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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 05, 2011

Kassab: 20% de aumento; secretários: 250%; servidores municipais: 0,01%

Vereadores aprovam segundo reajuste de vencimentos para Kassab este ano
O prefeito Gilberto Kassab teve seu salário aumentado para R$ 24.117,62, ontem, pela Câmara Municipal de São Paulo, num reajuste de 20% sobre o anterior. Foi a segunda vez este ano que os vencimentos do prefeito subiram. Em fevereiro, ele passou a ganhar R$ 20.042. Antes, recebia R$ 10 mil. A velocidade dos aumentos só não é maior que o ritmo dos reajustes aos secretários, que tiveram ontem um aumento, de uma só vez, de 250%, indo de R$ 5.344 para R$ 19.294. A tramitação do projeto aconteceu com extrema rapidez, com base na lei de proporcionalidade em relação aos vencimentos dos juízes do Supremo Tribunal Federal, de R$ 26 mil.
Para a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep-SP), Irene Batista, os aumentos são uma “agressão”. Diferentes categorias do funcionalismo público paulistano receberam reajuste de 0,01% nos salários no último dia 1º de maio e querem, pelo menos, 39%.
“Como é que ele se dá o aumento?”, criticou a dirigente. “Como estamos em um processo de negociação, temos até documento assinado com o compromisso da prefeitura em estudar o caso. Aí ocorre que, nesse meio-tempo, sai o reajuste do prefeito.” Para ela, a medida desrespeita as reivindicações que os servidores têm feito há dois meses.
Em um só dia, na quinta-feira 30, o Projeto de Lei 303/01 passou pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal – em sessão de duas horas – e em primeira votação no plenário. O texto concede reajuste ao salário de Kassab, que passará de R$ 20 mil para R$ 24 mil. A vice-prefeita, Alda Marco Antonio (PMDB), e os secretários municipais também recebem reajustes, que chegam a 250%. Segundo a Agência Estado, o impacto nas contas públicas será de R$ 4,8 milhões ao ano. Foram 37 votos a 12. A segunda votação ocorreu em sessão extraordinária neste sábado 2.
By: Brasil247 
*comtextolivre

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