porta pode não haver mais ninguém para ajudar.
Ou, lembrando John Donne, poeta inglês, citado em “Por Quem os Sinos Dobram”, de Ernest Hemingway, ao defender que a fatalidade sobre qualquer ser humano me diminui, pois sou parte da humanidade: nunca procure saber por quem os sinos dobram, pois eles dobram por ti. Temos uma boa Constituição Federal, que defende as liberdades individuais, mas não conseguimos colocá-la em prática. Isso vale uma reflexão. Afinal de contas, a culpa por esse fracasso é sempre dos outros? Ou ficamos também nós em pedestais de mármore lutando pelo nosso quinhão de direitos enquanto o meu vizinho se estrepa?
Por fim, um comentário. Se a decisão tivesse saído de qualquer outra corte brasileira, talvez me espantasse. Mas como veio das togas do Estado de São Paulo, fico mais tranqüilo. Faz sentido.
Maria Aparecida foi mandada para a cadeia por ter furtado um xampu e um condicionador. Perdeu um olho enquanto estava presa. Sueli também foi condenada pelo roubo de dois pacotes de bolacha e um queijo minas. São dois, mas poderia ter dado muitos outros exemplos que ocorreram em São Paulo, Estado que julga com celeridade casos de reintegração de posse contra sem-terra e sem-teto, mas é moroso nos casos de desapropriação de terras griladas que deveriam retornar ao poder público. Implacável quando o furto é pequeno, preguiçoso quando o furto é grande.
Não creio que manter alguém na cadeia por conta de um xampu vai ajudar em sua reinserção social. Da mesma forma, não é possível em sã consciência acreditar que proibir o debate sobre as drogas irá impedir que elas sejam usadas. Mas preferimos o porrete ao diálogo.
E normalmente a sanha punitiva tem alvo certo por aqui: a massa de sem-advogado, rotos e pobres, que ousam ir contra alguma coisa. Havia muita gente de classe média respirando gás lacrimogênio na semana passada, mas também muitos da periferia. Sem medo de ser leviano, creio que o fato do protesto ser menos branco e mais pardo facilita um pouco para a Justiça e a polícia. Afinal de contas, se a manifestação fosse em um bairro nobre, juntando o pessoal criado no leite Ninho, teria o Estado se sentido tão à vontade para descer o cacete?

PRA RIR UM POUCO. TRADUÇÕES DA NORMA CULTA


Para contribuir com o ensino da "Norma Culta"
1-Prosopopéia flácida para acalentar bovinos.
(Conversa mole pra boi dormir);
2-Colóquio sonolento para fazer bovino repousar.
(História pra boi dormir);
3-Romper a face.
(Quebrar a cara);
4-Creditar o primata.
(Pagar o mico);
5-Inflar o volume da bolsa escrotal.
(Encher o saco);
6-Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o sustentáculo de uma das unidades de proteção solar do acampamento.
(Chutar o pau da barraca);
7-Deglutir o batráquio.
(Engolir o sapo);
8-Derrubar com intenções mortais.
(Cair matando);
9-Aplicar a contravenção do João, deficiente físico de um dos membros superiores.
(Dar uma de João sem braço);
10-Sequer considerando a utilização de um longo pedaço de madeira.
(Nem a pau);
11-Sequer considerando a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais.
(Nem que a vaca tussa);
12-Sequer considerando a utilização de uma relação sexual.
(Nem fudendo);
13-Derramar água pelo chão, através do tombamento violento e premeditado de seu recipiente com a extremidade do membro inferior.
(Chutar o balde);
14-Retirar o filhote de eqüino da perturbação pluviométrica.
(Tirar o cavalinho da chuva);

Essa última foi tirada do mais culto livro de palavras clássicas da língu
(A cavalo dado não se olham os dentes!);
a portuguesa:
15 - A bucéfalo de oferendas não perquiris formação ortodôntica!
E agora, para fechar com chave de ouro:

ADVERTÊNCIA PARA FINS DE SEMANA OU FERIADOS:
O orifício circular corrugado, localizado na parte ínfero-lombar da região glútea de um indivíduo em alto grau etílico, deixa de estar em consonância com os ditames referentes ao direito individual de propriedade.
(Cu de bêbado não tem dono)
*históriavermelha