Bueiros da Light
explodem a privatização do FHC
A reportagem do Globo mostra a dificuldade de o poder público obrigar a Light a impedir as explosões – já houve mortes – ou puní-la.
É uma situação inacreditável em que a empresa decide se quer se punir ou não.
Absurdo que se pode repetir com o “PNBL do Bernardo, em que as telefônicas não vão fazer nada muito diferente do que fazem hoje”.
Em São Paulo, a Eletropaulo não consegue produzir eletricidade quando chove, segundo o testemunho insuspeito do tucano Governador do Estado.
Nas duas pontas – Light e Eletropaulo – figurou, exuberante, na privatização do Farol de Alexandria, a empresa americana AES.
Foi uma privatização que se lubrificou com o BNDES, da mesma forma que se lambuzaria a francesa do Abiliô: o casamento do Pão de Açúcar com o Carrefour.
(Se os franceses do Casino fossem bobos.)
Ou, como diz o Zé Simão: o pão é francês mas a rosca é brasileira.
Esse BNDES …
(Diz a Folha (*) na primeira página que a operação do Abiliô foi para o saco. Bem que este ansioso blogueiro avisou que o Abílio não era o Dantas e nem o Casino os fundos de pensão da BrOi.)
Quando os bueiros do Rio explodem, explode junto o programa de privatização do Farol de Alexandria.
Ele fez uma privatização sem xerife.
Sem controle.
Sem punição.
Tão desastrosa para o consumidor que nenhum tucano candidato a presidente consegue defendê-la.
O Geraldo Alckmin em 2006 vestiu o colete da Petrobras.
A campanha do Cerra de 2010, além de mostrar um cano que ia de Sergipe ao Ceará – até hoje ele não explicou o que ia fazer com o cano – acusou a Dilma de entreguista e se apresentou como mais estatista que o Chávez.
Se os homens públicos brasileiros tivessem um grama da coragem do Brizola, em nome do interesse público, recompravam a Light e a Eletropaulo por R$ 1 – R$ 1 pelas duas.
Paulo Henrique Amorim
O martelinho de Serra e os bueiros explosivos
Outro bueiro acaba de explodir no Rio de Janeiro. Uma tampa de ferro foi arremessada de uma galeria entre as ruas Dias da Rocha e Barata Ribeiro, em Copacabana, felizmente, desta vez sem provocar vítimas.Por mais boa-vontade que se tenha, não é possível deixar de dizer que isto é um acidente.
Não há indício de que seja, também, sabotagem, pois não é possível que isso não deixasse vestígios.
O nome não pode ser outro senão incompetência e descaso com a segurança dos passantes num campo minado em que a concessionária transformou a cidade nas áreas onde sua rede é subterrânea.
Até agora, só o Ministério Público e a Prefeitura agiram para responsabiliza-la por isso.
A Light, a jóia da privatização do setor elétrico, está um caco.
Mas, na imprensa, até agora, não há um comentário sobre o que foi feito nestes quase 15 anos de controle – e desinvestimento – privado na empresa.
E ela, como a Eletropaulo, em São Paulo, foi comprada com dinheiro subsidiado. Pelos franceses da EDF e pelos americanos da AES, com aporte de capital do BNDES e da Eletrobras, diretamente e através da Companhia Siderúrgica Nacional, também privatizada. depois, quando a Light privatizada comprou a Eletropaulo e separaram-se: a empresa do Rio ficou para os franceses e a de São Paulo para os americanos. E o rombo, claro, para o BNDES.
Aliás, isso só ocorreu porque Fernando Henrique mudou a legislação para permitir o financiamento do BNDES a grupos estrangeiros.
Estes dias, os comentaristas da grande imprensa e o próprio Fernando Henrique, num cinismo grosseiro, reduziram a participação do ex-presidente a um mero “ele não me atrapalhou”.
Por semelhança, então, é possível dizer que quer privatizou a Light não foi Fernando Henrique, mas Serra, seu então Ministro do Palnejamento, que bem poderia vir com aquele martelinho consertar os bueiros explosivos.
Porque no mesmo famoso vídeo onde FHC diz que Serra foi o responsável pela privatização da Vale, o ex-presidente diz, enfaticamente: “E da Light, também. Foi o Serra”.
*Tijolaço